HEMOSTASIA. Rafael Fighera Laboratório de Patologia Veterinária Hospital Veterinário Universitário Universidade Federal de Santa Maria

Documentos relacionados
INTRODUÇÃO À HEMOSTASIA. Rafael Fighera Laboratório de Patologia Veterinária Hospital Veterinário Universitário Universidade Federal de Santa Maria

HEMOSTASIA. Prof. Rafael Fighera, Méd. Vet., Me., Dr., Membro CBPA

Profa. Dra. Larissa Gorayb F Mota

Hemostasia. Elvira Guerra-Shinohara

Fármacos Anticoagulantes, Trombolíticos e Antiplaquetários

HEMOSTASIA E COAGULAÇÃO. Instituto de Hematologia e Oncologia Curitiba

SANGUE PLAQUETAS HEMOSTASIA

Hemostasia: Princípios Gerais Liga de Hematologia da Bahia Aula Inaugural Thaizza Correia

HEMOSTASIA E COAGULAÇÃO SANGUÍNEA NEA

PLAQUETAS. Prof. Rafael Fighera, Méd. Vet., Me., Dr., Membro CBPA

-Separar fisicamente as substâncias trombogênicas subendoteliais do sangue.

AVALIAÇÃO LABORATORIAL DOS DISTÚRBIOS DE COAGULAÇÃO HEMOSTASIA

METABOLISMO DAS PLAQUETAS 1

por Prof. Rosemilia Cunha Princípios Gerais Hemostasia consiste na interrupção fisiológica de uma hemorragia, evitando

HEMOSTASIA. é o processo no qual o organismo mantém o sangue fluído, solidificando-o quando existe lesão

Plaquetas e hemostasia. Cláudia Minazaki

AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA HEMOSTASIA

ANTICOAGULANTES, TROMBOLÍTICOS E ANTIPLAQUETÁRIOS

HEMATÓCRITO e HEMOSSEDIMENTAÇÃO. Prof. Carolina Vicentini

Profº André Montillo

AULA-7 PROCESSO DE HEMOSTASIA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA DCV CCS006 - BIOLOGIA CELULAR. Sinalização Celular SALVADOR - BA 2016

Trombocitopenia induzida pela heparina

Distúrbios da Coagulação

03/03/2015. Acúmulo de Leucócitos. Funções dos Leucócitos. Funções dos Leucócitos. Funções dos Leucócitos. Inflamação Aguda.

DIVISÃO DE LABORATÓRIO CENTRAL HC FMUSP PARAMETRIZAÇÃO DE COLETA

19 de Agosto de Professor Fernando Pretti. Hemostasia. Definição É a interrupção da hemorragia no local da lesão vascular.

DIVISÃO DE LABORATÓRIO CENTRAL HC FMUSP PARAMETRIZAÇÃO DE COLETA. Data criação: 22/02/2010 Data aprovação: 31/05/2012. Numero da versão: 03

DIVISÃO DE LABORATÓRIO CENTRAL HC FMUSP PARAMETRIZAÇÃO DE COLETA

SAO DUAS FACES DA MESMA MOEDA

Aspectos Moleculares da Inflamação:

ESTUDO DA CASCATA DE COAGULAÇÃO SANGÜÍNEA E SEUS VALORES DE REFERÊNCIA

29/03/2015 LOCAL DE AÇÃO MECANISMO DE AÇÃO EFEITOS. Fármaco Princípio Ativo. Receptor: componente de uma célula

HEMOSTASIA E EXAMES RELACIONADOS HEMOSTASIA E EXAMES RELACIONADOS HEMOSTASIA HEMOSTASIA E EXAMES CORRELACIONADOS CIT

FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR DISCIPLINA: FISIOLOGIA I

HORMÔNIOS VEGETAIS. Katia Christina Zuffellato-Ribas

Curso AGREGAÇÃO PLAQUETÁRIA. Nydia Strachman Bacal. Médica Hematologista Patologista Clínica

COAGULOGRAMA HEMOSTASIA E EXAMES RELACIONADOS HEMOSTASIA E EXAMES RELACIONADOS HEMOSTASIA

Importância dos processos de sinalização. Moléculas sinalizadoras (proteínas, peptídeos, aminoácidos, hormônios, gases)

Abordagem terapêuti. ca das plaquetopatias. Elbio Antonio D Amico FMUSP HCFMUSP

UNIDADE IV: Distúrbios circulatórios e hemodinâmicos

COAGULOPATIAS NO PACIENTE ONCOLÓGICO. Dra Carmen Helena Vasconcellos Hospital Veterinário Botafogo - RJ

FUNÇÃO HEMOSTÁTICA E SUA AVALIAÇÃO. Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Serviço de Fisiologia. Aula Teórico-Prática.

Sangue e hemostasia. Objetivos da aula. Plano de aula. Diego Wilke. Componentes do sangue. Papel das hemácias nas trocas gasosas no sangue

Paulo do Nascimento Junior

Fisiologia das Plaquetas

Farmacoterapia do Sistema Hematopoiético. Prof. Dr. Marcelo Polacow Bisson

INFLAMAÇÃO. Prof a Adriana Azevedo Prof. Archangelo P. Fernandes Processos Patológicos Gerais

FISIOLOGIA E TRANSPORTE ATRAVÉS DA MEMBRANA CELULAR

Cada célula é programada para responder a combinações específicas de moléculas sinalizadoras

Inflamação aguda e crônica. Profa Alessandra Barone

Elusa Abib Grassi 2 e Maria do Carmo Araújo 3 RESUMO

PROTEÍNAS Professores: Manoela e Marco Aurélio 2017

Aspectos Moleculares da Inflamação:

ALTERAÇÕES NO FENÔMENO DA COAGULAÇÃO NA VIGÊNCIA DO MASTOCITOMA CUTÂNEO EM CÃES

Sinalização Celular. Por que sinalizar?

Plaquetas 1) CARACTERÍSTICAS DAS PLAQUETAS 10/4/2017. Thais Schwarz Gaggini. 1) Características das plaquetas; 2) Função; 3) Trombocitopoiese;

REGULAÇÃO HORMONAL DO METABOLISMO DO GLICOGÊNIO E DE LIPÍDIOS

SINAIS EXTRACELULARES. sinais e receptores químicos

INFLAMAÇÃO E SEUS MEDIADORES

AS VANTAGENS DO NOVO MODELO DA CASCATA DE COAGULAÇÃO BASEADO NAS SUPERFÍCIES CELULARES

Mecanismos de comunicação celular 26/05/2015

Fisiopatologia das doenças isquemicas. Mario Hiroyuki Hirata 2012

QBQ 0230 Bioquímica. Carlos Hotta. Princípios de Regulação do metabolismo 16/11/17

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

Aspectos Moleculares da Inflamação:

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE FARMÁCIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS RITA CAROLINA FIGUEIREDO DUARTE

REAÇÃO INFLAMATÓRIA SISTÊMICA DURANTE A ECMO

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

A comunicação celular permite a integração e harmonização de funcionamento entre células do mesmo tecido e de tecidos/órgãos diferentes.

CURSO DE HEMATOLOGIA E ONCOLOGIA ACADEMIA PARANAENSE DE MEDICINA TROMBOFILIA 02/03/2013. Dra. Vanda Sakae Assahide Ogasawara.

Fisiologia da motilidade

Resposta inicial que, em muitos casos, impede a infecção do hospedeiro podendo eliminar os micróbios

A BIOQUÍMICA DA TROMBOSE

BIOLOGIA. Moléculas, células e tecidos. Estudo dos tecidos Parte. Professor: Alex Santos

Princípios. Gerais da Fisiologia Endócrina. Diego Veras Wilke

HEMORRAGIA Mecanismos Per rexis: ruptura Per diabrosis: corrosão Per diapedesis: aumento de permeabilidade

Membrana Plasmática. Moléculas componentes das membranas plasmáticas: A membrana plasmática é mosaico fluido

1 - Excreção de substâncias. 2 - Regulação do equilíbrio eletrolítico. 3 - Regulação do equilíbrio ácido-básico

Atividade antitrombótica da botrojaracina, um. inibidor de (pro)trombina derivado do veneno de. serpente Bothrops jararaca

Sangue. Características. Vermelho vivo/ vermelho azulado escuro; (4/6 litros); Ph 7,35 a 7,45; Viscosidade 3 a 5 vezes maior que água;

Fisiologia Renal. Arqueada. Interlobar. Segmentar. Renal

Faculdade de Medicina Veterinária

Membrana Plasmática. Dra. Maria Izabel Gallão

SANGUE Funções (transporte):

Embriologia (BMH120) - Biologia Noturno. Aula 1

Introdução à Bioquímica. Lipídeos. Dra. Fernanda Canduri Laboratório de Sistemas BioMoleculares. Departamento de Física.. UNESP. www.

Ferida e Processo de Cicatrização

SISTEMA CARDIOVASCULAR

Pontifícia Universidade Católica de Goiás Departamento de Biologia Bioquímica Metabólica ENZIMAS

Moduladores alostéricos da enzima guanilato ciclase na terapia anti-plaquetária: estudos in vitro, ex vivo e in vivo.

Bases celulares da motilidade gastrintestinal

Alterações Circulatórias

I Curso de Choque Faculdade de Medicina da UFMG INSUFICIÊNCIA DE MÚLTIPLOS ÓRGÃOS MODS

Tabela 1 Descrição dos números e nomes dos fatores de coagulação sangüínea e a via de atuação.

A inflamação ou flogose (derivado de "flogístico" que, em grego, significa "queimar") está sempre presente nos locais que sofreram alguma forma de

A FISIOLOGIA DA COAGULAÇÃO SANGÜÍNEA E AS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES QUE LEVAM À HEMOFILIA

Transcrição:

HEMOSTASIA Rafael Fighera Laboratório de Patologia Veterinária Hospital Veterinário Universitário Universidade Federal de Santa Maria

HEMOSTASIA PRIMÁRIA

Divisões da hemostasia primária alteração no calibre vascular marginação plaquetária adesão plaquetária ativação plaquetária* agregação plaquetária trombo branco *Reação de liberação plaquetária.

Alteração no calibre vascular mecanismo neurogênico reflexo + liberação de endotelinas por células endoteliais vasoconstrição queda no fluxo sanguíneo diminuição da perda de sangue

Marginação plaquetária queda no fluxo sanguíneo quebra do fluxo axial* marginação plaquetária interação plaqueta-colágeno subendotelial *Fluxo laminar ou centrípeto.

Adesão plaquetária exposição do colágeno subendotelial ligação plaqueta-colágeno (21) adesão lábil fibronectina-51 adesão parcialmente estável trombospondina-gpiv adesão estável FvW-GPIb

Ativação plaquetária adesão plaquetária inicial ativação da via inositol-lipídio ativação da fosfolipase C hidrólise do fosfatidilinositol formação de formação de exposição da trifosfato diacilglicerol camada interna de inositol da membrana plaquetária

Ativação plaquetária adesão nos níveis nos níveis nos níveis plaquetária inicial de trombina de ADP de PAF ativação da via inositol-lipídio ativação da fosfolipase C hidrólise do fosfatidilinositol formação de formação de exposição da trifosfato diacilglicerol camada interna de inositol da membrana plaquetária

Ativação plaquetária adesão nos níveis nos níveis nos níveis plaquetária inicial de trombina de ADP de PAF ativação da via inositol-lipídio ativação da fosfolipase C hidrólise do fosfatidilinositol formação de formação de exposição da trifosfato diacilglicerol camada interna de inositol da membrana plaquetária

Ativação plaquetária formação de trifosfato de inositol aumento na concentração de cálcio citoplasmático ligação cálcio-calmodulina excesso de cálcio citoplasmático fosforilação da cadeia leve da miosina contração dos microfilamentos auxílio na desgranulação e na mudança da forma da plaqueta

Ativação plaquetária adesão nos níveis nos níveis nos níveis plaquetária inicial de trombina de ADP de PAF ativação da via inositol-lipídio ativação da fosfolipase C hidrólise do fosfatidilinositol formação de formação de exposição da trifosfato diacilglicerol camada interna de inositol da membrana plaquetária

Ativação plaquetária formação de diacilglicerol na MP ativação da proteinaquinase C fosforilação da pleckstrin* desgranulação grânulos alfa corpos densos trombospondina cálcio fibronectina ADP FvW serotonina fibrinogênio fator Va *Plaqueta e leucócito C quinase e cadeia de aminoácido KSTR.

Ativação plaquetária adesão nos níveis nos níveis nos níveis plaquetária inicial de trombina de ADP de PAF ativação da via inositol-lipídio ativação da fosfolipase C hidrólise do fosfatidilinositol formação de formação de exposição da trifosfato diacilglicerol camada interna de inositol da membrana plaquetária

Ativação plaquetária exposição da camada interna da membrana plaquetária (fosfatidilserina ou fator 3 plaquetário) nucleação dos fatores de coagulação complexo completo tenase protrombinase

Ativação plaquetária adesão plaquetária inicial ativação da fosfolipase A 2 hidrólise da fosfatidilcolina e da fosfatidiletanolamina formação de ácido aracdônico ciclooxigenase PGG 2 PGH 2 PAF tromboxano A 2 tromboxanosintetase

Ativação plaquetária

Ativação plaquetária

Agregação plaquetária recrutamento plaquetário mediado pelo ADP aumento no número de plaquetas no local fibrinogênio-gpiib/iiia agregação lábil consolidação por tromboxano A 2 e PAF agregação estável

HEMOSTASIA SECUNDÁRIA

Divisões da hemostasia secundária via intrínseca via extrínseca via comum fator XII fator III fator X fator XI fator VII fator V fator IX fator II fator VIII fator I HMWK fator XIII pré-calicreína

Divisões da hemostasia secundária

Via comum Hemostasia secundária exposição ao colágeno dano celular XII XIIa III XI XIa VII VIIa IX IXa IXa IX IIa VIII VIIIa cálcio fosfatidilserina X Xa IIa V Va fosfatidilserina cálcio XIII II IIa XIIIa I Ia Via extrínseca Via intrínseca

Via comum Hemostasia secundária exposição ao colágeno dano celular XII XIIa III XI XIa VII VIIa IX IXa IXa IX IIa VIII VIIIa cálcio fosfatidilserina X Xa IIa V Va fosfatidilserina cálcio XIII II IIa XIIIa I Ia Via extrínseca Via intrínseca

Hemostasia secundária dano celular III VII VIIa IXa IX Via extrínseca Via comum fosfatidilserina X Xa IIa fosfatidilserina XIII II IIa XIIIa I Ia cálcio V Va cálcio

MECANISMOS ANTITROMBÓTICOS

Mecanismos antitrombóticos relacionados à hemostasia primária Manutenção do endotélio íntegro Manutenção do fluxo axial Liberação de metabólitos por células endoteliais Alteração da ativação plaquetária

Mecanismos antitrombóticos relacionados à hemostasia primária Liberação de metabólitos por células endoteliais óxido nítrico adenosina-difosfatase prostaciclina níveis degradação do ADP ativação da citoplasmáticos adenilato-ciclase de cálcio e inibição da da agregação do recrutamento fosfodiesterase plaquetária plaquetário e AMP cíclico vasodilatação inibição a hidrólise do fosfatidilinositol

Mecanismos antitrombóticos relacionados à hemostasia primária Manutenção do endotélio íntegro Manutenção do fluxo axial Liberação de metabólitos por células endoteliais Alteração da ativação plaquetária

Mecanismos antitrombóticos relacionados à hemostasia primária Alteração da ativação plaquetária nos níveis de cálcio ativação da bomba de cálcio nos níveis de cálcio e, consequente, ativação da proteinaquinase A nos níveis de AMP cíclico ativação adenilato-ciclase nos níveis de AMP cíclico inibição da hidrólise do fosfatidilinositol

Mecanismos antitrombóticos relacionados à hemostasia secundária Manutenção do endotélio íntegro Degradação das proteases não serinas Degradação das proteases serinas Hemostasia terciária

Mecanismos antitrombóticos relacionados à hemostasia secundária Degradação das proteases não serinas nos níveis de trombina expressão da trombomodulina por células endoteliais ligação trombomodulina-trombina proteína S proteína C inativa proteína C ativa catabolização dos fatores V e VIII

Mecanismos antitrombóticos relacionados à hemostasia secundária Manutenção do endotélio íntegro Degradação das proteases não serinas Degradação das proteases serinas Hemostasia terciária

Mecanismos antitrombóticos relacionados à hemostasia secundária Degradação das proteases serinas nos níveis de trombina expressão de moléculas semelhantes à heparina por células endoteliais ligação moléculas semelhantes à heparina-antitrombina III antitrombina III antitrombina IIIa catabolização dos fatores XII, XI, X, IX, VII e II

Mecanismos antitrombóticos relacionados à hemostasia secundária Manutenção do endotélio íntegro Degradação das proteases não serinas Degradação das proteases serinas Hemostasia terciária

Mecanismos antitrombóticos relacionados à hemostasia secundária Hemostasia terciária nos níveis de trombina estimulação dos receptores das células endoteliais liberação do ativador tecidual do plasminogênio plasminogênio plasmina degradação da fibrina, do fibrinogênio, do fator Va e do fator VIIIa liberação dos PDFs