ANÁLISE DA VIABILIDADE TÉCNICA REFERENTE À IMPLANTAÇÃO DO ISOLAMENTO TÉRMICO DA TUBULAÇÃO DE ÁGUA REFRIGERADA DA UNIDADE DE PRODUÇÃO DA SPAR

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Transcrição:

ANÁLISE DA VIABILIDADE TÉCNICA REFERENTE À IMPLANTAÇÃO DO ISOLAMENTO TÉRMICO DA TUBULAÇÃO DE ÁGUA REFRIGERADA DA UNIDADE DE PRODUÇÃO DA SPAR LAISE NASCIMENTO SANTANA (UFBA ) lay_iti@hotmail.com CRISTIANO HORA DE OLIVEIRA FONTES (UFBA ) cfontes@ufba.br No processo de produção de bombonas plásticas da SPAR (Uma Divisão do Grupo INDEBA), é utilizada água como fluído de refrigeração. Como a temperatura superficial das tubulações por onde a água circula é inferior à temperatura de orvalho do ambiente há o fenômeno da condensação sobre as superfícies das tubulações. Essa condensação se tornou uma preocupação no ambiente industrial diante do impacto que ela causa e que pode causar. O presente trabalho tem como objetivo analisar a viabilidade técnica referente à implantação do isolamento térmico da tubulação de água refrigerada da unidade de produção da Spar. Para análise técnica foram levantados os dados referentes ao processo consultando os manuais dos equipamentos, os especialistas do processo e os sistemas de acompanhamento da produção. Monitoraram-se as condições do ambiente (temperatura e umidade relativa) durante dois meses. Com base na análise das condições do ambiente escolheram-se dois tipos de isolamentos térmicos para serem analisados. As tubulações estão instaladas em dois ambientes, quais sejam: climatizado e não climatizado. Para ambos os ambientes, analisou-se a variação da temperatura da água ao decorrer do comprimento da tubulação para alguns valores de espessura de isolantes. Analisou-se também a variação da temperatura superficial do isolamento ao decorrer do comprimento da tubulação para algumas espessuras de isolamento. Após as análises, determinouse a espessura de isolamento necessária para prevenir a condensação. Através do estudo técnico foi possível concluir que a isolação térmica da tubulação de água refrigerada da Spar é necessária, pois a mesma garante a não condensação da umidade do ar sobre a superfície da tubulação. Palavras-chaves: Isolamento térmico, condensação

1. Introdução A unidade de produção de bombonas plásticas da Spar (Uma divisão do Grupo Indeba, Indústria e Comércio) é composta de extrusoras que através de calor e pressão fundem a matéria prima sólida, sistemas para formar o parison, moldes de sopro e outros equipamentos. O parison depois de formado na máquina correspondente ao tipo de produto é depositado dentro de um molde de sopro. O molde fecha em torno do parison e o mesmo é inflado contra as paredes do molde, adquirindo a forma de bombonas de 5 L ou de 50 L, a depender do produto desejado. Para que a forma adquirida pelo material seja mantida, após a moldagem o material deve ser resfriado. O sistema de refrigeração utilizado é a base de água. O equipamento utilizado para fornecimento do fluído de refrigeração é um Chiller Industrial e o mesmo alimenta três equipamentos: Sopradora de bombonas de 5 litros; Sopradora de bombonas de 50 litros; Pós-resfriador (utilizado apenas para intensificar a refrigeração da bombona de 50 litros, pois a mesma apresenta uma alta concentração de massa no topo e na base). Figura 1 - Fluxograma simplificado da utilização da água de refrigeração 2

Antes de chegar às máquinas de produção a água percorre trechos de tubulações. Os trechos de tubulações são divididos em dois ambientes, quais sejam: o ambiente climatizado e o ambiente não climatizado. A temperatura da água de saída fixado no set point do Chiller Industrial é 282,2 K. Após a troca térmica a temperatura de retorno desta água é 286,8 K. O conjunto de tubulações por onde a água de refrigeração circula não possui isolação térmica adequada. Verifica-se condensação da umidade do ar em alguns trechos de tubulações, provocando pequenas poças de água no piso da produção e nas bancadas de trabalho. As poças de água formadas no piso da produção podem causar acidentes. A água acumulada nas bancadas de trabalho pode danificar equipamentos e aumentar o risco de choques elétricos. Nesse contexto, percebe-se a necessidade de estudar tecnicamente de que forma essa condensação pode ser evitada. De acordo com pesquisas na literatura, o isolamento térmico pode ser aplicado quando se tem um ou mais dos cenários indicados abaixo (IRANIAN PETROLEUM STANDARD, 1996): Economia de energia com a redução da transferência de calor; Manutenção da temperatura do processo; Para evitar a condensação na superfície dos equipamentos de transporte de fluídos à baixa temperatura, entre outros. 3

Uma vez que há condensação sobre as superfícies das tubulações de água de refrigeração da Spar, o isolamento térmico pode ser aplicado. Para iniciar o estudo sobre a viabilidade técnica da aplicação do mesmo, deve-se analisar as características necessárias do isolante para evitar a condensação. Um bom isolante para tubulações passíveis de condensação deve evitar a penetração de vapores de água para não ocorrer aumento da condutividade térmica do material e/ou provocar a condensação de água no interior do isolante. Para evitar este problema, deve-se utilizar um isolamento que ofereça uma alta resistência à transmissão de vapor de água (IRANIAN PETROLEUM STANDARD, 1996). Alguns estudos contemplam a remoção da água que por ventura venha a se condensar no interior de isolamentos. Este processo de remoção de umidade condensada fornece um meio para manter o isolamento seco e suas propriedades térmicas características relativamente intactas (CHOUDHARY et al., 2004). A espessura do isolamento deve ser suficiente a fim de evitar que a condensação da umidade do ar sobre o isolamento o que pode causar danos e formar um ambiente propício para o crescimento de micro-organismos (SAHIN e KALYON, 2005). A condutividade térmica do isolamento deve ser baixa, pois quanto menor a condutividade, menor a transferência de calor por condução no isolante e menor a espessura de isolamento necessária (BAHADORI e VUTHALURU, 2010). Estratégias para a determinação da espessura ótima de isolante conforme critérios técnicos e econômicos também são apresentados na literatura (BAHADORI e VUTHALURU, 2010; KEÇEBAS et al., 2011; BASOGUL e KEÇEBAS, 2011). Este trabalho tem como objetivo analisar a viabilidade técnica referente à implantação do isolamento térmico da tubulação de água refrigerada da Unidade de produção da Spar (uma divisão do grupo Indeba), situada no município de Salvador (Bahia). 2. Metodologia A metodologia desenvolvida compreendeu duas etapas principais: o levantamento de dados e de condições do ambiente e o projeto e análise do isolamento térmico. Foram levantados os dados referentes ao processo consultando os manuais dos equipamentos, os especialistas do processo e sistemas de acompanhamento da produção. As condições do 4

ambiente, temperatura e umidade relativa, foram monitoradas durante dois meses. Com base nos dados levantados uma análise da condensação da umidade do ar sobre a superfície das tubulações de água de refrigeração foi realizada. Com base na análise das condições do ambiente e das características necessárias para um bom isolante para evitar a condensação escolheram-se dois tipos de isolamentos térmicos para serem analisados: espuma elastomérica e poliuretano expandido. Para o cálculo da espessura de isolamento necessária para evitar a condensação, foram analisados separadamente os dois ambientes (climatizado e não climatizado). Para ambos os ambientes, analisou-se a variação da temperatura da água ao decorrer do comprimento da tubulação para alguns valores de espessura de dois tipos de isolantes. Analisou-se também a variação da temperatura superficial do isolamento ao decorrer do comprimento da tubulação para algumas espessuras de isolamento de dois tipos de isolantes. Após as análises, determinou-se a espessura necessária de isolamento térmico. 3. Descrição do processo Um conjunto de tubulações de PVC é utilizado para transportar água como substância refrigerante para entrada de máquinas de produção de bombonas plásticas (Sopradoras) e para o equipamento de pós-resfriamento. Para refrigeração da água utiliza-se um Chiller Industrial. A temperatura fixada no Chiller Industrial em decorrência do processo às vezes é alterada para realização de estudos sobre otimização da temperatura e do tempo de resfriamento do molde. Durante o período de estudo das condições do processo, a temperatura da água que sai do Chiller Industrial mínima observada foi de 282,2 K. Outro conjunto de tubulações de PVC é utilizado para o retorno desta água refrigerante, após a utilização nas máquinas. Para a temperatura de saída da água de 282,2 K, a temperatura de retorno, após a troca térmica é de 286,8 K. O conjunto de tubulações está instalado em dois ambientes: o ambiente climatizado e o ambiente não climatizado. Os dois ambientes são separados por uma parede. Na Figura 2 pode-se observar o arranjo geral da tubulação, onde é possível identificar a tubulação de saída de água de refrigeração do Chiller Industrial, a tubulação de retorno de água de refrigeração para o Chiller Industrial e os dois ambientes citados anteriormente. 5

Figura 2 - Arranjo geral das tubulações de saída e retorno de água de refrigeração Fonte: Manual de operação Spar Na Figura 3, pode-se observar a tubulação de saída de água de refrigeração do Chiller Industrial separadamente, bem como suas dimensões em metros, salvo indicações. Figura 3 - Tubulação de saída de água de refrigeração do Chiller Industrial 6

Fonte: Manual de operação Spar Na Figura 4, pode-se observar a tubulação de retorno de água de refrigeração do Chiller Industrial separadamente, bem como suas dimensões em metros, salvo indicações. Figura 4 - Tubulação de retorno de água de refrigeração para o Chiller Industrial 7

Fonte: Manual de operação Spar A pressão de saída da água do Chiller Industrial é fixada em 5 kgf/cm 2. Através do manual do Chiller Industrial, modelo MAS-60-RI-380/C/T, do fabricante Mercalor, consultaram-se os dados de projeto da bomba de processo, e analisou-se a curva da bomba. Para a pressão de 5 kgf/cm 2, a vazão da bomba é 20 m 3 /h. Esta também é a vazão máxima de trabalho da bomba do Chiller. 3.1. Condições do ambiente A condensação observada em torno dos trechos de tubulações está relacionada com a umidade relativa do ar. A umidade relativa indica o quanto de água na forma de vapor existe na atmosfera em relação ao total máximo que poderia existir, na temperatura observada. 8

Para evitar a condensação do vapor d água, presente no ar, sobre a superfície externa do isolamento, que se pretende instalar nas tubulações, a umidade relativa e a temperatura do ambiente foram monitoradas durante alguns períodos. Para este monitoramento instalou-se medidores de umidade relativa do ar e de temperatura, nos dois ambientes do conjunto de tubulações (climatizado e não climatizado). Conforme o planejamento da produção tem-se os seguintes modos operacionais: Modo Operacional 1 (MOP1), referente apenas a produção de bombonas de 50 L; Modo Operacional 2 (MOP2), referente apenas a produção de bombonas de 5 L; Modo Operacional 3 (MOP3), referente a fabricação de produção de 5 L e 50 L simultaneamente. Para cada tipo de fabricação, as condições do ambiente (temperatura e umidade relativa) são determinadas de acordo com a operação das máquinas e suas respectivas perdas de calor. O calor dissipado por máquinas diferentes interfere na temperatura e na umidade relativa do ambiente. Devido a esse fato, optou-se por monitorar as condições do ambiente referente aos três modos operacionais de produção. Durante os períodos analisados houve paradas da produção, por isso tem-se uma variação considerável das condições do ambiente. Os valores de temperatura e umidade relativa do ambiente referentes aos períodos de parada da produção foram descartados. Nas figuras 5 e 6, podem-se observar dois exemplos dos períodos analisados, os respectivos modos de operação e a variação da temperatura e da umidade relativa. Os períodos onde não estão indicados os modos de operação são períodos de possíveis paradas da produção. Figura 5 - Umidade relativa e temperatura do ambiente climatizado 17/01/12 a 06/02/13 Figura 6 - Umidade relativa e temperatura do ambiente não climatizado 19/12/12 a 17/01/13 9

3.2. Cálculo da temperatura de orvalho Para prevenir a condensação na superfície do isolante é necessário que a temperatura da superfície do mesmo seja maior que a temperatura do ponto de orvalho. Esta última é a temperatura na qual o ar úmido fica saturado quando resfriado a pressão constante. A temperatura do ponto de orvalho pode ser calculada através da equação [1] (BOABAID, 2009): Onde UR e T ar são a umidade relativa e a temperatura ambiente, respectivamente. Os resultados da equação [1] foram validados utilizando a carta psicrométrica encontrada na literatura (FELDER, 2008). Para saber qual a temperatura de orvalho mais crítica, obteve-se as temperaturas de orvalho referentes a todos os pares temperatura do ar e umidade relativa medidos nos períodos de operação considerados. O cálculo da temperatura de orvalho mais crítica foi realizado para os dois ambientes (climatizado e não climatizado), o resultado mais crítico encontrado, ou seja, a temperatura mais alta, está apresentado na Tabela 1. As temperaturas de orvalho mais críticas para ambos os ambientes correspondem ao modo de operação 1, ou seja, quando há apenas produção de bombonas de 50 L. Tabela 1 - Temperatura do ponto de orvalho mais crítica (mais alto) para os dois ambientes e correspondente temperatura do ambiente e umidade relativa. 10

4. Escolha dos isolantes para o projeto e cálculo das espessuras dos mesmos Considerando as características citadas na introdução para um isolamento que evite a condensação, o cálculo da espessura mínima necessária para prevenir a condensação foi realizado levando-se em consideração dois tipos de isolamentos: Espuma elastomérica AF/Armaflex com condutividade térmica de 0,035 w/m.k; Poliuretano expandido com condutividade térmica de 0,016 w/m.k. 4.1. Procedimentos para o cálculo da espessura do isolante Para o cálculo da espessura necessária para prevenir a condensação analisou-se separadamente os dois ambientes: climatizado e não climatizado. Considerou-se o seguinte corte da tubulação: Figura 7 - Corte da tubulação Onde: r i é o raio interno da tubulação de PVC; r e é o raio externo da tubulação com o isolamento que se pretende instalar; e é a espessura do isolante; T m é a temperatura da água no interior da tubulação; T s é a temperatura da superfície do isolante que se pretende instalar; T inf é a temperatura do ar em volta da tubulação. 11

Para analisar a variação da temperatura da água ao decorrer da tubulação utilizou-se a equação [2] (INCROPERA, 2003) que parte de um balanço de energia na forma diferencial para o escoamento interno admitindo como hipóteses regime estacionário, condução de calor no fluído interno desprezível, propriedades físicas constantes e troca de energia para o meio externo apenas através de convecção. Onde: [2] [3] 4.1.1. Cálculo do coeficiente convectivo interno (h i ) Para o cálculo do coeficiente convectivo interno é necessário primeiramente calcular o número de Reynolds para ter conhecimento das condições do escoamento. O número de Reynolds foi calculado através da equação [4]: A vazão mássica da água foi calculada a partir da vazão volumétrica conforme a equação [5]. [4] [5] Para a temperatura de 282,2 K, as propriedades da água foram calculadas por interpolação dos dados fornecidos pela literatura (INCROPERA, 2003). Tabela 2 - Propriedades da água à 282,2 K Fonte: Incropera 2003 Como se trata de escoamento em regime turbulento, segundo Incropera (2003), a equação de Dittus Boelter [6] pode ser utilizada para o cálculo de Nusselt local: 12

[6] A partir do cálculo de Nu D pode-se calcular o coeficiente convectivo interno com a equação 7: [7] 4.1.2. Cálculo do coeficiente convectivo externo (h e ) Para o cálculo do coeficiente convectivo do ar utilizou-se a equação de Churchill e Chu [8] para convecção livre: [8] Onde Ra D : Onde : [9] Onde h e : [10] [11] As propriedades do ar foram tomadas na temperatura do filme, T f, que é uma média da temperatura superficial e da temperatura do ambiente. Para o ambiente não climatizado considerou-se a temperatura da superfície igual a 24ºC, mínima temperatura superficial da tubulação medida para este ambiente. Considerou-se a temperatura do ambiente igual à temperatura utilizada para o cálculo do ponto de orvalho mais crítico (mais alto), ou seja, T ar = 301,2 K. Assim sendo, a temperatura do filme é igual a 299,2 K. Tabela 3 - Propriedades do ar na temperatura do filme no ambiente não climatizado 13

Fonte: Incropera 2003 O coeficiente de expansão térmica, os números de Raylegh e Nusselt e o coeficiente convectivo externo foram calculados utilizando as equações [10], [9], [8] e [11], respectivamente, e as propriedades do ar na temperatura do filme. O resultado dos cálculos encontra-se na Tabela 4 para o diâmetro de 75 mm e na Tabela 5 para o diâmetro de 25,4 mm. Tabela 4 - Coeficiente de expansão térmica, Raylegh, Nusselt e coeficiente convectivo externo para o diâmetro de 75 mm no ambiente não climatizado. Tabela 5 - Coeficiente de expansão térmica, Raylegh, Nusselt e coeficiente convectivo externo para o diâmetro de 25,4 mm no ambiente não climatizado. Desta forma, obtém-se isolante. em função de x (comprimento da tubulação) e da espessura do [12] Da mesma forma, obteve-se Tm,s em função isolante., ou seja, em função de x e da espessura do [13] Como a taxa de transferência de calor na direção radial é constante tem-se que: 14

[14] Isolando T s (x), obtêm-se a temperatura superficial do isolamento que se pretende isolar em função da espessura do isolante e do comprimento da tubulação: [15] 4.1.3. Cálculo da espessura de isolante para o ambiente não climatizado utilizando o isolamento AF/Armaflex (Diâmetro da tubulação = 75 mm) Utilizando o software MATLAB, obteve-se o comportamento da temperatura da água ao decorrer de x para 7 valores diferentes de espessura do isolante. A temperatura da água (escoamento interno) manteve-se constante e igual a 282,2 K. Obteve-se o perfil da temperatura da superfície do isolamento que se pretende instalar para valores diferentes de espessura do isolante. Para cada valor de espessura de isolante a temperatura superficial do isolamento manteve-se constante. Tabela 6 - Espessura do isolante AF/Armaflex e correspondente temperatura superficial do isolante para o diâmetro de 75,0 mm 15

Para a temperatura do ambiente igual a 301,2 K, e temperatura de orvalho igual a 297,3 K, o isolamento teria que ter uma temperatura superficial acima de 297,3 K. Logo, o isolante com espessura de 45 mm seria suficiente. Considerando um fator de segurança de 5%, a temperatura do isolante teria que ser 298,7 K. Logo o isolamento adequado seria com espessura de no mínimo 52 mm. 4.1.4. Cálculo da espessura de isolante para o ambiente não climatizado utilizando o isolamento AF/Armaflex (Diâmetro da tubulação = 25,4 mm) Utilizando o software MATLAB, obteve-se o comportamento da temperatura da água ao decorrer de x para 7 valores diferentes de espessura do isolante. A temperatura da água (escoamento interno) manteve-se constante e igual a 282,2 K. Obteve-se o perfil de temperatura da superfície do isolamento que se pretende instalar para valores diferentes de espessura do isolante. Para cada valor de espessura de isolante a temperatura superficial do isolamento manteve-se constante. Tabela 7 - Espessura do isolante AF/Armaflex e correrpondente temperatura superficial do isolamento para o diâmetro de 25,4 mm Para a temperatura do ambiente igual a 301,2 K, e temperatura de orvalho igual a 297,3 K, o isolamento teria que ter uma temperatura superficial acima de 297,3 K. Logo, o isolante com espessura de 25 mm seria suficiente. Considerando um fator de segurança de 5%, o isolamento teria que ter uma temperatura de 298,5 K, e o isolamento adequado teria que ter uma espessura de no mínimo 32 mm. 4.1.5. Resultados dos cálculos das espessuras de isolante para os dois ambientes utilizando o isolamento AF/Armaflex) 16

O mesmo procedimento foi realizado para o ambiente climatizado. Para este ambiente, no entanto, a temperatura de orvalho foi de 297,9 K e a temperatura do ambiente considerado foi de 301,9 K, temperatura utilizada para o cálculo da temperatura de orvalho mais crítica. A menor temperatura superficial da tubulação medida para este ambiente foi de 18ºC. Abaixo segue um resumo das espessuras de isolantes necessárias para prevenir a condensação sobre as superfícies das tubulações utilizando o isolamento AF/Armaflex. Tabela 8 - Espessuras do isolante AF/Armaflex necessárias para prevenção da condensação para a temperatura da água = 282,2 K 4.1.6. Cálculo da espessura de isolamento para o ambiente não-climatizado utilizando o isolamento Poliuretanto Expandido Os mesmos cálculos realizados para o isolante AF/Armaflex foram realizados para o poliuretano expandido. Como os coeficientes de condutividade térmica dos dois isolantes são diferentes, novos perfis de temperatura foram gerados. 4.1.6.1. Cálculo da espessura de isolamento para as tubulações soldáveis de PVC Utilizando o software MATLAB, obteve-se o comportamento da temperatura da água ao decorrer de x para 7 valores diferentes de espessura do isolante. A temperatura da água (escoamento interno) manteve-se constante e igual a 282,2 K. Obteve-se o perfil da temperatura da superfície do isolamento que se pretende instalar para valores diferentes de espessura do isolante. Para cada valor de espessura de isolante a temperatura superficial do isolamento manteve-se constante. 17

Tabela 9 - Espessura do isolante poliuretano expandido e respectiva temperatura superficial do isolamento para o diâmetro de 75,0 mm Para a temperatura do ambiente igual a 301,2 K, e temperatura de orvalho igual a 297,3 K, o isolamento teria que ter uma temperatura superficial acima de 297,3 k. Logo, o isolante com espessura de 19 mm seria suficiente. Considerando um fator de segurança de 5%, a temperatura do isolante teria que ser 298,7 K. Logo o isolamento adequado seria com espessura de no mínimo 32 mm. 4.1.6.2. Cálculo da espessura de isolamento para as tubulações flexíveis de PVC com 25,4 mm de diâmetro interno Utilizando o software MATLAB, obteve-se o comportamento da temperatura da água ao decorrer de x para 7 valores diferentes de espessura do isolante. Obteve-se o perfil de temperatura da superfície do isolamento que se pretende instalar para valores diferentes de espessura do isolante. Para cada valor de espessura de isolante a temperatura superficial do isolamento manteve-se constante. Tabela 10 - Espessura do isolante poliuretano expandido e respectiva temperatura superficial do isolamento para o diâmetro de 25,4 mm 18

Para a temperatura do ambiente igual a 301,2 K, e temperatura de orvalho igual a 297,3 K, o isolamento teria que ter uma temperatura superficial acima de 297,3 k. Considerando um fator de segurança de 5%, o isolamento teria que ter uma temperatura de 298,5 K, e o isolamento adequado teria que ter uma espessura de 19 mm. 4.1.6.3. Resultados para as espessuras de isolante para os dois ambientes utilizando o isolamento Poliuretando expandido O mesmo procedimento foi realizado para o ambiente climatizado. Para este ambiente, no entanto, a temperatura de orvalho foi de 297,9 K e a temperatura do ambiente considerado foi de 301,9 K, temperatura utilizada para o cálculo da temperatura de orvalho mais crítica. Abaixo segue um resumo das espessuras de isolantes necessárias para prevenir a condensação sobre as superfícies das tubulações utilizando o isolamento AF/Armaflex. Tabela 11 - Espessuras do isolante Poliuretano expandido necessárias para prevenção da condensação para a temperatura da água = 282,2 K 5. Conclusões e recomendações Através do estudo técnico foi possível concluir que a isolação térmica da tubulação de água refrigerada da Spar (Uma Unidade Industrial do Grupo Indeba) é necessária, pois a mesma garante a não condensação da umidade do ar sobre a superfície da tubulação. A presença da condensação nas tubulações contribui para formação de pequenas poças de água no piso da produção e em cima de bancadas e mesas de trabalho, podendo danificar equipamentos, causar acidentes e transmitir uma imagem negativa da empresa em relação à organização e zelo. 19

Através dos perfis de temperatura ao decorrer dos comprimentos das tubulações pode-se observar que não há variação considerável da temperatura da água para diferentes espessuras de isolamento e também não há variação da temperatura da água ao decorrer das tubulações. Portanto deve-se avaliar a espessura do isolamento apenas para prevenir a condensação. Como o poliuretano expandido possui um coeficiente de condutividade térmica menor do que o isolamento AF/Armaflex, tem-se que as espessuras do isolamento poliuretano expandido necessárias para prevenir a condensação são inferiores as espessuras do isolamento AF/Armaflex. Entretanto, há a necessidade de avaliar os custos referentes a instalação e manutenção dos mesmos para avaliar o qual seria mais economicamente viável. Caso o presente projeto continue sendo estudado recomenda-se a realização do mesmo estudo, utilizando outros tipos de isolantes e a realização de um estudo de viabilidade econômica pois assim a empresa teria como escolher a alternativa que mais se adeque a mesma. Recomenda-se também que a empresa realize um estudo de otimização da temperatura de resfriamento do molde. Uma vez que a temperatura mínima de trabalho do Chiller Industrial é 268,2 K, pode-se avaliar a possibilidade de trabalhar com temperaturas inferiores a 282,2 K, assim sendo, deve-se realizar um estudo análogo para o cálculo da espessura de isolamento. REFERÊNCIAS BOABAID, C. Metodologia para o cálculo da espessura de isolante necessária a uma aplicação. Instituto Federal de Santa Catarina, 2009. BAHADORI, A.; VUTHALURU H. B. A simple correlation for estimation of economic thickness of thermal insulation for process piping and. equipment. Applied Thermal Engineering, 30, 254-259, 2010. CHOUDHARY, M. K.; KARKI K. C.; PATANKAR, S. V. Mathematical modeling of heat transfer, condensation, and capillary flow in porous insulation on a cold pipe. International Journal of Heat and Mass Transfer, 47, 5629-5638 2004. FELDER, Richard M. Princípios elementares dos processos químicos. 3. Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008. 579 p. ISBN 9788521614296. INCROPERA, Frank P; DEWITT, David P. Fundamentos de transferência de calor e de massa. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003. 698 p. ISBN 8521613784. 20

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