DECLARAÇÃO DE VOTO CONTRÁRIO AO RELATÓRIO FINAL DA CPI DO DETRAN/RS

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Transcrição:

DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Porto Alegre, terça-feira, 8 de julho de 2008. 1 DECLARAÇÃO DE VOTO CONTRÁRIO AO RELATÓRIO FINAL DA CPI DO DETRAN/RS No dia 4 de julho de 2008, Plenarinho da AL/RS, ao Sr. Presidente da CPI DO DETRAN, Deputado FABIANO PEREIRA. O Relatório da CPI do DETRAN-RS apresentado, Nesta Casa, pelo nobre Deputado ADILSON TROCA, contém, entre outras, duas graves falhas ou omissões. Essas falhas ou omissões estão, sobretudo, em dois pontos fundamentais do Relatório que trataremos a seguir. 1 O RELATÓRIO JUSTIFICATIVA ALTO PREÇO DA CNH NO RS O primeiro ponto, e que não podemos de forma alguma compactuar, está entre as páginas 201 e 232 quando esse documento procura de todas as formas justificar o valor ou o preço elevado das Carteiras de Habilitação aqui no Estado. Chega a fazer quase um estudo acadêmico para justificar o preço elevado das carteiras em nosso Estado. Não entendemos como e porque o relatório tenta buscar razões para o preço muito alto das carteiras. Senão vejamos a página 207, no primeiro parágrafo do ponto 2.1.2 DOS PREÇOS COBRADOS AO CANDIDATO À CNH, o nobre relator diz o seguinte: Assunto controverso, o preço da carteira nacional de habilitação NÃO MERECEU, POR PARTE DESTA Comissão a devida atenção. Na maioria das sessões, eu bati nesta questão. E pode até ser verdade que a CPI, como o Relatório logo adiante afirma, que não tratou como deveria desta questão crucial e vital para o bolso dos cidadãos gaúchos, mas o que não cabe, e o que me parece até grave, é tentar justificar o preço das Carteiras de Habilitação cobrados dos cidadãos gaúchos, como está exposto nas páginas 208 e 209. Não devemos esquecer que o Pano de Fundo de toda a CPI é o preço elevado das Carteiras cobrado dos cidadãos gaúchos, embora o seu fato gerador seja o desvio e a subtração de 44 milhões do DETRAN-RS. O que não podemos aceitar dentro do Relatório na página 209 que SOMOS INDUZIDOS A ERRO ao não aceitar o preço atual das Carteiras de Habilitação no RS. Nesta mesma página 209, o Relatório diz o seguinte: Não podíamos, e não podemos, comparar o preço cobrado no Rio Grande do Sul para a obtenção da CNH com o valor que é cobrado, em Pernambuco, por exemplo. Essa passagem do Relatório não condiz com a realidade, senão até preconceituosa, porque ato contínuo, o Relatório deveria dizer o porque que Pernambuco tem o preço mais baixo. Fizemos uma pequena pesquisa em outros DETRANS do País e temos os seguinte preços cobrados: Estado RS SC SP PR Categoria A 450,00 585,00 B 744,14 600,00 350,00 688,00 AB 1.199,00 1.050,00 550,00 920,00

DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Porto Alegre, terça-feira, 8 de julho de 2008. 2 A tabela, a seguir, demonstra isso e nos ajuda a entender as diferenças de valores. Registre-se que, hoje, ocupamos a quarta posição no ranking nacional que, reafirmo, é imperfeito. Comparação dos custos da CNH com os de outros Estados Brasileiros * O valor das 15 horas-aula práticas e das 30 horas-aula teóricas apostas nesta tabela refere-se ao valor mínimo cobrado naqueles estados. Valores base de 2006 em vigor até 31/01/2007. Mas, para a população, o que importa é o valor de setecentos e quarenta e quatro reais e quatorze centavos (R$ 7444,14).

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DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Porto Alegre, terça-feira, 8 de julho de 2008. 5 Nas páginas 208 e 209, o relatório, tenta demonstrar na hipótese de redução dos valores dos exames teóricos e práticos, seria bem pequena. Segundo o relatório a despeito de toda a redução seria na ponta final bem pequena ao cidadão, o que consideramos um absurdo. Na página 209, o relatório tenta argumentar de forma errônea que a redução dos valores traria algum benefício real ao cidadão: Com a aludida redução de 30% (trinta por cento) nos exames teóricos e práticos, a redução real do valor da CNH seria em torno de 3% (três por cento). Repito de 3%! E diz que os gaúchos foram induzidos a erro ao considerarem que a Carteira de Habilitação em nosso Estado é a mais cara do País. É a mais cara como tantas vezes tivemos a oportunidade de ver. Dessa forma, o Relatório não esta correto, na sua justificativa, não podemos concordar com o relatório que não diz a verdade com relação ao preços das carteira no Pais, o Estado do Rio Grande do Sul tem o maior preço de Carteira de Motorista, não bastando os preços mostrados e comparado com os do relatório, com os feitos pela nossa equipe técnica, temos mais um agravante de que a média brasileira de reprovação nas primeiras carteiras de motorista classes A e B, é de 25%, e a nossa no estado é de 48%, portanto, o custo médio dos guachos na primeira habilitação é de 25%, maior que nos demais estados, então a CARTEIRA DE MOTORISTA GAUCHA É A MAIS CARA DO BRASIL. Por isso, é que não podemos concordar com o relator que diz que não é necessário baixar os preços da carteira no RS, que absurdo, se tirando em deposito judicial 30%, e conforme o depoente Da Camino, nenhuma das empresas sistemistas era necessário, então não baixar os preços significa que estas empresas continuarão ou outras indicadas as substituirão.. 2 - DA AUSÊNCIA DE INDICIAMENTO O segundo ponto que devemos considerar nesse relatório, está na dimensão do Indigitamento dos 41 suspeitos quando a Constituição dá poderes judiciais para uma CPI agir no sentido de efetuar indiciamento. Na pagina 335, o relator fala em quem seriam inocentado ou incriminados no Relatório, porém, o Art. 58 3 da Constituição Federal, e o artigo 56 4 e 5 da Constituição Estadual. Cabe a Comissão Parlamentar de Inquérito na sua conclusão encaminhar ao Ministério Público, se for o caso, e este caso o é, para que o Ministério publico promova a responsabilidade civil e criminal dos infratores. Portanto cabe a Assembléia não indiciar, mas sim, encaminhar uma relação de nomes de todas as pessoas citadas por infratores durante a CPI, citadas em ligações telefônicas, citadas em depoimentos nesta CPI, ou que aparecem nos depoimentos da Policia Federal, para serem relacionadas em um rol de envolvidos nesta corrupção. O Relatório não indiciou nenhum suspeito, nenhuma pessoa que foi submetido ao crivo inquisitório desta CPI. Novamente, o relator parte para as táticas da justificação, tanto do aspecto jurídico quanto do mérito dizendo na página 336 que não precisava indiciar porque os suspeitos já haviam sido tornado réus pela Justiça Federal. Como já vimos acima, essa é uma posição errada do nobre relator, pois a Constituição Federal no seu Artigo 58, Parágrafo 3º, dá poderes judiciais a uma CPI na seguinte forma: Art. 58... 3º - As Comissões Parlamentares de Inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais. E na nossa Constituição Estadual no seu Artigo 56, Parágrafo 5º, diz o seguinte: Art. 56...

DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Porto Alegre, terça-feira, 8 de julho de 2008. 6 5º - As conclusões das comissões parlamentares de inquérito serão encaminhadas, se for o caso, no prazo de trinta dias, ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil e criminal dos infratores. Assim, uma CPI foram criadas e são empregadas, dentro do Estado de Direito, para investigar, fiscalizar, apurar, os INDÍCIOS existentes de devios, vício, má conduta nas atividades políticas, econômicas, sociais e administrativas relativos aos entes públicos (Leonardo de Oliveira: Jus Navegandi, p. 10). Como podemos ver, tanto a Constituição Federal e, principalmente, a Estadual, coloca o dever de estabelecer indiciamento de suspeitos, uma vez comprovar INDÍCIOS de crime contra a Coisa Pública, pois do contrário estará prevaricando. E indiciar não significa imputar a condição de réu, mas INDICAR, APONTAR, através de bases legais, o suspeito para ser ou não DENUNCIADO pelo Ministério Público em ação civil ou penal. Senão não existiria razão para existir uma CPI que tem finalidade moralizadora. Segundo o eminente constitucionalista JOSÉ AFONSO DA SILVA a CPI é organismo que tem o papel de grande RELEVANCIA NA FISCALIZAÇÃO e CONTROLE da Administração, aponto que recebem da Constituição Federal de 1988, poderes de investigação próprios da autoridade judicial. Esse ponto é fundamental, senão a CPI, uma vez constatada uma fraude ou suspeita de crime, tem o dever de encaminhar e indiciar os suspeitos senão os parlamentares estarão prevaricando. Não devemos esquecer que a CPI é composta de homens públicos que tem o dever, dentro do princípio da moralidade pública, de resguardar o patrimônio, o erário e a própria Coisa Pública. Mesmo que a Justiça Federal, através da 3º TRF de Santa Maria, já tenha aceitado a denúncia do Ministério Público, tornando réus 41 pessoas, muitas das quais foram depoentes nesta CPI, o relator tem a obrigação de indiciá-los por simples suspeita de improbidade e infração da Coisa Pública. Nesse aspecto, o relatório justifica páginas 335 e 336 as razões de porque não indiciou os suspeitos. O relator argumenta que não indiciou porque eles já são réus no âmbito da Justiça Federal. Mas isso não exime o relatório da CPI de denunciar por simples suspeita de improbidade administrativa. O que é grave é que aconteceu um rombo de mais de 44 milhões no DETRAN-RS e isso é uma das causas do alto preço cobrado nas CNHs no RS, e isso está passando batido no relatório. É dever constitucional amparado nos artigos 58, 3º da Constituição Federal e no 56 5º da Constituição Estadual de que é dever do parlamentar, membro de CPI, que constatar improbidade de indiciar os seus autores. Isso é mais que um dever constitucional, é um dever moral sustentado pelo Princípio da Moralidade. A Cidadania gaúcha foi gravemente aviltada e afrontada por esse assalto aos cofres públicos de mais de 44 milhões de reais. Isso é crime e deve ser tratado como tal. O relatório, infelizmente, praticamente, na epiderme dessa questões que foram nevrálgicas nas CPI. Historicamente a prática de investigações legislativas é comum em todos os Parlamentos que constituem os Estados de Direito. Uma CPI, portanto, é um instrumento de fortalecimento da democracia e pode servir de pilar do Estado de Direito. Existe claros indícios de que ocorrem erros desde que foi implantado esse sistema desde meados do Governo Britto. Deve ocorrer investigação mais ampla desse processo de terceirização de serviços do DETRAN-RS que começou em meados da década de noventa. Por essa razão o nosso voto é em defesa da RES PÚBLICA ou COISA PÚBLICA, pois mais de 44 milhões foram desviados e subtraídos do erário estadual, com as fraudes do DETRAN-RS, como foi constatado nesta CPI. Portanto ocorreu crime contra a Administração Pública e o próprio Estado, e assim, como homens públicos, não devemos compactuar com essa grave situação. Dessa forma, o nosso voto é não ao relatório porque é um voto REPUBLICANO, um voto na defesa da Coisa Pública e não na defesa deste ou daquele Governo. Não estamos aqui para defender governo nenhum, mas a REPUBLICA que foi gravemente ferida com o assalto dos 44 milhões fraudados do DETRAN-RS. Esse assalto aos cofres públicos está é a razão maior do alto custo do valor da Carteira de Habilitação no Rio Grande do Sul. A postura republicana é a postura dos DEMOCRATAS, que advém da sua sólida tradição liberal, uma das bases fundamentais da Cidadania moderna. Esta é a nossa postura. Esse são os nossos argumentos que servem de base ao nosso voto contrário ao relatório da CPI DO DETRAN-RS, neste dia 04 de julho de 2008.

DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Porto Alegre, terça-feira, 8 de julho de 2008. 7 Enfim, votamos contra o relatório porque ele tratou de questões graves que aconteceram na esfera do erário estadual, ou seja, a subtração de mais de 44 milhões de reais que torna a CNH do RS uma das mais caras do País, de forma muito superficial. Existe um vínculo muito claro entre o custo da Carteira de Habilitação e o assalto de mais de 44 milhões dos cofres públicos do Estado. Isso não foi tratado adequadamente no relatório. E essas questões de estrema gravidade de fraude no DETRAN-RS - devem retroceder até meados da década de noventa, para apuração ser completa e eficiente. Por essas razões votamos contra o relatório do nobre Deputado ADILSON TROCA. Porto Alegre, RS, 04 de julho de 2008. Deputado(a) Marquinho Lang