Guia de Boas Práticas para a Metrologia na Saúde: INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL. Ana Luísa Silva

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Transcrição:

Guia de Boas Práticas para a Metrologia na Saúde: INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL Ana Luísa Silva

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Índice Esfigmomanómetros: Tipologias Esfigmomanómetros manuais Esfigmomanómetros automáticos Requisitos técnicos e metrológicos Rastreabilidade e conformidade metrológica Manutenção Boas práticas de utilização Conclusões gerais 3

Esfigmomanómetros: Tipologias 4

Tipologias Unidades de medida: Quilopascal (kpa) ou milímetros de mercúrio (mmhg) 5

Esfigmomanómetros manuais Medem a PA através do: Método Auscultatório Baseia-se na auscultação dos sons da artéria do indivíduo, com o auxílio de um estetoscópio Esfigmomanómetros automáticos Método Oscilométrico Baseia-se na medição da amplitude das oscilações de pressão criadas pela expansão das paredes da artéria de cada vez que o sangue passa Medem a PA através do: Método Misto Auscultatório Oscilométrico Resultado obtido por oscilometria para avaliar a PA Método auscultatório (microfone na braçadeira) para validar o resultado da medição 6

Os métodos e as suas limitações Vantagens Método Auscultatório Grande exatidão; Baixo custo. Método Oscilométrico Facilidade de utilização. Monitorização contínua. Desvantagens Necessidade de sensibilidade auditiva; Interpretações difíceis em indivíduos com batimentos irregulares. Variação no estado das paredes das artérias ou do batimento cardíaco pode induzir erros; Alguns equipamentos não se encontram validados clinicamente. 7

Esfigmomanómetros manuais com: Manómetro de mercúrio Manómetro aneroide Manómetro eletrónico Elevada exatidão; Características nocivas do mercúrio: venda proibida (Decreto-Lei n.º 76/2008 de 28 de abril; Diretiva 2007/51/CE) A pressão detetada é transferida para o ponteiro do manómetro (mostrador analógico) A pressão é indicada num dispositivo digital Necessidade de energia elétrica para o seu funcionamento 8

Esfigmomanómetros automáticos com: Manómetro eletrónico Monitor eletrónico com sensor de pressão; Bomba ativada eletricamente insufla a braçadeira colocada no pulso, dedo ou braço; Instrumentos de medição mais utilizados em domicílio. Monitores de PA não Invasiva Medem automaticamente: PA, BPM, SpO2 e a temperatura corporal; Pode ou não incluir o registo da PA ao longo do tempo com possibilidade de alarme; Utilizados em ambiente clínico. Monitores de Sinais Vitais Realizam vários ciclos de monitorização da PA de forma automática, a intervalos pré determinados; Mede PA invasiva e não invasiva, BPM, SpO2 e ECG; Utilizados em ambiente clínico. 9

Requisitos Técnicos e Metrológicos 10

Requisitos gerais Requisitos metrológicos Requisitos técnicos do sistema pneumático Requisitos de segurança 11

Parâmetros Erro máximo admissível 1 Esfigmomanómetros manuais OIML R 16-1: 2002 ± 0,5 kpa (±4 mmhg), para esfigmomanómetros já em uso. Esfigmomanómetros automáticos OIML R 16-2:2002 e IEC 80601-2-30:2013 ±0,4 kpa (±3 mmhg), para esfigmomanómetros utilizados pela primeira vez ou em condições de t variável e hr elevada (> 85 %) De acordo com a OIML R 16-2:2002, o intervalo de medição deve ser especificado pelo fabricante Requisitos Metrológicos Intervalo de medição 0 kpa a 35 kpa ou 0 mmhg a 260 mmhg De acordo com a IEC 80601-2- 30:2013, o esfigmomanómetro automático deve ter um intervalo de medição. Pressão diastólica: 5,3 kpa (40 mmhg) a 17,3 kpa (130 mmhg) em adultos e 2,7 kpa (20 mmhg) a 8,0 kpa (60 mmhg) no módulo neonatal. Pressão sistólica: 8,0 kpa (60 mmhg) a 30,7 kpa (230 mmhg) em adultos e 5,3 kpa (40 mmhg) a 14,7 kpa (110 mmhg) no módulo neonatal. Resolução 0,2 kpa ou 2 mmhg 0,1 kpa ou 1 mmhg 1 Condições com temperatura ambiente (t) entre os 15 C e 25 C e humidade relativa (hr) entre 20 % e 80 % 12

Rastreabilidade e Conformidade Metrológica 13

Garantir a rastreabilidade metrológica: Plano de Calibração Instrumento Marca N.º de Série N.º de Inventário Periodicidade da calibração Data da última calibração Definição do EMA Executar calibração Definir a periodicidade adequada a cada equipamento de acordo com o seu uso, localização e criticidade dos resultados obtidos Análise de certificados: aprovação do equipamento Identificação do estado (ex: etiquetas) Gestão informatizada de dados O estado de aptidão ao uso do equipamento deve ser A informação conhecido. relativa às intervenções deverá estar devidamente arquivada e acessível. 14

Manutenção 15

Cumprir com as ações descritas pelo fabricante do instrumento, aplicando-se a referência normativa NP EN ISO 13460: 2009 Em geral: Inspeção visual, limpeza e verificação do ponto zero (quando aplicável); Substituição de componentes de desgaste como braçadeiras, peras de insuflação, válvulas, etc. 16

Boas Práticas de Utilização 17

BOAS PRÁTICAS DE UTILIZAÇÃO Estado do instrumento Utente Técnica de medição Adequada rastreabilidade metrológica e manutenção Garantir que o instrumento é adequado para o utente O utente deve estar sentado com os dois braços em cima de uma mesa ou deitado, aguardando alguns segundos antes da medição; O utente não deve falar durante a recolha dos valores O profissional de saúde deve ter formação específica na utilização do instrumento (muito importante no método auscultatório) O profissional de saúde deve garantir: - ambiente adequado à medição - dimensão adequada da braçadeira - medição da PA em ambos os braços No método auscultatório garantir que: o valor inicial antes da insuflação é de 0 mmhg (se tal não se verificar, contactar o apoio técnico); a braçadeira é colocada ao nível do coração 18

Escolha do equipamento Adequada manutenção Conclusões Gerais Verificar e aprovar o estado de utilização do instrumento de medição através da calibração dos mesmos por entidades acreditadas. 19

MUITO OBRIGADA! 20