Direitos políticos encarnam o poder de que dispõe o indivíduo para interferir na estrutura governamental, através do voto.

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DIREITO CONSTITUCIONAL Prof. Dr. João Miguel da Luz Rivero jmlrivero@gmail.com TÍTULO II DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS CAPÍTULO IV DOS DIREITOS POLÍTICOS Direitos Políticos Os direitos políticos positivos consistem no conjunto de normas que asseguram o direito subjetivo de participação no processo político e nos órgãos governamentais. Eles garantem a participação do povo no poder de dominação política por meio das diversas modalidades de direito de sufrágio: direito de voto nas eleições, direito de elegibilidade (direito de ser votado), direito de voto nos plebiscitos e referendos, assim como por outros direitos de participação popular, como o direito de iniciativa popular, o direito de propor ação popular e o direito de organizar e participar de partidos políticos. Conceito de Direito Político em sentido estrito: José Afonso da Silva As prerrogativas, os atributos, faculdades ou poder de intervenção dos cidadãos ativos no governo de seu país, intervenção direta ou só indireta, mais ou menos ampla, segundo a intensidade do gozo desses direitos. Pimenta Bueno Direitos políticos encarnam o poder de que dispõe o indivíduo para interferir na estrutura governamental, através do voto. Definições Importantes Rosah Russomano Cidadania: É atributo das pessoas integradas na sociedade estatal, atributo político decorrente do direito de participar no governo e direito de ser ouvido pela representação. *

Nacionalidade: É o conceito mais amplo do que cidadania, e é pressuposto desta, uma vez que só o titular da nacionalidade brasileira pode ser cidadão. * Aquisição da Cidadania: * José Afonso da Silva A aquisição dos direitos políticos acontece com o alistamento eleitoral, o qual é dirigido à Justiça Eleitoral. Alistamento eleitoral e voto, obrigatórios: art. 14, 1º, I. Alistamento eleitoral e voto, facultativos: art. 14, 1º, II. São impedidos de alistarem-se os estrangeiros e os conscritos (que são os convocados para o serviço militar obrigatório): art. 14, 2º. O brasileiro nato, até os dezenove anos, e o naturalizado, contado um ano a partir de sua naturalização, que não se alistarem serão punidos com multa. Escala Etária de Aquisição dos Direitos Políticos: IDADE DIREITOS E DEVERES 16 Faculdade de alistar-se, direito de votar; 18 Obrigação de alistar-se, direito de votar, candidatar-se a vereador; 21 Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; 30 Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; 35 Presidente, Vice-Presidente da República e Senador; 70 Voto facultativo.

Dos Direitos Políticos Positivos jus civitatis Conceito: Os direitos políticos positivos consistem no conjunto de normas que asseguram o direito subjetivo de participação no processo político e nos órgãos governamentais. José Afonso da Silva Compreende: direito de voto nas eleições, nos plebiscitos e referendos, direito de ser votado, direito de iniciativa popular, direito de propor ação popular e o direito de organizar e participar de partidos políticos. Direito de Sufrágio Sufrágio: Palavra oriunda do latim sufragium, significa aprovação, apoio. Pode ser definido como um direito público subjetivo de natureza política, que tem o cidadão de eleger, ser eleito e de participar da organização e da atividade do poder estatal. Sufrágio # Voto: O voto é o exercício do sufrágio. Direito de Sufrágio É o Direito Público subjetivo democrático de votar e de ser votado. Carlos S. Fayt Assim, o direito de sufrágio engloba: Direito de Sufrágio Ativo = direito de eleger (= alistabilidade); e Direito de Sufrágio Passivo = direito de ser eleito (= elegibilidade). Não devemos confundir o direito de sufrágio com as seguintes categorias: Direito de voto: é espécie do gênero direito de sufrágio, que retrata, apenas, o direito de votar ou de manifestar a vontade em eleições, plebiscitos e referendos (exercício da capacidade eleitoral ativa). Equivale, portanto, a uma expressão restrita, que significa, somente, o exercício do direito do sufrágio em seu aspecto ativo (votar); e Escrutínio: em sentido restrito, escrutínio é o ato de contagem dos votos, donde insurge a figura do escrutinador, isto é, aquele que conta, verifica e confere o número de votos. Mas, na acepção ampla, escrutínio é uma das fases do procedimento eleitoral, englobando a apuração, a abertura, o depósito, o

recolhimento e a contagem dos votos. O termo escrutínio também é usado para designar o modo de exercício do voto. Exemplo: voto secreto (coberto ou fechado) ou voto aberto (a descoberto ou público). Formas de Sufrágio Sufrágio Universal: Considera-se, pois, universal o sufrágio quando se outorga o direito de votar a todos os nacionais de um país, sem restrições derivadas de condições de nascimento, de fortuna e capacidade especial ; Carlos S. Fayt. É a forma acolhida pela CF/88 conforme expresso mandamento do art. 14. Sufrágio Restrito: Ao contrário do universal, reputa-se restrito ou qualificado o sufrágio quando só é conferido a indivíduos qualificados por condições econômicas ou de capacidades especiais. Dá origem ao sufrágio censitário (Const. 1824, 1891 e 1934) e o capacitário (Const. 1967). Sufrágio Igual: Em seu sentido mais abrangente, significa atribuir a todos iguais pressupostos para ser eleitor e para elegibilidade, José Afonso da Silva. O Brasil adota esta forma no que tange a igualdade do direito de votar, porém limita a questão do direito de ser votado, excluindo os analfabetos e menores de dezoito anos. Sufrágio Desigual: Consiste basicamente em outorgar a determinados eleitores, por circunstância especial, o direito de votar mais de uma vez ou de dispor de mais de um voto para prover um mesmo cargo, José Afonso da Silva. São manifestações deste tipo o voto múltiplo (vota-se, mais de uma vez, em várias circunscrições, zonas ou distritos eleitorais), plural (vota-se, mais de uma vez, numa só circunscrição) e familiar (o pai vota pelo número de membros de sua família). Direitos Políticos Ativos: Capacidade Eleitoral Ativa = Alistabilidade = Direito de Votar 1º) Nacionalidade Brasileira 2º) Posse de título eleitoral (alistamento eleitoral) 3º) Não ser conscrito em serviço militar obrigatório Alistamento eleitoral facultativo para analfabetos, maiores de 70 anos, maiores de 16 anos e menores de 18 anos de idade. Alistamento eleitoral obrigatório para os maiores de 18 anos e menores de 70 anos de idade. OBS: Direito Político Ativo é uma divisão doutrinária, que se relaciona com as condições do direito de votar.

Os estrangeiros não podem alistar-se como eleitores, bem como, durante o período do serviço militar obrigatório, o conscrito (convocado ou recrutado para o serviço militar obrigatório). Quem se encontra engajado no serviço militar permanente não é conscrito. Assim, soldados, cabos, sargentos, suboficiais, oficiais das Forças Armadas e policiais militares são obrigados a se alistar como eleitores. VOTO O voto é o ato fundamental para o exercício do sufrágio. Uadi Lammêgo Bulos Natureza: É um direito público subjetivo, uma função social e um dever social e político, ao mesmo tempo ; José Afonso da Silva. Caracteres do Voto: secreto ou público; obrigatório ou facultativo; direto ou indireto; igual ou desigual; Na CF/88 o voto é caracterizado como livre, pessoal e secreto para todos, obrigatório para os cidadãos com idade entre 18 e 70 anos, direto (exceção no caso de vacância nos últimos dois anos de mandato dos cargos de Presidente e Vice-Presidente da República) e igual (desigualdade do valor do voto entre as regiões). Organização do Eleitorado: Circunscrições Eleitorais: Unidades destinadas a organizar territorialmente o eleitorado, leva em consideração o domicílio eleitoral em função do candidato a ser votado. Zonas Eleitorais: Unidades territoriais de natureza jurisdicional sob a titularidade de um Juiz Eleitoral. Seções Eleitorais: Unidade de organização para o exercício do voto. Direitos Políticos Passivos: Capacidade eleitoral passiva = Direito de candidatura = Elegibilidade Nacionalidade brasileira (art. 14, 3º, I) ou condição de português equiparado (art. 12, 1º). Pleno exercício dos direitos políticos (art. 14, 3º, II). Alistamento eleitoral (art. 14, 3º, III). Domicílio eleitoral na circunscrição (art. 14, 3º, IV).

Filiação Partidária (art. 14, 3º, V). Idade Mínima (art. 14, 3º, VI - ver quadro do slide 6). Direito de Voto O voto é ao mesmo tempo, um direito público subjetivo, que decorre da soberania popular, e um dever sociopolítico, no qual os eleitores, maiores de 18 anos e menores de 70 anos de idade, têm a obrigação de escolher os governantes (CF, art. 14, 1º, I). Sua importância é tamanha que a Constituição proíbe qualquer proposta de emenda constitucional tendente a aboli-lo (art. 60, 4º, II). Características do voto Direto (art. 14, caput ) - a Constituição de 1988 excepciona a regra do voto direto no seu art. 81, 2º. Pessoal (implícito no art. 14, caput). Secreto (art. 14, caput). Igual (art. 14, caput). Obrigatório (art. 14, 1º, I). Livre (implícito no art. 14, 1º, I). Facultativo (art. 14, 1º, II, a, b e c). Periódico (art. 60, 4º, II). Formas de exercício do direito de voto Plebiscito (art. 14, I) é a manifestação da vontade do povo, de caráter excepcional, sobre decisões referentes a modificações territoriais (agregações ou desagregações), alterações da forma de governo, instauração de nova forma de governo, e mudanças na estrutura do Estado. É uma consulta prévia aos eleitores sobre assuntos políticos ou institucionais, antes de a lei ser elaborada. As perguntas são diretas e o povo responde, votando sim ou não. Cumpre ao Congresso Nacional formular os questionamentos (art. 49, XV). Referendo (art. 14, II) é uma manifestação da vontade do povo, destinada à aprovação ou desaprovação de um ato normativo, seja ele a própria Carta Constitucional, uma lei ordinária ou um ato jurídico. É uma confirmação de um assunto já transformado em lei. Faz-se uma consulta ao povo para que ele, por meio do voto, ratifique ou rejeite determinado ato legislativo. Desse modo, os eleitores respondem sim ou não, decidindo sobre a matéria, previamente aprovada pelo Congresso Nacional. O referendo pode ser a

pedido do Chefe do Executivo, de certo número de eleitores ou parlamentares. Somente o Congresso Nacional pode autorizá-lo (art. 49, XV). Como a Carta de 1988 foi omissa quanto ao modo do seu exercício, até mesmo matéria constitucional pode ser referendada, inclusive emendas constitucionais. Iniciativa popular (art. 14, III) é uma modalidade que não se efetiva pelo exercício do voto. Por seu intermédio, o povo apresenta projetos de lei ao Poder Legislativo. Para tanto é necessário haver um número razoável de eleitores, pois o projeto precisa ser subscrito por, no mínimo, 800.000 mil eleitores, aproximadamente, ou seja, 1% do eleitorado nacional, distribuídos pelo menos em 5 Estados, com não menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles (art. 61, 2º). No âmbito do processo legislativo estadual, a lei deverá dispor sobre iniciativa popular. Quanto aos Municípios, cumpre a lei orgânica Municipal regular o instituto, adequando-o ao interesse específico da municipalidade, cidade ou bairro, pela manifestação de, pelo menos, 5% do eleitorado. Sistemas Eleitorais: Sistema Majoritário: A representação, em dado território, cabe ao candidato ou candidatos que obtiverem a maioria (absoluta ou relativa) dos votos. Pode ser classificado em: unipessoal (um candidato por partido) ou pluripessoal (vários candidatos em um só partido; por maioria relativa (escrutínio a um só turno) ou maioria absoluta (escrutínio a dois turnos); No Brasil as eleições são por maioria absoluta para a eleição de Presidente e Vice, de Governador e Vice, de Prefeito e Vice, e por maioria relativa para a eleição de Senadores Federais. Sistema Proporcional: Neste sistema o objetivo é que a representação, em determinado território, se distribua em proporção às correntes ideológicas ou de interesse integrada nos partidos políticos concorrentes. Este sistema é utilizado nas eleições para a Câmara dos Deputados, Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais. Sistema Misto: Existem dois modelos deste sistema um na Alemanha, chamado de sistema de eleição proporcional personalizado, e o outro no México. No Brasil, apesar de já ter sido apresentado um projeto de lei ao Congresso Nacional tentando implementá-lo, nunca foi admitido. Dos Direitos Políticos Negativos Denominamos direitos políticos negativos àquelas determinações constitucionais que, de uma forma ou de outra, importem em privar o cidadão do direito de participação no processo político e nos órgãos governamentais. José Afonso da Silva

Qualificam-se de negativos, pois: Negam o direito de votar = incapacidade eleitoral ativa; ou Negam o direito de ser votado = incapacidade eleitoral passiva. Os direitos políticos negativos veiculam preceitos sobre inelegibilidade e privação dos direitos políticos (perda definitiva ou suspensão temporária da elegibilidade). A regra, contudo, é o gozo dos direitos políticos positivos. Inelegibilidade A inelegibilidade consiste na ausência de capacidade eleitoral passiva, ou seja, da condição de ser candidato e, conseqüente-mente, não pode ser votado, constituindo-se, portanto, em condição obstativa ao exercício passivo da cidadania. Alexandre de Moraes Inelegibilidade obsta a elegibilidade (capacidade eleitoral passiva). Inalistabilidade impede o direito de votar (capacidade eleitoral ativa); e Incompatibilidade impossibilita o eleito de exercer o mandato. Inelegibilidade Absoluta: Representa impedimento eleitoral para qualquer cargo eletivo, tem caráter excepcional e só pode ser estabelecido pela própria Constituição. Este é o caso dos inalistáveis (estrangeiros - art. 14, 2º; conscritos - art. 14, 2º; menores de 16 anos - art. 14, 1º, II, c; e menores de 18 anos não alistados - art. 14, 1º, II, c) e dos analfabetos (art. 14, 4º). Inelegibilidade Relativa: Restrições à elegibilidade para determinados mandatos em razão de situações especiais em que, no momento da eleição, se encontre o cidadão. 1) Por motivos funcionais: a) para os mesmos cargos, num terceiro período subseqüente o Presidente, os Governadores, os Prefeitos, que os houver substituído ou sucedido nos seis meses anteriores ao pleito (art. 14, 5º, EC 16/97); b) para concorrerem a outros cargos: o Presidente, os Governadores e os Prefeitos (art. 14, 6º), salvo desincompatibilização, mediante renúncia aos respectivos mandatos, até seis meses antes do pleito;

Desincompatibilização Dá-se também o nome de desincompatibilização ao ato pelo qual o candidato se desvencilha da inelegibilidade a tempo de concorrer à eleição cogitada,. José Afonso da Silva 2) Reflexiva - por motivo de parentesco: no território de circunscrição do titular os cônjuges e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente, de Governador, de Prefeito, ou de quem os haja substituído dentro de seis meses anteriores ao pleito (art. 14, 7º). 3) Militares: com menos de 10 anos de serviço (art. 14, 8º, I); com mais de 10 anos de serviço (art. 14, 8º, II). 4) Por motivo de domicílio: pois o domicílio eleitoral na circunscrição é uma das condições de elegibilidade, na forma da lei (art. 14, 3º, IV) 5) legais: previstas na LC nº 64, de 18/05/1990, alterada pela LC nº 81, de 13/04/1994 (art. 14, 9º). Sob a terminologia inelegibilidades legais referimo-nos a outros casos de impedimentos relativos à capacidade eleitoral passiva, consagrados, apenas, por lei complementar. Privação dos Direitos Políticos Perda dos direitos políticos: privação definitiva dos direitos políticos. São casos de perda: o cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado (art. 15, I); a perda da nacionalidade brasileira com a aquisição de outra (art. 12, 4º, II); a recusa de cumprir obrigação imposta ou prestação alternativa (art. 5º, VIII; e art. 15, IV). Suspensão dos direitos políticos: privação temporária dos direitos políticos. São casos de suspensão: incapacidade civil absoluta (art. 15, I); condenação criminal transitada em julgado (art. 15, III; improbidade administrativa (art. 15, V; e art. 37, 4º). Reaquisição dos direitos políticos A regra geral é: cessados os motivos que ensejaram a perda ou a suspensão, reabilitam-se os direitos políticos.

A reaquisição dos direitos políticos perdidos é regulada no art. 40 da Lei nº 818/49, que continua em vigor sobre a matéria, naquilo em que a atual Constituição manteve do sistema anterior. A reaquisição dos direitos políticos perdidos em conseqüência da escusa de consciência está prevista na Lei nº 8.239/91, quando diz que o inadimplente poderá, a qualquer tempo, regularizar sua situação mediante cumprimento das obrigações devidas (art. 4º, 2º). A reaquisição dos direitos políticos suspensos. Não há norma expressa que preveja os casos e condições de reaquisição de direitos políticos suspensos. Essa circunstância, contudo, não impossibilita a recuperação desses direitos que se dará automaticamente com a cessação dos motivos que determinaram a suspensão. CASSAÇÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS A cassação dos direitos políticos é vedada pela Constituição (art. 15). Prevalece, pois, a plenitude dos direitos de votar e ser votado, cuja perda ou suspensão apenas se dá em caráter excepcional (art. 15, I, II, III).