ASPERSOR RECICLÁVEL UMA ALTERNATIVA ECONÔMICA PARA AGRICULTURA FAMILIAR Mikaella Da Silva CARVALHO 1, Luciana Da Silva TEIXEIRA 1, Luis Carlos Estrella SARMENTO 2 1 Alunas do Ensino Nédio Integrado ao Curso Técnico em Agroecologia do Colégio Técnico da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. 2 Professor do Colegio Técnico da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Introdução Como é de conhecimento geral, a água se faz presente nas mais diversas atividades econômicas, sendo a agricultura irrigada aquela que utiliza o maior volume do referido recurso natural, ou seja, cerca de 72% de toda água doce captada mundialmente. Os emissores, denominados de microaspersores, pelos quais a água é aspergida sobre uma porção limitada do solo, são os principais componentes do sistema, cujas características interferem tanto no dimensionamento como no manejo do sistema de irrigação, tornando-se assim indispensável que os projetistas conheçam suas características (MANTOVANI; BERNARDO; PALARETTI, 2012; BERNARDO; SOARES; MANTOVANI, 2008). O gotejamento e a microaspersão são os dois principais sistemas de irrigação localizada tendo no Brasil área irrigada correspondente a cerca de 333.755 ha, havendo contínua expansão devido ao desenvolvimento de tecnologias relacionadas ao equipamento utilizado como gotejadores, microaspersores, acessórios e controladores (MANTOVANI; BERNARDO; PALARETTI, 2012). Dados obtidos pela CEMIG (1993) demonstram a ocorrência de um desperdício médio de 20% da água desviada de seus cursos normais, e de cerca de 30% da energia elétrica utilizada para a irrigação. De acordo com Guilhoto et al. (2006), mesmo com a agricultura familiar mantendo a força e grande representatividade na riqueza do país, os agricultores são penalizados por insuficiências de terras e capital, por dificuldades no financiamento, pela baixa disponibilidade tecnológica, assim como pela fragilidade da assistência técnica. já que para esses os investimentos correspondem cerca de 40% de sua produção. E, insere-se nesse contexto, a idéia da sustentabilidade e a defesa da agricultura familiar como agente fundamental da construção do desenvolvimento do meio rural (GAVIOLI; COSTA, 2011).
Nem o mais otimista líder sindical presente em Brasília em maio de 1994, no primeiro Grito da Terra Brasil, poderia imaginar que a Agricultura Familiar se tornaria uma categoria reconhecida e legitimada pelo Estado e pela Sociedade tal qual presenciamos atualmente, incluindo a produção de um quadro normativo específico para delimitá-la (Lei nº 11.326/2006). A água é um elemento indispensável para as plantas, por isso uma irrigação adequada garante aos produtores uma safra uniforme. Sem depender das condições pluviométricas, assim reduzindo os riscos de perdas por falta de água. Além de assegurar a produção ao agricultor, maximizando os lucros e o rendimento dando-o uma estabilidade econômica e evitando os fracassos pelos efeitos da seca. A partir das observações foi esclarecido o encarecimento das tecnologias de irrigação disponíveis no mercado que não atendem a diversidade da produção campesina sendo assim inacessíveis. Por conta disso, acabam se submetendo ao uso de estruturas precárias em suas propriedades, diminuindo assim os lucros de sua produção. De acordo com os argumentos apresentados objetivou-se desenvolver técnicas práticas à necessidade do pequeno produtor para melhor atender sua realidade econômica a fim de promover uma maior capacidade produtiva em sua área. Implementando um novo método de irrigação localizada para as áreas de cultivo das famílias camponesa de baixo custo e de fácil acessibilidade. Material e Métodos Baseado no fato de que uma má irrigação pode ocasionar grandes prejuízos ao produtor foi desenvolvido um aspersor alternativo a partir do uso dos seguintes materiais: caneta tic tac, prego galvanizado de 7 cm e fita isolante preta. Para sua confecção, primeiro foi feito a desmontagem da caneta onde foi possível localizar e obter o tubo e mola necessários e próprios para a montagem (Figura 1). Logo em seguida foi realizado um corte na altura do encaixe do tubo da caneta com espaçamento de 5 mm. Na mola foi encaixado o tubo como. Por conseguinte, foi feita a serragem da passagem interior da caneta para uma perfeita introdução do conjunto tubo-mola na mesma (Figura 2). Estando bem encaixada foi feita a junção do prego na mola, e dessa forma concluiu-se a montagem do aspersor (Figura 3).
A B C Figura 1: Caneta tic-tac (A), prego galvanizado de 7cm (B), tubo e mola da caneta (C). A B Figura 2: Corte do tubo da caneta (A) e encaixe tubo-mola (B). A B Figura 3: Inserção do preto na mola (A) e aspersor montado (B).
Resultados e discussão O aspersor desenvolvido superou as expectativas iniciais. Isso pôde ser observado a partir de dados coletados durante as pesquisas que mostraram o raio atingido pelas lâminas de água que tem por média 1,25 m, dependendo da pressão da água. Bem como a profundidade hídrica atingida, que em uma observação de 30 minutos alcançou 0,28 m. A partir desses resultados conclui-se que sua implicação é muito satisfatória por conceder à planta a quantidade de água necessária para o seu normal desenvolvimento garantindo ótimos resultados de produção fazendo assim com que os níveis de perdas devidos a falta de água sejam quase nulos. Conclusão Ao simplificar a vida dos pequenos produtores, os arspersores desenvolvidos diminuíram a mão de obra necessária para irrigação, também aumentando a eficiência hídrica, assim proporcionando uma maior produtividade de sua área. Essa criação passou por diversos testes até chegar a forma adequada de sua utilização. Primeiramente, tinha-se por concepção o não uso de fita isolante,porém, ao ser observado as tendências climáticas do território brasileiro, chegou-se a conclusão que o seu uso promoveria uma maior durabilidade do produto. É correto, por vez, resaltar que modificações ainda são necessárias para um melhor produto, tais como observar o tempo de duração da mola usada e o encaixe do aspersor com a linha principal. Todavia, ainda sim seus benefícios são satisfatórios pois o microaspersor desenvolvido é de fácil montagem, aquisição e de grande eficiência. Referências BERNARDO, S.; SOARES, A. A.; MANTOVANI, E. C. Manual de Irrigação. 8. ed. Viçosa: Editora UFV, 2008. p. 483-548. CEMIG. Estudo de Otimização Energética. Belo Horizonte, 1993. 22p. GAVIOLA, F. R.; COSTA, M. B. P. As múltiplas funções da agricultura familiar: um estudo no assentamento Monte Alegre, região de Araraquara (SP). Revista de Economia e Sociologia Rural, v. 49, n. 2, p. 449-472, 2011. GUILHOTO, J. J.; SILVEIRA, F. G.; ICHIHARA, S. M.; AZZONI, C. R. A importância do agronegócio familiar no Brasil e seus estados. RER, v. 44, n. 03, p. 355-382, 2006.
MANTOVANI, E. C.; BERNARDO, S.; PALARETTI, L. F. IRRIGAÇÃO: Princípios e Métodos. 3. ed. atual., 2 reimp. Viçosa: Editora UFV, 2012. p. 13-40, 227-262.