1. ZIMBOS Angola Ilha de Luanda Nácar

Documentos relacionados
testemunhosdaescravaturamemóriaafricanatestemunhos daescravaturamemóriaafricanatestemunhosdaescravatu

HISTÓRIA. aula Mundo Contemporâneo I

Primeiro Período. Segundo Período GRUPO DISCIPLINAR DE HISTÓRIA HGP. Ano letivo de Informação aos Pais / Encarregados de Educação

PROFESSORA: KEURELENE CAMPELO DISCIPLINA: HISTÓRIA GERAL CONTEÚDO: REVISANDO

GRUPO I POLÍTICA COLONIAL PORTUGUESA ( ) Este grupo baseia-se na análise dos seguintes documentos:

BREVE EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA DOBRA. Introdução BANCO CENTRAL DE S. TOMÉ E PRÍNCIPE

A Historiografia do Brasil Colonial tem início em 22 de abril de 1500 com a chegada dos portugueses.

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS D. JOÃO V ESCOLA SECUNDÁRIA c/ 2º e 3º CICLOS D. JOÃO V

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS D. JOÃO V ESCOLA SECUNDÁRIA c/ 2º e 3º CICLOS D. JOÃO V

Ano Lectivo 2012/ ºCiclo 8 ºAno. 8.º Ano 1º Período. Unidade Didáctica Conteúdos Competências Específicas Avaliação.

Imperialismo Marco Abreu dos Santos.

Carga Horária das Disciplinas e Atividades Acadêmicas

A ocupação africana e suas consequências

Departamento de Ciências Sociais e Humanas. Critérios Específicos 2017/18. História e Geografia de Portugal 5º e 6º ano

( ) com o objetivo de decidir a ocupação e divisão dos territórios (partilha de África), e regulamentar as regras de colonização.

EMENTÁRIO HISTÓRIA LICENCIATURA EAD

MERCANTILISMO. A política econômica dos Estados Modernos. Prof.: Mercedes Danza Lires Greco

Informação aos Pais / Encarregados de Educação Programação do 5º Ano. Turmas 5º1 5º2 5º3. 1º Período 38 aulas 38 aulas 38 aulas

PERFIL DE APRENDIZAGENS 7 ºANO

FORMAÇÃO DAS NAÇÕES AFRICANAS

TV Brasil estreia série de documentários Nossa Língua nesta terça (12/7)

A Expansão Portuguesa. Portugal e o Mundo nos séculos XV e XVI

MÓDULO 02 - PERÍODO PRÉ-COLONIAL E ASPECTOS ADMINISTRATIVOS,ECONÔMICOS E SOCIAIS DA COLONIZAÇÃO

Ensino: básico Ano: 7º. N.º de aulas (tempos letivos) Apresentação/Avaliação diagnóstica testes

Atividade extra. Revolução Francesa. Questão 1. Ciências Humanas e suas Tecnologias História 57

DISCIPLINAS OPTATIVAS PARA OS CURRÍCULOS, CRIADOS A PARTIR DE 2006, DO CURSO DE LETRAS

A expansão cafeeira no Brasil.

REVISÃO I Prof. Fernando.

A FORMAÇÃO TERRITORIAL DO BRASIL

Colonização. Os Estados Unidos foi colonizado por ingleses. A ocupação e exploração dessa colônia não se deu de forma igualitária.

ACTA FINAL. AF/ACP/CE/2005/pt 1

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DA QUINTA DO CONDE Escola Básica Integrada/JI da Quinta do Conde. Departamento de Ciências Humanas e Sociais

DESCOLONIZAÇÃO AFRICANA

Processo de Desenvolvimento do Capitalismo

TÓPICOS DE HISTÓRIA DE ANGOLA. - Os reinos pré-coloniais de Angola (Ndongo, Bailundo e Lunda-Cokwe), Estrutura económica, política e social.

Agrupamento de Escolas de Terras de Bouro

CONTEÚDOS HISTÓRIA 4º ANO COLEÇÃO INTERAGIR E CRESCER

UNIDADE: DATA: 02 / 12 / 2016 III ETAPA AVALIAÇÃO ESPECIAL DE HISTÓRIA 8.º ANO/EF

Tabela 25 Matriz Curricular do Curso de História - Licenciatura

Ano Lectivo 2015 / ºCiclo 8 ºAno. 8.º Ano 1º Período. Domínios / Subdomínios Objetivos Gerais Competências Específicas Avaliação.

DESCOLONIZAÇÃO AFRICANA

HISTÓRIA. aula Imperialismo e Neocolonialismo no século XIX

RESUMO DA PLANIFICAÇÃO ANO LETIVO 2013/2014

IDADE CONTEMPORÂNEA IMPERIALISMO E NEOCOLONIALISMO

Crise no Sistema Colonial na América. Chegada da Família Real. História/ Romney

História. Tráfico Transatlântico de Escravos para Terras Pernambucanas. Professor Cássio Albernaz.

RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS DISSERTATIVOS. História Prof. Guilherme

Ministério do Reino/Informações dos governadores e magistrados das ilhas adjacentes e ultramar ( )

Ano Lectivo 2016/ ºCiclo 8 ºAno. 8.º Ano 1º Período. Domínios / Subdomínios Objetivos Gerais / Metas Competências Específicas Avaliação.

Movimentos dos século XVII e XVIII NATIVISTAS

Colonização da América: divisão prévia das terras entre Portugal e Espanha

7 - INDEPENDÊNCIAS NA AMÉRICA ESPANHOLA

DEPARTAMENTO CURRICULAR DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS. PLANO CURRICULAR DA DISCIPLINA DE HISTÓRIA E DE GEOGRAFIA DE PORTUGAL 5º Ano

Disciplina: História e Geografia de Portugal

Departamento de Ciências Sociais e Humanas Ano

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DO BONFIM ESCOLA SECUNDÁRIA MOUZINHO DA SILVEIRA

O vasto império colonial Espanhol em 1800

MATRIZ DE REFERÊNCIA DE HISTÓRIA - ENSINO FUNDAMENTAL

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO Teste de Aferição de Competências APRESENTAÇÃO

Profª Adriana Moraes

PLANO DE ENSINO OBJETIVOS

PRIMEIRO GRANDE ATO DAS COLÔNIAS CONTRA SUAS METRÓPOLES INFLUÊNCIA DAS IDEIAS LIBERAIS

BRASIL COLÔNIA ( )

Planejamento das Aulas de História º ano (Prof. Leandro)

PERFIL DE APRENDIZAGENS 5ºANO

MATRIZ DE REFERÊNCIA DE HISTÓRIA - ENSINO FUNDAMENTAL

Potências marítimas: Novas (burguesia) Antigas (nobreza) Portugal Espanha Holanda Inglaterra França

TEMA F.1 O IMPÉRIO PORTUGUÊS E A CONCORRÊNCIA INTERNACIONAL

CURSO DE HISTÓRIA UNEB/CAMPUS VI (Caetité-BA) EMENTÁRIO

povoamento da América. Mas também foi utilizada na África e na Ásia.

O IMPÉRIO ULTRAMARINO PORTUGUÊS PROF. FELIPE KLOVAN COLÉGIO JOÃO PAULO I

Dia da Independência de Angola

justificativa: missão civilizatória

AS ORIGENS DO SUBDESENVOLVIMENTO

ONU (1945) - estimular a autodeterminação dos Povos, difusão de ideais nacionalistas e oposição as metrópoles. Movimentos nacionalistas - formação de

A Formação Territorial do BRASIL

Consequência. Contexto. Motivo. Mercantilismo. Dificuldades. Inovações. Viagens MAPA 01 MAPA 02 MAPA 03. Exercício

IMPERIALISMO. Definição: domínio de vastas áreas do planeta por parte de nações industrializadas (ING, FRA, HOL, BEL, ALE, ITA, JAP, EUA, RUS).

O Expansionismo Europeu

CP/ECEME/2007 2ª AVALIAÇÃO FORMATIVA FICHA AUXILIAR DE CORREÇÃO HISTÓRIA. 1ª QUESTÃO (Valor 6,0)

Renascimento, Reformas, Grandes Navegações, Mercantilismo e Colonialismo

Imperialismo e Neocolonialismo ( ) Professor Bernardo Constant

O PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA DO BRASIL COLÉGIO PEDRO II PROFESSOR: ERIC ASSIS

EXPANSÃO ULTRAMARINA EUROPEIA E MERCANTILISMO

ÁFRICA. ÁFRICAS. Sociedades e reinos africanos: diversidade! Colégio Pedro II São Cristóvão II 7º ano Professora: Robertha Triches

UNIÃO IBÉRICA E INVASÕES HOLANDESAS. Prof. Victor Creti Bruzadelli

Economia de tráfico, economia camponesa e economia de serviços: uma leitura da sociedade cabo-verdiana na longa duração

Eu disse que seria ABSOLUTO XVI e XVIII

colégio Os erros de ortografia serão descontados. 1. Mar Português

07 - MERCANTILISMO E EXPANSÃO MARÍTIMA

IMPERIALISMO E NEOCOLONIALISMO

FAMÍLIA REAL NO BRASIL. Prof. Filipe Viana da Silva

Agrupamento de Escolas da Senhora da Hora, Matosinhos Prova de Equivalência à Frequência do Ensino Básico

Livro de atividades - páginas 10 e 11

3º ANO/PRÉVEST Ano 2018 Profº. Abdulah

ÍNDICE. O Império Colonial em Questão: Problemas e Perspetivas, Agradecimentos... Siglas...

António Dias Madureira A Cabinda: de Chinfuma a Simulambuco EDITORIAL ESTAMPA

Plano Didático Pedagógico Unidade I Conteúdos

O CONTINENTE AMERICANO

Reforço das economias nacionais e tentativas de controlo do comércio. Jorge Penim de Freitas

Transcrição:

1. ZIMBOS Angola Ilha de Luanda Nácar Os zimbos eram pequenas conchas recolhidas na ilha de Luanda e usadas como ornamento e moeda corrente no Reino do Congo. São já referidas por Duarte Pacheco Pereira e Rui de Pina nos inícios do século XVI. Circularam também como moeda de trocos na Luanda portuguesa até à 2.ª metade do século XVII e eram utilizados na compra de escravos ao Congo. 3

2. CAURINS Maldivas Nácar Originários do Índico, os caurins terão sido introduzidos nas trocas africanas pelos mercadores muçulmanos e usados como dinheiro no Mali pelo menos desde o século XIV. Até ao século XVIII, os caurins foram um dos meios de pagamento usados no comércio de escravos. Na 1.ª metade do século XVI, os portugueses importavam-nos do Índico em grandes quantidades para utilização no comércio com a Guiné, Benim e Congo. 4

3. PANO KUBA Sudoeste do Congo Século XX Ráfia Embora date do século XX, este pano do povo Kuba (Congo) remete-nos para a importância dos têxteis no comércio com as populações africanas. Em Angola e no Congo, no século XVII, utilizavam-se vários tipos de panos de ráfia (cundes, endebos, enfulas, libongos) como moeda. Os libongos, provenientes do Luango, eram usados na aquisição de escravos e também no pagamento das tropas portuguesas em Luanda.

4. MANILHA SENUFO África Ocidental Século XIX Latão As manilhas foram uma das mais importantes mercadorias usadas pelos europeus no comércio de escravos africanos. Eram de ferro e especialmente de cobre e de latão. Os portugueses importavam grandes quantidades de Antuérpia, nos séculos XV e XVI. Para os inícios do século XVI, Duarte Pacheco Pereira relata a aquisição de escravos na Nigéria e no Benim por 12 a 15 manilhas de latão. No século XVIII, as manilhas de produção inglesa tornaram-se a referência no mercado. 6

8 5. MOEDAS DE OURO D. Pedro II a D. João VI 1703-1822 Ouro

6. BARRINHAS DE OURO D. Maria I a D. João VI 1796-1821 Ouro 9

BRASIL 7. 640 RÉIS D. Pedro II Rio de Janeiro 1699 Prata 8. MOEDA (4000 RÉIS) D. Pedro II Baía 1695 Ouro 12

ANGOLA 9. 20 RÉIS D. Pedro II Porto 1694 Cobre 10. 1 MACUTA D. José Lisboa 1763 Cobre 13

MOÇAMBIQUE 11. 30 RÉIS D. João V Moçambique 1725 Cobre 12. 4000 RÉIS D. José Lisboa 1755 Ouro 14

13. Ação de 400 000 réis Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba 24-12-1759 16

14. 10 angolares Angola 1926 Em Portugal, a escravatura acabou oficialmente apenas em 1878. Contudo, o regime de exploração da mão-de-obra africana persistiu nas colónias sob outras formas até ao Estado Novo, que continuava a olhar as populações africanas como inferiores. Na frente desta nota de Angola, denominada em angolares, pode observar-se uma representação de populações indígenas no seu estado primitivo, tendo por pano de fundo uma imagem e vetor de modernidade e civilização: o caminho-de-ferro. Uma modernidade construída, na verdade, com recurso a mão-de-obra forçada de origem africana. Curiosamente, no mesmo ano (1926) em que se publicava o decreto que criava o angolar e ao abrigo do qual se emitiu esta nota, o Estado promulgava o Estatuto do Indigenato, que consagrava a inferioridade jurídica e a subalternidade da maior parte das populações africanas. 18

15. 1000 francos África Ocidental Francesa 1937-1945 A França foi uma das principais potências coloniais europeias dos séculos XIX e XX. O país administrava um vasto império colonial essencialmente africano, concentrado nos territórios do Magrebe e da África Ocidental. Esta nota de 1000 francos, destinada aos territórios da África Ocidental francesa, surge numa época em que o colonialismo francês estava no seu auge e alia eficazmente arte e ideologia. O centro das duas faces da nota é ocupado por uma composição alegórica em que uma figura feminina, vestida e ornada com uma coroa de oliveira a França metropolitana, abraça e protege com o seu manto uma mulher negra e o seu filho, representados nus. A iconografia desta nota remete-nos para uma ideologia colonial paternalista, de proteção e condução das populações negras indígenas, consideradas incapazes de se governarem a si próprias sem orientação, e igualmente para uma ideia de superioridade moral, civilizacional e racial do branco europeu face ao negro. 19

16. 1000 dobras São Tomé e Príncipe 1977 Após mais de 10 anos de conflito armado, as colónias portuguesas em África fizeram prevalecer o seu direito à autodeterminação e adquiriram a independência. A instauração da nova ordem política passou também por uma renovação simbólica e identitária que englobava necessariamente a moeda. As imagens dos heróis libertadores e fundadores da pátria foram por isso introduzidas na iconografia das novas notas. Nesta nota de São Tomé e Príncipe, o Estado fez inscrever, entre outros elementos, uma efígie imaginária do rei Amador, líder da grande revolta de escravos que abalou São Tomé em 1595. Amador acabou por ser capturado e executado publicamente de forma brutal e exemplar. Por isso, aos olhos do novo Estado independente, Amador transformou-se num herói-mártir da nação e num símbolo de resistência e libertação contra a escravatura e o poder colonial. O episódio é oficialmente relembrado através do feriado nacional de 4 de janeiro, dia da execução de Amador. 20