Psicanálise Integrativa

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Transcrição:

Psicanálise Integrativa ENRIQUE DANIEL TOSI BENTANCUR Psicanalista 1

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Quando você atinge a iluminação não se torna uma nova pessoa. Na verdade, você não ganha nada, apenas perde algo: se desprende de suas correntes, de suas amarras, deixa para trás seu sofrimento. OSHO. 4

Índice Comentários Preliminares...7 Prefácio...9 Introdução...17 Psicanálise e Freud...26 Psicanálise e Física Quântica...34 Melanie Klein...44 Psicanálise Lacaniana...53 Psicanálise Junguiana...62 Introdução à Psiquiatria...70 Neuroses e Psicoses...79 Escolas Psicanalíticas...88 O Uso da Intuição...99 Psicologia de Grupos e a Análise do Ego...107 Teoria Psicanalítica de Winnicott...116 Teoria do Aconselhamento...125 5

Aconselhamento de Pacientes Terminais...134 Psicanálise e Religião...142 Introdução à Psicologia...151 Análise Didática e Clínica...159 A Interpretação do Sonhos...167 6

Comentários Preliminares Passaram-se quinze anos desde o surgimento do meu primeiro livro, " A Arte Mágica" (2001), uma obra que foi o resultado dos aprendizados que tive essencialmente na minha infância com meus pais. Minha família era praticante de ocultismo, dito, foi apresentado para mim com uma certa naturalidade. De fato, minha adolescência e o inicio da face adulta foram marcados por intermináveis horas de estudos sobre hermetismo, magia egípcia, cabala, wicca, necromancia, astrologia, entre outros sistemas de cunho mágico, por outro lado, as ciências humanísticas sempre foram do meu agrado, o que me fez procurar clássicos como "A Divina Comedia", "Goethe" e "A Iliada",do mesmo modo, achava sumamente interessante os textos de Nietsche, Lovecraft, E.A.Poe, Carl 7

Jung e Sigmund Freud. Com o passar dos anos (após a edição do meu primeiro livro), dediquei-me ao estudo de civilizações antigas, das plantas medicinais e em especial nas teorias de Jung e Freud. Chegada uma certa época da minha vida iniciei os estudos formais em Psicanálise Clínica, muitas questões que abordei no meu primeiro livro (embora seja uma obra de cunho plenamente mágica), possuíam um elo em comum, como por exemplo o inconsciente coletivo, a teoria da sincronicidade e a interpretação dos sonhos. De fato este livro representa uma segunda etapa da minha vida, não somente desde uma visão profissional, e sim, de autoconhecimento. Enrique Daniel Tosi Bentancur. Psicanalista Lajeado, 19 de Dezembro de 2016 8

Prefácio O surgimento e a trajetória da Psicanálise está diretamente relacionada ao médico neurologista Sigmund Freud (1856-1936). Seus postulados e teorias revolucionaram o século XX formulando uma nova ciência, a Psicanálise; apresentando outra visão sobre as neuroses, o desenvolvimento psicossexual, o inconsciente, a subjetividade, o aparelho psíquico, o inconsciente, entre tantos outros conceitos que modificaram e marcaram a forma de ver e entender a psique humana. De fato, várias áreas do saber humano se beneficiaram com os conceitos freudianos, em especial a psiquiatria, a psicologia e a sociologia. A Psicanálise, embora tenha apresentado conceitos aceitos por parte da psicologia, esta é uma ciência independente da psicologia. A formação do psicanalista e o psicólogo são completamente diferentes, a psicologia é estudada a nível universitário e possui o reconhecimento acadêmico, por outra lado, a psicanálise não é ensinada em universidades a não ser durante a própria graduação em psicologia. Freud, postulou uma 9

psicanálise para todos, sem vínculos acadêmicos ou ligações diretas à medicina, ao mesmo tempo defendia a criação de centros psicanalíticos ou escolas de psicanálises. A formação psicanalítica ortodoxa baseia-se em um ternário ou tríplice psicanalítico, por um lado o aspirante a psicanalista deverá estudar a teoria, o legado de Freud e de outros grandes nomes que influenciaram e contribuíram com a psicanálise, como por exemplo, Lacan (1901-1981) o qual fez um retorno a Freud, apresentando novos conceitos, tanto próprios quanto esclarecedores e atuais do freudismo, por outro lado é mister ressaltar as contribuições de Melanie Klein (1882-196) e Winnicott (1896-1971) na psicanálise infantil; de fato o surgimento da Psicanálise é atribuída a Sigmund Freud, mas, como toda ciência os colaboradores da mesmo são tão importantes quanto seu fundador, entre os colaboradores da Psicanálise e ao mesmo tempo da Psicologia destaca-se Carl Jung ( 1875-1961), o qual era amigo de Freud. Dita amizade entretanto não foi duradoura em virtude de discrepâncias relacionadas aos conceitos defendidos por cada pesquisador, como por exemplo a origem das neuroses as quais conforme Freud teriam uma origem sexual, o mencionado conceito não era aceito por Jung, do mesmo modo Jung considerava a existência de um inconsciente coletivo e do fator da espiritualidade o qual não era compartilhado por Freud. O segundo pilar da formação do psicanalista é a 10

análise didática, ou seja sua própria análise, colocando o aspirante a analista no papel de analisado. Neste ponto é mister citar os conceitos de Lacan, o qual postulou que a própria análise forma o analista. E por último, para finalizar o tripé psicanalítico, a prática supervisionada. Cabe ressaltar que existem outras diferenças notórias e vitais entre a Psicanálise e a Psicologia que abarcam desde suas origens, métodos terapêuticos e pesquisa; a Psicologia é muito mais antiga que a Psicanálise, remontando-se historicamente à Grécia antiga e aquele considerado como primeiro psicólogo, Aristóteles (384 AC-322 AC). A Psicologia fez sua entrada como ciência propriamente dita na época moderna através trabalhos e pesquisas do alemão Wilhelm Wundt (1832-1920), Wundt, baseava-se no Positivismo e observava o ser humano desde um ponto de vista cientifico, do mesmo modo que o pesquisador analisa uma planta ou um animal em um laboratório. Freud, era medico especializado em neurologia e não psicólogo, para ele os tratamentos da época se demonstravam ineficazes. Tanto a Psicologia quanto a Psiquiatria ou a Neurologia não haviam sido influenciadas pelos conceitos legados por Freud, em especial, o inconsciente; dito conceito revolucionaria os princípios abordados por todas as ciências sobre a psique humana, entretanto o inconsciente embora seja atribuído a Freud, este teve duas grandes influencias, uma delas foi o 11

período que estudou com o psiquiatra Jean-Martin Charcoth (1825-1893) em Paris, o qual acreditava na existência de uma segunda mente, do mesmo modo as experiências clínicas realizadas com o Dr. Josef Breuer (1842-1925) foram de vital importância para Freud. Destaca-se entre as experiências realizas com Breuer o uso da hipnose como tratamento na histeria, em especial o famoso caso Anna O. Para Freud este fenômeno se daria em virtude da existência de uma continuidade do inconsciente, entretanto por algum motivo eram de difícil acesso ao consciente, em base destas observações Freud postula o determinismo psíquico, dito determina a existência de processos oriundos da mente inalcançáveis pelo consciente, este processos são as bases para os postulados do aparelho psíquico. De fato, o aparelho psíquico apresentado por Freud sofreu durante suas teorizações várias modificações; entretanto, sua última teoria baseia-se na estruturação da mente, separando-a em Id, Ego e Superego. O Id indicariam os impulsos e desejos constantes, ditos impulsos são constituintes psíquicos os quais levam o sujeito a estados de tensão; ainda, a energia que alimenta e move os impulsos, conforme Freud, seria agressiva ou libidinal, já a parcela de energia usada em um determinado objeto é denominada de catexia. Por outro lado o Ego controlaria os impulsos constantes do Id e o Superego, censurando o Id através daquilo que o sujeito aprendeu como correto e moral. Cabe ressaltar que embora o Id o Ego e o 12

Superego possuam funções diferentes, estes interagem entre si e formam ao mesmo tempo a estrutura do aparelho psíquico na teoria freudiana. O ponto central das ideias psicanalíticas é o conceito do inconsciente, sendo este o objeto vital dos estudos da Psicanálise, aquilo que escapa da objetividade. Diferente da Psicologia, na qual o psicólogo situa-se desde um ponto de vista externo na terapêutica, já Freud, através própria auto-analise apoia-se tanto na formação de conceitos tanto na terapêutica. A abordagem freudiana é de fato inovadora perante ciência, colocando o analista e analisado na mesma pesquisa, na mesma freqüência, através daquilo que Freud denominou de transferência e contratransferência. Freud, postulou ainda que os sonhos são o caminho principal para alcançar o inconsciente; por outro lado, Jung não descartou a via dos sonhos, mas colabora na teoria psicanalítica colocando tanto o analisado quanto o analista numa jornada de autoconhecimento, de conhecer-se a si mesmo. Freud, aprendeu junto com suas pacientes histéricas através da escuta, do diálogo, foi por meio do discurso do paciente que Freud criou essencialmente a teoria e prática psicanalítica, entretanto, a ideia do diálogo não é nova, tal, remonta historicamente a Sócrates (469 AC-399 AC), o qual poderia ser considera o primeiro psicanalista. Sócrates, afirmava que o 13

conhecimento estaria latente em todos os seres humanos, porém, estes não eram conscientes do mesmo, do mesmo modo, considerava que o diálogo entre duas pessoas faria com que o analisado alcança-se o conhecimento, tornando-se consciente e desenvolvendo suas próprias ideias e conclusões. Observa-se aqui a principal ferramenta terapêutica da Psicanálise, a cura através da palavra. O pai da Psicanálise procurou buscar métodos para garantir que seus postulados sejam acreditados pela ciência, sendo como mencionado de formação acadêmica em medicina, procurou estabelecer normas, princípios e leis como modo de formalizar seus achados na psique humana; ainda, procurou criar um modelo da psique através do conceito do inconsciente dinâmico. Conforme Freud, não é possível abordar de modo direto o inconsciente, porém, pode-se apreciar através das suas formações, como por exemplo, os sonhos, chistes, atos falhos, entre outros, a partir deste sentido surge a expressão Psicopatologia da vida Cotidiana. O método utilizado pela Psicanálise ortodoxa baseia-se basicamente na interpretação das resistências que o paciente apresentar e da transferência e da interpretação da associação livre, na qual o paciente fala tudo aquilo que vier na sua mentem sejam estes sonhos, fantasias, desejos, entre outros. A observação do cotidiano e a infância do paciente também são 14

fundamentais para a devida interpretação do conteúdo. De fato o analista convidará o paciente a falar, para que possa ser atingindo o princípio essencial a cura pela palavra. O analista não poderá apresentar nenhum tipo de julgamento, procurando outorgar ao paciente uma área segura onde possa expressas seus medos e traumas; através da associação livre o paciente será consciente dos conteúdos inconscientes e como observado por Freud, quando o paciente associa e atinge o trauma, este sentese aliviado, diminuindo a pressão do Id sobre o Ego, vencendo os mecanismos de defesa. Cabe ressaltar a importância dos estudos da Psicopatologias, para poder diagnosticar de forma precisa, entretanto, os sintomas podem várias no processo de análise, do mesmo modo que uns podem desaparecer outros podem surgir; observa-se na clínica que a queixa principal que leva o sujeito a procurar um analista nem sempre é o trauma propriamente dito, e sim sintomas de um trauma inconsciente. Para que surja um tipo de psicopatologia o sujeito deverá apresentar algum tipo de conflito psíquico, Freud atribuía dito a algum tipo de sedução sexual durante a infância, seja esta real ou imaginaria; entretanto, na atualidade sabe-se dos fatores hereditários genéticos que podem influenciar na psique humana e neste ponto devese observar o trabalho em equipe entre os profissionais de saúde tanto por parte do clinico geral, o psiquiatra, 15