Natércia Mira. Microeconomia. Exercícios Práticos EDIÇÕES SÍLABO

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Natércia Mira Microeconomia Exercícios Práticos EDIÇÕES SÍLABO

Microeconomia Exercícios Práticos NATÉRCIA MIRA EDIÇÕES SÍLABO

É expressamente proibido reproduzir, no todo ou em parte, sob qualquer forma ou meio, NOMEADAMENTE FOTOCÓPIA, esta obra. As transgressões serão passíveis das penalizações previstas na legislação em vigor. Visite a Sílabo na rede www.silabo.pt A publicação desta obra teve o apoio de: Escola de Ciências Sociais da Universidade de Évora FICHA TÉCNICA: Título: Microeconomia Exercícios Práticos Autora: Natércia Mira Edições Sílabo, Lda. Capa: Pedro Mota Fotografia da capa: Denis Raev Dreamstime.com 1ª Edição Lisboa, setembro de 2016. Impressão e acabamentos: DPS, Lda. Depósito Legal: 413387/16 ISBN: 978-972-618-855-1 EDIÇÕES SÍLABO, LDA. R. Cidade de Manchester, 2 1170-100 Lisboa Tel.: 218130345 Fax: 218166719 e-mail: silabo@silabo.pt www.silabo.pt

Índice Prefácio 9 Agradecimentos 11 Teoria do Consumidor Capítulo 1 Decisão do consumidor Teoria em síntese 15 Exercícios resolvidos 16 Exercícios propostos para resolução 21 Questões de escolha múltipla 23 Capítulo 2 Maximização da utilidade e procura Teoria em síntese 27 Exercícios resolvidos 29 Exercícios propostos para resolução 36 Questões de escolha múltipla 39 Capítulo 3 Tópicos adicionais da teoria do consumidor Teoria em síntese 43 Exercícios resolvidos 44 Exercícios propostos para resolução 50 Questões de escolha múltipla 52 Capítulo 4 Aplicações da teoria do consumidor Teoria em síntese 57 Exercícios resolvidos 59 Exercícios propostos para resolução 70 Questões de escolha múltipla 73

Capítulo 5 Incerteza Teoria em síntese 77 Exercícios resolvidos 79 Exercícios propostos para resolução 82 Questões de escolha múltipla 84 Teoria da Empresa Capítulo 6 A tecnologia como restrição ao comportamento do produtor Teoria em síntese 89 Exercícios resolvidos 90 Exercícios propostos para resolução 93 Questões de escolha múltipla 94 Capítulo 7 Minimização do custo Teoria em síntese 97 Exercícios resolvidos 98 Exercícios propostos para resolução 101 Questões de escolha múltipla 103 Capítulo 8 Maximização de lucro Teoria em síntese 105 Exercícios resolvidos 106 Exercícios propostos para resolução 110 Questões de escolha múltipla 112 Capítulo 9 A dualidade na teoria do produtor Teoria em síntese 115 Exercícios resolvidos 116 Exercícios propostos para resolução 124 Questões de escolha múltipla 125 Capítulo 10 Mercados competitivos: equilíbrio parcial Teoria em síntese 129 Exercícios resolvidos 131

Exercícios propostos para resolução 135 Questões de escolha múltipla 136 Capítulo 11 Equilíbrio geral e bem-estar Teoria em síntese 139 Exercícios resolvidos 141 Exercícios propostos para resolução 145 Questões de escolha múltipla 148 Capítulo 12 Poder de mercado Teoria em síntese 151 Exercícios resolvidos 154 Exercícios propostos para resolução 161 Questões de escolha múltipla 163 Capítulo 13 Teoria dos jogos Teoria em síntese 167 Exercícios resolvidos 168 Exercícios propostos para resolução 172 Questões de escolha múltipla 177 Capítulo 14 Oligopólio Teoria em síntese 181 Exercícios resolvidos 183 Exercícios propostos para resolução 190 Questões de escolha múltipla 192

Prefácio O livro de texto Microeconomia publicado em 2011, fruto da minha experiência de ensino ao longo de trinta anos, foi claramente assumido como tendo o objetivo de se constituir como instrumento de apoio aos alunos no seu processo de aprendizagem das unidades curriculares de Microeconomia a nível intermédio. No que respeita a esse propósito, e referindo-me particularmente aos alunos de Microeconomia I e II da Universidade de Évora, penso que ele foi conseguido, e que os alunos têm conseguido tirar partido da existência de um manual, no qual procurei explicitar claramente os conteúdos programáticos lecionados nas referidas unidades curriculares que fazem parte do curso de 1º.ciclo de Economia da Universidade. Isto, a despeito do livro ter o objetivo adicional de se poder direcionar a outros públicos alvo, os quais, sem terem qualquer formação específica em economia, pretendam aperfeiçoar os seus conhecimentos no que respeita à forma de comportamento dos agentes económicos, o mesmo é dizer, à vertente microeconómica. A presente obra não pode obviamente separar-se da minha experiência de ensino, e enquanto Livro de Exercícios, ele tem por base a compilação de um conjunto de exercícios considerados mais relevantes para as matérias abordadas. Com a mesma estrutura do livro de texto «Microeconomia», este livro de exercícios apresenta em cada um dos seus catorze capítulos, uma pequena síntese da teoria de apoio, seguida em primeiro lugar de alguns exercícios com a devida resolução, de outros que, sendo propostos para resolução, apresentam a respetiva solução, e finalmente, algumas questões de escolha múltipla com solução, onde os alunos podem testar a sua compreensão relativamente aos conteúdos teóricos inicialmente propostos em cada capítulo. Dado que, ao longo de todos estes anos de lecionação da microeconomia, diversos foram os colegas que comigo a partilharam, eu não poderia deixar de referir o seu contributo pela partilha de exercícios e sua discussão, quer para propostas de resolução em aulas presenciais, quer no que diz respeito a exercícios de suporte à avaliação dos alunos. Devo referir no entanto, que este manual é o principal resultado da solicitação que me tem sido feita pelos meus alunos, os quais, vendo as minhas resoluções dos exercícios práticos, fomentaram o desejo de terem acesso a resoluções completas e

devidamente esclarecedoras dos objetivos de cada exercício. A eles é dirigido este livro, reconhecendo a forma como as suas dúvidas, questões e inerente discussão das matérias em sala de aula, me incentivam a avançar com este projeto, o qual espero lhes possa vir a ser útil.

Agradecimentos Quando dos agradecimentos que teci ao Professor Doutor António Pinheiro no livro de texto Microeconomia, pelo incentivo à minha progressão na área científica da microeconomia, estava longe de equacionar que lhe voltaria agora a agradecer, mas o que é um facto é que de novo devo fazê-lo. A ideia do lançamento de um livro de exercícios práticos partiu dele, quando, na sessão de lançamento ocorrida no referido livro em 2011, me lançou o repto: «porque não seguir-se a este livro, um outro de exercíos práticos de apoio ao livro de texto, que decerto seria útil e do agrado dos alunos, já que livros dessa natureza são tão escassos?». Confesso que na altura pensei apenas vagamente no assunto, mas que posteriomente a ideia se foi fomentando, à medida que me sentia pressionada pelos meus alunos nesse sentido, dada a necessidade que alguns deles sentiam de ver exercícios com resoluções que lhes dessem uma ideia correta dos objetivos neles propostos assim como da metodologia associada a cada um deles. Por esta razão, os muitos alunos que tenho procurado apoiar ao longo dos anos, são em parte responsáveis por este projeto. Não serão no entanto suficientes as palavras de agradecimento que desejo dirigir à Profª. Doutora Isabel Vieira, pela amabilidade com que de imediato se prontificou a efetuar a revisão do livro, tarefa que, dado o conteúdo do mesmo, eu sabia nao ser de todo rápida e fácil. Para ela, o meu Obrigado. Finalmente, uma palavra de agradecimento ao editor por ter acreditado no projeto, assim como à Escola de Ciências Sociais da Universidade de Évora pelo apoio concedido, contribuindo assim para viabilizar a publicação deste livro.

Teoria do Consumidor

Capítulo 1 Decisão do consumidor Teoria em síntese Condicionado por aquele que é o seu rendimento, pelos preços dos bens que consome e por aquelas que são as suas preferências, um consumidor racional sempre optará pelo melhor, de entre os cabazes que estão aquisitivos. A grande maioria dessas suas preferências são ditas «bem comportadas», sendo caraterizadas pela convexidade. Resulta dessa convexidade, o facto da taxa marginal de substituição (TMS) ser um número negativo, medindo a inclinação de uma tangente à curva de indiferença em cada um dos seus pontos. No que diz respeito à escolha do consumidor, a monotonia das suas preferências associada ao facto da escolha se ter de limitar ao seu conjunto orçamental, determina como escolha ótima, aquele cabaz que, situado sobre a reta orçamental (correspondendo a gastar integralmente todo o rendimento em ambos os bens), tangencia a curva de indiferença mais alta possível. Toda a análise efetuada teve como base de partida as preferências evidenciadas pelo consumidor, as quais foram conciliadas com a restrição orçamental, por forma a determinar a escolha ótima. Atendendo a que aquilo que é diretamente observável, não são as preferências do consumidor, mas sim as suas escolhas, impõe-se um outro tipo de análise partindo das escolhas efetuadas, para posteriormente inferir sobre as preferências do consumidor. É essa a essência da teoria da preferência revelada, a qual, conciliada com uma análise dos números índice, nos permite retirar conclusões quanto à evolução do bem-estar do consumidor, caso ocorram variações de preço em qualquer dos bens que compõem o cabaz de consumo.

16 MICROECONOMIA EXERCÍCIOS PRÁTICOS Exercícios resolvidos EXERCÍCIO 1 Admita que o João apresenta, relativamente ao consumo dos bens seguintes utilidades marginais: X e Y, as UmgX UmgY = 40 5X = 20 3Y Sabendo que o preço do bem X é p X = 5, enquanto o bem Y é bem numerário, qual o par correspondente ao consumo ótimo do João, sabendo que ele tem para gastar nos dois bens um rendimento de 20? RESOLUÇÃO UmgX px 40 5X = = 5 UmgY py 20 3Y m pxx pyy = + 20 = 5X + Y 40 5X = 100 15Y X = 3Y 12 X = 3 20 = 5(3Y 12) + Y Y = 5 O par que corresponde ao consumo ótimo do João, é: * * ( X, Y ) = (3,5). EXERCÍCIO 2 A Mafalda é uma apaixonada por bonecas de porcelana. Considere que, com os preços dos outros bens fixos, a função procura da Mafalda por essas bonecas é a seguinte: X( m, p) = 0,01m 3 p,

DECISÃO DO CONSUMIDOR 17 onde X é o número de bonecas procurado, m é o rendimento da Mafalda, que é de 8 000, e p é o preço de cada boneca. Admita que esse preço passou de 20 para 30. Nesta situação de subida do preço, que rendimento teria de ter agora a Mafalda, de modo a poder adquirir todos os bens que comprava anteriormente (quer bonecas, quer os outros bens)? RESOLUÇÃO X( m, p) p= 20 = 0,01m 3 p X( m, p) p= 20 = 20 X( m, p) = 20; 20 = 0,01m 3 30 m = 11000. O rendimento necessário para que a Mafalda mantivesse o mesmo poder de compra depois da subida do preço, teria de ser igual a 11000. EXERCÍCIO 3 O Luís tem uma função procura pelo bem 1 dada pela expressãox 1 = 30 p 1, onde p 1 é o preço de mercado do bem, o qual é igual a 10. a) Determine a utilidade total que o consumo deste bem tem para o Luís. b) Na hipótese do Luís ser forçado a desistir do consumo do bem 1, que compensação é que ele iria exigir em troca? Que nome daria a essa compensação? c) Admita agora uma variação de preço no bem 1. O preço inicial de 10 passou a 15. Qual a perda de bem-estar associada ao facto do Luís pagar agora mais por todas as unidades que consome?

18 MICROECONOMIA EXERCÍCIOS PRÁTICOS RESOLUÇÃO X1 = 30 p1; p1 = 10 X1 = 20 (a) p 1 30 15 A 10 B 15 20 30 X 1 a) Utilidade total do consumo do bem ( U T ) gráfico (a): (30 10) 20 UT = Áreas ( A + B) = + (10 20) = 400. 2 Esta utilidade total, consiste no valor total que as 20 unidades consumidas têm para o Luís, e traduzem o valor do excedente bruto do consumidor. b) Em troca, ele iria exigir o equivalente ao excedente líquido do consumidor, ou seja, o equivalente à área A do gráfico acima: 200. c) p1 = 15 X1 = 15 (b) p 1 30 15 10 C 15 20 30 X 1

DECISÃO DO CONSUMIDOR 19 A área C a sombreado do gráfico (b), mede a perda associada ao pagamento ao preço de 15, das unidades que agora consome: Área C = (15 10) 15 = 75. EXERCÍCIO 4 A Josefa vai regularmente ao supermercado com a mãe. Como tal, resolveu pôr à prova os seus conhecimentos de preferência revelada adquiridos na unidade curricular de Microeconomia. Em duas idas ao supermercado, ela observou por parte da mãe o seguinte comportamento: da primeira vez, ela comprou 5 pães a 1, 5 cada e 4 litros de leite a 0, 60 cada; da segunda vez, as suas compras de pão e leite foram as seguintes: 4 pães a 1, 7 cada um, e 6 litros de leite a 0, 70 por litro. Terá a Josefa concluído que o comportamento da mãe foi racional? RESOLUÇÃO Quadro da preferência revelada: Preços ( ) Cabazes de consumo (5, 4) (4, 6) Situação I (1,5; 0,6) 1,5 5 + 0,6 4 = 9,9 1,5 4 + 0,6 6 = 9,6 Situação II (1,7; 0,7) 1,7 5 + 0,7 4 = 11,3 1,7 4 + 0,7 6 = 11,0 A Josefa só pode ter concluído, que o comportamento da mãe foi racional, na medida em que não violou qualquer axioma da preferência revelada. Quando comprou o cabaz (5, 4) na situação I aos preços (1,5; 0,6), o cabaz (4, 6) estava aquisitivo; se não o adquiriu foi porque não quis, logo o primeiro cabaz é diretamente revelado preferido ao segundo. Quando, numa segunda situação compra o cabaz (4, 6) por 11,0 aos preços (1,7; 0,7) o cabaz (5, 4) não se encontrava aquisitivo, pelo que não houve no seu comportamento qualquer evidência de violação dos axiomas da preferência revelada.

20 MICROECONOMIA EXERCÍCIOS PRÁTICOS EXERCÍCIO 5 Numa situação em que as preferências de um dado consumidor permanecem estáveis ao longo do período em análise, as quantidades escolhidas de três bens e os preços praticados em três momentos diferentes, estão em evidência no quadro abaixo. Momento X 1 X 2 X 3 P 1 P 2 P 3 1 5 4 4 3 1 2 2 7 6 5 4 2 2 3 3 6 7 3 1 4 Admitindo que é possível ordenar sem qualquer ambiguidade os três cabazes consumidos em cada um dos momentos, que ordenação proporia? Sugestão: elabore o quadro da preferência revelada e faça a sua análise completa, fazendo referência a todas as relações possíveis entre os cabazes, para poder depois retirar conclusões precisas acerca da ordenação a propor. RESOLUÇÃO Preços Cabazes Cb 1 = (5, 4, 4) Cb 2 = (7, 6, 5) Cb 3 = (3, 6, 7) P 1 = (3, 1, 2) 27 37 29 P 2 = (4, 2, 2) 36 50 38 P 3 = (3, 1, 4) 35 47 43 Analisando cada linha: Linha 1: quando o cabaz 1 foi adquirido aos preços (3,1,2), nem o cabaz 2 nem o cabaz 3 se encontravam aquisitivos a esses preços. Linha 2: o cabaz 2 é diretamente revelado preferido ao cabaz 1, sendo também ele diretamente revelado preferido ao cabaz 3, já que ambos estavam aquisitivos quando o cabaz 2 foi comprado aos preços (4,2,2), e ambos foram preteridos.

DECISÃO DO CONSUMIDOR 21 Linha 3: o cabaz 3 é diretamente revelado preferido ao cabaz 1, já que este se encontrava disponível quando o cabaz 3 foi adquirido aos preços (3,1,4); como tal, tendo sido preterido, podemos afirmar que o consumidor prefere o cabaz 3 ao cabaz 1. Quanto ao cabaz 2, ele não estava aquisitivo quando da compra do cabaz 3. Conciliando o resultado da análise nas várias linhas, podemos concluir o seguinte: 1. Sendo o cabaz 2 diretamente revelado preferido ao cabaz 3 e o cabaz 3 diretamente revelado preferido ao cabaz 1, tendo em conta a conjugação da preferência revelada com a transitividade, podemos afirmar que o cabaz 2 é indiretamente revelado preferido ao cabaz 1; 2. Não existe qualquer violação dos axiomas da preferência revelada, pelo que as escolhas do consumidor em questão podem ser apelidadas de racionais; 3. Tendo em conta as escolhas evidenciadas em cada linha, a ordenação dos cabazes será a seguinte: (cabaz 2 em primeiro lugar; cabaz 3 em segundo lugar, e finalmente o cabaz 1 em terceiro). Exercícios propostos para resolução EXERCÍCIO 1 Admitindo a possibilidade dos quantitativos dos cabazes poderem ser medidos em números não inteiros, escolha, relativamente ao exercício nº4 atrás apresentado, um cabaz a ser consumido na situação II, que levaria as preferências da mãe da Josefa a não respeitarem o Axioma Fraco da Preferência Revelada. Solução: cabaz (4; 6,5). EXERCÍCIO 2 a 1 a Se U( x, y) = x y for a função de utilidade que o consumo dos bens x e y conferem a um dado consumidor, numa situação em que ele maximiza a sua satisfação para um dado rendimento m, qual será a quantidade consumida do bem x? Solução: x = am / px.

22 MICROECONOMIA EXERCÍCIOS PRÁTICOS EXERCÍCIO 3 1/ 2 1/ 4 Dada a função de utilidade U( x1, x2) = x1 x2, que inclinação terá a curva de Engel para o bem 1? m 1 Solução: = 3 p1(2). x1 EXERCÍCIO 4 A Carlota é bastante gulosa e adora bombons de cereja, de ginja e de Praliné. Durante este mês ela comprou 15 bombons de cereja, 5 de ginja e 15 de Praliné. Porque a colheita de cerejas ficou abaixo das expetativas dos produtores, a Carlota espera que no próximo mês se verifique um aumento para o dobro do preço dos bombons de cereja. Se tal se concretizar, a Carlota escolherá comprar 10 bombons de cada variedade. Situação Preço dos Bb de cereja ( ) Preço dos Bb de ginja ( ) Preço dos Bb de Praliné ( ) Rendimento da Carlota ( ) Mês atual 2 4 2 80 Próximo mês 4 4 2 100 Avalie a racionalidade do comportamento da Carlota, e, calculando os índices de quantidades de Laspeyres e de Paasche, retire as devidas conclusões. Solução: As escolhas da Carlota são racionais, não violando qualquer axioma da preferência revelada. L q = 1: ficará pior se consumir o cabaz do próximo mês (preterido); P q = 0,91: ficará pior se consumir o cabaz do próximo mês.

Natércia dos Anjos Arranhado Silveira Godinho Mira obteve o grau de licenciada em Economia em 1981 pela Universidade de Évora. Também pela Universidade de Évora, foi-lhe conferido em 1994 o grau de Doutor em Economia. Professora associada do Departamento de Economia da Universidade de Évora desde 1986, tem lecionado unidades curriculares na área da Microeconomia e Economia Industrial aos 1º, 2º e 3º Ciclos dos cursos de Economia e Gestão, tendo sido principalmente nesses domínios que tem desenvolvido a sua atividade de investigação ao longo de mais de trinta anos. Para uma boa e eficaz consolidação das matérias teóricas lecionadas ao nível do primeiro ciclo na maior parte das licenciaturas e outras graduações de nível intermédio onde se aborde a microeconomia, este livro de exercícios é um excelente instrumento de trabalho para garantir uma melhor preparação dos alunos para as provas de avaliação que terão de realizar. Com uma estrutura idêntica à do livro de texto Microeconomia, da mesma autora, este livro de exercícios apresenta em cada um dos seus catorze capítulos uma pequena síntese teórica, seguida pela apresentação de um conjunto de exercícios: os primeiros resolvidos e os seguintes, propostos para resolução, acompanhados da respetiva solução. Cada capítulo termina com questões de escolha múltipla com solução onde os alunos podem testar a sua compreensão relativamente aos conteúdos teóricos inicialmente propostos em cada capítulo. Microeconomia Exercícios Práticos ISBN 978-972-618-855-1 529 9 789726 188551