Resumo. Palavras-Chave: microbiologia dos alimentos; educação em saúde; ensino de ciências.

Documentos relacionados
Palavras-chave: Ensino de Biologia. Experimentação Científica. Microbiologia.

Prof. Dra. Eduarda Maria Schneider Universidade Tecnológica Federal do Paraná Curso Ciências Biológicas Licenciatura Campus Santa Helena

ENSINO DE MICROBIOLOGIA: VISÃO DOS ALUNOS DE UMA TURMA DO 1º ANO DO ENSINO MÉDIO

O ENSINO DE MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA: PERCEPÇÃO DE ALUNOS DO 8º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL EM UMA ESCOLA ATENDIDA PELO PIBID BIOLOGIA

EXPERIMENTAÇÃO CIENTÍFICA: ANALISANDO A MERENDA ESCOLAR COM PRÁTICAS DE BIOQUÍMICA NUTRICIONAL EM ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO DE REDENÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE FARMÁCIA PLANO DE ENSINO

MICROBIOLOGIA NO ENSINO TÉCNICO: AVALIAÇÃO DE METODOLOGIAS APLICADAS

A DISCIPLINA DE DIDÁTICA NO CURSO DE PEDAGOGIA: SEU PAPEL NA FORMAÇÃO DOCENTE INICIAL

OFICINA TEMÁTICA: A EXPERIMENTAÇÃO NA FORMAÇÃO DOCENTE

A ABORDAGEM DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NOS LIVROS DIDÁTICOS DE QUÍMICA DO ENSINO MÉDIO

PERCEPÇÃO DE PROFESSORES QUANTO AO USO DE ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA

PALAVRAS-CHAVE: Ensino de ciências, Metodologias, Palestra educativa.

ENSINO MÉDIO INOVADOR: AS EXPERIÊNCIAS NA COMPREENSÃO DA BIOLOGIA

A PERCEPÇÃO DOS ALUNOS NO ENSINO MÉDIO E SUPERIOR SOBRE O USO DE JOGOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DO QUÍMICA

CURSO: PEDAGOGIA EMENTAS º PERÍODO DISCIPLINA: CONTEÚDO E METODOLOGIA DO ENSINO DA ARTE

CONHECIMENTOS SOBRE A LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA DOS ESTUDANTES DO 7º ANO DE UMA ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE MACAPARANA, PERNAMBUCO-BRASIL

PLANO DE ENSINO DADOS DO COMPONENTE CURRICULAR

DESENVOLVENDO O PENSAMENTO BIOLÓGICO: O MÉTODO CIENTÍFICO NA ABORDAGEM DA VIDA MICROSCÓPICA

Formação inicial de professores de ciências e de biologia: contribuições do uso de textos de divulgação científica

A EXPERIMENTAÇÃO NO COTIDIANO DA ESCOLA PLENA DE TEMPO INTEGRAL NILO PÓVOAS EM CUIABÁ-MT

A INTERDISCIPLINARIDADE COMO EIXO NORTEADOR NO ENSINO DE BIOLOGIA.

A CONCEPÇÃO DA CONTEXTUALIZAÇÃO E DA INTERDISCIPLINARIDADE SEGUNDO OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS

EXPERIÊNCIAS E DESAFIOS DAS LICENCIATURAS EM EDUCAÇÃO DO CAMPO NO MARANHÃO RESUMO

DIFICULDADES RELATADAS POR ALUNOS DO ENSINO MÉDIO NO PROCESSO DE ENSINO DE QUÍMICA: ESTUDO DE CASO DE ESCOLAS ESTADUAIS EM GRAJAÚ, MARANHÃO 1

O Projeto Vida Saudável e a contextualização do ensino de Química.

PROMOÇÃO DE SAÚDE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA RESUMO

CAPACITAÇÃO EM BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO PARA COMUNIDADES NÃO TRADICIONAIS DE MATO GROSSO DO SUL

EDUCAÇÃO PREVENTIVA DA ANCILOSTOMÍASE ABORDANDO ASPECTOS FISIOPATOLÓGICOS EM ESCOLA MUNICIPAL DE JOÃO PESSOA

EDUCAÇÃO AMBIENTAL ANÁLISE DA INSERÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS PÚBLICAS DOS MUNÍCIPIOS DE ALVORADA DO OESTE E POMENTA BUENO- RO.

DESNATURAÇÃO DAS PROTEÍNAS: um relato de experiência sobre ensino por experimentação na Educação de Jovens e Adultos.

EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE CIÊNCIAS: CONCEPÇÕES DISCENTE E DOCENTE NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL EM ESCOLAS PÚBLICAS DE OROBÓ PE

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE PLANO DE ENSINO

A FORMAÇÃO DOCENTE NA EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE 1

O PIBID INCLUSO NA LUTA CONTRA O AEDES AEGYPTI

Público alvo: Alunos do 4º do Ensino Fundamental da escola EMEF Professor. Responsáveis pelo desenvolvimento: Acadêmicas do curso de Pedagogia da FEF,

A VISÃO DE LICENCIANDOS EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS SOBRE INCLUSÃO ESCOLAR

EDUCAÇÃO SEXUAL: UM RETRATO HISTÓRICO DO CONHECIMENTO DE ESTUDANTES DA EDUCAÇÃO BÁSICA

REFLEXÃO DOCENTE SOBRE A FORMAÇÃO OFERECIDA NO MUNICIPIO DE FORTALEZA

O LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS NO PROCESSO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

O USO DA EXPERIMENTAÇÃO DE CIÊNCIAS NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL EM TRÊS ESCOLAS DE BOM JESUS PIAUÍ

A Perspectiva De Ensino E Aprendizagem Nos Ambientes Virtuais

IMPACTO DA MONITORIA NA DISCIPLINA DE BIOQUÍMICA BÁSICA DO CURSO DE FARMÁCIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

CONCEPÇÕES DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL EM RELAÇÃO À CONTAMINAÇÃO DOS ALIMENTOS ATRAVÉS DA ÁGUA

INTRODUÇÃO; ÁREA DE ESTUDO; OBJETIVO; MÉTODOS UTILIZADOS; VALE PENSAR... URGE REFLETIR... ; DESCOBERTAS... REDESCOBERTAS... ; CONSIDERAÇÕES FINAIS.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: A DIDÁTICA USADA POR PROFESSORES, REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

AVALIAÇÃO DA ABORDAGEM DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NOS LIVROS DE QUÍMICA DO PROGRAMA NACIONAL DO LIVRO DIDÁTICO DE 2009 A 2012.

XVIII ENDIPE Didática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira

EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS NAS LICENCIATURAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ESTADO DA PARAÍBA

MICROBIOLOGIA NA PERCEPÇÃO DE ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO: QUAIS OS DESAFIOS?

A formação geral comum. São Paulo, junho de 2019

CONTRIBUIÇÕES DO PIBID PARA O PROCESSO FORMATIVO DE ESTUDANTES DO CURSO DE LICECIATURA EM PEDAGOGIA

Ciências Naturais 6º ano

CURRÍCULO DE BIOLOGIA PARA EJA: AVALIANDO QUALITATIVAMENTE E QUANTITATIVAMENTE

MONITORIA ACADÊMICA NO PROCESSO ENSINO- APRENDIZAGEM: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: CONCEPÇÃO DOS DISCENTES SOBRE A FORMAÇÃO INICIAL DOS LICENCIANDO EM QUÍMICA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

EDITAL Nº 02/ DISPOSIÇÕES GERAIS

A prática como componente curricular na licenciatura em física da Universidade Estadual de Ponta Grossa

Educador A PROFISSÃO DE TODOS OS FUTUROS. Uma instituição do grupo

A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DOS EXPERIMENTOS DEMONSTRATIVOS NAS AULAS DE QUÍMICA

CURSO DE FARMÁCIA Reconhecido pela Portaria MEC nº 220 de , DOU de

A IMPORTÂNCIA DA MONITORIA DE NEUROANATOMIA FUNCIONAL NO CURSO DE PSICOLOGIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

UMA VISÃO SOBRE JOGOS LÚDICOS COMO MÉTODO FACILITADOR PARA O ENSINO DE QUÍMICA

O ENSINO DA GEOGRAFIA DA PARAÍBA E A ABORDAGEM DO LUGAR E DA ANÁLISE REGIONAL NO ESTUDO DA GEOGRAFIA DO ESTADO NO ENSINO BÁSICO.

FORMAÇÃO CONTINUADA EM SERVIÇO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE CAMPO GRANDE-MS: UMA CONQUISTA

PROGRAMA DE COMPONENTE CURRICULAR

Prof. Eduarda Maria Schneider Universidade Tecnológica Federal do Paraná Curso Ciências Biológicas Licenciatura Campus Santa Helena

RESUMO. Para alcançar os objetivos propostos foi utilizada a metodologia da saúde renovada, além desta foi feito uso da abordagem

ADOLESCÊNCIA E SEXUALIDADE: INFLUÊNCIA DO CONHECIMENTO EMPÍRICO NO COMPORTAMENTO SEXUAL DE RISCO

A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS COMO METODOLOGIA DE ENSINO COM FOCO NO LETRAMENTO MATEMÁTICO

NUTRINDO O CONHECIMENTO SOBRE A ALIMENTAÇÃO NO 4º ANO 1

LIBRAS NO ENSINO SUPERIOR: DESAFIOS DIANTE DE UMA CARGA HORÁRIA LIMITADA

No entanto, não podemos esquecer que estes são espaços pedagógicos, onde o processo de ensino e aprendizagem é desenvolvido de uma forma mais lúdica,

ITINERÁRIOS DE PESQUISA: POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO E PRÁXIS EDUCACIONAIS

A UTILIZAÇÃO DE JOGOS LÚDICOS COMO AUXÍLIO NA ABORDAGEM DE TEMÁTICAS AMBIENTAIS NO ENSINO DE QUÍMICA

SÍNTESE PROJETO PEDAGÓGICO. Missão. Objetivo Geral. Objetivos Específicos

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL: A RELEVÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM DE BONS HÁBITOS ALIMENTARES NO ENSINO FUNDAMENTAL

CONSTRIBUIÇÕES DO PIBID NA FORMAÇÃO DOCENTE

ATIVIDADES COMPLEMENTARES

Integralização de Carga Horária Regulamento Institucional Faculdade de Ciências Sociais de Guarantã do Norte

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA DEED - DEODON PEDAGOGIA E ODONTOLOGIA: UM ENCONTRO PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE BUCAL

O CAMINHO DA PESQUISA

Plano de Trabalho Docente

PESQUISAS ATUAIS EM ENSINO DE BIOLOGIA: TEMÁTICAS DISCUTIDAS NO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

O NÚCLEO AUDIOVISUAL DE GEOGRAFIA (NAVG) TRABALHANDO A GEOGRAFIA COM CURTAS: EXPERIÊNCIA DO PIBID SUBPROJETO DE GEOGRAFIA.

PLANO DE CURSO. CURSO DE ENFERMAGEM Reconhecido pela Portaria nº 270 de 13/12/12 DOU Nº 242 de 17/12/12 Seção 1. Pág. 20

SÍNTESE PROJETO PEDAGÓGICO

A BRINCADEIRA AMARELINHA COMO MÉTODO DE ENSINO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

AVALIAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NOS PROFOP - PROGRAMAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES: UMA PROPOSTA DE MUDANÇA CURRICULAR.

BLOG DA SAÚDE. Autores: Grazieli Ferreira da Rosa 1 ; Alessandra Domingues Malheiro 2 ; Ana Paula Saccol 3 ; Anderson de Souza 4 INTRODUCÃO

Pró-Reitoria de Graduação. Plano de Ensino 1º Quadrimestre de 2016

"DISPÕE SOBRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL, INSTITUI A POLÍTICA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS".

PLANO DE CURSO DISCIPLINA: Ciências ÁREA DE ENSINO: FUNDAMENTAL I SÉRIE\ ANO: 4º ANO DESCRITORES CONTEÚDOS SUGESTÕES DE PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

UTILIZAÇÃO DE PARÓDIAS COMO METODOLOGIA DE ENSINO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E FORMAÇÃO CONTINUADA: ANÁLISE DAS CONCEPÇÕES DE PROFESSORES DO PROJETO GINÁSIO EXPERIMENTAL CARIOCA, RJ

ENSINO DE CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) FORMAÇÃO INICIAL DE UM DOCENTE

Biodiversidade no contexto do Ensino de Ciências e Educação Ambiental 1

INVESTIGAÇÃO NO ENSINO MÉDIO: PESQUISA ESCOLAR EM DISCUSSÃO 1

A IMPORTÂNCIA DA HORTA ESCOLAR PARA O ENSINO/ APRENDIZAGEM DE UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA PROFESSORES: FORMAÇÃO CONTINUADA NO SEMIÁRIDO PARAIBANO.

ELABORAÇÃO DE UMA PROPOSTA CURRICULAR PARA AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA A PARTIR DO PROJETO PEDAGÓGICO DA ESCOLA FÉLIX ARAÚJO

Transcrição:

A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE MICROBIOLOGIA DOS ALIMENTOS EM ESCOLAS DA REDE PÚBLICA: UM ENFOQUE PARA A SAÚDE Tiene Aparecida Lemos Santos (Bióloga) Evelyn Vita (Mestre em Biologia e Biotecnologia dos Microrganismos) Renata Assunção Spósito (Professora Mestre da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia) Gabriele Marisco (Professora Doutora da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia) Resumo Este estudo objetivou diagnosticar ações educativas realizadas pelos professores da rede pública referente às noções microbiológicas vinculadas a alimentos. Essa pesquisa foi realizada em Vitória da Conquista (BA), por meio de questionários. Foi verificado, que não há projetos de educação vinculados com microbiologia de alimentos. A maioria das associações sobre as doenças de origem alimentar causadas por micro-organismos foram corretas, entretanto, foi verificado em alguns casos, a falta de conhecimento de algumas enfermidades que não são transmitidas por alimentos contaminados. Nesse estudo pode-se observar que mesmo os professores fazendo abordagens sobre essa temática, há falta de entendimento para associar microbiologia de alimentos com a educação. Palavras-Chave: microbiologia dos alimentos; educação em saúde; ensino de ciências. Introdução A educação em saúde deve ser entendida como um importante veículo à prevenção, visando contribuir com a melhoria das condições de vida e de saúde das populações (FONSECA, 2010), onde o tema segurança alimentar deve ser abordado nas escolas, visto que essa temática tem como base, práticas alimentares promotoras de saúde (Brasil, 2008a). A preocupação com a segurança alimentar ao longo dos anos vem sendo discutida e abordada nas escolas. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), a Saúde é tratada como tema transversal (BRASIL, 1998). Entretanto, alguns programas e projetos foram desenvolvidos, como o programa Salto para o Futuro do Ministério da Educação, o qual propôs inserir o tema Saúde no projeto político pedagógico (BURTON, 1998). Além disso, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) dispõe sobre a importância da alimentação nas escolas, conforme a Lei nº 11.947/2009, a qual recomenda a abordagem da educação alimentar na perspectiva da segurança alimentar e nutricional. 2222

A escola por exercer papel importante na formação de crianças e adolescentes, com a possibilidade de propagação destes conhecimentos para as famílias e comunidades, é um espaço favorável à promoção da saúde e, mais especificamente, um incentivo a alimentação saudável (BRASIL, 2008a). Nesse sentido, fica notório o papel da escola na abordagem e aquisição de experiências concretas que permitem valorizar a saúde, e assim identificar a importância da educação escolar para a formação de hábitos saudáveis, visto que, professores e alunos têm espaço para discutirem questões sobre saúde (ZANCUL, 2012). Partindo do princípio que a microbiologia é uma disciplina que está diretamente relacionada às questões que envolvem higiene e saúde, deve-se ressaltar a importância da abordagem cotidiana para a formação de hábitos saudáveis (CASSANTI e CASSANTI, 2008). Os micro-organismos invisíveis a olho nu podem contaminar alimentos sem que sejam percebidos alterações na cor, textura e odor dos mesmos. Dessa forma, quando presentes nos alimentos podem representar um risco á saúde, sendo denominados patogênicos e, portanto, causadores de doenças. Esses alimentos podem ser contaminados através de várias formas, como condições precárias de higiene durante a produção, armazenamento, distribuição ou manuseio inadequado (FRANCO, 2005). Nesse contexto, o objetivo deste trabalho foi verificar se existem ações educativas relacionadas à disciplina Microbiologia de alimentos, em escolas de Vitória da Conquista (BA), bem como, discutir a respeito da importância dessa temática no âmbito da promoção de saúde. Material e Métodos Este trabalho foi realizado em 2013, através de uma pesquisa qualitativa por meio de questionários semiestruturados com professores de três escolas públicas de Ensino Fundamental em Vitória da Conquista (BA), sendo uma estadual e duas da rede municipal. Os questionários foram aplicados para sete professores de Ciências, contendo perguntas sobre ações educativas no âmbito da microbiologia dos alimentos e micro-organismos relacionados. Os professores foram identificados por letras (Professor A-G) para garantir o anonimato. A participação dos educadores foi voluntária e somente participaram do estudo os professores que assinaram o Termo de Consentimento Livre. O Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/UESB) foi informado da pesquisa. 2223

Resultados e Discussão Foram definidas três categorias para discussão das respostas obtidas nesse trabalho: a) Perfil dos professores e ações educativas em microbiologia de alimentos; b) Papel do professor de ciências como responsável pela educação em saúde; e, c) Conhecimento sobre micro-organismos e doenças alimentares. Perfil dos professores e ações educativas em microbiologia de alimentos Dos sete professores pesquisados, três eram graduados em Ciências Biológicas, dois graduandos (em fase de conclusão do curso) em Ciências Biológicas e os outros dois, embora lecionassem na disciplina de Ciências, eram graduados em outras áreas, um em Ciências Contábeis e o outro em Geografia. Com relação à abordagem da temática saúde, a falta de informação dos profissionais na área de educação é uma barreira para a promoção de hábitos saudáveis (DINIZ et al., 2010). Dessa forma, vale ressaltar a necessidade dos professores que lecionam a disciplina ciências terem formação adequada e conhecimento suficiente para desenvolver a temática saúde na escola (ZANCUL e COSTA, 2012), corroborando com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que estabelece a atuação dos professores em suas áreas específicas (BRASIL, 1996). Sobre a existência de programas estruturados de educação ou ação educativa em saúde na escola, apenas um professor, dentre os questionados, relatou a ocorrência de tais programas e ações, conforme a seguinte resposta: Durante a semana, um dia é de escovação dental junto com o dentista do posto de saúde ao lado. Temos também uma horta orgânica produzida, cultivada e cuidada pelos alunos, onde os cultivares são utilizados na merenda escolar (Professor A). É possível verificar que a única iniciativa em saúde nesta escola é voltada ao cuidado bucal e alimentação. Essas ações educativas no ambiente escolar são extremamente importantes, entretanto, sobre a questão de programas com enfoque em higiene alimentar e/ou microbiologia de alimentos, não são abordados em nenhuma das escolas analisadas. A instituição de ensino é um espaço oportuno para a construção de uma consciência crítica, reflexiva e educativa no sentido de promover a saúde das crianças e dos adolescentes (ALTMANN, 2001). Assim, é necessário que a educação para saúde seja realizada desde o início da formação do aluno, para que as informações sejam praticadas ativamente não se restringindo à sala de aula, mas presentes em seu cotidiano. 2224

Nesse sentido, a escola torna-se um espaço favorável para que ações promotoras, preventivas e de educação para saúde sejam reconhecidas e realizadas pelas políticas de saúde (BRASIL, 2008b). As vivências apresentadas durante um projeto, no contexto do ensino da Microbiologia, possibilita a inferência de que é cada vez mais relevante o repensar das práticas docentes, no sentido de promover um modelo de ensino e aprendizagem atraente, significativo, motivador de construções de habilidades em consonância com as demandas da sociedade contemporânea (KIMURA et al., 2013). Papel do professor de ciências como responsável pela educação em saúde O professor exerce fundamental importância na transmissão de conhecimento para os alunos. Nessa perspectiva, a figura 1 mostra a opinião dos professores, sobre o seu papel como responsável pela educação em saúde. Figura 1: Papel do professor de ciências na Educação em Saúde. A maioria dos professores pesquisados considera que a sua função como docente está relacionada com um ensino que procura estabelecer o tema aos acontecimentos cotidianos, visando à prevenção de doenças e o desenvolvimento de hábitos de higiene. A expectativa é que a temática em estudo tenha significado para o aluno e que ele possa relacionar microorganismos nos alimentos e na saúde com acontecimentos diários, visando à prevenção de doenças e o desenvolvimento de hábitos saudáveis (OVIGLI e SILVA, 2010). Entre os sete professores pesquisados, quatro atribuíram como papel do professor a função de orientar os alunos quanto às formas de combate às doenças. Tanto na área da saúde quanto na educação o enfoque curativo é sobreposto ao preventivo, aliados a outros fatores 2225

como falta de integração dos professores com a comunidade, abordagens multidisciplinares, qualificação dos profissionais são obstáculos para a promoção da saúde (DINIZ et al., 2010). Conhecimento sobre micro-organismos e doenças alimentares Foi solicitado neste estudo, que os professores pontuassem sobre as doenças que podem ser adquiridas durante a alimentação contaminada por micro-organismos. Na figura 2 é possível observar as patologias causadas por contaminação microbiológica via alimentos, que foram citadas corretamente pelos professores. Pode-se destacar como a doença mais citada, a salmonelose, provavelmente essa citação foi a mais frequente devido à veiculação desse problema na mídia, a qual mostra constantes casos de surtos epidêmicos, sobretudo causados em locais onde há ofertas alimentares rápidas e coletivas como lanchonetes, restaurantes, barracas de comida, dentre outros, que não possuem práticas corretas de higiene. Figura 2: Número de citações de doenças causadas por ingestão de alimentos contaminados por micro-organismos. Também podemos destacar enfermidades que foram citadas equivocadamente, no que se refere à doença alimentar que podem ser adquiridas durante a ingestão de alimentos contaminados por micro-organismos patogênicos. No caso de Teníase e Ancilostomose, embora possam ser transmitidas por alimentos, são causadas por helmintos, e não microorganismos. Também foi apontado incorretamente pelos professores, como doenças de origem alimentar: Pneumonia (transmissão área), Malária (através da picada de mosquito) e Esquistossomose (penetração ativa de larvas) (Figura 3). Dificuldades semelhantes foram encontradas por Flôr et al. (2014), quando foram os alunos que deveriam identificar sobre a 2226

classificação dos seres vivos (micro-organismo e helminto) bem como, vetor e agente etiológico (o que transmite a doença e o que causa a doença). Figura 3: Número de citações de doenças veiculadas por diversas fontes e agentes etiológicos. A partir dessas evidências, é notório o equívoco quanto à identificação das doenças por parte dos docentes. Isto pode estar associado a uma série de dificuldades como, (i) falta de aprofundamento do assunto durante a graduação, uma vez que disciplinas como a Microbiologia e a Parasitologia Humana, são oferecidas frequentemente pelos cursos de saúde como disciplinas isoladas ou ainda como optativas; e (ii) falta de continuidade de formação desses professores no que tange educação em saúde. Ainda em relação à atuação dos profissionais de educação, estudos mostram a ocorrência de uma grande quantidade de professores que atuam em áreas distintas da sua formação acadêmica (SANTOS et al., 2014), nesse sentindo, não respeitando a LDB que defende a formação dos professores, de modo a atender às especificidades do exercício de suas atividades (BRASIL, 1996). Assim, podemos inferir que a falta de informação do corpo docente sobre esses aspectos, precisa ser melhorada, através de cursos de qualificação e formação continuada, tanto promovidas pelos setores de educação quanto de saúde. Corroborando com o trabalho de Santos et al. (2014), onde foi analisada a percepção dos profissionais dos setores da educação e saúde de um município na Bahia, e reiterada a importância de adequação das ações e políticas visando à integração dos setores de educação e saúde. Todos os professores disseram relacionar microbiologia alimentar e saúde através de uma diversidade de temáticas em suas aulas, como ensino voltado à prevenção, meio ambiente e práticas saudáveis com abordagens teóricas e práticas. Como seguem as respostas: De forma preventiva, incentivando hábitos de higiene e hábitos alimentares saudáveis (Professor A); 2227

A partir de conteúdos relacionados a meio ambiente e saúde, poluição da água e do solo (Professor C); Por meio do microscópio óptico (Professor D); Aulas didáticas expositivas (Professor F); Através de textos, slides e filmes (Professor G). A correta manipulação dos alimentos, com adoção de medidas preventivas e de controle associadas às boas práticas de higiene, promove a melhoria da condição de saúde e nutricional da população, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida das mesmas (BRASIL, 2008a). Sendo assim, fica claro que a educação em saúde deve ser entendida como um importante veículo à prevenção, visando contribuir com a melhoria das condições de vida e de saúde das populações (LIMBERGER et al., 2009). Outra temática citada pelos professores, em relação à maneira como o assunto microbiologia e saúde é tratado nas aulas de Ciências, foi através do meio ambiente. Partindo desse princípio, percebe-se a importância para os alunos do estudo mais detalhado sobre os micro-organismos, entendendo o grande papel ecológico que estes desempenham, bem como da sua relevância na vida das pessoas (BARBOSA e BARBOSA, 2010). A microbiologia apresenta uma grande valia no cotidiano das pessoas, já que nós vivemos em um universo microbiano. As abordagens teóricas e práticas também foram apontadas como metodologias para o ensino de microbiologia e saúde. Deve-se considerar que tanto aula expositiva como aulas práticas são importantes no processo de aprendizagem, visto que ambas são complementares à aquisição de conhecimentos. É importante o uso da experimentação no ensino de Ciências como forma de alcançar uma aprendizagem significativa, bem como as atividades práticas é de suma importância para a compreensão, interpretação e assimilação dos conteúdos em microbiologia (PESSOA et al., 2012). Os professores também indicaram ensinar contextualizando com acontecimentos habituais, conforme as falas: Relacionando o tema com aspectos cotidianos (Professor B); A partir de exemplos, fatos ocorridos e citados pelos alunos (Professor E). A relação do conteúdo escolar com o cotidiano permite ao aluno estabelecer uma conexão entre os acontecimentos expostos de forma teórica com aqueles observados na realidade. Desta forma, o aprendizado se torna mais eficiente e, consequentemente, promove uma melhor qualidade de vida (SFORNI e GALUCH, 2006). É preciso educar para a saúde levando em conta todos os aspectos envolvidos na formação de hábitos e atitudes que acontecem no universo escolar (BRASIL, 1998). O ensino tem a função de considerar os conhecimentos prévios dos alunos e assim promover a transformação em novos conceitos, visando proporcionar a ligação entre conteúdo que faz 2228

parte do currículo escolar e o seu uso cotidiano. Além disso, a promoção da saúde escolar necessita ser trabalhada com os docentes e com toda a escola, de maneira crítica e contextualizada vinculando a saúde às condições de vida e direitos do cidadão (KRUG et al., 2015). Conclusões Diante dos resultados obtidos foi possível verificar que há poucas ações educativas de saúde referente às noções microbiológicas e de higiene vinculadas a alimentos nas escolas analisadas, e isso pode se expandir para as escolas do Brasil de forma geral. É importante ressaltar que os professores demonstraram intenção em desenvolver em sua prática docente a correlação entre microbiologia dos alimentos e a saúde, destacando pontos relevantes como higiene, meio ambiente, e aspectos habituais. Entretanto, embora essas abordagens sejam corretas, elas precisam ser integradas para dinamizar o processo de aprendizagem, o que parece não ser realizado com efetividade pelos professores. Considerando que o professor de Ciências também tem o papel de promover nos alunos o desenvolvimento de habilidades e competências, sugere-se que a temática microbiologia x alimentos x saúde, seja inserida nas escolas com mais atenção devido à sua importância para promoção da saúde. Além disso, destacamos a necessidade das instituições escolares, receberem atenção também dos profissionais da área de saúde, com o desenvolvimento de atividades, ações, projetos e programas que atendam as dificuldades existentes nas escolas da rede pública brasileira. Pois esse tipo de atuação poderá promover conhecimento e reflexão dos discentes e docentes para a adoção de hábitos de vida mais saudáveis. Referências ALTMANN H. Orientação sexual nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Rev. Est. Fem, v.9, n. 2, p. 575-85, 2001. BARBOSA, F.H.F., BARBOSA, L.P.L.J. Alternativas metodológicas em Microbiologia - viabilizando atividades práticas. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v. 10, n. 2, p. 134-143, 2010. 2229

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual operacional para profissionais de saúde e educação: promoção da alimentação saudável nas escolas. Brasília, 2008a. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Mais saúde: direito de todos: 2008-2011. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2008b. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Introdução. Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei número 9394, 20 de dezembro de 1996. BURTON, G.R.W., ENGELKIRK, P.G. Microbiologia para as Ciências da Saúde. 5. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. CASSANTI, A.C., CASSANTI, A.C., ARAUJO, E. E., URSI, S. Microbiologia Democrática: estratégias de ensino-aprendizagem e formação de professores. Enciclopédia Biosfera, v.8, p. 1-23, 2008. DINIZ, M., OLIVEIRA, T.C., SCHALL, V.T. Saúde como compreensão de vida: Avaliação para inovação na educação em saúde para o ensino fundamental. Revista Ensaio, v.12 n.01, p.119-144, 2010. FLÔR, P.R.C., ALBUQUERQUE, B.C.P., SANTOS JUNIOR, O.P., LIMA, I.S., FALCAO, A.P.S.T. O Ensino de Química: um estudo acerca dos docentes formados em áreas afins. Ponta Grossa - PR, IV Simpósio Nacional em Ensino de Ciências e Tecnologia. 2014. FONSECA, O. Higiene e saúde: A importância de se ensinar os instrumentos de Higienização. Monografia (Especialização). Formiga, Minas Gerais: Universidade Federal de Minas Gerais, 2010. FRANCO, B.D.G.M., LANDGRAF, M. Microbiologia dos Alimentos, São Paulo: Atheneu, 2005. KIMURA, A.H., OLIVEIRA, G.S., SCANDORIEIRO, S., SOUZA, P.C., SCHURUFF, P.A., MEDEIROS, L.P. Microbiologia para o Ensino Médio e Técnico: contribuição da extensão ao ensino e aplicação da ciência. Revista Conexão, v. 9, n. 2, 2013. 2230

KRUG, M.R., FERNANDES, R.G.P., PEDROTTI, P.H.O., SOARES, F.A.A. Promoção da saúde na escola: um estudo com professores do ensino médio. Scientia Plena, v.11, n.5, p.1-9. 2015. LIMBERGER, M.K., SILVA, R.M., ROSITO, B.A. Investigando a contribuição das atividades experimentais nas concepções sobre microbiologia de alunos do ensino fundamental. In: X SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA-PUCRS, Rio Grande do Sul, p. 228-230, 2009. OVIGLI, D.F.B, SILVA, E.B. Micro-organismos? Sim, na saúde e na doença! Aproximando universidade e escola pública. Revista Experiências em Ensino de Ciências, v.5, n.1, p. 145-158, 2010. PESSOA, T.M.S.C., CARNEIRO, M.R.P., SANTOS, D.R., MELO, C.R. Percepção dos alunos do ensino fundamental da rede pública de Aracajú sobre a relação da Microbiologia no cotidiano. Scientia Plena, v.8, n.4, p.1-4, 2012. SANTOS, R.M.M., SANTOS, A.D., GONÇALVES, N.O., CASOTTI, C.A., VILELA, A.B.A., YARID, S.D. Percepção dos profissionais da saúde e da educação sobre a intersetorialidade. Revista Saúde.com, v. 10, n.4, p. 386-382, 2014. SFORNI, M.S.F., GALUCH, M.T.B. Aprendizagem conceitual nas séries iniciais do ensino fundamental. Educar, n. 28, p. 217-229, 2006. ZANCUL, M.S, COSTA, S.S. Concepções de professores de ciências e de biologia a respeito da temática educação em saúde na escola. Experiências em Ensino de Ciências v.7, n. 2, p.67-75, 2012. 2231