ANÁLISE DOS CURSOS PROMOVIDOS PELO PRONERA NA ZONA DA MATA PERNAMBUCANA Anderson Bezerra Candido¹. 1 Estudante do curso de Geografia Licenciatura-UFPE, e-mail: drogba_toic@hotmail.com INTRODUÇÃO O presente trabalho visa fazer uma análise da elaboração e resultados obtidos através dos cursos do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA) realizados em parceria com a Universidade de Pernambuco (UPE) campus Nazaré da Mata e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra(MST). A educação no campo foi por muito tempo construído por educadores e pensadores que não conheciam essa realidade conflituosa do campo. O conteúdo educacional proposto não condizia com as especificidades dos povos do campo (trabalhadores rurais, indígenas e quilombolas) e era muito semelhante ao aplicado em áreas urbanas, o que gerava ainda mais dificuldades no aprendizado e reprodução dos conhecimentos por parte dos alunos, além disso a evasão crescia ano após ano. O PRONERA surge como política pública no 1998, como resposta aos resultados obtidos no Censo da Reforma Agrária demandado pelo Ministério Extraordinário de Política Fundiária e organizado pelo Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB), realizado em 1997, onde ficou evidenciado as dificuldades ao qual estava exposto a educação dos povos do campo. Os projetos de formação da abrangência do PRONERA vão desde a alfabetização e escolarização de jovens e adultos no ensino fundamental e médio, passando pela formação profissional integrada, concomitante ou não com ensino, por meio de cursos educação profissional; formação profissional de nível superior e especialização em residência agrária e educação do campo. Também faz parte da atuação do PRONERA a capacitação e a escolarização de educadores;
formação inicial e continuada de professores de nível médio, na modalidade normal, ou em nível superior, por meio de licenciaturas. O programa pode, igualmente, fomentar a produção de materiais didáticopedagógicos, bem como a promoção de seminários, debates e outras atividades com o objetivo de subsidiar e fortalecer a educação do campo( FELIX,2015). O PRONERA passa a ser anexo do MEPF, porém a execução dos projetos é realizada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ( INCRA). O objetivo do PRONERA é fortalecer a educação nas áreas de reforma agrária, estimulando, propondo, criando, desenvolvendo e coordenando projetos educacionais, utilizando metodologias voltadas para as especificidades do campo, tendo em vista promover o desenvolvimento sustentável ( INCRA,2004,p17) A elaboração do Projeto Político Pedagógico dos cursos do PRONERA são elaborados em formas de parcerias entre Movimentos sociais do campo e Instituições de ensino ( podendo ser universidades federais e estaduais, institutos técnicos e colégios de formação fundamental e médio) e INCRA. Uma dúvida que pode ter surgido nas primeiras linhas do presente trabalho é: O que o MST tem a ver com educação no campo? Quando falamos de movimentos sociais do campo que lutam contra o latifúndio e buscam a reforma agrária pode parecer que a luta é pela só pela terra, mas, a luta é contra toda forma de opressão. A educação está presente na gênese do MST, a luta é realizada em família, e um dos objetivos é galgar um futuro com mais oportunidades para as crianças, e a educação tem papel fundamental nessa construção. Poderíamos citar alguns elementos da educação Não-Formal presentes no MST, mas esse não é o foco do nosso trabalho. Da estrutura física ao conteúdo escolar, o MST busca uma educação que atenda aos anseios dos povos que lutam pela terra, dois seguimentos educacionais merecem destaque: a educação popular e a educação socialista. OBJETIVOS Objetivo Geral:
Compreender a construção dos curso e aplicação do PRONERA na Zona da Mata. Objetivos específicos: Analisar os resultados obtidos a partir das ações do PRONERA na zona da mata pernambucana; Elaborar uma lista com temas, títulos de monografias, artigos e livros dedicados ao PRONERA; Analisar em que sentido os Cursos do PRONERA auxiliam na fixação do homem ao campo. METODOLOGIA Foram feitas leituras referentes ao temas sobre a Educação do Campo, Movimentos Sociais do Campo e PRONERA. Posteriormente foram realizadas entrevistas com a professora /coordenadora do curso Pedagogia da Terra, as Organizadoras do setor de Educação do MST em Pernambuco e a Asseguradora do INCRA- RPA-03. RESULTADOS Para o setor de educação do MST, o PRONERA foi o laboratório da educação no campo, porque ali acontecia na prática essa educação, tem dois elementos aqui, a experiência que foi sendo construída ali foi subsidiando o que seria uma política pública com o viés popular. Entendendo a universidade como estado, mas como espaço da produção da ciência. O Estado-universidade, movimentos sociais e INCRA construindo essa educação de auto gestão. PRONERA tem esse papel importantíssimo da construção da educação no campo, mostrando que é possível via estado se construir uma educação popular. Para as universidades o PRONERA contribui para a aproximação da própria universidade com os movimentos sociais do campo, passaram a entrar em suas pautas de pesquisas e aconteceu o envolvimento de vários professores durante a construção do curso. Merecendo destaque os alunos do MST por suas inquietações, organização e determinação ao qual foi combustível para o engajamento dos professores, alunos ( sem serem do PRONERA) e funcionários da instituição.
No pós curso, merece destaque o processo de inclusão dos alunos. Foi detectado que os alunos do Curso de Pedagogia da Terra tiveram maior inclusão dentro de seus assentamentos em relação aos alunos do curso de Técnico em Enfermagem, nem por conta do nível de ensino, e sim, por conta da falta de políticas de saúde para os assentamentos. Mesmo com o processo de nucleação e fechamento de escolas do campo que vem acontecendo a alguns anos, ainda existe um déficit de professores em áreas de reforma agrária. Nas entrevistas com as professoras coordenadoras das universidades, setor de educação do MST-PE e asseguradora do INCRA ficou constatado um problema de comunicação entre os parceiros. A coordenadora da UPE-Nazaré da Mata relatou que existe um projeto de publicação de um livro pela Universidade do Porto, ao qual será relatado as práticas, estágios em que os alunos do curso de Pedagogia da Terra atuaram, a mesma também indicou que não tinha como objetivo na época da realização do curso a elaboração de artigos e monografias. O projeto realizado na Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças-UPE/FENSG foi um curso de nível técnico e para conclusão não se fez necessário a elaboração de monografia, durante o período de aplicação do curso não foram construído artigos ao qual se tenha referência aos estudos realizados na universidade. A falta de material referentes aos cursos também é uma das análises feita pela asseguradora do INCRA, a mesma indica que se produz muito pouco durante a aplicação dos cursos, até mesmo os relatórios se limitam a poucas páginas. O setor de educação do MST informou que os dados referentes a produção ficaram em responsabilidade das universidades, e indicou que em alguns casos, os alunos construíram uma agenda com temas e práticas de estágio. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, Manuel Correia. Modernização e Pobreza. São Paulo: Editora da USP, 1994 CALDART, Roseli Salete. MST, Universidade e Pesquisa. São Paulo: 1 Ed. Expressão Popular, 2014 FÉLIX, Nelson Marques. PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO NA REFORMA AGRÁRIA( PRONERA): HISTÓRIA, ESTRUTURA, FUNCIONAMENTO E CARACTERÍSTICAS. MARTINS, Maria de Fátima Almeida; RODRIGUES, Sonia da Silva. PRONERA: Experiências de Gestão de uma Política Pública. São Paulo: COMPACTA, 2015. P. 35-44.
GOHN, Maria da Glória. Educação Não-formal e Cultura Política: Impactos sobre o associativo do terceiro setor. São Paulo: 2, Cortez, 2001 FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. São Paulo, 11º Ed. Cia Nacional, 1976. JUNIOR Caio Prado. Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo, 23º Ed. Brasiliense, 2008. MARTINS, José de Souza. Os Camponeses e a Política no Brasil. Rio de Janeiro, Editora Vozes, 1981. MATOS, Kelma Socorro Alves Lopes & SAMPAIO, José Levi furtado. Diálogos em Educação Ambiental. Fortaleza: Edições UFC, 2012. NASCIMENTO, Claudemiro Godoy. POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO DO CAMPO: EM BUSCA DA CIDADANIA POSSÍVEL? Revista Travessias, Vol. 07, 2008.PEREIRA, Antonio Alberto. Pedagogia do Movimento Camponês na Paraíba. João Pessoa: Idéia/Editora Universitária, 2009.