TÉCNICAS CINEMATOGRÁFICAS E APRENDIZAGENS E O PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL (PET): O PET CIÊNCIAS DA NATUREZA E MATEMÁTICA (UFTM)

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Transcrição:

TÉCNICAS CINEMATOGRÁFICAS E APRENDIZAGENS E O PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL (PET): O PET CIÊNCIAS DA NATUREZA E MATEMÁTICA (UFTM) Luís Gustavo da Conceição Galego Váldina Gonçalves da Costa Vânia Cristina da Silva Rodrigues Fernando Lourenço Pereira Introdução O desenvolvimento das mídias de massa (cinema, televisão e vídeo, sobretudo) criou uma necessidade pela imagem nas populações humanas em suas diversas manifestações culturais, além de serem importantes veículos para a disseminação do conhecimento e da informação (Carvalho, 2003) O ambiente escolar agrega esses dois aspectos das mídias de massa, sendo o cinema um das mais utilizadas na prática docente em sala de aula. Alguns fatores são favorecedores da utilização do cinema no contexto escolar (Abud, 2003). A enorme atração que a produção fílmica exerce, o fácil acesso a produções cinematográficas e as políticas públicas de investimento em recursos de natureza audiovisual são alguns dos aspectos que beneficiam a relação cinema-escola. O interesse do cinema em sala de aula não é recente. Relatos de pensadores da educação da década de 20 e 30 (Barros, 1997) já apresentavam o uso da fotografia em movimento como recurso importante para o enriquecimento do ensino, principalmente relacionado á instrução e a reprodução da informação (Barros, 1997). Desse período também emergem os primeiros trabalhos que relacionam Cinema e Educação (Serrano & Venâncio Filho, 1931; Serrano, 1931) que apresentavam diversos benefícios em se utilizar filmes como importante ferramenta no desenvolvimento de estratégias de ensino. Carvalho (2003) afirma que a linguagem cinematográfica pode ser utilizada em processos pedagógicos além da visão tradicional do cinema como simples

16 material ilustrativo e instrucional. Uma das maneiras de se aproveitar das múltiplas possibilidades do cinema enquanto recurso didático é lançar mão de técnicas cinematográficas para o ensino de um ou mais conteúdos. As técnicas de cinematografia tem sua origem na fotografia, porém, conforme apontado por Aumont (1995), no cinema existe a impressão de movimento e esta característica deve ser considerada quando se pretende desenvolver um trabalho pedagógico no qual a captura de imagens em movimento seja utilizada. Dentre os conceitos de fotografia aplicados à cinematografia destacam-se os de enquadramento, planos e ângulos (Cruz, 2007). O enquadramento consiste no espaço delimitado pelo visor da câmera e onde os planos são produzidos. Os planos, por sua vez, são caracterizados pelas cenas captadas em cada fotograma. Eles variam do mais amplo (geral) ao mais específico (detalhe), conforme apresentado na figura 1 e são utilizados para gerar diferentes sentidos, da mesma forma que as angulações de câmera (média, alta, baixa).

17 Figura 1. Planos fotográfico em um enquadramento. G: Geral; C: Conjunto; A: Americano; I: Italiano; M: Médio; C: Close-up; D: Detalhe. Imagem: Arquivo pessoal de L.G.C.Galego. Os conceitos específicos da cinematografia são os de sequência e os de movimento de câmera. A sequência é definida por um conjunto de planos que constitui uma unidade semântica ou cena (Cruz, 2007), enquanto os movimentos de câmera são aqueles utilizados pelo cinegrafista durante a captura de um plano e podem ser panorâmicos, horizontais, verticais ou reproduzir o olhar de um pássaro. Considerando o acima exposto, o objetivo desse trabalho foi apresentar os resultados de uma oficina sobre técnicas cinematográficas aplicadas à educação, realizada em junho de 2012 com 14 alunos do Programa de Educação Tutorial (PET) Ciências da Natureza e Matemática da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e discutir as aprendizagens possíveis que podem ser desenvolvidas por meio dessa estratégia pedagógica em sala de aula.

18 Metodologia A primeira etapa da oficina foi apresentar aos alunos do PET os conceitos de fotografia e cinematografia inerentes à produção de filmes. Em um segundo momento, os alunos se organizaram em grupos com quatro ou cinco alunos e escreveram o argumento e o roteiro para a produção de um curta-metragem que aplicasse os conceitos discutidos na etapa anterior. A captura das imagens e a edição constituíram as etapas seguintes para a produção do curta-metragem. Os alunos então apresentaram seus curtas para o grupo e receberam algumas sugestões técnicas para incrementar suas produções. A última etapa foi caracterizada pela reapresentação dos curtas para todo o grupo, agora com as modificações sugeridas. Durante todo o processo, os alunos tiveram a oportunidade de compartilhar sua experiência e opiniões entre si sobre o processo de produção cinematográfica e as possibilidades em educação. Resultados e Discussão Os curtas produzidos e editados pelos alunos do PET (Figura 2) apresentaram diferentes enfoques técnicos e conceituais dentro da linguagem cinematográfica.

19 Figura 2. Planos cinematográficos extraídos de cada um dos curtas produzidos pelos alunos do PET Ciências da Natureza e Matemática da UFTM. A: Escolhas; B: Criador X Criatura; C: Tecnologia na Roça.

20 Um deles, intitulado Escolhas (Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=uvpfa0ryys8&feature=plcp>, acesso em 20/10/2012) narra a história de uma pesquisadora que recebe um aceite para estudar fora do Brasil, mas que tem um namorado que ficaria no país. Nesse curta os alunos exploraram esteticamente os recursos de planos e sequências, além de produzirem movimentos de câmera elegantes, como o que aparece entre 0:26m e 0:50m. Nessa sequência, os alunos optaram por começar com um plano detalhe de uma campainha, seguido de um movimento de afastamento panorâmico, passando por um plano americano do casal e posteriormente um médio, culminando em um plano detalhe no documento de aceite. O curta Criador X Criatura (Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=pxlrkko9hoq&feature=plcp, acesso em 20/10/2012) ilustra como uma sabotagem laboratorial pode originar a criação de um monstro. Os alunos que o produziram, além de aplicarem de forma criativa os conceitos de ângulos, planos e movimentos, apresentaram soluções interessantes para a produção de efeitos especiais durante o processo de edição. Por exemplo, entre 1:34m e 1:57m, todo o processo de criação do monstro é representado utilizando efeitos de edição e alguns ajustes cinematográficos durante a captura das imagens. Tecnologia na Roça (Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=zg- IiIWwcdY&feature=plcp, acesso em 20/10/2012) apresenta uma séria crítica em relação ao acesso à tecnologia e utiliza técnicas do cinema mudo de Chaplin, tais como a filmagem em branco e preto, ausência de diálogos e de movimentos de câmera e a linguagem picaresca, como pode ser observado entre 1:00m e 1:14m. Os resultados obtidos nas produções dos alunos do PET Ciências da Natureza e Matemática da UFTM reforçam a proposta de Abud (2003) sobre a utilização do cinema em sala de aula. Segundo a autora, o filme deveria ser utilizado para além de substituto do livro didático e como recurso ilustrativo, mas sim como um recurso com características próprias e em um trabalho pedagógico no qual o conteúdo imagético seria explorado de forma crítica e reflexiva.

21 O uso de meios de comunicação, dentre eles o cinema, está previsto nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (Brasil, 2000). Nesse documento, há a proposta de que os alunos devem ser educados para criticar, analisar e interpretar informações veiculadas por fontes diversas e seus diferentes contextos de produção. Ferrés (1996) recomenda que as produções existentes em audiovisual sejam utilizadas tanto como objeto ou matéria de estudo quanto recurso de ensino, de forma que os alunos sejam educados a se aproximarem de forma crítica dos produtos disponíveis oriundos da indústria cultural. Essa recomendação é compartilhada por Siqueira e Cerigatto (2012) que afirmam, ainda, que diversas pesquisam mostram que a apropriação crítica do discurso midiático em atividades educacionais não é prática que se concretizou. Algumas técnicas pedagógicas básicas precisam ser dominadas quando o foco é o uso das diferentes formas de linguagem, dentre elas a cinematográfica. Buckinghan (2003) identifica pelo menos seis delas, das quais a simulação-produção que prioriza a escrita em mídia (Siqueira & Cerigatto, 2012) foi o foco do presente trabalho. Siqueira e Cerigatto (2012), em sua pesquisa com alunos do ensino médio em um trabalho envolvendo trailers de filmes disponíveis no Youtube e um conjunto de atividades relacionadas ao letramento para as mídias desenvolveram, dentre outras atividades, técnicas de simulação-produção e concluíram que os alunos sentem-se motivados ao trabalharem com a produção cinematográfica e apresentam facilidade com as questões técnicas da produção, mas dificuldade em atividades que exigem mais criatividades, tais como criar um final inesperado ou um diálogo entre protagonistas. Conclusões A experiência com o grupo PET mostrou que, ao contrário da utilização tradicional como recurso ilustrativo, o cinema em sala-de-aula pode ser utilizado

para desenvolver a criatividade, gerar aprendizagens e estimular o protaganismo juvenil. 22 Fechamos este trabalho, mas não a discussão sobre o uso de técnicas de cinematografia na educação com as palavras de Carvalho (2003, p. 12): o recurso audiovisual é um potencial que não dever ser menosprezado pelo professor/pesquisador para refletir sobre a história, sobre a sociedade, sobre os comportamentos humanos e as formas dos homens educarem-se. Referências Abud, K. M. (2003) A construção de uma didática da história: algumas ideias sobre a utilização de filmes no ensino. História. São Paulo, v. 22, n.1, p. 183-193. Aumont, J. et al. (1995) A estética do filme. São Paulo: Papirus. Barros, A. X. M. (1997) O Cinematográfo Escolar. I Conferência Nacional de Educação (1927: Curitiba), Brasília: INEP. Brasil. Secretaria de Educação Fundamental (2000). Parâmetros Curriculares Nacionais (Ensino Médio): Parte IV Ciências Humanas e suas Tecnologias. Buckinghan, D. (2003) Media education-literacy, learning and contemporany culture. Cambridge: Polity Press. Carvalho, E.J.G. (2003). Conhecimento da história e da educação: o cinema como fonte alternativa. Revista Comunicações. Piracicaba, v. 10, n.2 p.183-193. Cruz, D.M. (2007) Linguagem audiovisual: livro didático. Palhoça: UnisulVirtual, 2007. Ferrés, J. (1996) Vídeo e educação. Porto Alegre: Artes Médicas. Serrano, J. (1931) O Cinema Educativo. São Paulo: Escola Nova. São Paulo, v. 3, n.3. Serrano, J. & Venâncio Filho. Cinema e Educação. São Paulo: Melhoramentos. Siqueira, A.B. & Cerigatto, M. P. (2012) Mídia-educação no ensino médio: por que e como fazer. Educar em Revista. Curitiba, v. 44, p. 235-254.