MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA- PROPESQ Programa de Inicial Cientifica Volunturia - ICV QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA DOS BEBEDOUROS DE UM CAMPUS UNIVERSITÁRIO LOCALIZADO NA CIDADE DE TERESINA-PI Daniel Ramon Oliveira Dantas Lellis 1, Waleska Ferreira De Albuquerque 2. ¹Bolsista do Programa de Iniciação Científica Voluntária- ICV, Farmácia, UFPI. daniel_lelis@hotmail.com ² Farmácia, Ministro Petrônio Portela (UFPI). Resumo A saúde pública requer água potável segura, o que significa que ela deve estar livre de bactérias patogênicas. Entre os patógenos disseminados em fontes de água, os entéricos são os mais frequentemente encontrados. Como consequência, fontes de contaminação fecal em água devido à atividade humana devem ser estritamente controladas. O presente trabalho refere-se à análise microbiológica da água dos bebedouros de um campus universitário localizado na cidade de Teresina-PI. Durante o trabalho foi realizado a coleta e as análises das amostras de cada centro, seguindo os parâmetros preconizados pela resolução nº 2914, de 14 de dezembro de 2011. Os valores para contagem padrão em placa das amostras de água variaram de <10 - ¹ a 2,54x10² UFC/mL -¹ valores inferiores ao recomendado pela Portaria Nº 2914 do MS que recomenda realizar novos testes para amostras superiores a 5x10² UFC/mL. 23,3% das amostras apresentaram positividade para coliformes termotolerantes. Após a realização das provas bioquímicas, das 7 (23,3%) amostras positivas para coliformes termotolerantes, nenhuma foi positiva para E. coli, mostrando-se viáveis para o consumo humano. Palavras-chave: análise microbiológica, água, Escherichia coli Introdução A saúde pública requer água potável segura, o que significa que ela deve estar livre de bactérias patogênicas. Entre os patógenos disseminados em fontes de água, os entéricos são os mais frequentemente encontrados. Como consequência, fontes de contaminação fecal em água devido à atividade humana devem ser estritamente controladas (LE CHEVALLIER, 1996). As bactérias estão entre os micro-organismos de interesse encontrados em alimentos. Porém, é impossível monitorar de forma eficiente a contaminação de alimentos por todos os micro-organismos, daí é utilizada a
pesquisa de micro-organismos indicadores, que são grupos ou espécies que quando presentes, fornecem informações sobre a ocorrência de contaminação fecal (BATTAGLINI, 2010). Relatos de contaminação de água por bactérias do grupo coliformes são muito frequentes. Coliformes totais incluem espécies do gênero Klebsiella, Enterobacter e Citrobacter, sendo Escherichia coli a principal representante do subgrupo termotolerante (MATTOS, 2002). Zulpo et al.(2009) afirmam que os coliformes totais são encontrados no solo e nos vegetais, possuindo a capacidade de se multiplicarem na água com relativa facilidade, ele diz também afirma que no entanto, os termotolerantes não se multiplicam facilmente no ambiente externo e ocorrem constantemente na flora intestinal do homem e de animais de sangue quente, sendo capazes de sobreviver de modo semelhante às bactérias patogênicas, atuando, portanto, como potenciais indicadores de contaminação fecal e de patógenos entéricos em água fresca. Metodologia As coletas foram realizadas no período de setembro de 2014 a fevereiro de 2015, de forma quinzenal e por centro, seguindo os parâmetros preconizados pela resolução nº 2914, de 14 de dezembro de 2011. Para a coleta foi feito a limpeza da parte externa das torneiras dos bebedouros com Álcool 70%, logo após as mesmas foram abertas por aproximadamente 2 minutos para vazão da água acumulada na tubulação. Nos bebedouros que continham mais de uma torneira, foi realizado um pool de todas elas da seguinte maneira: foi coletada em saco plástico estéril com capacidade para 300 ml, cerca de 50mL de água de cada torneira perfazendo um total de 200 ml por bebedouro. Logo em seguida as amostras foram acondicionadas em caixas isotérmicas com gelo reciclável e encaminhadas imediatamente ao laboratório de Microbiologia de Alimentos do curso de Farmácia da Universidade Federal do Piauí (UFPI), onde foram realizadas as análise microbiológicas. Cada amostra foi submetida à contagem de bactérias aeróbias mesófilas, coliformes totais, termotolerantes e Escherichia coli, seguindo o protocolo de análise preconizado pela metodologia de SILVA (2010). A partir da amostra, foram inoculadas, utilizando-se a técnica de plaqueamento em superfície (spread plate), 0,1 ml da amostra de água em placas de Petri contendo Ágar para Contagem Padrão em Placas (PCA); sendo em seguida incubadas em estufa bacteriológica a 35 C por 24/48 horas. Posteriormente foi calculado o número de Unidades Formadoras de Colônia por mililitro de amostra (UFC.mL- 1). Para o teste presuntivo utilizou-se uma seqüência de 10 tubos contendo cada um 10 ml de Caldo LST em concentração dupla, com tubos de Durham invertidos, que em seguida foram acrescentados 10 ml da amostra da água coletada. Todos os tubos foram incubados à temperatura de 35ºC por 24-48
horas. Após este período, os tubos que apresentaram reação positiva, ou seja, meio turvo com produção de gás, foram submetidos aos demais testes. De cada tubo que apresentou resultado positivo no teste presuntivo, foram retiradas alíquotas de 100 μl que foram inoculadas em tubos contendo Caldo Bile Verde Brilhante (CBVB), com tubos de Durham invertidos e incubados a 35ºC por 24-48 horas, consistindo na prova confirmatória, para pesquisa de coliformes totais. Paralelo a este passo, também foram inoculados em tubos contendo Caldo Escherichia coli (Caldo EC), alíquotas de 100 μl dos tubos de LST, os mesmos foram incubados em banho-maria a 44,5ºC por 24 horas para a estimativa dos Coliformes termotolerantes. Os testes eram considerados positivos quando apresentaram turvação do meio e produção de gás. A partir dos tubos positivos no Caldo E.C, com o auxílio de uma alça de níquel cromo, retirou-se uma alíquota dos tubos deste caldo, as quais foram estriadas em placas de Petri contendo o meio Eosina azul de metileno (EMB) que, em seguida, foram incubadas à temperatura de 35ºC por 18 a 24 horas. Das placas de EMB, as colônias que apresentaram crescimento característico de E. coli (brilho verde-metálico ou centro escuro), foram retiradas algumas e semeadas em meio Ágar BHI (Ágar brain heart infusion) e incubadas a uma temperatura de 35ºC por 18 a 24 horas. Decorrido esse tempo, as colônias que cresceram em Ágar BHI foram submetidas a coloração de Gram e aquelas que se apresentaram como Bacilos G foram submetidas às provas bioquímicas do IMVIC: Para a prova de Indol, mergulhou-se uma alçada de uma colônia crescida no caldo triptona 1% e incubou-se a 35ºC por 24h, transcorrido este tempo adicionou-se o reativo de kovacs e observou-se o aparecimento da coloração vermelha que indica a positividade do teste. Para o teste de Voges Proskauer (VP) incubou-se a 35ºC por 48h no caldo VM-VP uma colônia, crescida em Agar BHI, em seguida transferiu-se assepticamente 1mL do caldo para um tubo de ensaio estéril, a esse tubo adicionou-se 0,6mL de alfa-naftol 5% e 0,2mL de NaOH 40% e esperou-se até no máximo uma hora, para a viragem da solução para a coloração vermelha indicando a positividade do teste. Para o teste de vermelho de metila (VM) reincubou-se a cultura remanescente do caldo VM-VP a 35ºC por mais 48h e adicionou-se 5 gotas de vermelho de metila e observou-se a presença da coloração rósea. Já no teste de Citrato, com o auxilio de uma agulha de platina, estriou-se a cepa suspeita de E. coli no Ágar Citrato de Simmons e incubou-se a 35ºC por 96h, em seguida observou-se o crescimento e a mudança de coloração de verde para azul o que indica a positividade do teste. Resultados e Discussão Os valores para contagem padrão em placa variaram de <10 - ¹ a 2,54x10² UFC/mL -¹ valores inferiores ao recomendado pela Portaria Nº 2914 do MS que recomenda realizar novos testes para amostras superiores a 5x10² UFC/mL -1.
Das amostras analisadas, 23% apresentaram positividade para coliformes termotolerantes, segundo CABRINI (2001), a presença de coliformes na água indica poluição, com o risco potencial da presença de organismos patogênicos, e sua ausência é evidência de uma água bacteriologicamente potável, uma vez que são mais resistentes na água que as bactérias patogênicas de origem intestinal. A presença dessas bactérias está representada quase na sua totalidade por Escherichia coli, o que é extremamente preocupante, haja vista que esse micro-organismo pode acometer desde uma simples gastroenterite ou evoluir até casos letais, principalmente em crianças, idosos, gestantes e imunodeprimidos (FRANCO, 2007). Em estudo realizado por Rodrigues et al. (2014) e Scapin (2007), em que ambos estudavam a qualidade microbiológica da água destinada ao consumo humano, 31,15% e 64% das amostras respectivamente apresentaram positividade para coliformes totais e termotolerantes. Esses resultados foram superiores ao encontrados nessa pesquisa, onde apenas 23,3% das amostras apresentaram positividade para coliformes totais e termotolerantes. Ainda segundo o estudo de Rodrigues et al. (2014), 25% das amostras apresentaram contagem de micro-organismos aeróbios mesófilos superior a 500 UFC/mL, dados esses que não condizem com os encontrados por nossa pesquisa, onde nenhuma das amostra de água analisada ultrapassou o limite estabelecido pela portaria vigente. Esse resultado pode ser pelo fato de que a maioria dos bebedouros do campus foram substituídos a pouco tempo e passam por limpeza periódica, além de trocas de filtros a cada 6 meses. Segundo a Portaria Nº 2914 de Dezembro de 2011, norma vigente de potabilidade da água para consumo humano, a água potável deve estar em conformidade com o padrão microbiológico disposto no Anexo. Nesse Anexo, é preconizado que qualquer água destinada ao consumo humano deve ser ausente de Escherichia coli. Após a realização das provas bioquímicas, das 7 (23,3%)amostras positivas para coliformes termotolerantes, nenhuma foi positiva para E. coli
Figura 1 Percentual de amostras de água dos bebedouros que apresentaram coliformes termotolerantes. 25 76,7% 20 15 10 5 23,3% amostras positivas para coliformes termotolerantes 0.Conclusões Segundo a Portaria Nº 2914 de Dezembro de 2011, todas as amostras de água dos bebedouros analisadas estão próprias para o consumo. Agradecimentos: UFPI Referências BATTAGLINI, A.P.P. Qualidade microbiológica do ambiente, alimentos e água, em restaurantes da Ilha do Mel/Pr Dissertação, Universidade Estadual de Londrina, 2010 BRASIL. Portaria nº 2914 de 12 de dezembro de 2011 do Ministério da Saúde. Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. CABRINNI, K.T; GALLO, C.R.; Microbiological quality of spring mineral water and bottled mineral water. In: Anais do XXI Congresso Brasileiro de Microbiologia. Rio de Janeiro : Armazém das Letras, 2001. v. 1. p.406-406 FEITOSA NETO, A., SILVA, J.L.; MOURA, G.J.B., CALAZANS, G.M.T. Avaliação da qualidade da água potável de escolas públicas do Recife, PE. Higiene Alimentar 2006; 20(139):80-82. GERMANO, P.M.L.; GERMANO, M.I.S. Higiene e vigilância sanitária de alimentos. São Paulo: Varela; 2003 JAY, J.M.; Microbiologia de alimentos. 6ª ed. Porto Alegre: Acribia; 2005 LE CHEVALLIER, M.W.; WELCH, M.J.; SMITH D.B. Full-Scale Studies of Factors Related to Coliform Regrowth in Drinking Water. Applied and Environmental Microbiology 54: 2201-2211, 1996