OTRABALHO NOTURNO E A SAÚDE DO TRABALHADOR: ESTUDO EXPLORATÓRIO EM TAUBATÉ E SÃO JOSÉ DOS CAMPOS



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OTRABALHO NOTURNO E A SAÚDE DO TRABALHADOR: ESTUDO EXPLORATÓRIO EM TAUBATÉ E SÃO JOSÉ DOS CAMPOS Tatiane Paula de Oliveira 1, Adriana Leonidas de Oliveira (orientadora) 2 1 Universidade de Taubaté/ Departamento de Psicologia, Avenida Tiradentes, 500, Centro, 12100-000, Taubaté, SP, tatiane_psico@yahoo.com.br 2 Universidade de Taubaté/ Departamento de Psicologia e Programa de Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional, Rua Visconde do Rio Branco, 210, Centro, 12020-040, Taubaté, SP, adrianaleonidas@uol.com.br Resumo - O trabalho noturno é um assunto de grande importância na atualidade, devido sua utilização em um grande número de empresas. Pesquisas têm demonstrado que este tipo de turno pode trazer prejuízos à saúde do trabalhador. Deste modo esta pesquisa teve como objetivo levantar e analisar as repercussões do trabalho noturno na saúde de trabalhadores de Taubaté e São José dos Campos, segundo a visão dos mesmos. Foi realizado um estudo exploratório, de abordagem quantitativa, por meio do delineamento de levantamento. Participaram da amostra 84 trabalhadores noturnos, de ambos os sexos, que trabalham em turno noturno fixo ou rodiziante há no mínimo 1 ano. O questionário foi o instrumento utilizado para a coleta de dados e os mesmos foram analisados quantitativamente com o auxílio do software SPHINX. Resultados revelaram a presença de alterações no sono e na saúde destes trabalhadores, segundo a percepção dos mesmos. Concluiu-se que o trabalho noturno realmente pode interferir na saúde do trabalhador noturno e trazer conseqüências ao mesmo. Palavras-chave: trabalho noturno, saúde do trabalhador, turno fixo, turno rodiziante. Área do Conhecimento: Ciências Humanas Introdução O trabalho é uma atividade essencial na vida cotidiana do ser humano, uma vez que contribui para a manutenção da sua sobrevivência, e surgiu nos primórdios dos tempos. Ao longo da história da humanidade o trabalho vem se modificando, moldando-se e adaptando-se ao momento vivido pela sociedade, a fim se atender as demandas de cada época. Conforme é organizado, o trabalho pode trazer benefícios ao homem, mas também pode causar malefícios físicos e/ou mentais, podendo afetar a saúde e o bem-estar do trabalhador. Com a sociedade capitalista, houve a necessidade de aumentar a jornada de trabalho, e abrir turnos para se poder dar conta da produção e atender a demanda. Assim, o trabalho que era predominantemente diurno, passou a ser realizado em turnos noturno. Segundo Santos (2008, p.96), [...] o trabalho em turnos é caracterizado pela continuidade da produção ou da prestação de serviços realizada por várias turmas que se sucedem nos locais de trabalho, turmas que podem modificar seus horários de trabalho ou permanecer em horários fixos. De acordo com Fischer, Moreno e Rotenberg (2003), a organização temporal do trabalho em turnos e noturno causa importantes impactos no bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores. Este tipo de turno é amplamente empregado no Brasil, e também aqui no Vale do Paraíba, em diferentes tipos de organizações. Assim, o objetivo da presente pesquisa foi investigar as repercussões do trabalho noturno na saúde do trabalhador que atua nas cidades de Taubaté e São José dos Campos, segundo a visão dos mesmos. Metodologia O tipo de pesquisa realizada foi a de levantamento. Segundo Gil (2006), a pesquisa deste tipo caracteriza-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para, em seguida obterem-se as conclusões correspondentes aos dados coletados. Quanto à abordagem, trata-se de uma pesquisa quantitativa e assume um caráter exploratório, pois conforme aponta Alves (2003), o objetivo é tornar mais explícito o problema e aprofundar idéias sobre o objeto de estudo. Permite-se o levantamento bibliográfico e a interrogação junto a pessoas que já tiveram experiências acerca do objeto a ser investigado. 1

A pesquisa foi realizada em duas cidades do Vale do Paraíba: São José dos Campos e Taubaté e foi aplicada em fábricas, condomínios residenciais, empresas de segurança e outros lugares onde se encontram trabalhadores noturnos. O tipo de amostragem adotada nesta pesquisa foi a não-probabilística por acessibilidade, e para ser incluído na amostra, o participante deveria atender aos seguintes critérios: ser trabalhador (a) noturno; trabalhar em turno fixo ou rodiziante há no mínimo 1 ano, ser maior de 18 anos e trabalhar em Taubaté ou São José dos Campos. Foram abordados homens e mulheres, independentes do nível de escolaridade e formou-se uma amostra com 84 trabalhadores. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi o Questionário. Segundo Alves (2003), questionário é constituído de um rol de perguntas que podem ser respondidas sem a presença do pesquisador. Todos os participantes da pesquisa assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os dados foram analisados por meio de técnicas quantitativas com o auxílio do software SPHINX. Resultados Quanto ao sexo, conforme pode ser visualizado no Quadro 1, 90,5% dos participantes são do sexo masculino e 9,5% são do sexo feminino. Sexo masculino 90,5% feminino 9,5% Quadro 1- Sexo dos participantes No Quadro 2, quanto à idade, podemos ver que não responderam esta questão 3,6% dos participantes. Já os participantes que têm até 20 anos são 1,2%, e os que têm entre 21 a 30 anos são 26,2%, os que têm entre 31 a 40 anos são 36,9%, e entre 41 a 50 anos são 26,2%, de 51 a 60 anos são 2,4% e acima de 61 anos são 3,6%. Idade dos Participantes Não resposta 3,6% Até 20 anos 1,2% 21 a 30 anos 26,2% 31 a 40 anos 36,9% 41 a 50 anos 26,2% 51 a 60 anos 2,4% Acima de 61 anos 3,6% Quadro 2- Idade dos participantes No Quadro 3, conforme pode ser visualizado, 77,4% dos participantes têm filhos, 19,0% não têm filhos e 3,6% não responderam esta questão. Possui filhos Sim 77,4% Não 19,0% Não resposta 3,6% Quadro 3 Possui filhos No Quadro 4, podemos ver, quanto à escolaridade, que não responderam esta questão 4,8% dos participantes. Já 6,0% dos participantes possuem 1º grau completo, 2,4% possuem 1º grau incompleto, 56,0% possuem 2º grau completo, 6,0% possuem 2º grau incompleto, 11,9% possuem superior completo e 13,1% possuem superior incompleto. Escolaridade dos Participantes Não resposta 4,8% 1º Grau completo 6,0% 1º Grau incompleto 2,4% 2º Grau completo 56,0% 2º Grau Incompleto 6,0% Superior Completo 11,9% Superior Incompleto 13,1% Quadro 4 Escolaridade dos participantes Com relação ao local de trabalho, no Quadro 5 pode ser visto que 71,4% dos participantes trabalham em fábrica, 4,8% trabalham em condomínio, nenhum participante trabalha em hospital ou pronto-socorro e 23,8% trabalham em outros locais não especificados. Local de Trabalho Fábrica 71,4% Outro 23,8% Condomínio 4,8% Quadro 5- Local de trabalho dos participantes No Quadro 6, pode ser visualizado em relação ao tipo de turno, que 88,1% dos participantes trabalham em turno fixo e 11,9% em turno rodiziante. Tipo de Turno Fixo 88,1% Rodiziante 11,9% Quadro 6- Tipo de Turno Conforme pode ser visto no Quadro 7 em relação à qualidade do sono, 46,4% dos participantes consideram o sono como bom, 2

35,7% como regular, 14,3% como insuficiente e 3,6% como muito bom. Qualidade do sono Bom 46,4% Regular 35,7% Insuficiente 14,3% Muito bom 3,6% Quadro 7- Qualidade do sono Podemos ver no Quadro 8, em relação à média de horas dormidas, que 9,5% dos participantes dormem menos de 5 horas, 13,1% dormem 5h, 45,2% dormem 6h, 16,7% dormem 7h, 13,1% dormem 8h e 2,4% dormem mais de 8h. Média de horas dormidas Menos de 5 horas 9,5% 5 horas 13,1% 6 horas 45,2% 7 horas 16,7% 8 horas 13,1% Mais de 8 horas 2,4% Quadro 8- Média de horas dormidas O Quadro 9 traz dados sobre interrupções durante o sono. 61,9% dos participantes responderam que há interrupções e 38,1% responderam que não há. Interrupções durante o sono Sim 61,9% Não 38,1% Quadro 9- Interrupções durante o sono O Quadro 10 trata sobre a causa que interrompe o sono : 38,1% não responderam, 21,4% indicaram barulho externo e interno, 17,9% apontaram o barulho interno, 13,1% apontaram outro e 9,5% apontaram o barulho externo. Causas que interrompem o sono Não resposta 38,1% Ambos 21,4% Barulho interno (criança, 17,9% telefone) Outro 13,1% Barulho externo (trânsito, rua) 9,5% Quadro 10- Causas que interrompem o sono No Quadro 11 podem ser visualizados os resultados em relação aos sintomas associados a qualidade do sono : 20,3% sentem cansaço, 16,8% desgaste, 13,3% estresse, 10,2% irritação, 9,8% sonolência, 7,4% nervosismo, 5,5% dor de cabeça, 5,5% exaustão, 4,7% preguiça, 3,1% fadiga, 2,3% nenhum, 0,8% outro e 0,4% não responderam. Sintomas associados à qualidade do sono Cansaço 20,3% Desgaste 16,8% Estresse 13,3% Irritação 10,2% Sonolência 9,8% Nervosismo 7,4% Dor de cabeça 5,5% Exaustão 5,5% Preguiça 4,7% Fadiga 3,1% Nenhum 2,3% Outro 0,8% Não resposta 0,4% Gráfico 11- Sintomas associados à qualidade do sono No Quadro 12 podemos ver em relação a sonolência no horário de trabalho que, 50,0% sente sonolência no horário de trabalho, 48,8% não sente e 1,2% não responderam. Sonolência no horário de trabalho Sim 50,0% Não 48,8% Quadro 12- Sonolência no horário de trabalho Em relação à avaliação da saúde, podemos ver no Quadro 13, que 65,5% considera a sua saúde como boa, 21,4% consideram como regular, 11,9% consideram como muito boa e 1,2% não responderam. Avaliação da saúde Boa 65,5% Regular 21,4% Muito boa 11,9% Ruim 0,0% Quadro 13- Avaliação da saúde No Quadro 14, podemos visualizar que em relação a enfermidade associada ao trabalho, 1,2% não responderam a esta questão, 28,6% 3

responderam que associam uma enfermidade ao trabalho noturno e 70,2% responderam que não. Enfermidade associada ao trabalho Sim 28,6% Não 70,2% Quadro 14- Enfermidade associada ao trabalho Discussão Podemos perceber nesta pesquisa que foi predominante o sexo masculino no trabalho noturno, devido aos locais que foram coletados os questionários. O sexo pode variar de acordo com o local de trabalho. Por exemplo, em linhas de produção de fábricas e em empresas de segurança, podemos encontrar mais profissionais do sexo masculino; em hospitais, podemos encontrar mais profissionais do sexo feminino. A maior parte da amostra trabalha em linha de produção de fábricas da região, o que determina a predominância do sexo masculino. Pode ser visto que a faixa etária que concentra mais trabalhador noturno é entre 31 a 40 anos. Nesta amostra de 84 trabalhadores noturnos, a maioria possui o 2º grau completo. Na presente pesquisa, pode ser visto que a maioria dos trabalhadores noturnos trabalha em turnos fixos e o restante em turno rodiziante. De acordo com Fischer et al., (1995 apud FISCHER; MORENO; ROTENBERG, 2004) um estudo realizado pela Fundação SEADE constatou que trabalhadores residentes na área metropolitana de São Paulo, 8,6% eram trabalhadores noturnos, dentre estes, 3,3% trabalhavam em turnos fixos e 3,0% em turnos rodiziantes e 2,3% em turnos irregulares. Nesta pesquisa, pôde-se constatar que na realidade, a maioria trabalha em turno fixo, diferentemente da realidade encontrada em Fischer et al., em que houve um equilíbrio entre os tipos de turno. Segundo Akerstedt et al., (1991 apud FISCHER; MORENO; ROTENBERG, 2004) o sono durante o dia não é o mesmo que à noite, pois, é de menor duração e pode comprometer a saúde do trabalhador noturno. Mas nesta pesquisa pode ser visto que embora a maioria dos trabalhadores tenha classificado seu sono como bom, 35,7% dos participantes o classificaram como regular e 14,3% como insuficiente. Tais dados, portanto, vão ao encontro com o que afirmaram Akerstedt e colaboradores. Nesta pesquisa podemos perceber que a maioria dos trabalhadores dorme em média 6h por dia. De acordo com Rutenfranz, Knauth e Fischer (1989) a necessidade de quantidade de horas dormidas, varia de acordo com cada organismo, pois, uns precisam de mais horas e outros precisam de menos. Como podemos ver a maioria dos participantes respondeu que há interrupções durante o sono, e segundo Rutenfranz et al., (1989) há ruídos principalmente se houver crianças em casa. Assim, o barulho de crianças atrapalha o sono, além do que, os pais têm que cuidar da alimentação e levar até à escola. Podemos ver que 21,4% dos participantes citaram que tanto o barulho externo quanto o interno, interrompem o sono e 17,9% apontaram que o barulho interno interrompem o sono. Nesta pesquisa em relação aos sintomas associados à qualidade do sono, o que mais foi citado pelos participantes da pesquisa, foi o cansaço. Acreditamos que se a qualidade do sono for ruim, acaba gerando cansaço. Nesta pesquisa constatou-se que 50,0% dos participantes sentem sonolência no horário de trabalho, mas a pesquisa de Akerstedt (apud FISCHER; MORENO; ROTENBERG, 2004) revelou um índice mais alto de trabalhadores noturno que sentem sonolência no horário de trabalho, que é de 75,5%. Diversos autores afirmam que o trabalho noturno deteriora as condições de saúde, e interfere no sono, na alimentação e também nos hábitos alimentares (HARRINGTON, 1978; WATERHOUSE et al., 1992; COSTA, 1996 apud FISCHER; MORENO; ROTENBERG, 2004). Na presente pesquisa a maioria dos trabalhadores noturnos classifica como boa a sua saúde. Entretanto, 28,6% dos trabalhadores responderam que houve alguma enfermidade associada ao trabalho. Costa (2003 apud CHILLIDA, 2003) afirma que o índice do impacto do trabalho noturno aumentou muito nos últimos tempos. Conclusão Concluiu-se com esta pesquisa que o trabalhador noturno percebe as conseqüências deste tipo de trabalho na sua saúde e principalmente em relação ao sono. Este trabalhador está sujeito a diversas variáveis que interferem no seu cotidiano, como, por exemplo, dormir pouco, filhos que interrompem seu sono, e sonolência no local de trabalho. Além disso, o cansaço, o desgaste, o estresse, a irritação e o nervosismo são aspectos associados ao trabalho noturno, segundo a visão dos trabalhadores pesquisados. 4

Referências - ALVES, M. Como Escrever Teses e Monografias: Um roteiro passo a passo. 5 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. - GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2006. - FISCHER, F. M; MORENO, C. R. C; ROTENBERG, L. Saúde do Trabalhador na Sociedade 24 horas. São Paulo em Perspectiva, v.17, n.1, p. 34-46, 2003. - FISCHER, F. M; MORENO, C. R. C; ROTENBERG, L. Trabalho em Turnos e Noturno na Sociedade 24 horas. São Paulo: Atheneu, 2004. - RUTENFRANZ, J; KNAUTH, P; FISCHER, F. M. Trabalho em Turnos e Noturno. São Paulo: Hucitec, 1989. - SANTOS, T. C. M. M. dos. Estresse Ocupacional em Enfermeiros da Região do Vale do Paraíba Paulista. Dissertação (Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional) Universidade de Taubaté, São Paulo, 2008. 5