ATITUDE MASOQUISTA: UM ESTUDO DE CASO PELA ANÁLISE DO CARÁTER

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Transcrição:

RESUMO COMO REFERENCIAR ESSE ARTIGO ATITUDE MASOQUISTA: UM ESTUDO DE CASO PELA ANÁLISE DO CARÁTER Francisco Tosta Este estudo refere-se a análise de um caso clínico pela abordagem da psicologia corporal. Onde o mesmo ressalta aspectos e sintomas que o caráter masoquista traz ao indivíduo acometido por este problema, bem como atitudes e comportamentos. O tratamento da paciente levanta detalhes importantes da sua conquista pela busca do prazer, e entendimento de sua culpa interior que a maltrata e a influencia em suas atitudes cotidianas. Palavras-chave: Análise do Carater. Culpa. Masoquismo. Prazer. 1 O sentindo de masoquismo começou a ser empregado pela psicanálise, para orientação de um sujeito que possuía uma perversão sexual. Perversão essa que ditava uma regra de um ser humano que só atingia o seu prazer pessoal, sofrendo ou fazendo outros sofrerem. Nesse caminho, a psicanálise começou a ditar que a pessoa acometida pelo mal dessa perversão, possuía em seu intimo, uma pulsão de morte, ou seja, um ser humano que inevitavelmente preferia sofre, a sentir prazer por uma via considerada saudável. Segundo REICH (2004, p. 219), A afirmação de Freud baseava-se na hipótese mais fundamental de uma pulsão de morte, postulada como a antítese de eros. Assim considerava-se o masoquismo primário a manifestação independente da pulsão de morte de base biológica. Essa classificação que direcionava o pensamento psicanalítico da época gerou grandes discussões, onde Reich (2004) era um dos pivôs que sofrera criticas e perseguições em seus artigos publicados nas revistas consideradas científicas do momento. Um exemplo dessa perseguição foi a publicação do artigo O caráter Masoquista de 1932, onde o editor exigiu que este ensaio fosse acompanhado por uma nota esclarecendo que Reich era contra a pulsão de morte. Sendo assim, o artigo publicado gerou grande desconforto e teve como réplica da sociedade psicanalítica um artigo, A

Discussão Comunista da Psicanálise por Bernfeld, porém esse texto em nada explicou o problema do masoquismo. A sexologia daquele ano tentara estudar as bases que levava uma pessoa a se expor a uma forma agressiva ou a degradação moral para a busca do prazer, as dificuldades foram muitas, pois na época, o conceito e a leitura do homem a partir de suas influências energéticas e de caráter não existiam de forma satisfatória, cabendo, mais tarde, a Análise do Caráter, explicar de forma adequada este fenômeno. Conforme Lowen (1977, p. 180): Reich resolveu o problema clínico não por se concentrar na perversão masoquista como era de hábito se fazer, mas pela análise da sua base caracterológica de reação. A tentativa de se explicar de forma isolada o perversão masoquista em si, também gerou conceitos positivos que facilitaram o aprofundamento de suas bases não perversas sexuais, ou seja, complementou os estudos caractero analíticos de indivíduos que apresentavam esses comportamentos. As descobertas de Freud, de que todo masoquista também apresenta em suas atitudes funções sádicas, foi de excelente descoberta, gerando um maior aprofundamento na descrição de atitudes e interações sociais desses indivíduos. Sendo assim, é fato expor que por traz de um masoquista existe um sádico, que é apresentado principalmente nas suas relações com outras pessoas. Como explica Reich (2004), sobre as descobertas de Freud de que o masoquismo e o sadismo não são opostos absolutos, que um anseio pulsional nunca estará presente sem o outro, ou seja, masoquismo e sadismo aparecem como um par, um pode se transformar repentinamente no outro. Um aspecto importante a ser ressaltado é que a análise reichiana trata como aspecto principal, e isso é algo herdado de Reich, as atitudes sociais masoquistas, ou seja, como uma determinada pessoa interage com o seu meio. Como o masoquista consegue pelo viés do sofrimento mobilizar de forma negativa as pessoas a suas volta, proporcionando tanto a ela, como a outros, a essência de seu caráter: provocação, ressentimentos, culpa, raiva e depreciação de si mesmo. Conforme ressalta Reich (2004), o fato peculiar e verdadeiramente enigmático de que certos pacientes, nesse caso o masoquista, pareciam não querer desistir de seu sofrimento, e procuravam 2

repetidamente situações desagradáveis, pois havia uma intenção interna, dissimulada, de manter o sofrimento ou reexperimentá-lo. Um caso de masoquismo de atitude foi o atendimento clínico da paciente T., de 52 anos, que procurou terapia com queixas de se sentir estressada, com sérios problemas relacionais em sua família, principalmente com uma irmã e mãe, e por se sentir entristecida com fatos que parece não poder mudar, principalmente por ser repreendida constantemente por amigos, familiares e marido. Se metia em constantes confusões familiares, sendo humilhada, mal tratada e escorraçada. Tinha um comportamento de bondade para com todos da família, porém sempre se colocando em uma posição inferior aos irmãos. Se utilizava de uma atitude humilde exagerada e possuía trejeitos infantis. Se preocupava constantemente se estava ou não sendo adequada com o próprio analista. Um aspecto importante a ser analisado é que uma pessoa com caráter masoquista, apresenta a tendência a um auto-boicote muito acentuado, acompanhado por uma baixo auto-estima. Segundo Lowen (1977, p. 183): Todos os caracteres masoquistas mostram um comportamento estático, especialmente desajeitado em suas maneiras e em seu relacionamento com os outros. O tratamento dessa paciente durou um ano, e conforme a análise reichiana ressalta, se trata de um processo terapêutico árduo e intenso. As constantes recaídas de comportamento da paciente quase a faziam desistir do processo ou duvidar da própria capacidade de superação, sendo que, dentro da terapia, o terapeuta pode se encontrar em uma relação terapêutica frágil, como se pisasse em ovos, pois um dos sintomas principais do caráter masoquista é a destruição de relações saudáveis, e a tentativa de boicotar qualquer processo de melhora e de interação. É como se o masoquista quisesse provar mais uma vez que ninguém pode suportá-lo. Conforme comenta Navarro (1995, p. 75): Todos os esforços que o masoquista faz estão destinados a falhar, porque faz sabotagem de si mesmo... ele procura fazer a terapia falhar... O corpo dessa paciente era típico do masoquista, apresentando uma distribuição energética desigual em seus segmentos de couraça, ou seja, muita 3

energia no nível diafragmático e torácico. Sua pelve era retraída e a sensação desse corpo era de contenção constante, como se a pessoa estivesse eternamente em um estado de angustia. Em complemento ressalta Lowen (1982, p 144): O corpo físico do masoquista é curto, grosso, musculoso... É particularmente característico um pescoço curto e grosso que denota um atarracamento da cabeça. Um aspecto importante no processo dessa paciente e que vem a colaborar com o que já foi estudado sobre o masoquismo, é o fato das recaídas constantes em seus comportamentos destrutivos. A aprendizagem vem a ser um grande facilitador terapêutico nesses casos, pois a análise do caráter, proporciona para a paciente o que pode-se chamar de reestruturação cognitiva de seus trejeitos e comportamentos. Isso vem a facilitar o aprendizado de sua alto-regulação e a cima de tudo caminhos que promovam a tentativa de um masoquista experimentar realmente a possibilidade de prazer. 4 Como complementa Lowen (1977, p. 212): É necessário, no tratamento do masoquista, exigir a expressão de alguns sentimentos positivos. É importante ressaltar que o aprendizado de comportamentos positivos está embotado pelo principal mecanismo que recai sobre o masoquista, neste caso, com esta paciente não foi diferente, que é a manutenção da culpa interior aprendida em uma família que não promova aspectos positivos de convivência, auto-aceitação e equilíbrio emocional. Todo masoquista possui em sua ontogênese um progenitor ou responsável punidor. Como afirma Lowen (1982), o paciente, quando criança, lutava consigo mesmo, com um profundo sentimento de humilhação toda vez que se deixava soltar livremente. Neste um ano de psicoterapia, a paciente T. construiu em si, uma possibilidade de se auto-regular pelo viés do prazer, ou seja, soube construir pela discriminação dos seus sintomas de culpa, que toda a carga negativa existente em seus sentimentos, não foi promovido por ela mesma e sim pelo ambiente onde vivera, pelas pessoas na qual foi cuidada e pela educação que tivera. Sendo assim, é valido ressaltar as palavras da própria paciente. Incrivelmente percebível, também, sua maneira em se locomover, com plenos direitos, como se pertencesse a um todo, ao contrário de tempos atrás

em que andava desviando das pessoas, como se tivessem mais direitos do que você... Proporcionar mais prazeres à sua vida, ser mais irreverente, se despreocupar com o que dizem a seu respeito, simplificar deveres e tarefas desagradáveis, sentir o que é bom e belo, conviver com pessoas agradáveis, solicitar o que lhe é necessário têm sido sua meta, deixando a vida fluir.(sic) REFERENCIAS LOWEN, A. Bioenergética. 7ª ed. São Paulo: Summus Editorial, 1982. LOWEN, A. O corpo em terapia: a abordagem bioenergética. São Paulo: Summus Editorial, 1977. NAVARRO, F. Caracterologia pós-reichiana. São Paulo : Summus, 1995. REICH, W. Análise do caráter. 3 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004. AUTOR 5 Francisco Tosta: Psicólogo (CRP 08/15050), Analista Reichiano pelo Centro Reichiano Curitiba/PR. Formação em Análise do Comportamento pelo CETECC Curitiba/PR e Especializando em Análise do Comportamento pela Faculdade Evangélica do Paraná. E-mail: francisco.m.tosta@hotmail.com