EXCELENTÍSSIMO DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 6ª VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DE PORTO ALEGRE/RS Processo n.º 001/1.15.0013003-7 SEGURADORA LÍDER DOS CONSÓRCIOS DO SEGURO DPVAT S/A, já qualificada na peça vestibular, por seus procuradores abaixo assinados, nos autos da ação movida por LEONÍ LAMB THUMS, vem, à presença de Vossa Excelência, em atenção à Nota de Expediente retro, dizer e ao final requerer: I - PREJUDICIAL DE MÉRITO I.A - DA PRESCRIÇÃO TRIENAL Conforme consabido, sendo a prescrição matéria de ordem pública, imperioso seu enfrentamento e análise, a fim de que se obstaculize pretensões já afetadas pelo transcorrer do tempo. Excelência, a hipótese dos autos flagra a prescrição do direito da parte autora em relação ao pedido de indenização pelo Seguro DPVAT, haja vista que superado o prazo derradeiro para exercício da ação (prazo trienal). O início do prazo de prescrição começa a fluir a partir da data do sinistro ou, se comprovado tratamento médico, a partir da data da constatação da invalidez. No caso dos autos, como não restou comprovado tratamento médico, considera-se o termo inicial de contagem da prescrição a data do sinistro. Civil: Aplica-se ao caso concreto a prescrição trienal prevista no artigo 206, 3º do Código Art. 206. Prescreve: (...) 3º- Em 3(três) anos: (...)
IX a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório. Ainda, recentemente foi aprovada pela 2ª Seção do Superior Tribunal de Justiça, que ação de cobrança do seguro obrigatório (DPVAT) prescreve em três anos, por possuir caráter de seguro de responsabilidade civil: SÚMULA N. 405-STJ. A ação de cobrança do seguro obrigatório (DPVAT) prescreve em três anos. Rel. Min. Min. Fernando Gonçalves, em 28/10/2009. Com isso resta cristalino que a presente ação está prescrita, pois versa sobre sinistro ocorrido em 25/07/2004, sendo a presente ação ajuizada somente em 22/01/2015, mais de 10 anos após o acidente. Excelência, importante detalhar os motivos pelos quais a Seguradora Ré entende que não há prova de tratamento, justificando a utilização do termo inicial de contagem da prescrição a partir da data do sinistro. A única suposta prova de tratamento é extremamente genérica e, com isso, não é crível deslocar o termo inicial de contagem da prescrição para outro momento. As supostas internações não possuem justificativa da internação e, com isso, não há como saber se foram em decorrência da lesão sofrida no acidente ou se foram por outras razões. Não basta juntar mero laudo médico informando que o Segurado esteve em tratamento, pois é imprescindível fazer prova da existência de tratamento, para fins de deslocamento do termo inicial de contagem do prazo prescricional. Assim, impõe-se contar o termo inicial de contagem da prescrição a partir da data do sinistro. Cabe destacar que já existem precedentes, inclusive do STJ, no sentido de que o marco inicial para contagem da prescrição não pode depender privativamente da vontade da vítima, o que contraria a segurança jurídica (Ag Reg em Ag 2010/0130432-9, Relator Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 03/03/2011): PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. SEGURO DPVAT. CONFIGURAÇÃO DA MÁ-FÉ DO RECORRENTE NAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. REEXAME DO CONTEÚDO FÁTICO-PROBATÓRIO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Verificada a má-fé nas instâncias ordinárias, alteração deste contexto demandaria reexame de provas, o que é vedado ante a Súmula 7/STJ. 2. O marco inicial para contagem da prescrição não pode depender privativamente da vontade da vítima, o que contraria a segurança jurídica. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. Grifo nosso
No mesmo sentido o Tribunal de Justiça Gaúcho: Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. SEGUROS. DPVAT. AÇÃO DE COBRANÇA. INVALIDEZ PERMANENTE. PRESCRIÇÃO OCORRENTE. 1. O art. 206, 3º, inciso IX, do Código Civil de 2002 estabelece o prazo prescricional de três anos para a cobrança do seguro DPVAT. Questão pacificada em razão do advento do enunciado da Súmula n 405 do STJ. 2. Hipótese em que o termo inicial do prazo prescricional de três anos iniciou na data do sinistro, porquanto não pleiteado pagamento administrativo e nem restou comprovado que as lesões foram consolidadas em momento posterior. Laudo médico particular, dotado de caráter unilateral, que apenas atesta a existência de lesões já consolidadas. Pretensão deduzida após o transcurso do prazo estabelecido na legislação vigente. Prescrição ocorrente. Art. 269, IV, do CPC. Sentença mantida. APELAÇÃO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO, EM DECISÃO MONOCRÁTICA. (Apelação Cível Nº 70052856358, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Isabel Dias Almeida, Julgado em 17/01/2013) Grifo nosso Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. SEGURO OBRIGATÓRIO. DPVAT. PRESCRIÇÃO. PRAZO DECENAL AFASTADO. DATA DO FATO. LAUDO MÉDICO. UNILATERALIDADE. TRATAMENTO ANTERIOR NÃO DEMONSTRADO. SENTENÇA MANTIDA. É aplicável o prazo trienal aos acidentes que, ocorridos sob a égide da lei civil antiga, cujo lapso prescricional era vintenário, não tiveram mais da metade deste tempo transcorrido até a data da entrada em vigor do novo Código Civil. Inteligência dos artigos 206, 3º, IX, e 2.028, ambos do novo CC. Em não existindo indícios que a consolidação das lesões tenha se dado em momento posterior ao sinistro, e não tendo ocorrido pagamento administrativo, o marco inicial do prazo prescricional é a data do fato. O Laudo Médico particular é dotado de unilateralidade, não servindo para o fim de comprovar a permanência da incapacidade, quando desacompanhada de contexto probatório a complementá-lo. Tendo transcorrido mais de três anos entre a entrada em vigor do novo Código Civil e o ajuizamento da ação, a prescrição resta configurada. Sentença mantida. APELO DESPROVIDO. (Apelação Cível Nº 70049033749, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Romeu Marques Ribeiro Filho, Julgado em 27/06/2012) Grifo nosso Assim, a ação deverá ser julgada extinta pela ocorrência de prescrição, em conformidade com o art. 487, II, do Novo Código de Processo Civil, uma vez que não há provas da data da ciência inequívoca da invalidez e, assim, conta-se desde a última informação de consulta ao médico ou, ainda, desde o sinistro. II DO LAUDO PERICIAL As partes foram intimadas a se manifestarem sobre o laudo pericial de fls. 91-94. A parte autora pleiteia indenização do seguro DPVAT em face de suposta invalidez permanente ocasionada após acidente de trânsito ocorrido em 25/07/2004. O pedido administrativo feito pelo autor foi cancelado, em virtude da prescrição de sua pretensão.
Analisando o referido parecer, verifica-se que o perito, ao realizar os exames no autor, concluiu que há invalidez permanente a ser indenizada no ombro direito em grau total, conforme a seguinte graduação: Assim: Lesão no ombro direito: 25% de R$ 13.500,00 = R$ 3.375,00 100% de R$ 3.375,00 = R$ 3.375,00 Valor total: R$ 3.375,00 Valor pago na seara administrativa: R$ 00,00 Total devido: R$ 3.375,00 Ante as conclusões do perito, teria o autor direito ao recebimento de R$ 3.375,00 a título de indenização por seguro DPVAT. Assim, caso não seja acolhida a arguição da prescrição, o que se cogita apenas a título argumentativo, e se entenda pela condenação dessa demandada ao pagamento de valores a fim de indenizar o autor, requer seja observada, para tanto, a graduação das lesões constatada no laudo pericial em questão, condenando-se a ré em nada superior a R$ 3.375,00.
III DOS PEDIDOS Diante do exposto requer: tanto; a) Seja declarada a prescrição, na medida em que implementado o prazo para b) Caso não seja este o entendimento do Juízo, requer seja observada, para tanto, a graduação das lesões constatada no laudo pericial em questão, condenando-se a ré em nada superior a R$ 3.375,00. Por fim, seja determinado o cadastramento dos procuradores da Seguradora Líder, requerendo, desde já, que as intimações sejam publicadas em nome do Dr. Gabriel Lopes Moreira, inscrito na OAB/RS 57.313, exclusivamente, para efeitos de intimações futuras. São os termos em que pede deferimento. Porto Alegre, 1 de novembro de 2016 LISANDRA DA SILVA DE OLIVEIRA OAB/RS 99.825