Originais / Originals Correlação entre índices antropométricos e desempenho de flexibilidade em mulheres Correlation between anthropometric indices and flexibility performance in women Resumo Objetivo: Correlacionar o índice de massa corporal (IMC), o percentual de gordura (%GC) e o risco cintura-quadril (RCQ) de universitárias fisicamente ativas e inativas do curso de Educação Física e seus desempenhos no teste de sentar e alcançar (TSA). Métodos: Caracteriza-se por ser uma pesquisa correlacional com 48 universitárias do curso de Educação Física, sendo 21 mulheres fisicamente ativas (23 ± 5,9 anos, 65 ± 5,5 kg, 161 ± 10,1 cm) e 27 mulheres fisicamente inativas (25 ± 6,3 anos, 70 ± 6,1 kg, 164 ± 7,1 cm). Foram verificados os índices antropométricos IMC, CC e RCQ e aplicado o TSA. Resultados: Universitárias ativas apresentaram média de IMC de 23,86 ± 3,95, RCQ de 0,73 ± 0,06, %GC de 20,99 ± 8,57 e 25,38 ± 10,47 no TSA. Enquanto universitárias inativas tiveram média de 25,84 ±6,04 no IMC, 0,75 ± 0,07 no RCQ, 26,90 ± 7,95 no %GC e 20,96 ± 7,86 no TSA. Não foi observada correlação entre os índices antropométricos e o TSA. Conclusão: Apesar de em nosso estudo não ter havido correlação entre os índices antropométricos e o TSA, as universitárias que eram fisicamente ativas apresentaram um desempenho melhor quando comparadas às que estavam fisicamente inativas, o que sugere que no grupo estudado a prática regular de atividade física auxilie na manutenção dos níveis de flexibilidade da coluna lombar. Palavras-chave: antropometria; índice de massa corporal; maleabilidade; mulheres. Gabriel Andrade Paz Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro/RJ - Brasil Riane de Paula Souza Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro/RJ - Brasil Igor Nasser Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro/RJ - Brasil Marianna de Freitas Maia Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro/RJ - Brasil Vicente Pinheiro Lima Universidade Castelo Branco (UCB), Rio de Janeiro/RJ - Brasil Abstract Purpose: To compare the body mass index (BMI), body fat percentage (BF%) and waist-hip risk (WHR) of physically active and inactive students of university course of physical education, and their performance in the test Sit and Reach (TSR). Methods: It is characterized by being a correlational research with 48 students of university course of Physical Education, 21 women physically active (23 ± 5.9 years, 65 ± 5.5 kg, 161 ± 10.1 cm) and 27 women physically inactive (25 ± 6.3 years 70 ± 6.1 kg 164 ± 7.1 cm old). To this end, the anthropometric indices were verified BMI, WC and WHR and applied the TSA. Results: Active individuals had a mean BMI of 23.86 ± 3.95, 0.73 ± 0.06 WHR, %BF 20.99 ± 8.57 and 25.38 ± 10.47 in the TSA. While inactive individuals had a mean of 25.84 ± 6.04 in BMI, 0.75 ± 0.07 in WHR, 26.90 ± 7.95% in GC and 20.96 ± 7.86 in the TSA. There was no correlation between anthropometric indexes and the TSA. Conclusion: Although in our study have been no correlation between anthropometric indexes and the TSA, individuals who were physically active had a better performance when compared to those who were physically inactive, suggesting that the studied group the regular practice of activity physical assist in the maintenance of the lumbar spine flexibility levels. Key-words: anthropometry; body mass index; pliability; women. Sáude em Revista Índices antropométricos e teste de sentar e alcançar 29
Introdução A aptidão física é definida pelo American College of Sports Medicine (ACSM) 1 como um conjunto de componentes relacionados à capacidade de realizar atividades funcionais de vida diária ou desempenho atlético. Entre esses componentes, destacam-se flexibilidade, força, composição corporal, capacidade aeróbica e resistência muscular localizada. 1 Em relação à saúde, notamos que o menor risco para o surgimento de doenças ou incapacidades funcionais está relacionado ao conceito de que cada um dos componentes da aptidão física esteja em seu melhor estado. 2 Ainda de acordo com o ACSM, 1 níveis mínimos de atividade física são capazes de promover ganhos iniciais em todos os componentes da aptidão física em universitários que se encontravam fisicamente inativos. Desse modo, podemos considerar fisicamente ativo o indivíduo que acumula 30 minutos de atividade física moderada em pelo menos cinco dias na semana, ou 20 minutos de atividade física vigorosa em pelo menos três dias na semana. 1 Nesse sentido, a correlação entre as variáveis da composição corporal para com o nível de flexibilidade da cadeia muscular posterior (paravertebrais e ísquios-tibiais) vem sendo estudada com o intuito de auxiliar profissionais de saúde na elaboração de estratégias que minimizem os impactos resultantes; na maioria dos casos, de um estilo de vida sedentário. 3,4 Para entender melhor essa correlação, é preciso atentar-se à estrutura e ao funcionamento da coluna, já que esta é capaz de realizar movimentos com a finalidade de suprir as necessidades ocorridas durante o dia de uma pessoa, como rotações, flexões e extensões, 5 assim, alterações na composição corporal podem desencadear problemas na região lombar associados à perda de flexibilidade. 3 Quando a flexibilidade apresenta redução dos seus níveis, podem-se desenvolver lesões musculares, principalmente na região lombar e dorsal, além de alterações biomecânicas. 6 Em estudo realizado por Paz et al., 3 verificou-se a correlação entre a flexibilidade da coluna lombar (FCL), o índice de massa corporal (IMC), a circunferência de cintura (CC), o risco cintura-quadril (RCQ) e a incapacidade funcional lombar (IFL), em universitários de ambos os gêneros. Os autores concluíram que, para as mulheres, a CC pode ser um fator associado à IFL, por outro lado, quando o RCQ, o IMC e TSA são classificados na faixa de normalidade, essa associação não foi verificada para ambos os gêneros. Ainda, nesse sentido, Paz et al. 4 avaliaram a interferência do IMC e CC na FCL de universitários, seus achados apresentaram fraca correlação negativa entre os valores de IMC e CC com a FCL, ou seja, somente em alguns casos os valores elevados de IMC e CC associaram-se à redução da FCL, entretanto essa condição não prevaleceu para toda a amostra. Apesar de não haver um teste padrão ouro para a avaliação da flexibilidade, é possível encontrar na literatura muitos estudos com universitários fisicamente ativos ou não e com diferentes gêneros e idades, que realizam o TSA com o Banco de Wells, e têm apresentado boa aceitação no meio acadêmico. 7,8,9 Nesse teste, o indivíduo senta-se com as pernas unidas, joelhos estendidos e a planta dos pés fixada na borda do banco, em seguida, o indivíduo flexiona lentamente a coluna, tentando alcançar, com as duas mãos paralelas, a maior distância possível. É importante que o participante saiba que não pode flexionar os joelhos e deve manter as mãos paralelas durante todo o teste. 10 30 SAÚDE REV., Piracicaba, v. 16, n. 43, p. 29-36, maio-ago. 2016
Dados de correlação desses valores com os níveis de atividade física, ainda não estão bem esclarecidos na literatura. Achados, nesse sentido, podem contribuir com melhores informações para os profissionais da área da saúde e, por conseguinte, na qualidade de vida dos praticantes. Por essa razão, o objetivo do nosso estudo é correlacionar o RCQ, CC e IMC de dois grupos de mulheres (fisicamente ativas e inativas) para com o desempenho no TSA. Métodos O presente estudo caracteriza-se por ser uma pesquisa descritiva de caráter correlacional, considerando que nesse tipo de estudo há preocupação com o status, sendo uma de suas formas de análise a associação entre variáveis. 11 A amostra foi composta por universitárias do curso de Educação Física, sendo 21 mulheres fisicamente ativas (23 ± 5,9 anos, 65 ± 5,5 kg, 161 ± 10,1 cm) e 27 mulheres fisicamente inativas (25 ± 6,3 anos, 70 ± 6,1 kg, 164 ± 7,1 cm). A amostra foi selecionada de forma não probabilística e casual, considerando que fizeram parte da pesquisa somente voluntários. Como critérios de inclusão foram adotados: alunas de graduação a partir do 4. período; fisicamente ativas (praticar atividades aeróbias ou exercícios de força com frequência mínima de três vezes na semana, com duração entre 30-60 minutos de maneira constante), ou jovens fisicamente inativas (que não cumprissem os critérios citados). Os critérios de exclusão foram estes: nenhum dos participantes poderia estar utilizando medicamento específico para a dor lombar, ter sido submetido à cirurgia da coluna, ter sintomas de raízes nervosas (dor abaixo do joelho), espondilolistese, estenose de canal medular, doenças inflamatórias ou outro distúrbio crônico na região lombar. Todos os indivíduos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme a resolução 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde do Brasil. Destaca-se que o presente estudo foi devidamente aprovado pelo Comitê de Ética do curso de Educação Física da Universidade Castelo Branco (UCB) RJ, sendo aprovado conforme o processo de n. 056/2011. Protocolos Experimentais Inicialmente, foram realizadas as medidas antropométricas (peso, altura, perimetria corporal, e dobras cutâneas) utilizando uma balança digital Techline BAL-150, tipo plataforma com capacidade para 150 kg e escala de 100 g, uma trena antropométrica Sanny Medical de 2 m, um adipômetro Sanny (Sanny, SP, Brasil) e um estadiômetro Seca Bodymeter 208. Para todas as mensurações de índices de flexibilidade, foi utilizada a caixa de sentar e alcançar (banco de Wells), a qual possui dimensões de 30,5 x 30,5 x 50,6 (cm), com uma régua em centímetros e uma marcação com deslizamento específico. Os valores de percentual de gordura (%GC) foram calculados com base no protocolo de sete dobras cutâneas (subescapular, tríceps, peitoral, suprailíaca, abdome, coxa, subaxilar). Todas as medições foram feitas pelo mesmo avaliador e cada dobra foi medida três vezes, de forma não consecutiva. Em seguida, foi calculado o IMC (peso (kg) pela estatura (m) elevada quadrado), 12 que apresenta alta sensibilidade e especificidade, como indicador de estado nutricional e, principalmente, na detecção da obesidade; 13 o CC, que é associado ao risco de desenvolver doenças coronarianas, diabetes Sáude em Revista Índices antropométricos e teste de sentar e alcançar 31
do tipo II, hipertensão, câncer endometrial e colesterol elevado tanto para mulheres quanto para homens; 12 e o RCQ, que avalia a proporção entre a circunferência da cintura e a do quadril, e também denota forte associação com a doença arterial coronariana. Depois, foi aplicado o TSA como descrito a seguir: O indivíduo sentado, com os pés contra a caixa de teste, mantendo os joelhos estendidos e mãos apoiadas uma sobre a outra; avançar à frente, deslizando as mãos ao longo da régua de medição. A medida considerada será a máxima registrada em três tentativas com um intervalo de 10 segundos entre elas. 14 Tratamento Estatístico O tratamento estatístico foi realizado por meio do programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences, Chicago, IL, USA), versão 18.0, observando os padrões básicos que garantem a sua cientificidade. Na estatística descritiva, foram calculados o desvio padrão, a média, valor mínimo e valor máximo das variáveis. Na estatística inferencial, aplicou-se o teste de Kolmogorov para determinar se os dados eram paramétricos ou não. No estudo da correlação entre o RMQ, o IMC, o RCQ e o TSA, foi utilizado o coeficiente de correlação linear de Pearson (r) para realizar a classificação do grau de correlação entre os dados, adotando-se os valores de referência para identificar se houve (r = 1 e -1) ou se não houve (r = 0) 15 correlação. Foi estabelecido um nível de confiança de p < 0,05 e intervalo de 95% para todas as análises inferenciais. Resultados Tabela 1. Média e (desvio-padrão) dos índices antropométricos no grupo de mulheres ativas e inativas fisicamente. IMC (Kg/ m 2 ) Ativas 23,86 (3,95) 0,73 (0,06) Inativas 25,84 (6,04) 0,75 (0,07) RCQ 20,99 (8,57) 26,90 (7,95) %GC 25,38 (10,47) 20,96 (7,86) Valor p 0,31 0,61 0,01 0,06 TSA (cm) IMC: índice de massa corporal; RCQ: risco cintura- -quadril; %GC: Percentual de gordura corporal; TSA: Teste de sentar e alcançar. De acordo com os resultados mostrados na Tabela 1, universitárias ativas apresentaram média de IMC de 23,86 (±3,95), RCQ de 0,73 (±0,06), %GC de 20,99 (±8,57) e 25,38 (±10,47) no TSA. Enquanto universitárias inativas tiveram média de 25,84 (±6,04) no Índice de Massa Corporal, 0,75 (±0,07), no RCQ, 26,90 (±7,95) no Percentual de Gordura Corporal, e 20,96 (±7,86) no Teste de Sentar e Alcançar. A Tabela 2 mostra que não há correlação entre os índices antropométricos e o TSA. Tabela 2. Correlação entre os índices antropométricos da aptidão física para saúde com o teste de sentar e alcançar. Fisicamente Ativas IMC RCQ %GC TSA r = 0,35 r = 0,14 R = 0,05 Fisicamente inativas TSA r = 0,01 IMC RCQ %GC r = 0,05 r = 0,04 32 SAÚDE REV., Piracicaba, v. 16, n. 43, p. 29-36, maio-ago. 2016
Discussão Os achados do presente estudo indicaram que não houve correlação entre os índices antropométricos da aptidão física e o desempenho de mulheres no teste de sentar e alcançar, para ambos os grupos (fisicamente ativo e inativo). Segundo a tabela de classificação, 16 o nível de flexibilidade de ambos os grupos se mostrou fraco, independentemente se eram estudantes ativas ou inativas. Já o IMC do grupo de estudantes inativas apontou sobrepeso, enquanto que para o grupo ativo revelou-se normal. Por fim, o RCQ mostrou risco moderado em ambos os grupos, de acordo com os valores de referência. 2 Como esperado, o IMC do grupo de estudantes inativas apontou sobrepeso (25,84 ±6,04), enquanto que para o grupo ativo, mostrou-se normal (23,86 ±3,95) indicando que a frequente realização de atividades físicas pode influenciar na composição corporal. Entretanto, os dois grupos não apresentaram correlação com o TSA. Aparentemente, não parece haver uma relação da composição corporal com testes de flexibilidade. Albuquerque-filho et al. 17 analisaram a relação da composição corporal com o desempenho motor em 371 adolescentes do gênero feminino, entre 7 anos e 16 anos de idade. As participantes foram divididas em três grupos: G1 de 7 anos a 9 anos; G2 de 10 anos a 13 anos; e G3 de 14 anos a 16 anos. Para a análise antropométrica, foram utilizados o IMC e o %GC, e para a análise do desempenho motor foi realizado o TSA com o intuito de avaliar a flexibilidade e o teste de velocidade de deslocamento (corrida de 20 metros). Os resultados mostraram que no TSA o grupo G1 obteve melhor desempenho significativo quando comparado com G2, e G2 quando comparado com G3. Entretanto, esses achados não tiveram relação com o %GC e IMC, indicando que a adiposidade não influenciou na resposta da flexibilidade. Entretanto, o desempenho no teste de velocidade apresentou baixos índices, indicando que, para essa variável, a composição corporal teria uma influência. Neste estudo, o RCQ, índice que se correlaciona com risco cardiovascular, 18 de ambos os grupos apresentou risco moderado de 0,73 (0,06) para universitários ativos e 26,90 (7,95) para universitários fisicamente inativos, porém não foi possível observar correlação com o TSA. Esses achados vão de encontro ao que foi observado por Paz et al., 4 que avaliaram a correlação entre a FCL, o IMC, a CC, o RCQ e a IFL, em universitários de ambos os gêneros. Os autores concluíram que, para as mulheres, a CC pode ser um fator associado à IFL, por outro lado, quando o RCQ, o IMC e TSA são classificados na faixa de normalidade, essa associação não foi verificada para ambos os gêneros. Vale ressaltar que apesar de serem amplamente utilizados por profissionais de saúde na avaliação do estado nutricional e do risco de mortalidade, o IMC e RCQ não fornecem informações precisas que mostrem a distribuição exata das camadas de tecido adiposo, do grau de desenvolvimento muscular e do risco de doenças, que podem influenciar nos níveis de hidratação e nas reduções das densidades ósseas e musculares. 3 Além da falta de especificidade dos índices supracitados, outros fatores podem alterar o nível de flexibilidade durante o TSA, por exemplo, a Sáude em Revista Índices antropométricos e teste de sentar e alcançar 33
postura inadequada, gerando comprometimento da mobilidade articular. 4 As alterações na composição corporal são apresentadas como fatores que podem desencadear problemas na região lombar associados à perda de flexibilidade e mobilidade. 19 Baseado nisso, Maia et al. 20 avaliaram a correlação entre as variáveis da aptidão física para saúde e IFL em docentes de uma escola particular do bairro de Realengo, no Rio de Janeiro. Vinte e duas mulheres foram avaliadas por meio do Roland Morris Questionnaire (RMQ) para verificar a IFL, além de avaliações de IMC, ICQ e CC. Seus resultados não mostraram que houve correlação positiva entre a aptidão física para saúde e IFL. Isso pode ter ocorrido porque, segundo Simoneau, 21 o desempenho no TSA é determinado quase exclusivamente pela flexibilidade dos músculos ísquio-tibiais. Em seu estudo, que verificou a relação entre índices antropométricos com o desempenho no TSA de 34 meninas em idade escolar, o autor observou que as variáveis antropométricas não apresentaram associação com o TSA. Além disso, tornozelo, flexores plantares, ísquios-tibiais e flexibilidade lombar apresentaram pouca correlação, indicando a necessidade de medidas de flexibilidade específicas para cada grupo nas articulações ou músculos. Em nosso estudo, o valor no TSA das mulheres fisicamente ativas foi de 25,38 (±10,47), já as mulheres fisicamente inativas alcançaram o valor de 20,96 (±7,86) ambos os resultados são considerados fracos de acordo com a tabela de classificação, 16 ainda assim o grupo de estudantes ativas obteve um resultado melhor quando comparado ao grupo inativo. Esse resultado corrobora com os achados de Lin et al., 22 que analisaram e relacionaram avaliações geriátricas e de aptidão física para uma garantia de envelhecimento saudável em 378 idosos em Taiwan, com idade média de 77,6 (±6,9) anos. Como parte da avaliação geriátrica na identificação daqueles que possuíam uma velhice saudável, foram aplicados questionários para identificar níveis socioeducativos, saúde, função cognitiva e emocional e qualidade de vida. Para a avaliação da aptidão física, diversos testes foram aplicados, entre eles: preensão manual para a avaliação de força, 30 segundos sentar e levantar para a avaliação da resistência, teste de caminhada de 6 minutos para a capacidade cardiorrespiratória, sentar e alcançar para verificar o grau de flexibilidade, testes de equilíbrio estático e dinâmico. Ao estabelecer uma relação em aqueles que possuíam uma velhice saudável e os que não possuíam, somente o teste de sentar e alcançar não mostrou diferença significativa entre os grupos, indicando não ser um teste recomendável para a avaliação da capacidade funcional de um indivíduo e que fatores como força muscular, resistência, equilíbrio e capacidade cardiorrespiratória podem ser mais determinantes. Apesar de terem sido tomados cuidados acerca de todo o procedimento de coleta com o objetivo de aumentar a validade do estudo, algumas limitações importantes devem ser destacadas, como o número reduzido da amostra, o qual pode comprometer a validade externa dos resultados. As participantes não eram familiarizadas com TSA, subestimando a capacidade de obter melhores resultados, além de fatores mecânicos que podem ter dificultado a realização do teste. Em função disso, são necessários 34 SAÚDE REV., Piracicaba, v. 16, n. 43, p. 29-36, maio-ago. 2016
outros estudos, que analisem a relação da composição corporal e o desempenho em testes de flexibilidade, e identifiquem possíveis correlações entre os dados. Conclusão Portanto, não foi possível identificar em nosso estudo correlação entre os índices antropométricos e o TSA, concluindo que os marcadores da composição corporal investigados no presente estudo parecem não influenciar no desempenho do TSA. Apesar do modesto desempenho superior dos universitários fisicamente ativos observados no TSA, quando comparado aos fisicamente inativos, essa condição não foi suficiente para alterar os resultados de classificação preestabelecidos. Entretanto, ao estabelecer uma relação em aptidão física e composição corporal, as estudantes que se encontravam ativas possuíam o IMC e %GC em níveis mais baixos quando comparadas às inativas, corroborando com a ideia de que a atividade física contribui na redução da adiposidade e pode melhorar os índices de massa magra, como hipertrofia muscular e densidade óssea. Em tempo, sugerimos ser necessária a realização de mais estudos sobre a relação composição corporal e flexibilidade. Referências 1. American College of Sports Medicine. ACSM Position Stand: Quantity and Quality of exercise for developing and maintaining cardiorespiratory, musculoskeletal, and neuromotor fitness in apparently healthy adults: guidance for prescribing exercise. Med. Sci. Sports Exerc. 43: 1.334-1.359, 2011. 2. American college of sports medicine. Diretrizes do ACSM para os testes de força e sua prescrição, 7. ed., Porto Alegre: Guanabara Koogan, 2007. 3. Paz G., Maia M., Santiago FLS, Lima, V. Correlação entre incapacidade funcional lombar e índices da aptidão física para a saúde. Saúde em Rev., 2012; 12(31): 25-32. 4. Paz G., Maia M., Santiago FLS, Lima V. Interferência do índice de massa corporal e circunferência de cintura na flexibilidade da coluna lombar em universitários. Rev. Elet. Novo Enfoque, 2012; 14(14): 50-59. 5. Dangelo & Fattini. Crânio, Coluna Vertebral e Partes Moles do Dorso. In: Dangelo, José Geraldo Anatomia Humana Sistêmica e Segmentar / José Geraldo Dangelo, Carlo Amperico Fattini, 3. ed., São Paulo: Editora Atheneu, 2007, p. 399-432. 6. Barlow A., Clarke R., Johnson N., Seabourne B., Thomas D., Gal J. Effect of massage of the hamstring muscle group on performance of the sit-and-reach test. British Journal of Sport Medicine, 2004; 38(3): 349-351. 7. Kim E., Dear A., Ferguson SL, Seo D., Bemben MG. Effects of 4 weeks of traditional resistance training vs. superslow strength training on early phase adaptations in strength, flexibility, and aerobic capacity in college-aged women. J. Strength Cond. Res., 2011; 25(11): 3.006-3.013. 8. Simão R., Lemos A., Salles B., Leite T., Oliveira E., Rhea M., Reis, VM. The influence of strength, flexibility, and simultaneous training on flexibility and strength gains. J. Strength Cond. Res., 2011; 25(5): 1.333-1.338. 9. Leite T., de Souza Teixeira A., Saavedra F., Leite RD, Rhea MR, Simão R. Influence of strength and flexibility training, combined or isolated, on strength and flexibility gains. Journal of Strength & Conditioning Research, 2015; 29(4): 1.083-1.088. Sáude em Revista Índices antropométricos e teste de sentar e alcançar 35
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