Desinfecção, Acondicionamento e Vazamento de Moldes de Alginato por Alunos de Graduação DISINFECTION, TEMPERING AND POURING OF IRREVERSIBLE HYDROCOLLOID IMPRESSIONS BY DENTAL UNDERGRADUATES Rodrigo Othávio de Assunção e SOUZA* Romildo Antônio dos SANTOS FILHO** Helga Adachi Medeiros BARBOSA*** Denise Kanashiro OYAFUSO**** Fernando Eidi TAKAHASHI***** RESUMO Devido à alta aplicabilidade do alginato e do gesso pedra na Odontologia, o presente estudo teve como proposição avaliar os procedimentos de desinfecção, acondicionamento e vazamento de moldes de alginato por acadêmicos na Clínica Odontológica da UNESP/CSJCAMPOS, bem como sugerir manobras a fim de otimizarem os resultados desses trabalhos na clínica diária. Para tanto, um questionário com perguntas abertas e fechadas foi aplicado a 63 alunos do último ano do curso de Odontologia. Baseado nos resultados, os seguintes procedimentos foram sugeridos: providenciar água destilada para a manipulação do gesso; alertar os acadêmicos sobre a importância de uma espatulação vigorosa do gesso por no máximo 1 minuto, além de conscientizá - los da necessidade de manter o molde sempre no umidificador depois de ter sido vertido com gesso. ABSTRACT Because of the high applicability of alginate and calcium sulfate, the present study had as purpose evaluate the procedures of disinfection, tempering and pouring of irreversible hydrocolloid impressions by academic students at UNESP/CSJCAMPOS odontological clinic, as well as suggest maneuvers in order to optimize the results in the daily clinic. For that, an open/close questionary was applied to 63 last year students of dentistry school. Based on the results, the following procedures were suggested in order to optimize the obtaining of the casts in the daily clinic: provide distilled water for the calcium sulfate manipulation, alert academic students about the importance of vigorous calcium sulfate spatulation for a maximum of 1 minute, beyond alerting them about the necessity of keep up the mold at the humidifier after it has been poured. DESCRITORES Desinfecção; Colóide; Sulfato de cálcio. DESCRIPTORS Disinfection; Colloid; Calcium sulfate. * Aluno do curso de Especialização em Prótese Dentária da Universidade Paulista UNIP/SP e do Programa de Aperfeiçoamento Continuado (PROAC) em Prótese Parcial Fixa da UNESP/CSJCAMPO. ** Aluno do Programa de Aperfeiçoamento Continuado (PROAC) em Prótese Parcial Fixa da UNESP/CSJCAMPOS. *** Aluna do Curso de Graduação da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN. **** Aluna do Curso de Pós-Graduação (Doutorado) em Prótese Parcial Fixa da UNESP/CSJCAMPOS. **** Professor Assistente Doutor da Disciplina de Prótese Parcial Fixa da UNESP/CSJCAMPOS. 91
INTRODUÇÃO A obtenção de modelos como meio auxiliar de diagnóstico, planejamento e tratamento em Prótese Dentária exige do profissional muita atenção, já que os modelos devem reproduzir com exatidão os tecidos moldados e apresentar acuidade dimensional (VANZILLOTA; SOARES; FERNANDES, 2002; PHILLIPS et al., 1998). Tais aspetos merecem atenção especial quando se utiliza o hidrocolóide irreversível (alginato) como material de moldagem, desde a manipulação, armazenamento e desinfecção do molde até o vazamento do gesso. A preferência pelo alginato prende - se ao fato de seu custo ser relativamente baixo, a facilidade de uso, dispensando equipamentos sofisticados para sua preparação (BASTOS; SOUZA, 2003; PHILLIPS et al., 1998), além de ser de fácil limpeza e permitir o controle do tempo de trabalho (UEDA; MODAFFORE, 2001). Muitos são os trabalhos existentes e em desenvolvimento a cerca dos alginatos, principalmente no que diz respeito à desinfecção, alteração dimensional e detalhes da área chapeável dos seus moldes, objetivando uma melhora no aproveitamento de suas propriedades. Embora seja o material de moldagem mais utilizado na Odontologia, sofre grandes alterações dimensionais toda vez que o molde não é preenchido com gesso num determinado espaço de tempo e em condições ambientais adequadas (SCARANELO; PEREIRA; BOMBONATTI, 2002; UEDA; MODAFFORE, 2001; ARAÚJO; MORAES, 1993). Tais cuidados são negligenciados pela maioria dos profissionais, levando muitas vezes ao insucesso do procedimento, e conseqüentemente à formação de uma imagem negativa deste material de moldagem. Com o crescente número de doenças infecto contagiosas, a necessidade da desinfecção dos moldes tornou - se um procedimento indispensável nos consultórios odontológicos. O alginato, durante a moldagem, entra em contato com a saliva, biofilme dental e sangue do paciente, podendo transmitir facilmente doenças virais (herpes, hepatite e AIDS) para o cirurgião - dentista como também para o corpo auxiliar (MINAGI et al., 1987; MENEZES et al., 1998; OSORIO et al., 1998; BERGMAN, 1989). Pesquisas têm demonstrado que a desinfecção dos moldes é um passo estritamente necessário (MINAGI et al., 1987; SCHUTT, 1989; MENEZES et al., 1998; TOBIAS; BROWNE; WILSON, 1989; CURTI JÙNIOR; CAMPANHA, 1976; CRAIG; POWERS; WATAHA, 2002). Num estudo realizado por OSORIO et al. (1998), verificou-se que dos moldes de alginato que não passaram pelo processo de desinfecção 100% apresentaram resultado positivo nas análises de turvação dos meios de cultura e na analise microscópica da presença de bactérias. Segundo VANDEWALLE et al. (1994), é importante que o agente desinfectante, além de possuir um potencial antimicrobiano satisfatório, não degrade as propriedades físicas do material de impressão e dos modelos de gesso resultantes. De acordo com BERGMAN (1989), todo molde deve ser lavado em água corrente, para remover a saliva e o sangue, e desinfectado e vazado com gesso logo em seguida; assim, os modelos de gesso poderiam ser transferidos para o laboratório. Tal procedimento resulta na eliminação ou redução da distorção e numa diminuição substancial do risco de infecção cruzada. Várias pesquisas têm sido realizadas com o intuito de determinar qual o método de desinfecção mais adequado, com um objetivo único de obter um modelo desinfectado e o mais fiel possível. Para PHILLIPS et al. (1998) o procedimento de desinfecção de deve ser rápido, a fim de prevenir alterações dimensionais. CUCCI et al. (1984) acrescentou ainda que o molde deve ser armazenado em ambiente de umidade relativa a 100%, durante o período transcorrido desde a moldagem até o vazamento com gesso. Além dos cuidados que se deve ter com o molde, o gesso também merece atenção especial, principalmente no que diz respeito à sua manipulação, proporção água/pó e seu armazenamento durante a presa. O primeiro passo para uma manipulação correta do gesso, é utilizar a quantidade de água e de hemiidratado indicados pelo fabricante de cada produto, porque tanto o excesso quanto a falta de água na mistura afetam a resistência do modelo (PHILLIPS et al., 1998). É interessante notar que o tempo de espatulação também influencia na resistência final do gesso (PEREIRA et al., 2002). Devido à alta aplicabilidade desses materiais na Odontologia, o presente trabalho tem como proposição analisar e sugerir procedimentos relacionados à desinfecção, acondicionamento e vazamento dos moldes de alginato com gesso, para a obtenção de melhores resultados nas Clínicas Odontológicas. METODOLOGIA Para o desenvolvimento desta pesquisa um questionário foi aplicado a 63 Graduandos do último ano do Curso de Odontologia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho UNESP/CSJCAMPOS. O questionário aborda aspectos importantes, como: a realização, tipo e tempo de desinfecção do molde; proporção água/gesso; tipo de água utilizada; espatulação do gesso; vazamento e presa do gesso. 92
Modelo do Questionário Faculdade de Odontologia/ UNESP/CSJCAMPOS PESQUISA: Desinfecção, Acondicionamento e Vazamento dos Moldes de Alginato por Alunos de Graduação da UNESP/CSJCAMPOS. Nº------------ 1-Desinfecção do molde Sim ( ) Não ( ) 2-Tipo de Desinfecção Spray de glutaraldeído a 2% em recipiente fechado ( ) Spray de hipoclorito de sódio a 1% em recipiente fechado( ) Imersão em glutaraldeído a 2% ( ) Imersão em hipoclorito de sódio a 1% ( ) Outros: -------------------------------- 3-Tempo de Desinfecção 10 min ( ) 30 min ( ) 1h ( ) Outro: -------- 4- Proporção Água/gesso Aleatória ( ) Peso/Volume ( ) 5-Tipo de Água Destilada ( ) Torneira ( ) Bidestilada ( ) 6-Espatulação do Gesso Manual ( ) Mecânica ( ) 7-Vazamento do Gesso Manual ( ) Auxílio do vibrador ( ) 8- Presa do Gesso No umidificador ( ) Ao ar livre ( ) RESULTADOS Tabela 3 - Proporção água/gesso. Proporção Freqüência (%) Aleatória 16 25,40 Peso/volume 47 74,60 Tabela 4 - Tipo de água utilizada. Água Freqüência (%) Torneira Tabela 5 - Espatulação do gesso. Espatulação Freqüência (%) Manual Tabela 6 - Vazamento do gesso. Vazamento Freqüência (%) Com auxílio do vibrador Tabela 5 - Presa do gesso. Presa Freqüência (%) Ao ar livre Os dados foram obtidos através da aplicação do questionário e foram analisados e representados em seguida na forma de tabelas, em valores numéricos e percentuais. Tabela 1 - Desinfecção do molde. Desinfecção Freqüência (%) Realizam 54 85,71 Não Realizam 09 14,29 Tabela 2 - Tipo e tempo de Desinfecção do molde. Tipo de Desinfecção Freqüência (%) Spray de glutaraldeído a 2% - recipiente fechado / 10 min. Spray de glutaraldeído a 2% - recipiente fechado / 10 min. 05 9,26 49 90,74 Total 54 100,0 DISCUSSÃO O presente estudo procurou abordar aspectos que devem ser seguidos a fim de se obter resultados satisfatórios na desinfecção do molde e qualidade final do modelo. Observou - se que o processo de desinfecção do molde de alginato é realizado por 85,71% dos alunos (Tabela 1). Segundo Craig e Powers (2004) todos os moldes de alginato devem ser desinfetados antes de serem vazados com gesso. Recomendações para a diminuição dos riscos de infecções cruzadas entre o consultório dentário e o laboratório dental também têm sido feitas pela Associação Dental Americana (ADA) e apenas a utilização de soluções desinfetantes é que pode evitar tal contaminação cruzada. Esse procedimento é de fundamental importância para a prevenção de doenças, além de que, quando corretamente conduzido, não provoca alteração na moldagem (NASCIMENTO et al., 1999; TULLNER; COMMETTE; MOON, 1988; CRAIG; POWERS, 2004). 93
De acordo com a Tabela 2, 90,94% dos alunos que realizam a desinfecção utilizam o hipoclorito de sódio a 1% na forma de spray, durante 10 minutos e o restante, 9,26%, utiliza o glutaraldeído a 2% na forma de spray. Como os moldes de alginato são muito sensíveis a alterações ambientais, durante a desinfecção devem ser mantidos em recipiente fechado a 100% de umidade, seja em um saco plástico fechado ou em um umidificador (NASCIMENTO et al., 1999; CRAIG; POWERS, 2004; CUCCI et al., 1984). Segundo Barbosa et al. (2003), os moldes de alginato expostos a condições ambientais durante 15 minutos sofrem alteração dimensional, entretanto mantêm a sua estabilidade quando armazenados no umidificador durante o mesmo período. Segundo Bergman, Maud e Olson (1985) e Olsson, Bergman e Bergman (1987), as soluções desinfetantes na forma de spray apresentaram resultados superiores quando comparada à forma de imersão. Já para Vanderwalle et al. (1994) e Osório et al. (1998), a imersão dos moldes de alginato em soluções desinfetantes durante 10 minutos, é um método eficaz de desinfecção, além de não provocar nenhuma alteração no modelo de gesso. Entretanto, a maioria dos estudos têm demonstrado que o hipoclorito de sódio 1% na forma de spray é o método mais indicado para a desinfecção dos moldes de alginato, uma vez que esta substância na forma de imersão tende a corroer as moldeiras metálicas, além de consumir mais material. Já o glutaraldeído a 2% embora seja tão eficaz quanto o hipoclorito de sódio 1%, deve ser evitada, pois a inalação do aldeído é altamente tóxica ao nosso organismo (COUNCIL ON DENTAL MATERIALS, 1998; Menezes et al., 1998; NASCIMENTO et al., 1999; TAN et al., 1993; CRAIG; POWERS, 2004). Com relação à proporção água: gesso constatou - se que 74,6% dos graduandos pesam o gesso e medem a água para o processo de espatulação, e apenas 25,4% manipulam o gesso aleatoriamente (Tabela 3). A prática comum e repetida de se adicionar água e pó várias vezes para conseguir a consistência adequada deve ser evitada, pois provoca expansão higroscópica e distúrbios na presa do gesso, causando, respectivamente, diminuição da resistência e distorção do modelo final (PEREIRA et al., 2002). Segundo Phillips et al. (1998), a relação correta água:pó é um fator importante para determinar as propriedades físicas e químicas do produto final da gipsita. Tal afirmação pôde ser comprovada nos estudos de Vanzillotta, Soares e Fernandes (2002), onde avaliando a resistência à compressão e as microestruturas do gesso tipo V, concluíram que uma alteração na proporção água:pó, independente do tipo de manipulação utilizada, causará uma diminuição da resistência à compressão desse modelo. Embora seja tentador aumentar o tempo de presa, aumentando-se a quantidade de água, isso não é 94 aconselhável, já que a resistência do material reduz a resistência do modelo, pois haverá a formação de lacunas no gesso após a evaporação da água em excesso. Portanto, é crucial proporcionar o pó e a água corretamente (CRAIG; POWERS; WATAHA, 2002). A alta incidência de acadêmicos da UNESP que pesam o gesso e medem a água para a espatulação do mesmo, deve - se à presença de balanças e provetas suficientes para atender as necessidades dos graduandos na Clínica de Prótese Dentária da UNESP/CSJCAMPOS e da disposição de pacotes de gessos previamente pesados (100gr) pelos funcionários da clínica, cabendo ao aluno o cuidado apenas de medir a água a ser utilizada na espatulação. No que diz respeito ao tipo de água empregada na manipulação do gesso, a água de torneira foi a utilizada por todos os acadêmicos, uma vez que a sua obtenção é mais fácil e de maior comodidade (Tabela 4). Entretanto, sempre que possível a água destilada deve ser utilizada, pois sabe - se que a água de torneira apresenta uma grande quantidade de elementos químicos em sua composição, particularmente de sais a base de sulfetos e fluoretos, que podem interferir na reação de presa do gesso (MILLER; GRASSO, 1990; BASTOS; SOUSA, 2003). Uma outra preocupação é com relação à temperatura da água utilizada na manipulação do gesso. De acordo com Craig e Powers (2004), a elevação da temperatura da água aumenta a mobilidade dos íons de cálcio e de sulfato, o que tende a aumentar a velocidade de reação e diminuir o tempo de presa do gesso, além de alterar a solubilidade relativa do sulfato de cálcio hemiidratado e do sulfato de cálcio diidratado. Segundo Craig, Powers e Wataha (2002) e Anderson (1976), se a temperatura da água é elevada acima de 37,5ºC o tempo de presa aumenta, porque o diidratado se torna mais solúvel em água, entretanto, se a água utilizada atingir 100ºC, o gesso não irá tomar presa. Sendo assim, com a utilização da água de torneira (Tabela 4), não se tem um controle da sua temperatura, principalmente nas épocas quentes. Portanto, seria melhor obter uma mistura resfriada a uma aquecida. A espatulação também é um passo extremamente importante, pois está diretamente relacionada ao tempo de presa do gesso e à resistência final do modelo. Freqüentemente, uma espatulação inadequada é causada pelo receio de que o material tome presa antes de ser vazado, entretanto tal receio não é justificável, a não ser que o gesso contenha aceleradores. De acordo com Craig, Powers e Wataha (2002) e Phillips et al. (1998), quando o gesso é misturado manualmente, a água e o pó devem ser espatulados vigorosamente durante 1 minuto. Já na espatulação mecânica, ainda é aconselhado mexer
manualmente o pó e a água por alguns segundos e só em seguida levar para o misturador mecânico por mais 30 segundos, pois só assim teremos uma espatulação eficiente. O tempo de espatulação está diretamente relacionado com a resistência final do gesso, pois tanto uma sub espatulação quanto uma superespatulação diminuem a resistência do modelo. Neste trabalho foi constatado que todos os graduandos realizam a espatulação manual (gral e espátula) para a obtenção dos modelos de gesso (Tabela 5). Embora a espatulação manual satisfaça as exigências clínicas, a espatulação mecânica gera modelos com resistência à tração superior, por incorporar uma quantidade menor de bolhas (PEREIRA et al., 2002; KIMBALLI, 1934). A máquina utilizada para a manipulação do gesso trabalha como uma centrífuga, numa alta velocidade, misturando o gesso e forçando o ar para fora, daí a explicação de uma menor presença de bolhas no modelo quando comparada com a técnica manual (ROSE, 1982; CRAIG; POWERS; WATAHA, 2002; ANDERSON, 1976). Alguns estudos têm demonstrado que quando se utiliza a espatulação mecânica, o tempo de presa e expansões de presa do gesso diminuem (ARAÚJO; NOLASCO, 1972; NOLASCO et al., 1990). Contudo, de acordo com Lima (1982), as técnicas de espatulação (manual a céu aberto e mecânica a vácuo) não modificaram a expansão de presa do gesso estudado. Portanto, devido á necessidade de um equipamento especial, parece-nos então que a espatulação mecânica está restrita aos trabalhos científicos. Outro passo importante na confecção do modelo de gesso é o vazamento do molde. Nesta pesquisa constatou - se que 100% dos alunos utilizam o vibrador como meio auxiliar para o vazamento dos moldes com gesso (Tabela 6). De acordo com os estudos de Kimbali (1934), os modelos de gesso que foram vazados com o auxílio de um vibrador obtiveram uma resistência de seis a oito por cento maior que os vazados manualmente. Verificou ainda que quando a espatulação mecânica é associada ao uso do vibrador, obtêm - se modelos aproximadamente 40% mais fortes. Esse aumento da resistência é explicado pelo fato da vibração minimizar a inclusão de bolhas de ar no interior do gesso, que por sua vez geram porosidades no modelo diminuindo a resistência, e por gerar uma excelente compactação do gesso no interior do molde (PEREIRA et al., 2002; ANDERSON, 1976). Dessa forma é importante que vibradores estejam disponíveis aos graduandos, a fim de melhorar o resultado dos trabalhos na clínica. Como constatado neste estudo (Tabela 7), no que diz respeito ao acondicionamento do molde de alginato vertido com gesso, verificou-se que todos os ), é graduandos questionados deixam a presa do gesso ocorrer ao ar livre. Contudo, vários trabalhos ressaltam a importância da presa do gesso sempre ocorrer em uma atmosfera com 100% de umidade, seja em um umidificador ou no interior de um saco plástico fechado contendo uma gaze úmida (ANDERSON, 1976; UEDA; MODAFFORE, 2001). Scaranelo et al. (2002) verificaram em seus estudos que quando se utilizou um meio de armazenamento para o molde de alginato, permitindo que o gesso em seu interior tomasse presa final, uma menor alteração dimensional ocorreu. A explicação para este fato é que como o alginato perde água para o meio ambiente, ele absorve água da superfície do gesso durante o endurecimento deste, alterando a proporção água:hemiidratado. Um outro motivo para a utilização do umidificador, de acordo com Craig, Powers e Wataha (2002), é impedir que os moldes de alginato sequem após serem vazados com gesso, pois eles se tornam rígidos e inflexíveis, aumentando o risco de fratura dos dentes no momento da remoção do molde. Os acadêmicos consultados deveriam ter uma preocupação maior com o molde depois de vazado com gesso, pois trata - se uma etapa tão essencial ao resultado final dos trabalhos clínico-laboratoriais quanto todas as outras analisadas anteriormente, além de ser de fácil execução e não demandar muito tempo para exercê - la. CONCLUSÕES Baseado nos resultados deste estudo pôde - se concluir que: 1) A maioria dos alunos realiza a desinfecção dos moldes de alginato; 2) A balança e a proveta são utilizadas pela maioria para proporcionar a quantidade de água e de gesso na espatulação; 3) A água destilada não é utilizada para espatulação do gesso; 4) A espatulação mecânica não é utilizada na clínica diária; 5) O vibrador é utilizado por todos os graduandos como meio auxiliar para o vazamento do gesso; 6) O umidificador não é utilizado como meio de armazenamento do molde durante a presa do gesso. REFERÊNCIAS ANDERSON, J. M. Applied dental materials. 5. Ed. São Paulo: Santos, 1976, p. 191-226. ARAÚJO, P. A.; NOLASCO, G. A. B. Influência da espatulação sobre a estrutura do gesso. Observação microscópica. 95
Estomat Cult, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 45-49, jan./jun. 1972. ARAÚJO, J. E. J.; MORAES, J. V. Alginato armazenamento em cuba umidificadora e tratamento de superfície. RBO, Rio de Janeiro, v. 50, n. 3, p. 38-41, mai./jun. 1993. BARBOSA, G. A. S. et al. Avaliação da estabilidade dimensional do alginato em relação ao tempo entre moldagem e vazamento e ao acondicionamento do molde. PCL, Curitiba, v. 5, n. 24, p. 133-137, mar./abr. 2003. BASTOS, E. L. S.; SOUSA, V. O uso de alginato por alunos de graduação - Parte I. PCL, Curitiba, v. 5, n. 23, p. 31-37, jan./fev. 2003. BERGMAN, B.; MAUD, B.; OLSSON, S. Alginate impression materials, dimensional stability and surface detail sharpness following treatment with disinfection solutions. Swed Dent J, Jonkoping, v. 9, n. 6, p. 255-262, 1985. BERGMAN, B. Disinfection of prosthodontic impression materials: a literature review. Int J Prosthodont, Philadelphia, v. 2, n. 6, p. 537-542, Nov./Dec. 1989. COUNCIL ON DENTAL MATERIALS, INSTRUMENTS AND EQUIPMENT, DENTAL PRACTICE AND DENTAL THERAPEUTICS. Infection control recommendations for the dental office and dental laboratory. J Am Dent Assoc, Chicago, v. 116, n. 2, p. 241-248, Feb. 1988. CRAIG, R. G.; POWERS, J. M.; WATAHA, J. C. Materiais dentários: propriedades e manipulação. 7. ed. São Paulo: Santos, 2002, p. 145-202. CRAIG, R. G.; POWERS, J. M. Materiais dentários restauradores. 11. ed. São Paulo: Santos, 2004. p. 339-399. CUCCI, A. L. M. et al. Hidrocolóide irreversível ou alginato. Estudo de alterações dimensionais lineares em moldes de alginato em função do tempo de armazenamento, em umidade relativa a 100%. Rev Assoc Paul Cirur Dent, São Paulo, v. 38, n. 2, p.177-184, mar./abr. 1984. CURTI JÚNIOR, A.; CAMPANA, R. A. Verificação do contaminação do hidrocolóide reversível em moldagens sucessivas. Rev Fac Odontol São José dos Campos, São José dos Campos, v. 5, n. 2, p. 83-85, jul./dez. 1976. KIMBALL, H. D. The study of the properties of plaster of paris and the effect of varying the manipulation. Dent Cosmos, Chicago, v. 76, p. 1281-90, 1934. LIMA, E. D. Influência da solução endurecedora sobre a expansão de presa do gesso pedra melhorado. Rev Odontol UNESP, Araçatuba, v. 11, n. 1/2, p. 65-71, 1982. MENEZES, L. M. et al. Avaliação dos efeitos da desinfecção nas moldagens de alginato. Ortodont Gaúcha, Porto Alegre, v. 2, n. 1, p. 27-43, jan./jun. 1998. MILLER, E. L.; GRASSO, J. E. Prótese parcial removível. 2. ed. São Paulo: Santos, 1990, p. 73-103. MINAGI, S. et al. Prevention of acquired immunodeficiency syndrome and hepatitis B. II: disinfection method for hydrophilic impression materials. J Prosthet Dent, Philadelphia, v. 58, n. 4, p. 462-465, Oct. 1987. NASCIMENTO, W. F. et al. Desinfecção de moldes: como, quando e por que? Rev Assoc Paul Cirur Dent, São Paulo, v. 53, n. 1, p. 21-24, jan./fev. 1999. NOLASCO, G. A. B.; FRANZON FILHO, P. R.; SOUZA, E. H. A. G. Influência da espatulação sobre o gesso. RGO, Porto Alegre, v. 38, n. 2, p. 93-95, mar./abr. 1990. OLSSON, S.; BERGMAN, B.; BERGMAN, M. Agar impression materials, dimensional stability and surface detail sharpness following treatment with disinfection solutions. Swed Dent J, Jonkoping, v. 11, n. 4, p. 169-177, 1987. OSORIO, A. F. et al. Avaliação da eficácia de agentes químicos na desinfecção de moldes de alginato. Rev Fac Odontol Porto Alegre, Porto Alegre, v. 39, n. 1, p. 17-19, jul. 1998. 96