PRÉ-MODERNISMO
O PRÉ-MODERNISMO O Pré-Modernismo não pode ser considerado uma escola literária, mas sim um período literário de transição para o Modernismo. Principais Objetivos: - Necessidade de transformação nas artes (na temática e na linguagem literária). - Ruptura com os moldes simbolistas e parnasianos. Battle strike, june 1934 / Public Domain
Modernismo Língua Portuguesa - 3ª Série A literatura Pré-modernista Realismo Naturalismo Parnasianismo Pré-modernismo Simbolismo
Língua Portuguesa - 3ª Série A literatura Pré-modernista Contexto Histórico Estado de insatisfação do homem em relação à civilização (caminho traçado pelo homem, pela humanidade); Ruptura com o passado para levá-lo de volta às origens primitivas; Estado de insegurança em relação aos acontecimentos dos últimos anos do século XIX: expansão e/ou industrialização dos países europeus; Primeira Guerra Mundial; Início do século XX = transformações na maneira de pensar do homem moderno (ideia de nacionalismo / nazismo, fascismo e comunismo => intensas agitações.
Imagem: Brazil Blank Map / Felipe Menegaz / GNU Free Documentation License Contexto Histórico O momento histórico brasileiro interferiu na produção literária, marcando a transição dos valores éticos do século XIX para uma nova realidade que se desenhava, essencialmente pautada por uma série de conflitos. Pontos de conflito no Brasil pré-modernista.
Imagem: Padre Cícero. 1934 / Autor Desconhecido / Domínio público Imagem: Alegoria de Canudos / André Koehne / GNU Free Documentation license Imagem: retratos do cangaço, 1936-37 / Domínio público Contexto Histórico O fanatismo religioso do Padre Cícero e de Antônio Conselheiro e o cangaço, no Nordeste.
Imagem: Revista da semana 1904 / Domínio público Língua Portuguesa - 3ª Série A literatura Pré-modernista Contexto Histórico As revoltas da Vacina e da Chibata, no Rio de Janeiro. Imagem: Greve geral de 1917 / autor desconhecido/ Domínio Público Foto da primeira greve no Brasil na cidade de São Paulo As greves operárias em São Paulo.
Contexto Histórico A Guerra do Contestado (na fronteira entre Paraná e Santa Catarina). Imagem: Contestado / Edson L. Pedrassani / GNU Free Documentation License A política dirigida pela oligarquia rural. Imagem: Eleições de cabresto / Revista Careta / Domínio Público
Imagem: Woman factory worker at the 40s / Howard R. Hollem / Public Domain Contexto Histórico O nascimento da burguesia urbana, a industrialização e o surgimento do proletariado. Imagem: Basf Werk 1886 / Public Domain Imagem: Mill Children/ Lewis Hine / Public Domain
Imagem: Jack, 1850 / J.T. Zealy / Public Domain Contexto Histórico Segregação dos negros pósabolição. Imagem: Familia de imigrantes japoneses no Brasil, 1930 / Museu histórico da Imigração Japonesa / Brazilian Copyright Law / Dominio Publico. A imigração.
Contexto Histórico Disputas provincianas como as existentes no Rio Grande do Sul entre maragatos e republicanos. Imagem: Heróis da Lapa / autor desconhecido / Domínio Público
Radiografia crítica do Brasil No geral, o Pré-Modernismo é uma literatura de Crítica Social; Mostra o Brasil real, com seus Conflitos Político- Sociais; Desmistifica o romantismo e seu Nacionalismo Ufanista. Portanto, um Nacionalismo Crítico-Amargo.
CARACTERÍSTICAS DO PRÉ-MODERNISMO - RUPTURA COM O PASSADO Os autores adotaram inovações que feriam o academicismo; - REGIONALISMO A realidade rural brasileira é exposta sem os traços idealizadores do Romantismo. A miséria do homem do campo é apresentada de forma chocante; - LITERATURA-DENÚNCIA Os livros são em tom de denúncia da realidade brasileira. O Brasil oficial é substituído por um Brasil não oficial (sertão nordestino, caboclos interioranos, realidade dos subúrbios); - CONTEMPORANEIDADE A literatura retrata fatos políticos, situação econômica e social contemporâneos, diminuindo a distância entre realidade e ficção.
O que se convencionou chamar de Pré-Modernismo, no Brasil, não constituiu uma escola literária não há um grupo de autores afinados em torno de um mesmo ideário, seguindo determinadas características. O Pré-Modernismo é um termo genérico que designa a produção literária de autores que, não sendo ainda modernos, já promovem rupturas com o passado. AUTORES Euclides da Cunha Monteiro Lobato Lima Barreto Graça Aranha Augusto dos Anjos
Os autores buscavam... As grandes mudanças políticas, sociais e econômicas não deixavam mais espaço para a idealização O foco da produção literária se fragmenta e os autores escrevem sobre as diferentes regiões, os centros urbanos, os funcionários públicos, os sertanejos, os caboclos e os imigrantes. Essa multiplicidade de focos e interesses torna impossível tratar o Pré- Modernismo como uma escola literária. O Pré-Modernismo e considerado um período de transição: conserva algumas tendências das estéticas da segunda metade do século XIX e antecipa outras, aprofundadas com o Modernismo.
Euclides da Cunha (1866-1909) Trabalhou como engenheiro civil no meio militar. Escreveu Os Sertões, pois testemunhou a Guerra de Canudos como correspondente jornalístico. Foi assassinado em duelo pelo amante da esposa. Positivista, florianista e determinista. Foi o primeiro escritor brasileiro a diagnosticar o subdesenvolvimento do país, diagnosticando os 2 Brasis (litoral e sertão). Imagem: Euclides da Cunha / Domínio Público
Imagem: Capa de Os Sertões, 1902 / Domínio público É uma narrativa da insurreição de um grupo de fanáticos religiosos e não só descreve a sociedade mas também a geografia, geologia, e zoologia plana do sertão brasileiro. É dividido em três partes. 1ª parte: A Terra 2ª parte: O homem 3ª parte: A luta
Trecho que descreve a 1ª parte de Os Sertões Ao passo que a caatinga o afoga; abrevia-lhe o olhar; agride-o e estonteia-o; enlaça-o na trama espinescente e não o atrai; repulsa-o com folhas urticantes, com o espinho, com os gravetos estalados em lanças; e desdobrase lhe na frente léguas e léguas, imutável no aspecto desolado: árvores sem folhas, de galhos estorcidos e secos. Imagem: Caatinga sertão brasileiro / Maria Hsu / Creative Commons Attributtion 2.0 generic
Trecho que descreve a 2ª parte de Os Sertões Homem permanente fatigado, o sertanejo 'reflete a preguiça invencível, a atonia muscular perene, em tudo: na palavra remorada, no gesto contrafeito, no andar desaprumado, na cadência langorosa das modinhas, na tendência constante à imobilidade e à quietude'. Todavia, basta um incidente qualquer para que ele se transfigure, adquirindo, subitamente, a característica de um 'titã dominador. É crédulo, místico, deixando-se levar por superstições absurdas. Sua religião traz em si, caracteres das três raças que o formaram: o branco, o índio e o negro; como ele, sua religião é mestiça.
Imagem: Ruínas de Igreja em Canudos, 1897 / Flávio de barros / Domínio Público Trecho que descreve a 3ª parte de Os Sertões Deu-se então o massacre dos prisioneiros, na sua maioria mulheres, velhos, pessoas enfermas, moribundas e crianças. As mulheres não perigosas e as crianças foram poupadas da 'degola', que deveria ocorrer após um viva à República. Conselheiro não resistiu a uma grave disenteria, e aos problemas resultantes de um ferimento de granada, falece no dia 22 de setembro.
Obras principais: Os Sertões Perú versus Bolívia Castro Alves e seu tempo Entre os seringais Contrastes e confrontos
Imagem: Lobato arte / André Koehne / GNU Free Documentation License Monteiro Lobato (1882-1948) Homem de diversas atividades (escritor, editor, relojoeiro, fazendeiro, promotor, industrial, comerciante, professor, adido comercial etc.).
Língua Portuguesa - 3ª Série A literatura Pré-modernista Em 1917, publica, no jornal O Estado de São Paulo, o artigo contra a pintora Anita Malfatti (estopim do Modernismo). A Propósito da Exposição Malfatti, expressa uma postura agressiva contra as novas tendências artísticas do século XX, que resultará no seu desligamento dos principais participantes da Semana de Arte Moderna de 1922. Sua crítica acalorada se dá porque ele não admitia a submissão da cultura brasileira às ideias europeias, daí ser chamado de Policarpo Lobato.
Imagem: Caipira picando fumo 1893 / Almeida Junior / Domínio público Língua Portuguesa - 3ª Série A literatura Pré-modernista O Brasil Caipira anacrônico inerme analfabeto obtuso Tema de Monteiro Lobato Urupês (Jeca Tatu) Cidades Mortas
Obras principais Urupês (1919) Ideias de Jeca Tatu (1918) Cidades Mortas (1919) Negrinha (1920) Mundo da Lua (1923) O Macaco que se Fez Homem (1923) O Choque das Raças Literatura Infantil: Reinações de Narizinho Viagem ao Céu O Saci Caçadas de Pedrinho Hans Staden Histórias do Mundo para Crianças Memórias de Emília Emília no País da Gramática Aritmética de Emília Geografia de Dona Benta Serões de Dona Benta O Poço do Visconde Histórias de Tia Nastácia O Pica-pau Amarelo A Reforma da Natureza O Minotauro Fábulas
Imagem: Retrato de Lima Barreto, autor e data desconhecidos / Domínio Público Lima Barreto (1881-1922) Viveu intensamente as contradições do início do século, torna-se alcoólatra e passa por profundas crises depressivas, sendo internado por duas vezes. Mostra um perfeito retrato do subúrbio carioca, criticando a miséria das favelas e dos cortiços. Posiciona-se contra o nacionalismo ufanista, a educação recebida pelas mulheres, voltada para o casamento e a República com seu exagerado militarismo.
Língua Portuguesa - 3ª Série A literatura SeusPré-modernista personagens são humildes funcionários públicos, alcoólatras e miseráveis. Sua linguagem é jornalística e até panfletária. Triste Fim de Policarpo Quaresma é a obra que lhe garante notoriedade. O Brasil da Marginalização Urbana O negro O funcionário público Os alcoólatras Subúrbio
Língua Portuguesa - 3ª Série A literatura Pré-modernista Obras principais Romance: Recordações do Escrivão Isaías Caminha (tematiza preconceito racial e crítica ao jornalismo carioca - 1909) Triste Fim de Policarpo Quaresma (inicialmente publicado em folhetins - 1915) Vida e Morte de M. J. Gonzaga e Sá (1919) Clara dos Anjos (1948) Humorismo: Aventuras do Dr. Bogoloff (1912) Artigos e Crônicas: Feiras e Mafuás (1956) Bagatelas (1956) Crônicas sobre Folclore Urbano: Matginália (1956) Vida Urbana (1956) Memórias: Diário Íntimo (1956) Cemitério dos Vivos (1956) Conto: História e Sonhos (1956) Sátira Política e Literária: Os Bruzundangas (1923)
Imagem: Graça Aranha, 1904 / Fratelli D'Alessandri / Domínio Público Graça Aranha(1868-1931) Foi juiz no Maranhão e no Espírito Santo. Participou do movimento modernista, como doutrinador. Não é considerado modernista porque sua única obra "modernista", A viagem maravilhosa, é feita em um estilo extremamente artificial. Morreu logo antes de publicar sua autobiografia, O meu próprio romance, de 1931.
Língua Portuguesa - 3ª Série A literatura Pré-modernista Obras principais: Canaã (1902/ romance) Estética da Vida (1921/ ensaio) Espírito Moderno (1925/ ensaio) A Viagem Maravilhosa (1927/ romance)
Augusto dos Anjos (1884-1914) Formou-se em direito, mas foi sempre professor de Literatura. Publicou apenas um único livro de poesias, Eu. Sua obra é cientificista, profundamente pessimista. Trabalhou, assim como parnasianos e simbolistas, com sonetos e verso decassílabo. Imagem: Retrato de Augusto dos Anjos / Domínio Público
Língua Portuguesa - 3ª Série A literatura Sua visão Pré-modernista mundo e a interrogação do mistério da existência e do estar-no-mundo marcam esta nova vertente poética. Constância da morte, desintegração e os vermes. "A passagem dos séculos me assombra. / Para onde irá correndo minha sombra / Nesse cavalo de eletricidade?! / Quem sou? Para onde vou? Qual minha origem? / E parece-me um sonho a realidade."
Língua Portuguesa - 3ª Série A literatura Pré-modernista Sua visão da morte como o fim, o linguajar e os temas usados por muitos são considerados como sendo de mau gosto, mas caracterizam sua poesia como única na literatura brasileira. "Já o verme este operário das ruínas / Que o sangue podre das carnificinas / Come e à vida em geral declara guerra."
Língua Portuguesa - 3ª Série A literatura Pré-modernista Versos Íntimos Vês! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão esta pantera Foi tua companheira inseparável! Acostuma-te à lama que te espera! O homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera. Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja. Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija!