ÍNDICE DE MORTALIDADE ASSOCIADO AO CÂNCER DE COLO UTERINO EM BARRA DO GARÇAS MT, ENTRE JANEIRO DE 2007 A JANEIRO DE 2012 Luanna Maria dos Santos Martins 1 Daniela Silva Reis 2 RESUMO O câncer de colo do útero é a principal causa de morte por câncer entre mulheres que vivem em países em desenvolvimento, é considerado o segundo tipo de câncer mais frequente entre a população feminina do estado do Mato Grosso elevando as taxas de mortalidade. Este estudo objetiva descrever o perfil epidemiológico levantando o índice de mortalidade associado à doença em Barra do Garças MT, entre janeiro de 2007 a janeiro de 2012. Para tanto buscou-se no Sistema de Informação sobre Mortalidade - SIM, via DATASUS, dados referentes ao período delimitado, tendo como resultado 33% e 34% dos óbitos ocorridos em mulheres com faixa etária entre 41-50 e 51-60, respectivamente, e 78% de raça parda. Os resultados apontam para a necessidade de incentivo a medidas preventivas de rastreamento precoce da doença, para que haja uma redução significativa na incidência e morbimortalidade de mulheres por câncer de colo uterino. Palavras-chave: Mortalidade; Papanicolaou; Epidemiologia. ABSTRACT Cancer of the cervix is the leading cause of cancer death among women living in developing countries, is considered the second most common type of cancer among the female population of the state of Mato Grosso rising mortality rates. This study aims to describe the epidemiological profile raising the mortality rate associated with the disease in Barra do Garças - MT, between January 2007 and January 2012. Therefore we sought the Mortality Information System - YES, via DATASUS delimited data for the period, resulting in 33% and 34% of deaths in women aged between 41-50 and 51-60, respectively, and 78% of mixed race. The results point to the need for preventive measures to encourage early screening of the disease, so there is a significant reduction in the incidence and mortality of women for cervical cancer. Key Words: Mortality; Papanicolaou; Epidemiology. 1 Graduada em Enfermagem. E-mail: hel.lua@hotmail.com 2 Enfermeira Mestre, Doutoranda em Saúde Pública. E-mail: danielareis@univar.edu.br 1. INTRODUÇÃO O câncer de colo do útero é a patologia que acomete a população feminina sendo considerada a principal causa de morte por câncer entre mulheres que vivem em países em vias de desenvolvimento (THULER, 2008). Segundo o Instituto Nacional do Câncer (2011) é caracterizado pela replicação desordenada do epitélio de revestimento do órgão, comprometendo o tecido subjacente (estroma) e podendo invadir estruturas e órgãos contíguos ou à distância. Já Rocha e Melo (2010) afirmam que o câncer cervical resulta do crescimento descontrolado de células anormais do colo uterino, sendo considerada uma doença de crescimento lento que acomete mulheres adultas, sexualmente ativas. Davim et al. (2005) o define [...] como afecção progressiva e é caracterizado por alterações intraepiteliais cervicais, podendo se desenvolver para um estágio invasivo ao longo de uma ou duas décadas. Possuindo etapas definidas e de lenta evolução, o que permite sua interrupção a partir de um diagnóstico precoce e tratamento oportuno a custos reduzidos. Segundo o INCA (2011), tem seu desenvolvimento lento, podendo cursar sem sintomas em fase inicial e evoluir para quadros de sangramento vaginal intermitente ou após a relação sexual, com secreção vaginal anormal e dor abdominal associada com queixas urinárias ou intestinais nos casos mais avançados. Dentre os fatores envolvidos no desenvolvimento do câncer de colo uterino, como afirmam Guerra et al. (2005), Robbins (2005) e Rocha e Melo (2010), o HPV (Papiloma Vírus Humano) é considerado o agente mais importante da oncogênese cervical, tendo sua transmissão por contato sexual, muito bem documentada na atualidade. O principal fator de risco para o desenvolvimento de lesões intraepiteliais de alto grau e do câncer do colo do útero é a infecção pelo HPV. Apesar de ser considerada uma condição 345
necessária, a infecção pelo HPV por si só não representa uma causa suficiente para o surgimento dessa neoplasia. Além de aspectos relacionados à própria infecção pelo HPV (tipo e carga viral, infecção única ou múltipla), outros fatores ligados à imunidade, à genética e ao comportamento sexual parecem influenciar os mecanismos ainda incertos que determinam a regressão ou a persistência da infecção e também a progressão para lesões precursoras ou câncer. A idade também interfere nesse processo, sendo que a maioria das infecções por HPV em mulheres com menos de 30 anos regride espontaneamente, ao passo que, acima dessa idade, a persistência é mais frequente. O tabagismo eleva o risco para o desenvolvimento do câncer do colo do útero. Esse risco é proporcional ao número de cigarros fumados por dia e aumenta sobretudo quando o ato de fumar é iniciado em idade precoce. Existem hoje 13 tipos de HPV reconhecidos como oncogênicos pela Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer (IARC). Desses, os mais comuns são o HPV16 e o HPV18 (INCA, 2011). De acordo com INCA (2011) entre 2007 e 2010, esta neoplasia representou a terceira causa de morte por câncer em mulheres, representando uma taxa bruta de mortalidade de 5,68% de óbitos para cada 100 mil mulheres, prova de que o país avançou na sua capacidade de realizar diagnóstico precoce é que na década de 1990, 70% dos casos diagnosticados eram da doença invasiva, ou seja, o estágio mais agressivo da doença. Atualmente 44% dos casos são de lesão precursora do câncer, chamada in situ, ou seja, um tipo de lesão localizada. O câncer do colo do útero, também chamado de cervical, demora muitos anos para se desenvolver. As alterações das células que podem desencadear o câncer são descobertas facilmente no exame preventivo (conhecido também como Papanicolaou), por isso é importante a sua realização periódica (INCA, 2011). Zaponi e Melo (2010) afirmam que o Brasil, apesar de ser o precursor na utilização da colposcopia associada ao exame citopatológico para a detecção precoce do câncer uterino e de suas lesões precursoras, ainda mantem elevadas taxas de mortalidade sobre a doença. Para Marques et al. (2011), a Sociedade Americana de Colposcopia e Patologia Cervical (ASCCP), bem como o Ministério da Saúde no Brasil, indicam a imediata avaliação colposcópica com amostragem endocervical para os casos de Células Glandulares Atípicas (ACG). O câncer de colo uterino pode ser evitado ou minimizado por intermédio de cuidados simples e de prevenção, realizando os exames preventivos anualmente, através de ações preventivas, voltadas para a saúde da mulher, contribuindo para a redução de problema de saúde, evidenciado por um número elevado de morbimortalidade associado ao câncer de colo uterino (INCA, 2011). Tal fato justifica que mulheres diagnosticadas precocemente, se tratadas adequadamente, têm em torno de 100% de chance de cura. Os programas de saúde pública enfatizam a necessidade de promoção e prevenção à saúde, com acompanhamento periódico através de rastreamento citológico, realizados na atenção básica de saúde, para detectar precocemente as lesões precursoras de neoplasias cervicais em todas as mulheres que já iniciaram a vida sexual, minimizando o risco de desenvolver tais neoplasias, e reduzir a morbimortalidade da doença (ROCHA e MELO, 2010). Apesar dos avanços tecnológicos e da criação de programas voltados para a promoção e prevenção da saúde, existe a necessidade de consolidação das políticas de saúde voltadas para a mulher, viabilizando o seu acesso aos serviços, melhorando a qualidade da assistência prestada, visando à identificação precoce destas neoplasias, fator este fundamental para um tratamento com êxito e redução da morbimortalidade associada ao câncer cervical uterino (ZAPPONI e MELO, 2010). Segundo Gomes et al. (2012), dados de estudos realizados em 2008 evidenciam que cerca de 275 mil óbitos por ano no mundo, se deve à presença de neoplasia maligna do colo uterino. Já Nakagawa et al. (2011), apontam que em estudos realizados entre 2002 e 2007 foram registrados 18 casos de óbitos por câncer de colo do útero no Estado de Mato Grosso. Para tanto, deve haver uma preocupação maior dos órgãos responsáveis pela saúde pública para que se tenha uma redução no índice de mortalidade por câncer de colo uterino. Segundo o INCA (2011 apud GOMES et al., 2012), o número de novos casos previstos para 2012 é de 17.540 e a estimativa prevista para os próximos anos é alarmante, e deve deixar os profissionais de saúde, bem como os serviços de saúde público ou privado, preparados para que sejam realizadas novas estratégias de enfrentamento do problema. Para Gomes et al. (2012, p. 42), o exame preventivo do câncer do colo uterino foi implantado na rede pública em 1999, e tem por finalidade a detecção precoce da neoplasia invasora e suas lesões precursoras por meio de análise citológica periódica do esfregaço obtido pela coleta utilizando a técnica de Papanicolaou. 346
O mesmo autor pontua que o Brasil, mesmo apresentando constantes esforços em educação da população e de disponibilização do exame pela rede pública, continua tendo taxas de incidência e mortalidade crescentes. Isso leva ao entendimento de que as ações propostas nos programas de prevenção do câncer de colo uterino não estão sendo eficazes para causar impacto na redução do índice de mortalidade no Brasil (GOMES et al, 2012). Conforme Bogliolo (2006), no Brasil, sobretudo em algumas regiões, as neoplasias malignas ainda se fazem presente, ao contrário de muitos outros países, devido ações bem-sucedidas de programas de atenção à saúde, lesões précancerígenas são precocemente detectadas, o que permite um tratamento eficaz da doença. Segundo o Ministério da Saúde (2004 apud BARROS, 2009), para que um programa de rastreamento cause impacto epidemiológico, é necessário realizar uma cobertura superior a 80%, o que representa um impacto de 50% na redução da mortalidade. Brunner e Suddarth (2008) trazem que o aconselhamento preventivo deve incluir o retardo da primeira relação sexual, prevenção quanto a infecção por HPV, bem como a imunização, educação sobre saúde reprodutiva e sexo mais seguro, cessação do tabagismo, a fim de se reduzir a incidência de câncer de colo uterino. Isso significa que os fatores de risco influenciam no aparecimento das lesões cancerígenas de forma drástica, podendo ser evitadas com a intensificação de medidas preventivas tais como, orientações relacionadas com a prevenção destes fatores, imunização através de vacinas reduzindo a exposição destas mulheres aos agentes potencialmente perigosos para o desencadeamento desta patologia, devendo estas, estarem presentes em políticas de saúde prioritárias para a redução da morbimortalidade associada ao câncer cervical uterino. Considerando rastreamento populacional, de acordo com as normas do Ministério da Saúde, a citologia é colhida a cada três anos após dois exames consecutivos anuais negativos, em mulheres de 25 e 60 anos de idade, por resultar no melhor custobenefício (DUNCAN et al., 2004, p. 472). Ao contrário do que é preconizado pelo Ministério da Saúde, este rastreamento feito através da coleta do exame preventivo, realizado no atendimento individual, nos ambulatórios e consultórios, é feito anualmente. Contudo, esta periodicidade trienal do exame citopatológico, estabelecida pelo Ministério da Saúde do Brasil no controle do câncer de colo o útero está em conformidade e, demonstra eficácia tanto quanto a anual, no que diz respeito à redução de taxas de incidência por este câncer, possibilitando a identificação de um possível resultado falsonegativo, no qual possa ter ocorrido em resultados de exames anteriores com intervalo anual (DUNCAN, 2004). Segundo BRASIL (2010), as estratégias para a detecção precoce são o diagnóstico precoce 5 (abordagem de pessoas com sinais e/ou sintomas da doença) e o rastreamento (aplicação de um teste ou exame numa população assintomática, aparentemente saudável, com objetivo de identificar lesões sugestivas de câncer e encaminhá-la para investigação e tratamento), conforme recomendado pelo Ministério da Saúde. O teste utilizado em rastreamento deve ser seguro, relativamente barato e de fácil aceitação pela população, ter sensibilidade e especificidade comprovadas, além de relação custoefetividade favorável. A análise epidemiológica da situação da mortalidade por câncer de colo uterino, segundo variáveis demográficas, se faz necessária por permitir avaliar o padrão de ocorrência e evolução da mortalidade em diferentes populações, avaliar indiretamente e identificar os grupos de mulheres com maior risco de morte. Diante do exposto o presente estudo objetiva descrever o perfil epidemiológico e levantar o índice de mortalidade associado ao câncer de colo uterino em Barra do Garças MT, no período de janeiro de 2007 a janeiro de 2012. 2. METODOLOGIA A pesquisa trata de um estudo quantitativo de caráter exploratório com utilização de dados indiretos através do levantamento de registros disponíveis na Secretaria Municipal de Saúde de Barra do Garças MT, onde as informações de mortalidade e as variáveis relacionadas foram extraídas do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), referente ao período de janeiro de 2007 a janeiro de 2012, via DATASUS (ABEC, 2012; LOBIONDO-WOOD e HABER, 2001). Para a seleção das variáveis estudadas, levou-se em consideração a disponibilidade e a completitude das mesmas no banco de dados do SIM, sendo incluídas as variáveis idade, etnia/cor e localidade. Os dados obtidos na pesquisa foram submetidos à análise percentual, tendo sua apresentação de resultados auxiliados por meio de gráficos, construídos com o auxílio do programa Microsoft Office Excel 2010. 347
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados da pesquisa mostram que no período de janeiro de 2007 a janeiro de 2012 ocorreram nove óbitos em mulheres residentes no município de Barra do Garças - MT, por câncer de colo uterino, sendo 3 óbitos em 2007, 1 em 2008, 4 em 2009 e 2010, sendo 2 por ano, em 2012 foi registrado 1 óbito e não houve registrado de óbito para o ano de 2011 (Figura 1). O câncer do colo do útero conforme já descrito por Nakagawa et al (2011), é o segundo tipo de câncer mais frequente entre a população feminina do estado do Mato Grosso e também a segunda causa de mortalidade por neoplasia em 2007. Segundo INCA (2011), a região Centro-Oeste é o mais incidente com 28/100 mil casos apresentando também alta prevalência a nível nacional. O alto índice de mortalidade tem sido considerado uma grande preocupação por parte das autoridades, no que se refere à saúde da mulher, tornando necessária a criação de programas voltados para a população feminina mato-grossense. Total de Óbitos por Ano 3; 34% 2007 2; 22% 2008 2; 22% 2009 2010 2012 Figura 1. Total de óbitos associados ao câncer de colo uterino em Barra do Garças MT, entre janeiro de 2007 a janeiro de 2012, por ano. Dados do INCA obtidos a partir dos Registros Hospitalares de Câncer apontam para taxas de detecção em estágios avançados que chegam a 50%, comprovando a alta taxa de letalidade da doença (INCA, 2000). O Brasil mantém uma das mais altas taxas de mortalidade por câncer de colo uterino, apesar de ter sido um dos primeiros países a utilizar a colposcopia associada ao exame citopatológico para a detecção precoce desse tipo de câncer e de suas lesões precursoras (ZAPPONI e MELO, 2010). Conforme apresentado na figura abaixo, verificou-se um aumento na taxa de mortalidade por câncer de colo uterino a partir da faixa etária dos 41-50 e 51-60 anos, com taxa de 34% e 33%, respectivamente. Uma menor taxa de incidência de mortalidade foi observada na faixa etária entre 71-80 anos, correspondente a 11% do total de óbitos referentes ao período. Entre a faixa etária dos 61-70 anos não houve registro de óbito. Já a faixa etária de 30-40 anos apresenta 22% dos óbitos registrados (Figura 2). 348
Total de Óbitos por Faixa Etária 2; 22% 30-40 41-50 3; 33% 3; 34% 51-60 71-80 Figura 2. Total de óbitos associados ao câncer de colo uterino em Barra do Garças MT, entre janeiro de 2007 a janeiro de 2012, por faixa etária. Tal evento demonstra a necessidade de implementação de medidas que visem o controle do câncer de colo uterino em curto prazo com foco em mulheres com idade entre 25 e 59 anos, conforme recomendado pelo Ministério da Saúde. Observa-se na área em estudo, que as mulheres pardas apresentaram maior risco de morte quando comparadas às brancas e pretas, representando um percentual de 78% entre as mulheres pardas, 11% entre pretas e 11% entre brancas (Figura 3). De fato, a falta de acesso aos exames preventivos entre as mulheres negras pôde ser constatada nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2006, pois entre aquelas com 25 anos ou mais que nunca tinham realizado o 9 exame citológico, a proporção das brancas era de 17%, e das negras, de 25% (BRASIL, 2008). Total de Óbitos por Etnia/Cor Branc a Parda 7; 78% Figura 3. Total de óbitos associados ao câncer de colo uterino em Barra do Garças MT, entre janeiro de 2007 a janeiro de 2012, por Etnia/Cor. De acordo com a figura 4, observou-se que 89% dos óbitos registrados no período ocorreram no hospital, enquanto que 11% tiveram seu registro no domicílio. 349
Um fator importante está relacionado ao estadiamento da doença, que depende de exames básicos de imagem, porém a gestão do SUS (Sistema Único de Saúde) ainda não permite facilidade no acesso a estes recursos, verificando-se um alto índice de pacientes sem diagnóstico preciso e com doença avançada, justificando as internações hospitalares por neoplasias de colo do útero, demandando gastos com as internações, apesar de ser uma doença em que a prevenção e o diagnóstico precoce estão dentro das possibilidades dos serviços de saúde, sem considerar gastos ambulatoriais e os custos relacionados à perda de produtividade das usuárias (LAGANA, 2010). Ainda sobre este assunto, Vasconcelos et al. (2011), afirmam que a hospitalização é considerada instrumento valioso que possibilita discutir o rastreamento do Programa Nacional de Controle do Câncer de Colo do Útero (PNCCU) especialmente em pacientes indigentes, cujo único contato com o sistema de saúde pode ser o período de hospitalização, momento este importante, pois as pessoas estão mais disponíveis para receber intervenções. 10 Total de Óbitos por Localidade Hospital Domicílio 8; 89% Figura 4. Total de óbitos associados ao câncer de colo uterino em Barra do Garças MT, entre janeiro de 2007 a janeiro de 2012, por localidade. Entretanto, as ações preventivas voltadas para a saúde da mulher, ainda constituem um problema sério de saúde, evidenciado por um número elevado de morbimortalidade associado ao câncer de colo uterino. Para reverter esses dados tão assustadores, práticas adotadas na atenção à saúde da mulher no que se refere ao processo de intensificação das ações propostas na realização do exame citopatológico de Papanicolaou devem ser intensificados a fim de se reduzir esses dados (BARROS, 2009). Fica claro que o rastreamento realizado através do esfregaço de Papanicolaou tem aumentado a detecção de cânceres potencialmente curáveis e a erradicação de lesão pré-invasivas, reduzindo assim a mortalidade em decorrência desta patologia em mulheres brasileiras (GOMES et al., 2012). A prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento curativo destas lesões cervicouterinas, implicam na redução da taxa de mortalidade do câncer de colo uterino, onde para Davim et al., (2005), a realização do exame Papanicolaou é considerado o instrumento mais adequado, prático e barato para o rastreamento do câncer de colo de útero, também denominado de colpocitologia e mais comumente referido pela clientela como exame preventivo. Porém afirmam Oliveira et al., (2010) que o câncer de colo uterino ainda é um problema de Saúde Pública em países em desenvolvimento, onde apresenta altas taxas de prevalência e mortalidade. Um importante aliado para reduzir a prevalência desta patologia é a promoção da saúde por intermédio de reuniões na comunidade, orientação quanto à importância da coleta do exame preventivo periodicamente, maximizando a 350
eficiência dos programas de prevenção, fazendo com que os profissionais da área da saúde utilizem-se destas estratégias, consideradas primordiais para a população feminina brasileira (OLIVEIRA et al. 2010). exposta aos riscos, identificando fatores que venham a desencadear o câncer de colo uterino, com vistas a prevenir o surgimento da doença, redução do índice de mortalidade, contribuindo pra uma melhor qualidade de vida das mulheres. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A importância de medidas preventivas envolvidas no rastreamento precoce de lesões cancerígenas, tanto na população assintomática quanto na sintomática, para a identificação do grau e do tratamento adequado através do exame Papanicolaou, tem forte influencia na redução da incidência e morbimortalidade das portadoras. As ações voltadas na detecção precoce das lesões em seu estágio inicial devem ser realizadas periodicamente, demonstrando resultados significativos na redução da mortalidade por câncer de colo de útero, e representa uma estratégia segura e eficiente para a promoção da saúde da população feminina, o que resulta em um diagnóstico precoce, facilitando a cura em até 100% destas lesões, através de rastreamento citológico periódico. A realização do exame preventivo periodicamente por parte das mulheres tem importância significativa na redução da incidência do câncer e consequentemente do índice aumentado da mortalidade, porém a maioria das mulheres percebe o exame como método de diagnóstico de doenças, quando que na verdade, este instrumento utilizado na prevenção do câncer de colo uterino é parte integrante da rotina da vida da mulher, estabelecido pelo Ministério da Saúde. Estudos mostram que ainda nos dias atuais existem mulheres que não realizam o exame preventivo periodicamente, ou ainda quando são descobertos tardiamente, essas mulheres em grande maioria, estão realizando o exame pela primeira vez, ultrapassando um intervalo entre uma coleta e outra, caracterizado por um período maior que três anos, implicando no diagnóstico tardio da doença, tornando a cura difícil e, às vezes, impossível, o que resulta em aumento das taxas de mortalidade. Contudo, constata-se que no Brasil a cobertura ainda não alcançou níveis suficientes. Atualmente, o câncer de colo uterino constitui um grave problema de saúde pública nos países em desenvolvimento, por sua elevada taxa de mortalidade entre a população feminina. Neste sentido, verificou-se a importância de se manter uma implementação de ações efetivas, voltadas para a prevenção como: criação de grupos educativos, programas voltados para a prevenção de DST, por meio de orientações para a população 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABEC FACULDADES UNIDAS DO VALE DO ARAGUAIA. Elaborando Trabalhos Científicos Normas para apresentação e elaboração. 1. ed., 3ª reimpressão. Barra do Garças: ABEC, 2012. 121p. BARROS, Sônia Maria Oliveira de. Enfermagem Obstétrica e Ginecológica: guia para a prática assistencial. 2. ed. São Paulo: Roca, 2009. 464p. BOGLIOLO, Luigi. Patologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. 1472p. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Informática do SUS (DATASUS). Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM. 2010. Disponível em: http://www2.datasus.gov.br/datasus/index.php? area=0205. Acesso em: 23/03/2012. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher. Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. Retrato das desigualdades entre gênero e raça: analise preliminar dos dados. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2008. p. 1-15. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/destaque/pesqui sa_retrato_das_desigualdades.pdf. Acesso em: 12 22/10/2012. BRUNNER & SUDDARTH. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. 11. ed. vol. 2. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. 1425p. DAVIM, Rejane Marie Barbosa; TORRES, Gilson de Vasconcelos; SILVA, Richardson Augusto Rosendo da; Silva, DANYELLA, Augusto Rosendo da. Conhecimento de mulheres de uma Unidade Básica de Saúde da cidade de Natal/RN sobre o 351
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