Da Aplicação da Lei penal: Artigos 1 a 12 do Código Penal. Aula 4

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Transcrição:

Da Aplicação da Lei penal: Artigos 1 a 12 do Código Penal Aula 4

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Artigo 1º Art. 5º, inc XXXIX CF Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. Explicação Geral É o enunciado mais importante do Direito Penal. É uma garantia ao réu e a todos os cidadãos, já que nenhum comportamento poderá ser considerado crime sem que exista uma lei anterior à sua prática (e não apenas ao seu julgamento). Assim, qualquer pessoa saberá como se portar no seio social. Tenho conhecimento de quais condutas são proibidas, cada um pode pautar seu agir sabendo exatamente o que é lícito ou ilícito à luz do Direito Penal. Indispensável à segurança jurídica e a garantia de liberdade impondo-se limites prévios, evita-se qualquer criminalização arbitrária por parte do julgador e do Estado. As expressões ri e e lei devem ser entendidas de modo amplo, contemplando qualquer infração penal ou norma de natureza penal (CP e legislação especial) que cominem sanção ou prejudiquem o réu.

Desdobramentos A Legalidade é um gênero que comporta quatro espécies ou princípios derivados deste primado maior: a) reserva legal b) anterioridade e irretroatividade; c) taxatividade d) lei estrita Por meio da garantia da legalidade exsurge a função garantista do Direito Penal. A tipificação de condutas consideradas delituosas é feita pelo arrolamento das condutas proibidas, e das espécies e limites das penas; isto evita a surpresa, o arbítrio e a desproporcionalidade em sua aplicação.

Reserva Legal Art. 5º XXXIX, ( 1º, I, b da EC 32/2001) Veda expressamente a edição de medida provisória tratando de Direito Penal Competência para matéria penal? Exclusiva da União Nullum crimen, nulla poena sine lege scripta I) Somente a lei, criada com a observância dos princípios e regras constitucionais para sua elaboração, pode determinar o que é crime e sua respectiva sanção. II) O delito deve emanar de lei federal, oriunda do Congresso nacional. III) Veda-se a criminalização com base em usos e costumes (embora estes possam ser considerados para beneficiar o réu) IV) Proíbe-se que normas jurídicas de outra natureza criem delitos ou prevejam penas. Ex: decreto, medida provisória, emenda constitucional, portaria, circular, regulamento, etc.

Anterioridade Irretroatividade Vide art. 2º CP Nullum crimen, nulla poena sine praevia lege I) Para que qualquer fato possa ser considerado crime é indispensável que a vigência da lei que o define como tal seja anterior à conduta. II) Anterioridade à que? A conduta (fato). Não é ao julgamento. III) Tem a função de evitar criminalizações retroativas. Pratica-se a conduta hoje e ela é tipificada amanhã. IV) Leis penais são editadas para o futuro, não podendo retroagir, salvo se beneficiar o agente. V) Vedam-se tanto as normas que incriminam condutas retroativamente (novatio legis incriminadora), quanto aquelas que mesmo sem incriminar prejudicam a situação do acusado (novatio legis in pejus). Ex: aumenta prazo prescricional do crime

Taxatividade Nullum crimen, nulla poena sine lege certa I) Em matéria penal fica vedada a analogia in malam partem e a interpretação extensiva em prejuízo da liberdade II) A interpretação deve tentar seguir o sentido literal da norma e quando houver lacuna esta somente será suprida, se for em benefício do acusado. III) Exceção? Rol numerus clausus / Rol numerus apertus

Lei Estrita Nullum crimen, nulla poena sine lege stricta Proibição para que o legislador edite infrações penais genéricas, dúbias, ou demasiadamente amplas. Ex: violar o sentimento social; qualquer conduta que ofenda a sociedade, etc.

2013, Oficial de Cartório O princípio da reserva legal constitui-se na garantia individual de que o poder de punir do Estado em matéria penal será exercido nos limites da norma positivada, permitindo a criação de tipos penais incriminadores e a instituição de penas por intermédio de: a) Qualquer espécie normativa, desde que elaborada em observância ao regular processo administrativo ou legislativo. b) Lei ordinária e medida provisória, já que esta última também possui força de lei até que seja submetida a regular processo legislativo. c) Decreto legislativo, já que são funções exclusivas do Poder Legislativo a criação de direito novo, a imposição de obrigações de caráter geral e a definição de sanções jurídicas. d) Decreto-lei, regularmente elaborado no exercício do poder administrativo-normativo do chefe do Poder Executivo, já que o ato de legislar encontra-se no feixe de atribuições típicas deste Poder. e) Lei em sentido estrito, entendida esta como a espécie normativa aprovada em regular processo legislativo levado a efeito no âmbito do Poder Legislativo.

TEMPO DO CRIME Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Teorias: a) atividade - tempo do crime será o da ação ou da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. b) resultado - tempo do crime será o do tempo do resultado. c) teoria mista ou da ubiquidade - tempo do crime será o da ação ou da omissão, bem como o momento do resultado. Código Penal - Atividade Em 05/01/17 Pedro atira em João, vindo a atingi-lo em uma vital. João, inicialmente sobrevive ao ataque e é transferido para a UTI do hospital. Em 05/02/17 João falece em razão do ferimento. Quando ocorreu o homicídio?

LEI PENAL NO TEMPO CF, art 5º XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplicase aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. É possível que, diante de um contexto de excepcionalidade ou flagrante apelo popular, que o legislador deseje criminalizar condutas ou agravar a sanção para delitos já existentes. Isso é permitido pela legislação brasileira? Sim, contudo a legislação mais grave que prejudica o acusado somente valerá para os crimes cometidos posteriormente à sua vigência.

Extra-atividade Penal A lei penal, mesmo depois de revogada, pode continuar a regular fatos ocorridos durante sua vigência ou retroagir para alcançar aqueles que aconteceram anteriormente à sua entrada em vigor. Essa possibilidade que é dada à lei penal para se movimentar no tempo chama-se extraatividade. Extra-atividade Ultratividade Retroatividade Ultratividade - mesmo depois de revogada, a lei continua a regular fatos ocorridos durante sua vigência Retroatividade - a lei posteriormente editada retroage no tempo para regular fatos ocorridos anteriormente à sua entrada em vigor

Novatio legis in mellius A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Lei nova que contém dispositivos que beneficiam o agente. Para ser considerada como novatio legis in mellius a conduta deveria ser anteriormente criminalizada, que agora é de forma mais branda. Ex: Crime era punido com pena máxima de 10 anos e a nova lei reduziu a pena para 5. Lei nova diminui o prazo prescricional No caso da novatio legis in mellius, haverá a retroatividade da lei penal. Ela sempre voltará no tempo para regulamentar os fatos ocorridos na vigência da lei mais austera. Independentemente da fase processual: inquérito, instrução processual, grau recursal, execução penal ou trânsito em julgado. Obs: leis processuais mais rígidas não retroagem

Novatio legis in mellius e a Vacatio Legis Ao editar as leis penais, o legislador tem a opção de que após sua publicação em diário oficial, esta fique inaplicável até determinado curso de tempo (o que se denomina de vacatio legis) ou entre em vigor imediatamente (é a exceção no Direito Penal). Hipoteticamente, se estiver em vigência uma lei mais rigorosa e posteriormente por publicada uma novatio legis in mellius, a segunda terá aplicabilidade imediata aos casos regulados por sua antecessora. Este é o entendimento pacífico dos tribunais atualmente: ainda que em período de vacatio legis, a nova lei que beneficia o réu poderá ser arguida.

Novatio legis in pejus a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu Lei nova que contém dispositivos que prejudicam o agente. Para ser considerada como novatio legis in pejus a conduta deveria ser anteriormente criminalizada, que agora é de forma mais austera ou em prejuízo do acusado. Ex: Crime era punido com pena máxima de 5 anos e a nova lei reduziu a pena para 10. Lei nova aumenta o rol de qualificadoras Lei nova aumenta o tempo para progressão No caso da novatio legis in pejus, haverá a ultratividade da lei penal mais branda (que continua a regular os fatos na sua vigência). Uma vez revogada, a lei prejudicial valerá para os novos crimes ocorridos a partir da data de sua entrada em vigor. Para os crimes anteriores, continua a valer a lei revogada mais benéfica. Ex: Crime praticado em 01/06/15. No curso do processo, em 01/06/16 lei nova dobra a pena do crime. Qual pena o juiz deve aplicar na sentença?

Novatio legis in pejus em Crimes Permanentes e Continuados Crime permanente é aquele que a consumação se protrai no tempo. Enquanto durar a situação criminalizada entende-se que o crime continua a ser executado. Ex: Extorsão mediante sequestro enquanto a vítima permanecer em poder do sequestrador o crime continua a se consumar. Tráfico de drogas. Crime continuado é uma ficção jurídica quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro. Ex: 10 furtos de veículos na mesma noite, no entorno da faculdade Súmula nº 711 STF - A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.

2008, Juiz TJ-SP A Lei n.º 11.343/06, que afastou a incidência de pena privativa de liberdade e de multa quanto ao crime de porte de substância entorpecente para uso próprio (cominadas na Lei n.º 6.368/76) e estabeleceu, em seu lugar, a aplicação de outras medidas (advertência, prestação de serviços à comunidade, etc.), configura hipótese de a) abolitio criminis. b) novatio legis in pejus. c) novatio legis incriminadora. d) novatio legis in mellius.

OAB 2014. XIII Exame de Ordem Considere que determinado agente tenha em depósito, durante o período de um ano, 300 kg de cocaína. Considere também que, durante o referido período, tenha entrado em vigor uma nova lei elevando a pena relativa ao crime de tráfico de entorpecentes. Sobre o caso sugerido, levando em conta o entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre o tema, assinale a afirmativa correta. a) Deve ser aplicada a lei mais benéfica ao agente, qual seja, aquela que já estava em vigor quando o agente passou a ter a droga em depósito. b) Deve ser aplicada a lei mais severa, qual seja, aquela que passou a vigorar durante o período em que o agente ainda estava com a droga em depósito. c) As duas leis podem ser aplicadas, pois ao magistrado é permitido fazer a combinação das leis sempre que essa atitude puder beneficiar o réu. d) O magistrado poderá aplicar o critério do caso concreto, perguntando ao réu qual lei ele pretende que lhe seja aplicada por ser, no seu caso, mais benéfica

Novatio legis incriminadora Lei nova que criminaliza uma conduta que antes era lícita ou causa qualquer prejuízo de natureza penal em decorrência desta. Ex: Art 154-A invasão de dispositivo informático (30 de novembro de 2012). No caso da novatio legis in incriminadora, não há retroatividade da lei penal. O princípio da legalidade ão há crime sem lei anterior que o defi a veda que uma conduta anterior seja punida por lei posterior. Lei Intermediária No momento da conduta vige a Lei X, durante o processo vige a Lei Y, e na sentença vige a Lei Z. Qual será aplicada? Sempre a mais benéfica.

Abolitio Criminis Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória Quando o legislador resolve não mais incriminar determinada conduta. Retira-se do ordenamento jurídico a infração penal que previa uma conduta como crime. É a descriminalização. O fato torna-se atípico. Natureza jurídica Extinção de Punibilidade (Art. 107, III, do CP) Poderá ocorre na fase policial (delegado remete ao MP para que este solicite o arquivamento); na fase processual (juiz arquiva de ofício o feito); na fase recursal (tribunal reconhece de ofício a extinção); na fase de execução penal (juiz de execuções reconhece de ofício e extingue a pena).

Efeitos do Abolitio Criminis Continuidade Normativo-Típica Efeitos Penais - retirada do nome do agente do rol dos culpados; condenação não pode ser considerada para reincidência ou antecedentes penais. Efeitos Civis Os efeitos civis não são afetados pelo abolitio criminis e, portanto, subsistem ao evento. Ex: indenização em razão de crime deverá ser paga ainda que o fato seja descriminalizado. Determinado delito é revogado, mas a conduta passa a ser punida por outro tipo penal existente. Há uma migração da criminalização e não o abolitio criminis. Tráfico de Drogas - Revogou-se o art 12 da Lei 6.368/76 e editou-se o art. 33 da Lei 11.343/06

COMBINAÇÃO DE LEIS Súmula 501 STJ Explicação É possível que a lei posterior não seja inteiramente benéfica ou prejudicial ao acusado. Determinados pontos trazidos pelas modificações da lei nova podem ser mais brandos (trazendo benefício) enquanto outros são mais austeros (trazendo prejuízo). A novatio legis não é nem in melius nem in pejus. Portanto, para alcançar o patamar máximo de benefício ao acusado é necessário fazer uma combinação de leis. É conferida a possibilidade de extrair de dois diplomas os dispositivos que atendam aos interesses do agente, desprezando aqueles outros que o prejudiquem. Tal raciocínio é permitido? NÃO! Os tribunais argumentam que estar-se-ia criando uma terceira norma nunca prevista pelo legislador.

LEI EXCEPCIONAL E LEI TEMPORÁRIA Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. Lei excepcional editada em virtude de situações excepcionais (anormais), cuja vigência é limitada pela própria duração da situação que levou à sua edição. A lei excepcional vigora enquanto durar a situação anormal. Ex: lei durante o estado de guera ou surto de doença epidêmica. Lei temporária Criminaliza-se de determinada forma a conduta, sendo expresso no texto da norma o dia de início e de término de sua vigência. A lei temporária vigora apenas durante o prazo fixado. Ex: Lei 12.663/12 (Vigência durante o período das Copa das Confederações e Copa do Mundo de 2014. Prazo 06 de junho de 2012, até 31 de dezembro de 2014)

Consequências da Lei Excepcional e Temporária Aplicam-se as leis temporárias e excepcionais aos fatos ocorridos durante sua vigência. Em decorrência da morosidade no judiciário, provavelmente o julgamento de crime ocorrido no contexto de lei excepcional/temporária ocorrerá após anos de sua revogação. Na época da sentença estará em vigor lei geralmente mais benéfica ao acusado. Neste caso, qual lei aplicará o juiz? A excepcional ou temporária, ainda que mais gravosa.

OAB 2016 XIX Exame de Ordem Em razão do aumento do número de crimes de dano qualificado contra o patrimônio da União (pena: detenção de 6 meses a 3 anos e multa), foi editada uma lei que passou a prever que, entre 20 de agosto de 2015 e 31 de dezembro de 2015, tal delito (Art. 163, parágrafo único, inciso III, do Código Penal) passaria a ter pena de 2 a 5 anos de detenção. João, em 20 de dezembro de 2015, destrói dolosamente um bem de propriedade da União, razão pela qual foi denunciado, em 8 de janeiro de 2016, como incurso nas sanções do Art. 163, parágrafo único, inciso III, do Código Penal. Considerando a hipótese narrada, no momento do julgamento, em março de 2016, deverá ser considerada, em caso de condenação, a pena de a) 6 meses a 3 anos de detenção, pois a Constituição prevê o princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica ao réu. b) 2 a 5 anos de detenção, pois a lei temporária tem ultratividade gravosa. c) 6 meses a 3 anos de detenção, pois aplica-se o princípio do tempus regit actum (tempo rege o ato). d) 2 a 5 anos de detenção, pois a lei excepcional tem ultratividade gravosa.

2012, Escrivão de Polícia Com relação à aplicação da lei penal, assinale a afirmativa incorreta. a) A lei mais favorável é de aplicação imediata, inclusive no período de vacatio. b) Havendo decisão transitada em julgado, cabe ao juiz da execução aplicar a lei mais favorável. c) Reconhecida a abolitio criminis, causa de extinção da punibilidade, os efeitos penais se apagam, permanecendo os efeitos civis. d) A lei intermediária é extrativa. e) Normas penais em branco são aquelas em que há necessidade de complementação por outra norma de mesma fonte legislativa.

LUGAR DO CRIME Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzirse o resultado. Teorias: a) atividade local do crime será o da ação ou da omissão, ainda que outro seja o local do resultado. b) resultado - local do crime será o da ocorrência do resultado. c) teoria mista ou da ubiquidade - local do crime será o da ação ou da omissão (no todo ou em parte), bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado Código Penal - Ubiquidade Na cidade de Piratininga Pedro atira em João, vindo a atingi-lo em uma vital. João, inicialmente sobrevive ao ataque e é transferido para a UTI do hospital de Bauru. Posteriormente, João falece em razão do ferimento. Onde considera-se como local do crime?

CRIMES A DISTÂNCIA Por que é importante saber o lugar do crime? Para a definição da competência, de natureza absoluta (se ocorrido o crime no estrangeiro ou em território nacional) e relativa (para qual comarca será enviado o processo). Segundo o Código Penal o Brasil é competente para julgar os crimes ocorridos em território nacional. Suponha que uma pessoa, residente no Paraguai, enviasse um pacote explosivo tendo como destinatário vítima que residisse no Brasil e: a) o pacote fosse interceptado pela polícia paraguaia antes de sair do país; ou b) o pacote fosse enviado e explodisse em território nacional. Em quais destes casos a legislação penal considera que o crime tenha sido cometido em território nacional?

TERRITORIALIDADE Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. Teoria Temperada ou Moderada da Territorialidade O Brasil não considera sua competência exclusiva (apenas o Estado brasileiro pode julgar estas infrações penais). Em algumas circunstâncias, que em o Brasil seja signatário de tratados, convenções e regras de direito internacional, o Estado brasileiro pode abrir mão de aplicar sua legislação, deixando tal tarefa para outro país

Território Extensão do Território O território abrange o solo (e subsolo) sem solução de continuidade e com limites reconhecidos, as águas interiores, o mar territorial, a plataforma continental e o espaço aéreo a) embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem b) aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. c) aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, em pouso, voo, espaço aéreo, porto ou mar territorial do Brasil

A territorialidade é a ficção jurídica que considera determinada parcela de espaço como território brasileiro São excluídas do conceito de território. a) Embarcações e aeronaves de governo estrangeiro ou à serviço de governo estrangeiro b) Embarcações e aeronaves privadas de país estrangeiro que se encontrem no espaço aéreo internacional ou alto-mar c) Embarcações e aeronaves brasileiras privadas que se encontrem em território estrangeiro Obs: pode ser que os crimes cometidos nestes espaços sejam de competência do Brasil, conforme a regra do artigo 7º

EXTRATERRITORIALIDADE Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro I - os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; II - os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça.

Extraterritorialidade Conceito Enquanto a territorialidade é a ficção jurídica que considera determinada parcela de espaço como território brasileiro, a extraterritorialidade é a possibilidade de aplicação da legislação penal brasileira para crimes cometidos em território estrangeiro. Extraterritorialidade Incondicionada Extraterritorialidade Condicionada Casos em que a aplicação da lei brasileira para crime cometido no estrangeiro ocorre independentemente de qualquer condição. Art. 7º, inciso I Casos em que a aplicação da lei brasileira para crime cometido no estrangeiro ocorre apenas se preenchidas algumas condições. Art. 7º, inciso II e 3º

Condições a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável Extradição ou Entrada Voluntária Se o agente for brasileiro e estiver no exterior, será necessário solicitar sua extradição. Se for estrangeiro, ele deverá entrar voluntariamente no território nacional.

Distinções de Criminalização Algumas práticas são consideradas infrações penais apenas no Brasil, sendo permitidas em outros países. Ex: bigamia. Neste caso, não haverá aplicação da lei bras. Se dentro do país: territorialidade aplicação da lei brasileira. Crime Praticado por Estrangeiro Contra Brasileiro Se fora do país: poderá haver a extraterritorialidade e a aplicação da lei brasileira a) Aplicação da lei brasileira Condições do 2º + 3º (não ter sido pedida ou negada a extradição; requisição do Ministro da Justiça) b) Aplicação da lei estrangeira Na ausência de qualquer uma das condições

É possível que o agente absolvido no estrangeiro seja condenado no Brasil pelo mesmo fato? Depende. Para os crimes de extraterritorialidade incondicionada, sim! ( 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.) Para os crimes de extraterritorialidade condicionada, não! ( d - não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena)

OAB 2016 XXI Exame de Ordem Revoltado com a conduta de um Ministro de Estado, Mário se esconde no interior de uma aeronave pública brasileira, que estava a serviço do governo, e, no meio da viagem, já no espaço aéreo equivalente ao Uruguai, desfere 05 facadas no Ministro com o qual estava insatisfeito, vindo a causar-lhe lesão corporal gravíssima. Diante da hipótese narrada, com base na lei brasileira, assinale a afirmativa correta. a) Mário poderá ser responsabilizado, segundo a lei brasileira, com base no critério da extraterritorialidade e princípio da justiça universal. b) Mário poderá ser responsabilizado, segundo a lei brasileira, com base no critério da territorialidade. c) Mário poderá ser responsabilizado, segundo a lei brasileira, com base no critério da extraterritorialidade, desde que ingresse em território brasileiro e não venha a ser julgado no estrangeiro. d) Mário não poderá ser responsabilizado pela lei brasileira, pois o crime foi cometido no exterior e nenhuma das causas de extraterritorialidade se aplica ao caso.

PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Pressupostos Ne bis in idem Uma mesma infração penal que é punida como crime tanto no Brasil, como em país estrangeiro. O início ou a totalidade do cumprimento da pena se dá no país estrangeiro. Ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato. Pressuposto fundamental do direito penal. Serve para a aplicação de pena (sanção no estrangeiro e sanção no brasil), quanto para o agravamento da tipificação. Ex: reincidência como causa de aumento de pena e qualificadora

Ne bis de eadem re ne sit actio ou Double Jeopardy Cômputo da Pena Proibição que se discuta duas vezes o mesmo fato em tribunais distintos. Teoria do duplo risco. Relacionam-se com a coisa julgada e o juiz natural. Há apenas um tribunal previamente designado para julgar o feito e uma vez decidido, a sentença deverá ser acatada pelos demais. Pena na legislação estrangeira idêntica à brasileira cômputo integral. Não há diversidade qualitativa Ex: em ambos há privação de liberdade. Os anos cumpridos no estrangeiro são a atidos da pena no Brasil. Pena na legislação estrangeira distinta da brasileira atenuação. Há diversidade qualitativa da pena. Ex: no estrangeiro crime há restrição de direitos, no Brasil privação de liberdade. Os anos cumpridos no estrangeiro não são a atidos, mas considerados para fixar pena menor no Brasil.

EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para: I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; II - sujeitá-lo a medida de segurança. Parágrafo único - A homologação depende: a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. Explicação Geral Para combater o crime com maior eficiência, dentro de suas fronteiras, o Estado se vale, por exceção, de atos de soberania de outros Estados. Para tanto, homologa a sentença penal estrangeira, de modo a torná-la um verdadeiro título executivo nacional.

Competência Cabe ao Superior Tribunal de Justiça homologar sentenças estrangeiras. Art 105, I da CF Ato de execução conhecido como Exequatur Requisitos - único art 9º NCPC Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título: VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; Ação civil ex delicto x Título Executivo

CONTAGEM DE PRAZO Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. Frações não computáveis Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. Prazo Processual Súmula 710 STF Início a partir da intimação e não da juntada do mandado Relacionados à institutos do Processo Penal, como o oferecimento da denúncia, interposição de recurso, resposta à acusação, etc. Segue a regra do artigo art. 798 do CPP a) Exclui-se o dia do início e inclui-se o dia do vencimento. b) O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á prorrogado até o dia útil imediato O advogado é intimado na sexta-feira (dia 1/2) para juntar documentos no processo em 10 dias. Segunda-feira (dia 4/2) é feriado. Qual a data e início e término do prazo?

Prazo Penal Relacionados à institutos do Direito Penal Material. Dica: são aqueles que dizem respeito a liberdade dos cidadãos. Ex: decadência de 6 meses para a representação; prescrição; cumprimento de pena; concessão de benefícios. Segue a regra dos artigos 10 e 11 do CP. a) Inclui-se o dia do início e o dia do vencimento. b) O prazo que terminar em domingo ou dia feriado não é prorrogado. Como contar Dia - entre a meia-noite de uma data até a meia-noite seguinte. Se foi preso as 23:59, computa-se como 1 dia de pena cumprida. Utiliza-se os dias para a contagem, de acordo com o calendário gregoriano. O mês é contado de acordo com o número de dias que cada um tem: 28 ou 29 (fevereiro), 30 (abril, junho, setembro e novembro) e 31 os demais. O ano terá 365 ou 366 dias.

A justiça determina a prisão temporária de João pelo prazo de 5 dias. Em 23/01/2017, terça-feira, ele é preso em sua residência às 16 horas e 32 minutos. Qual dia ele deverá ser posto em liberdade?

LEGISLAÇÃO ESPECIAL Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso. Regra Geral Exceção Os institutos previstos na parte geral do Código Penal instruem toda a legislação criminal que encontre-se em outra espécie normativa. Estas leis são chamadas de legislação penal especial, extraordinária ou extravagante. Se a legislação especial for omissa: aplica-se a regra do Código Penal Se a legislação especial dispuser expressamente de modo diverso: aplica-se o disposto na lei especial. Ex: art 14, II (pune-se a tentativa com 1/3 a 2/3 da pena do crime consumado). Contravenções Penais Art 4º (não se pune a tentativa)

2015, Advogado Júnior do CRO-SP As regras gerais do Código Penal aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial? a) Sim, sempre. b) Sim, mas apenas se a lei especial não dispuser de modo diverso. c) Sim, mas desde que a lei especial seja anterior ao Código Penal. d) Sim, mas apenas se a lei especial previr expressamente a aplicação subsidiária do Código Penal. e) Não, nunca.

OAB 2008, Exame de Ordem SP De acordo com o que dispõe o CP, assinale a opção correta. a) Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais e civis da sentença condenatória. b) Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu o resultado, sendo irrelevante o local onde deveria produzir-se o resultado. c) A lei excepcional ou temporária, embora tenha decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência. d) Considera-se praticado o crime no momento da produção do resultado.

2012, Escrevente do Tribunal Quanto à lei penal, analise as assertivas abaixo. I - Em nenhuma situação a lei penal poderá ser aplicada a fatos anteriores à sua vigência. II - A definição de crimes e a imposição de penas por meio de medidas provisórias violam o princípio de reserva legal. III - De acordo com o princípio da territorialidade, aplica-se a lei brasileira ao crime cometido no território nacional, salvo se convenção ou tratado firmado pelo Brasil dispuser de forma diversa. IV - Os costumes podem servir como fontes de agravamento de pena ou de criação de infrações penais. Está correto o que se afirma em: a) I e III, apenas. b) II e IV, apenas. c) I e IV, apenas. d) II e III, apenas.