COMPARAÇÃO DO TEMPO DE REAÇÃO SIMPLES ENTRE ATACANTES CENTRAIS E ATACANTES OPOSTOS DE VOLEIBOL ADULTO MASCULINO

Documentos relacionados
COMPARAÇÃO DO TEMPO DE REAÇÃO SIMPLES E DE ESCOLHA ENTRE ATLETAS DE VOLEIBOL

CARACTERÍSTICAS ANTROPOMÉTRICAS E DE APTIDÃO FÍSICA DE ATLETAS DE FUTSAL FEMININO DA CIDADE DE MANAUS

EFICIÊNCIA DO COMPORTAMENTO TÁTICO DOS JOGADORES DE FUTEBOL DE ACORDO COM O ESTATUTO POSICIONAL.

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE PLANO DE ENSINO

Palavras Chaves: Futebol, Comportamento Tático, Categorias de base

ESPECIFICIDADE TÉCNICA NO BASQUETEBOL: CLUBES X SELEÇÕES

COMPARAÇÃO ENTRE O COMPORTAMENTO TÁTICO DE JOGADORES DE FUTEBOL DAS CATEGORIAS SUB-11 E SUB-13

SISTEMAS DE RECEPÇÃO NO VOLEIBOL (parte 1)

VOLEIBOL 8º Ano. Voleibol. Origem e Evolução: 07/05/2013. William Morgan 1895 ACM s. Tênis Minonette

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ - IFPI CAMPUS FLORIANO

INICIAÇÃO AO FUTEBOL. Concepções metodológicas do treinamento INTRODUÇÃO:

FUTSAL NAS CATEGORIAS DE BASE. CONSTRUÇÃO DO JOGO DEFENSIVO: Conceitos e atividade práticas

DESEMPENHO TÁTICO DE JOGADORES DE FUTEBOL POR ESTATUTO POSICIONAL

Unidades de Formação e Cargas Horárias Andebol - Grau III

A FUNÇÃO DO LÍBERO NA RECEPÇÃO DE SAQUE E DEFESA DURANTE AS PARTIDAS DA SUPERLIGA FEMININA DE VOLEIBOL 2009/2010.

Voleibol Atual Técnicas e Fundamentos do jogo. Percy Oncken

O ANO DE NASCIMENTO DETERMINA A ESCOLHA DO ESTATUTO POSICIONAL EM JOGADORES DE FUTEBOL NAS CATEGORIAS DE BASE?

CARACTERIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO TÁTICO DE JOGADORES DE FUTEBOL, FUTSAL E FUTEBOL DE 7.

Explicação dos Testes & Cronograma das Avaliações para a Equipe de Voleibol Master. Street Volei / Barra Music

LERIANE BRAGANHOLO DA SILVA

DIDÁCTICA DO FUTEBOL AULA 1 LICENCIATURA EM CIÊNCIAS DA ACTIVIDADE FÍSICA HUMANA

Efeitos do programa da pliometria de contraste sobre os valores de impulsão horizontal nos jogadores de tênis de campo

CRONOGRAMA DA DISCIPLINA 11/04 Teoria geral dos JDC 16/04 Transfert e ressignificação (Prática) 23/04 Métodos de Ensino dos JDC 25/04 Fundamentos

PROCESSO SELETIVO PROGRAMA MONITORIA LAZER E ESPORTE- 2018/2019

EFEITO DA PREFERÊNCIA MANUAL SOBRE O TEMPO DE REAÇÃO

11/04/2011 Prof. José Figueiredo Minicurso um: UFRN NA COPA

ANTROPOMETRIA, FLEXIBILIDADE E DESEMPENHO MOTOR EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES PRATICANTES E NÃO PRATICANTES DE FUTSAL.

Autor(es) GABRIEL HENRIQUE BARBOSA. Orientador(es) ÍDICO LUIZ PELLEGRINOTTI. Apoio Financeiro PIBIC/CNPQ. 1. Introdução

TEMPO DE REAÇÃO MOTORA NO VOLEIBOL

Pressupostos pedagógicos para a iniciação esportiva no handebol

RELAÇÃO ENTRE O SETOR DA QUADRA E O DESFECHO DO CONTRA-ATAQUE NO FUTSAL FEMININO DE ALTO RENDIMENTO

PROGRAMA DE TREINAMENTO DE VOLEIBOL DESTINADO À COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA

APOSTILA JOGADORES CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES

COMPARAÇÃO DO COMPORTAMENTO TÁTICO DE JOGADORES DE FUTEBOL ENTRE CATEGORIAS SUB-11 E SUB-17

SINTOMAS DE ESTRESSE EM ATLETAS DE VÔLEI DE PRAIA DE ALTO RENDIMENTO

Sistemas: Distribuição ordenada dos componentes de uma equipe em quadra, visando facilitar a aplicação das diferentes manobras.

Estatura das brasileiras do voleibol na areia feminino de alto nível, 1993 a 2010

UM EXPERIMENTO PRELIMINAR SOBRE A INFLUÊNCIA DOS JOGOS DIGITAIS NO DESEMPENHO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA

O TREINAMENTO DA VELOCIDADE PARA AS CORRIDAS DE FUNDO: CONSIDERAÇÃO SOBRE O MÉTODO FARTLEK *

Colégio Adventista de Rio Preto. Futsal. 9º ano. Prof. Daniel Prandi. Prof. Sheila Molina

CURSO DE TREINADORES GRAU 1 CARATERIZAÇÃO DO JOGO

Estudos no Futsal: Avaliação do desempenho técnico-tático. Prof. Michel Saad Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Desportos

SISTEMATIZAÇÃO DE ENSINO DO FUTEBOL PARA CRIANÇAS DE 10 E 11 ANOS: comportamento da qualidade de realização dos princípios táticos

PROCESSO SELETIVO PROGRAMA MONITORIA LAZER E ESPORTE- 2018/2019

ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DO SAQUE NO VOLEIBOL FEMININO DO MUNDIAL DE 2009.

ANÁLISE DOS PADRÕES DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA DA SELEÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL NA COPA DO MUNDO FIFA 2014

Relação entre tempo de reação e o tempo de prática no tênis de campo

VOLEI VS. VOLEI. João Crisóstomo Marcondes Bojikian Universidade Presbiteriana Mackenzie VOLLEY VS. VOLLEY

Apostila do 1º trimestre - Disciplina: Educação Física I - VOLEIBOL

Título: Uma breve abordagem sobre periodização e sua transformação no futebol.

Competição. As competições infanto-juvenis fazem parte da nossa sociedade

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO AMAZONAS-UEA PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PÓS-GRADUAÇÃO EM METODOLOGIA DO ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA RICARDO ALFREDO MAIA DA SILVA

TER AS IDEIAS CLARAS!!!

EFEITOS DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM-TREINAMENTO NO DESEMPENHO DE HABILIDADES TÉCNICAS DE JOGADORES DE FUTEBOL DA CATEGORIA SUB-13

Versão Referenciais de FORMAÇÃO BADMINTON. Grau

13. CONEX Produto Resumo Expandido 1 PROPOSTA DE MÉTODOS DE TREINAMENTO REALIZADO NA ATIVIDADE DE FUTSAL DO PROJETO ESCOLA DE ESPORTE

CARACTERIZAÇÃO DAS AÇÕES DE FINALIZAÇÃO EM JOGOS DE FUTSAL: uma análise técnico-tática

Variáveis influenciando e sendo influenciadas pela ansiedade-traço pré-competitiva: um estudo com judocas. Introdução

CHAMPIONS LEAGUE 2008/09 FINAL ROMA

UNIVERSIDADE DE COIMBRA. Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física

Fundamentos técnicos do Handebol

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA NÚCLEO DE SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA. Plano de Curso

Voleibol 6 ECTS. 2.º Ano, 2.º Semestre. Área Científica. Objetivos de Aprendizagem. Conteúdos Programáticos. Educação Física e Desporto (EFD)

TÍTULO: SENSAÇÃO E PERCEPÇÃO NO VOLEIBOL CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: EDUCAÇÃO FÍSICA

Medalhas nos Jogos Olímpicos: estatura das seleções do voleibol brasileiro

XIX OLIPET OLIMPÍADA DO PROJETO ESPORTE TALENTO REGULAMENTO OFICIAL DISPOSIÇÕES GERAIS

AUTOR(ES): LETICIA MARIA FRANCO DA SILVA, ELAINE OLIVEIRA DE LIMA, JONATAS NEVES MENDES, TIFFANY LAURENTINO DA SILVA, WESLEY SOUSA DE JESUS

11º Congreso Argentino y 6º Latinoamericano de Educación Física y Ciencias CAPACIDADE DE SPRINTS DE FUTEBOLISTAS NA PRÉ-TEMPORADA

METODOLOGIA DA PARTICIPAÇAO/GLOBAL NO FUTSAL NA EMEF ALTINA TEIXEIRA

Voltar. Público: 6º ano ao Ensino Médio. Público: 2º ano ao Ensino Médio

Versão Referenciais de FORMAÇÃO. Ténis

Acadêmica do Curso de Educação Física, ULBRA SM. Bolsista do Pibid/ Capes. 2

Universidade Estadual de Londrina

O voleibol sentado é um esporte divertido, empolgante e emocionante para quem assiste e, também, para quem está dentro da quadra jogando.

Estudo dirigido Corridas e Marcha (Responda apenas nos espaços indicados)

EFEITO DA RESTRIÇÃO DE TEMPO NA FASE OFENSIVA SOBRE O DESEMPENHO TÁTICO NO FUTEBOL

COMPARAÇÃO ANTROPOMÉTRICA ENTRE ATLETAS DE HANDEBOL DA UFSC COM ATLETAS DE ALTO NÍVEL E SELEÇÃO BRASILEIRA

Crescimento e Desenvolvimento Humano

Processo para o ensino e desenvolvimento do futebol e futsal: ESTÁGIOS DE INICIANTES, AVANÇADOS E DE DOMÍNIO

O VÔLEI COMO ELEMENTO DE SOCIALIZAÇÃO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

O Treinador e o Treino de Hóquei em

ANÁlISe DAS AÇÕeS De SAltOS De AtAQUe, BlOQUeIO e levantamento NO VOleIBOl FeMININO

COGNIÇÃO NO FUTEBOL: RELAÇÃO ENTRE CONTROLE INIBITÓRIO E DESEMPENHO TÁTICO DE JOGADORES DA CATEGORIA SUB-15

PRINCIPAIS LESÕES OSTEOMIOARTICULARES NO HANDEBOL

A IMPORTÂNCIA DA FLEXIBILIDADE NO TAEKWONDO

(1) Jogos de invasão (2) Jogos de rede/parede (3) Jogos de rebatida/campo (4) Jogos de alvo

IMPULSIVIDADE E DESEMPENHO: ANÁLISE DA IMPULSIVIDADE POR NÃO PLANEJAMENTO E DESEMPENHO TÁTICO DE JOGADORES DE FUTEBOL

A MOTIVAÇÃO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

PLANO DE APRENDIZAGEM. CH Teórica: 60h CH Prática: 40h CH Total: 100h Créditos: 04 Pré-requisito(s): Período: IV Ano:

Períodos do treinamento esportivo: uma análise sobre o voleibol brasileiro masculino de alto nível durante o Mundial e a Olimpíada, 1956 a 2010

CAPACIDADES FÍSICAS CAPACIDADE

AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NO MUNICÍPIO DE BAGÉ-RS: forma de abordagem dos esportes coletivos

Versão Referenciais de FORMAÇÃO. Andebol

ANÁLISE DO CONHECIMENTO TÁTICO PROCESSUAL DE JOGADORES DE FUTEBOL SUB-13 E SUB-15. PALAVRAS CHAVE: Conhecimento Tático Processual; Avaliação; Futebol.

PERFIL ANTROPOMETRICO E SOMATÓTIPO DA SELEÇÃO BRASILEIRA DE VOLEIBOL FEMININA CATEGORIA SUB 20 CAMPEÃ MUNDIAL DE

TREINAMENTO E ENSINO. José Elias de Proença

PREPARAÇÃO FÍSICA NO BASQUETEBOL

Metodologia do Treino

COMPARAÇÃO DO DESEMPENHO TÁTICO ENTRE RESULTADOS FINAIS DOS JOGOS REDUZIDOS DE FUTEBOL

Fundamentos do TE 27/11/2012

Transcrição:

COMPARAÇÃO DO TEMPO DE REAÇÃO SIMPLES ENTRE ATACANTES CENTRAIS E ATACANTES OPOSTOS DE VOLEIBOL ADULTO MASCULINO RONALDO NASCIMENTO MACIEL ANDERSON PONTES MORALES CARLOS EDUARDO LOPES BIANCHI DOS GUARANYS Universidade Castelo Branco LANPEN, Rio de Janeiro/RJ Brasil. secprocimh@castelobranco.br INTRODUÇÃO: O voleibol, desde a sua criação, vem passando por mudanças impulsionadas pelas alterações das regras e pela evolução técnica natural dos esportes (ANFILO, 2003). Uma das características que mais marcam estas modificações é a adoção de sistemas de jogo nos quais os atletas tem funções específicas pré-determinadas. Sistema de jogo pode ser definido como a combinação de padrões para a utilização adequada dos jogadores disponíveis, aproveitando ao máximo a qualidade de cada um para um melhor desempenho da equipe (RIBEIRO, 2004). Já Bizzocchi (2004) afirma que o sistema de jogo representa a organização estrutural e a forma como são distribuídas as funções entre os jogadores na quadra. A definição do sistema que será utilizado pela equipe depende do nível técnico dos jogadores, sendo importante que os treinadores tenham a sensibilidade de distribuir de forma competente e harmônica os atletas em quadra (ANFILO, 2003). A maioria das equipes de voleibol de alto nível adotam o sistema de jogo 5 x 1(BOJIKIAN, 2005). O sistema 5 x 1 pode ser entendido resumidamente como um sistema que conta com um levantador e cinco atacantes (BIZZOCHI, 2004). Porém, não é tão simples assim. Este sistema prima pela especialização dos atletas, com os atacantes tendo obrigações e características diferenciadas, relativas à função que exercem. Assim, estes atacantes se dividem em: um oposto; dois centrais e dois ponteiros. A maioria das equipes utiliza um líbero, que é um jogador com características especiais que só pode atuar na zona defensiva da quadra. Nesta divisão de responsabilidades dentro da equipe, os atacantes centrais e os atacantes opostos se caracterizam por serem considerados de grande importância para a execução do bloqueio e do ataque. Outra particularidade é que os atletas que executam estas funções geralmente não participam do sistema de recepção da equipe (LIROLA, 2006). Assim, são funções que tem semelhanças entre si e diferenças em relação às demais funções da equipe. O fato de não participar da recepção tem como fundamento oferecer uma maior liberdade para que estes atletas se preocupem apenas com o ataque, quando a equipe está realizando seu sistema ofensivo. A este respeito, há uma importante diferença na realização dos ataques dos atletas destas funções: os atacantes centrais atacam as bolas mais rápidas no centro da quadra e participam, através de fintas, das combinações de jogadas ofensivas feitas com objetivo de ludibriar os adversários. Já os atacantes opostos atuam na maioria das vezes nas extremidades, principalmente na posição dois, quando estão na área ofensiva, sendo considerados os atacantes de segurança das equipes. O oposto é ainda responsável por atacar sistematicamente quando está na área defensiva da quadra (CÉSAR e MESQUITA, 2006). A especificidade das funções exige que os atletas tenham capacidades físicas condizentes com suas responsabilidades em quadra. Dentre as diversas qualidades necessárias a formação de um bom jogador de voleibol, o tempo de reação é uma das variáveis que vem sendo amplamente discutida e valorizada pelos Profissionais da área (MORALES et al., 2009a; BARCELOS et al., 2009; MORALES et al, 2009b). O tempo de reação pode ser definido como o lapso temporal entre a apresentação de um estímulo e o início de uma resposta motora (SCHMIDT e WRISBERG, 2001). Está

diretamente relacionado à velocidade e eficácia referentes à tomada de decisão de um indivíduo (RIBEIRO e ALMEIDA, 2005). O tempo de reação pode ser classificado como simples, de escolha e de discriminação. Destes, o tempo de reação simples é o mais rápido que um ser humano pode apresentar, por apresentar apenas um estímulo, que somente poderá desencadear uma resposta (MAGGIL, 2000). O tempo de reação resulta de três momentos: 1º. O indivíduo perceberá a aparição de um estímulo; após a percepção haverá a seleção da resposta que o sujeito julgar mais conveniente àquela situação; o 3º. Momento será a efetivação propriamente dita da resposta (SCHMIDT e WRISBERG, 2001). Sendo assim, este estudo buscou quantificar o tempo de reação simples de atacantes centrais e opostos de voleibol adulto masculino, de forma que possíveis diferenças entre atletas dessas funções possam ser identificadas. AMOSTRA: A amostra do presente estudo constituiu-se de 18 atletas de voleibol adulto masculino, sendo 10 atacantes centrais (média de idade= 23±2,62 anos) e 8 atacantes opostos (média de idade 25,7±7,57). Todos atletas participaram da fase final dos Jogos Abertos do Interior (JAI) realizado em Campos dos Goytacazes, RJ. METODOLOGIA: A coleta de dados foi realizada antes da primeira partida da competição. Apenas um atleta e um avaliador permaneceram na sala, para evitar qualquer tipo de interferência sobre o testando. Após chegar ao local do teste, o atleta era orientado sobre o procedimento do mesmo, somente começando a sua realização quando não tinha mais nenhuma dúvida sobre o procedimento. O atleta era orientado a ficar sentado em uma cadeira em frente à mesa em que estava posicionado o lap top. Foi solicitado que o indivíduo mantivesse o dedo indicador de sua mão de preferência levemente apoiado sobre a tecla espaço, que era a indicada para a resposta. Foi mensurado o tempo de reação simples. O teste consistiu na aparição de figuras circulares (alvos verdadeiros) no centro da tela do computador. O tempo entre as aparições era determinada pelo próprio software. Foi solicitado que o atleta respondesse o mais rapidamente possível ao surgimento do alvo Cada atleta foi submetido a uma bateria de 50 estímulos. Para a coleta dos escores de reação motora, utilizou-se um Software MATLAB 5.3 (The MathWorks, Inc.) instalado em um lap top (Acer processador Intel Celeron, composto por uma tela de 14.1 ). ANÁLISE ESTATÍSTICA: Os escores obtidos no estudo foram analisados através do programa SPSS Statistics 17.0 for Windows. Foram utilizadas as ferramentas descritivas média e desvio padrão. Todos os dados foram considerados paramétricos, pelo teste Shapiro-Wilk. De acordo com os resultados obtidos no teste de normalidade, optou-se pelo instrumento paramétrico através do teste t para amostras independentes. O nível de significância adotado foi de p 0,05. RESULTADOS: A TABELA 1 apresenta os valores médios, com os seus respectivos (DP) Desvios- Padrão, dos escores de tempo de reação simples obtidos em uma bateria de 50 estímulos por cada uma das funções.

Tabela 1- Valores médios dos escores de reação motora e DP por função específica. Funções No. de atletas Média (ms) DP Centrais 10 269,06 54,76 Opostos 8 285,48 82,36 Total 18 (ms) milésimos de segundos Na TABELA 2 apresenta os dados inferências que podem ser feitos relativos ao teste de reação motora das duas funções dos atletas. Tabela 2- Estatística inferêncial através do Teste t : amostras independentes. Tempo de Reação Tempo de Reação Simples Simples (TRS) (TRS) Função: Centrais Função: Opostos N= 10 8 Média = 269,06 285,48 t= -2.7249 Graus de liberdade = 8 p (unicaudal) = 0.031* p (bicaudal) = 0.000* *(p 0,05) Pela inferência realizada no teste de reação simples entre as duas funções no voleibol, conclui-se que houve uma diferença significativa unicaudal e bicaudal (p 0,05). Figura 1- Comparação das médias do tempo de reação por função. TEMPO DE REAÇÃO SIMPLES Tempo (ms) 400 300 200 100 * 0 Centrais Funções Opostos *Significativamente menor do que os Opostos (p 0,05). DISCUSSÃO: O tempo de reação é uma variável que pode contribuir no desempenho de diversos esportes, notadamente naqueles em que predomina a natureza aberta da maioria das ações, como é o caso do voleibol (BOMPA, 2004; WEINECK, 2003). Em razão da velocidade característica das ações do jogo, aliada a imprevisibilidade do ambiente, torna-se importante

buscar desenvolver capacidades como a percepção, a antecipação e a diferenciação das situações práticas pelo atleta (BOJIKIAN, 2002). O tempo de reação representa o tempo que é necessário para que o atleta perceba os estímulos, tome decisões e inicie ações compatíveis com o contexto apresentado, sendo um parâmetro indicativo da velocidade de processamento de informação, o que possibilita fazer inferências sobre os mecanismos subjacentes envolvidos na tarefa (PORTELA, 2005; MAGGIL, 2000). Os resultados encontrados no presente estudo apontam para um melhor desempenho dos atacantes centrais (269,06±54,76 ms) quando comparados aos atacantes opostos (285,48±82,36 ms). Uma das possíveis explicações para esta diferença reside nas diferentes exigências a que são submetidos os atletas destas funções. Devido às características de sua função, os atacantes centrais devem se preocupar principalmente com a marcação do bloqueio em todos os setores da rede, tendo que fazer uma leitura rápida da intenção de preparação do ataque do seu oponente para tentar neutralizá-la (BIZZOCCHI, 2004). Rodrigues et al. (2008) corroboram o exposto acima ao afirmarem que a habilidade em analisar o ambiente em que ocorrem as ações, descobrindo os problemas ou variáveis a serem enfrentados, é uma das determinantes para o eficiente desempenho do indivíduo na realização de suas atividades. Os atletas que atuam como atacantes centrais são ainda responsáveis pelo ataque da bola mais veloz da equipe. Este tipo de ataque exige uma grande velocidade de movimento, além de uma pronta identificação dos fatores que antecedem o ataque, como a qualidade da recepção e a movimentação do levantador. Estes aspectos provavelmente também contribuem para o desenvolvimento do tempo de reação do atleta (ROCHA e BARBANTI, 2007; RAMOS et al., 2004). Por outro lado, o atacante oposto atualmente é caracterizado por ser o jogador de segurança da equipe, sendo responsável por atacar um grande número de bolas, muitas vezes em situações extremamente difíceis. Assim, normalmente são atletas mais altos e que atua em um setor mais restrito da quadra, não sendo considerada imprescindível para essa função uma velocidade de reação tão alta (CÉSAR e MESQUITA, 2006; SALEM e ZARY, 2004). Sua atuação no bloqueio também acontece em um espaço da quadra em que não é necessária a realização de muito deslocamento. Devido a essas características, há uma tendência de serem utilizados os atletas de maior estatura para executar esta função. CONCLUSÃO: Quanto mais um atleta experimenta determinadas situações ao longo de sua vida esportiva, maior tende a ser o desenvolvimento da sua atenção seletiva, facilitando a identificação das dicas que realmente lhe interessam dentre os diversos estímulos apresentados, o que auxiliará na efetivação da resposta apropriada. Quanto mais alta a capacidade de análise do atleta, maior será a possibilidade deste responder prontamente e com exatidão. Schmidt e Wrisberg (2001) afirmam que o atleta adquire uma maior inteligência desportiva à medida que vivencia uma grande multiplicidade de estímulos no decorrer de sua carreira desportiva, sendo capaz de construir uma interpretação individualizada dos conceitos de espaço, tempo e movimento. Os resultados encontrados neste experimento apontam para a existência de uma relação direta entre o tempo de reação e a função exercida pelo atleta na equipe. Desta forma, as funções que apresentam a possibilidade de existir um maior número de respostas para a ação do oponente parecem favorecer a capacidade do indivíduo elaborar respostas mais rapidamente. Tal fato provavelmente está relacionado à especificidade das funções, que proporciona exigências diferentes no treinamento diário do atleta, fazendo com que as valências físicas se desenvolvam de forma diferenciada. Sendo assim, no presente estudo os atacantes que exercem a função de centrais foram os que melhor velocidade de reação apresentaram, o que parece totalmente coerente com as

exigências a que são submetidos no dia a dia de treinos e jogos. Porém cabe ressaltar que mais estudos devem ser feitos para que tais afirmações possam ser confirmadas. Palavras Chaves: Voleibol, Tempo de Reação e Especificidade. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: ANFILO, M. A. A prática pedagógica do treinador da Seleção Brasileira masculina de voleibol: processo de evolução tática e técnica na categoria infanto-juvenil. Dissertação de Mestrado apresentada a Coordenadoria de pós-graduação em Educação Física, Universidade Federal de Santa Catarina, 2003. BARCELOS, J. L.; MORALES, P. A.; MACIEL, R. N.; AZEVEDO, M. M. A.; SILVA, V. F. Tempo de prática: estudo comparativo do tempo de reação motriz entre jogadoras de voleibol. Fitness e Performance Journal, Rio de Janeiro, v.8, n.2, p.103-109, mar/abr. 2009. BIZZOCHI, C. C. O voleibol de alto nível: da iniciação à competição. Barueri, São Paulo: Manole, 2004. BOJIKIAN, J. C. M. Voleibol atual: especialização ou universalidade. Revista do Vôlei, São Paulo, v.2, n. 3, p. 4-6, 2005. BOJIKIAN, J. C. M. Vôlei vs vôlei. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, São Paulo, 2002. BOMPA, T. O. Treinamento de potência para o esporte. Tradução: Juliana de Medeiros. São Paulo: Phorte, 2004. CÉSAR, B.; MESQUITA, I. Caracterização do ataque do jogador oposto em função do complexo do jogo, do tempo e do efeito do ataque: estudo aplicado no voleibol feminino de elite. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v.20, n.1, p. 59-69, jan/mar 2006. LIROLA, D. C. Estúdio y análisis de la participacion técnico-tática del jugador líbero em el voleibol masculino de alto rendimiento. Tese de Doutorado, Universidad Politécnica de Madrid, 2006. MAGGIL, R. A. Aprendizagem motora: conceitos e aplicações. São Paulo: Edgard Blucher, 2000. MORALES, A. P.; AZEVEDO, M. M. A.; MACIEL, R. N.; BARCELOS, J. L.; ARÊAS NETO, N. T.; SILVA, V. F. Eficácia do processamento mental em jogadores de voleibol com níveis cognitivos diferenciados. Revista da Educação Física, v. 20, n. 1, p. 43-50, 2009a. MORALES, A. P.; MACIEL, R. N.; BARCELOS, J. L.; AREAS NETO, N. T.; SILVA, V. F. Metacognição: Eficiência nos testes de tempo de reação simples e tempo de reação discriminação, em jogadores de voleibol. The FIEP Bulletin, v. 3, p. 156-160, 2009b. PORTELA, A. A influência da fadiga no tempo de reação em praticantes de escalada em rocha. Dissertação de mestrado em Ciências do Movimento Humano: Desenvolvimento e Aprendizagem Motora. Universidade Estadual de Santa Catarina, Florianópolis, 2005. RAMOS, M. H. K. P.; NASCIMENTO, J. V.; DONEGÁ, A. L.; NOVAES, A. J.; SOUZA, R. R.; SILVA, T. J.; LOPES, A. S. Estrutura interna das ações de levantamento das equipes finalistas da superliga de voleibol. Revista Brasileira de Ciências do Movimento. Brasília, v. 12, n.4, p. 33-37, dez. 2004. RIBEIRO, I. S.; ALMEIDA, L. S. Velocidade de processamento da informação na definição e avaliação da inteligência. Revista Psicologia teoria e pesquisa, Brasília, vol. 21, n. 1, Jan-Abr., 2005. RIBEIRO, J. L. S. Conhecendo o voleibol. Rio de Janeiro : Sprint, 2004. ROCHA, M. A.; BARBANTI, V. J. Análise das ações de saltos de ataque, bloqueio e levantamento no voleibol feminino. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desenvolvimento Humano. V. 9, n. 3, p. 284-290, 2007.

RODRIGUES, A. C.; SANTANA, C. S.; MEDEIROS, R.; ALOUCHE, S. R. Treino prévio reduz o tempo de execução de tarefas visuo-espaciais em ambiente virtual. Revista Neurociências, v. 16, n. 3, p. 209-214, 2008. SALEM, M.; ZARY, J. C. F. Evolução perfil somatotípico da seleção brasileira de voleibol masculino juvenil de 2000/2003. Revista de Educação Física, n. 128, p. 41-51, 2004. SCHIMDIT, R. A.; WRISBERG, C. A. Aprendizagem e performance motora: uma abordagem da aprendizagem baseada no problema.tradução : Ricardo Petersen. 2ª. ed. Porto Alegre: Artmed,2001. WEINECK, J. Treinamento Ideal. Tradução: Beatriz Maria Romano Carvalho. São Paulo: Manole, 2003. ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA Ronaldo Nascimento Maciel Rua: Major Zoroastro Firmo, 110 Parque São Caetano. Cep 28030325 Campos dos Goytacazes/Rj BRASIL E-mail: rnmvolei@hotmail.com