DEPENDÊNCIA QUÍMICA: USO DE CRACK NA GESTAÇÃO 1

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Transcrição:

DEPENDÊNCIA QUÍMICA: USO DE CRACK NA GESTAÇÃO 1 MOURA, Ariane 2 ; ZIEGLER, Fernanda 2 ; VENTURA, Jeferson 2 ; CASSENOTE, Liege 2 ;. GEHLEN, Maria Helena 3 ; CARLLOSSO, Viviane 2. 1 Trabalho de pesquisa apresentado na disciplina de Desenvolvimento Profissional V do curso de Enfermagem do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. 2 Acadêmicos do 8º semestre do curso de graduação em Enfermagem do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. 3 Enfermeira. Professora do curso de Graduação em Enfermagem do Centro Universitário Franciscano UNIFRA. Orientadora. Mestre em Educação PPGE/UFSM. Membro do GEPESES CNPq E-mail: fernandazieglers@hotmail.com RESUMO Este estudo objetiva compreender e investigar processos experenciados no decorrer da gestação de uma usuária de crack. Relacionamos as transformações habituais de uma gravidez normal ao processo gestacional inserido no contexto da dependência química. Nesse ínterim, destacamos a relevância do Enfermeiro no cenário de desintoxicação e reinserção social da exusuária. Constatamos que se faz de imprescindível importância a participação do enfermeiro que, além do auxílio operacional à dependência, participa ativamente como incentivador do sujeito da pesquisa vislumbrando esse, como um ser integral dotado de sentimentos, angústias e expectativas, desapegando-se da visão tecnicista que qualifica paciente como ser possuidor de alguma patologia apenas. Palavras chave: Gravidez; dependência química; Enfermagem; reinserção social. 1.INTRODUÇÃO Há quem diga que estar grávida para a maioria das mulheres é uma experiência tão sublime que, por mais que a ciência aventure-se em desvendar seus enigmas extra-físicos, tal fato jamais seria possível, uma vez que gravidez retrata um estado de espírito, uma ligação mãe-filho que excede a compreensão de qualquer máquina já criada pelo ser humano. A experiência gestacional traz com ela inúmeras alterações na estrutura biopsicológica da mulher e desde a sua detecção, o momento do parto representa um marco na vida da mesma. Antecipado durante a gravidez através das fantasias da gestante o parto é planejado, reestruturado e temido. A experiência de gestar e dar à luz são tão marcantes que, durante anos, o evento e os sentimentos experimentados durante esse período de quase um ano é recordado nos mínimos detalhes (PICCININI, 2005). Durante as semanas subsequentes à concepção há uma variedade de hormônios sexuais e não sexuais sendo produzidos pela placenta. Esses precisamente são os

responsáveis pelas mudanças orgânicas e comportamentais significativas citadas anteriormente (BARINI, 1994). Sendo assim, inúmeros autores defendem a idéia de que gravidez, mesmo que sem intercorrências, é um período de crise por envolver mudanças muito profundas, reajustamentos e reestruturações a vários níveis (RATO, 2008). Além de todas as alterações fisiológicas que ocorrem durante o período gestacional, a dependência química é um agravante importante, e deve ter um acompanhamento adequado. Sabe-se que a dependência química na gestação é uma realidade no cenário da saúde, sendo uma preocupação da saúde pública, devido a seus agravos a mãe, ao feto e sua família. É de imprescindível necessidade discutir o tema e buscar estratégias na recuperação da puérpera em tal condição uma vez que estudos comprovam que o período correspondente à gravidez e puerpério é marcado por considerável incidência de transtornos psíquicos na mulher (FALCONE et al, 2005). No presente artigo discutiremos um estado gestacional atípico e não ligados às patologias comuns (diabete gestacional, eclâmpsia etc.), contudo igual ou superiormente prejudicial à saúde da mãe e desenvolvimento do feto: gravidez associada à dependência química, em especial ao uso do crack. 2.METODOLOGIA O presente estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa do tipo estudo de caso. A pesquisa qualitativa caracteriza-se pela descrição, compreensão e interpretação de fatos e fenômenos (MARTINS, 2006). O estudo de caso é entendido como a escolha de um objeto de estudo deliberado pelo interesse em casos individuais. Geralmente organiza-se em torno de questões que fazem referência ao como e ao porquê da investigação, objetivando a descoberta, a retratação da realidade de forma completa e aprofundada e a representação de diferentes pontos de vista presentes nas diversas situações sociais, utilizando a linguagem de forma acessível, o que a difere de outras pesquisas (RODRIGO, 2008). A coleta de dados ocorreu no mês de Maio, tendo como sujeito da pesquisa uma paciente que estava internada no Hospital Casa de Saúde. O critério para inclusão nesse estudo foi ela ter feito uso de substâncias psicoativas durante a gestação. O método utilizado foi uma entrevista semi-estruturada. Os dados coletados foram analisados no mês de Junho por meio da análise qualitativa. 3.RESULTADOS E DISCUSSÕES O enfermeiro como agente no processo saúde-doença, se faz presente, na vida das pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade, a estrutura familiar e os fatores

econômicos, são determinantes para as escolhas sejam elas boas ou não. No que se refere à fala a seguir. Eu comecei a usar crack com meu marido, mas na minha família tem muitos drogados, mas meus irmãos não usam, ainda passei muito trabalho (em questões financeiras), mas agora me sinto bem, e é isso o que importa para mim M.D. Reconhecemos então, a importância da família no contexto atual da saúde, por isso se faz necessário que se atente aos problemas e se trabalhe juntamente com essa família a proteção e promoção da saúde dos mesmos (WEIRICH et al, 2004). Pode-se entender também, a importância do papel exercido pelos profissionais de Enfermagem frente aos problemas enfrentados pelos dependentes químicos, em especial, às gestantes. Podemos observar no seguinte diálogo: - A enfermagem teve papel fundamental em meu tratamento, porque precisamos de profissionais adequados que atuem junto aos dependentes químicos. - A Enfermagem atuou no meu emocional, fui tratada com muito carinho e atenção M.D. Percebe-se frente à fala, que a função exercida pela equipe de enfermagem contribuiu de forma positiva na construção da nova identidade da paciente, onde o cuidado humanizado como aliado, possibilita que compreendamos as mais diversas situações envolvidas em sua dinâmica de vida, reconhecendo seus direitos e aspectos humanos (DOMINGOS, 2008). A excelência e o sucesso do cuidado praticado pela equipe de enfermagem estão diretamente ligados aos serviços prestados, M.D. ao ser questionada sobre o que poderia melhorar no serviço de Enfermagem, referente à reabilitação de pacientes dependentes de drogas, respondeu que: - A mudança poderia ocorrer no aumento de tempo com os enfermeiros, no processo, tive uma identificação muito forte com a enfermeira Fabi, queria que ela ficasse sempre ao meu lado, eu me sentia segura e acolhida ao lado dela, isto fez com que o meu tratamento tivesse bastante êxito. Nas ações de cuidado é imprescindível considerar a complexidade do ser humano e entendê-lo como ser singular. A humanização é entendida como o atendimento das necessidades integrais do indivíduo e de suas necessidades humanas básicas. Para que se garanta a humanização dos cuidados prestados, fatores como formação profissional e os contextos do cuidado ao cliente e ações de qualidade de vida para o trabalhador devem ser consideradas, garantindo um cuidado digno e de qualidade (DOMINGOS, 2008). Diante deste quadro, parece ficar claro que o enfermeiro tem um papel de suma importância na promoção, prevenção, na redução de danos e reinserção social dos indivíduos dependentes químicos, pois convive com estes grupos em seu cotidiano de trabalho. Assim, dada a complexidade da problemática que envolve o indivíduo, a família e o contexto sócio-econômico, o enfermeiro deve estar preparado em sua formação para atuar de forma humanizada e resolutiva, visando assegurar uma melhor qualidade de vida das populações, inclusive dos usuários de substâncias químicas.

A dependência química na gestação se faz realidade no cenário da saúde, sendo uma preocupação de saúde pública, devido a seus agravos a mãe, ao feto e sua família. É de imprescindível necessidade discutir o tema e buscar estratégias na recuperação da puérpera em tal condição, uma vez que estudos comprovam que o período correspondente à gravidez e puerpério é marcado por considerável incidência de transtornos psíquicos na mulher (FALCONE, 2005), tornando necessário seu acompanhamento durante e após esse período. 4.CONCLUSÃO Através do processo singular experenciado durante a pesquisa e composição do artigo sobre gravidez em situação de dependência química, percebemos a necessidade de tentar para à educação em saúde da gestante usuária, à medida que, a qualidade do período gestacional acarretará, além da condição saudável da mãe, também na qualidade da saúde do feto após o nascimento. Essa educação diz respeito às estratégias de atenção primária também, pois abrange dessa maneira a prevenção do uso de crack seja ele aliado à gravidez ou não. Igualmente observou-se a eminência da atenção biopsicossocial da mulher não somente durante a gestação como também no puerpério já que, após o parto, a mulher retorna ao mesmo convívio e precisará de apoio já que, a dependência quase sempre está inserida no seu convívio familiar e cotidiano. Diante disso a participação do enfermeiro nessa realidade é indispensável e de grande valia conforme o relatado pela exusuária, agente da pesquisa, por ser a Enfermagem uma ciência incorporada à arte do cuidado integral do ser. 5.REFERÊNCIAS BARINI, Ricardo. Modificações hormonais e variações comportamentais na mulher. Departamento de Tocoginecologia. Faculdade de Ciências Médicas. Universidade Estadual de Campinas, 1994. DOMINGOS, Eric. Leonard. Lobo. A humanização e seus preceitos para o cuidado. Disponível em: http://www.pesquisando.eean.ufrj.br/viewpaper.php?id=118&print=1&cf=1. Acesso em: 21/06/2011. FALCONE, Mader. Atuação multiprofissional e a saúde mental de gestantes. Centro de Promoção e Atenção à Saúde. Instituto de Ensino e Pesquisa. Hospital Albert Einstein. São Paulo, SP, Brasil. Rev. Saúde Pública. vol.39, n.4. São Paulo Ago. 2005.

MARTINS, Gilberto de Andrade. Estudo de caso Uma estratégia de pesquisa. Editora Atlas. São Paulo, 2006. PICCININI, Cezar, Augusto. O Antes e o Depois: Expectativas e Experiências de Mães sobre o Parto. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2005, 18(2), pp.247-254. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. RATO, Paula Isabel. Ansiedades perinatais em mulheres com gravidez de risco e em mulheres com gravidez normal. Aná. Psicológica, set. 1998, v.16, n.3, p.405-413. RODRIGO, Jonas. Estudo de caso Fundamentação teórica. Editora Vestcon. Brasília, 2008. WEIRICH, Claci Fátima; TAVARES, João Batista; SILVA, Klever Souza. O cuidado de enfermagem à 172 famílias: um estudo bibliográfico. Revista eletrônica de enfermagem. v.06, n.02, 2004.