ANÁLISE DE DIFERENTES MODELOS DE PREDIÇÃO DE PROPRIEDADES TERMODINÂMICAS PARA BALANÇOS DE EXERGIA NA DESTILAÇÃO ETANOL/ÁGUA.

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Transcrição:

ANÁLISE DE DIFERENTES MODELOS DE PREDIÇÃO DE PROPRIEDADES TERMODINÂMICAS PARA BALANÇOS DE EXERGIA NA DESTILAÇÃO ETANOL/ÁGUA. L. B. Rocha 1, M. L. Gimenes 1, M. de Souza 1 e S. H. B. de Faria 1 pg48138@uem.com.br, sergio@deq.uem.br 1 Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Engenharia Química RESUMO - Dentre os processos de separação industriais, a destilação é um dos maiores consumidores de energia. Justifica-se assim a busca de métodos para otimização energética de colunas de destilação. A otimização de parâmetros como estágio de alimentação, condição térmica da alimentação, utilização de refervedores intermediários pode ser obtida por balanços de exergia na coluna, o que por sua vez depende da determinação de propriedades termodinâmicas consistentes. Neste trabalho, diferentes equações de estado foram utilizadas para o cálculo de entalpia e entropia das correntes internas de uma coluna com o sistema etanol/água, com a finalidade de identificar modelos que resultem em balanços consistentes de exergia para a coluna. Os resultados mostram que equações de estado tradicionais permitem obter balanços consistentes apenas em um conjunto restrito de casos, e que, para corrigir isto, é necessária a utilização de modelos que considerem os valores de entalpia e entropia em excesso. 1. INTRODUÇÃO Atualmente a crescente preocupação com o meio ambiente tem levado a indústria química mundial à busca de processos mais eficientes, sob o ponto de vista de aproveitamento da energia disponível, e menos poluentes. Normalmente, uma etapa grande consumidora de energia é a destilação (Fonyo et al., 2001). Por esta razão, muitos trabalhos já propuseram alternativas visando aproveitar melhor a energia empregada nesta etapa. Historicamente, trabalhos como o apresentado por Mah et al. (1977) já citavam, por exemplo, a importância de utilização de trocadores de calor intermediários em colunas de destilação, para reaproveitamento de correntes quentes disponíveis no processo. Trabalhos como Dhole and Linhoff (1993), Zemp et al. (1997), Chang e Li (2005) e Tarighaleslami et al. (2012) abordaram procedimentos para análise termodinâmicas de colunas de destilação, inclusive com o uso de perfis de perdas de exergia. Entretanto, apesar da utilização de perfis de perdas de exergia para otimização de colunas de destilação ser uma técnica viável, a correta geração de perfis de perdas de exergia, depende da obtenção de propriedades termodinâmicas consistentes, que muitas vezes são baseadas em equações de estado. Já foi relatado na literatura, que para alguns sistemas, o uso de equações de estado clássicas no cálculo das propriedades termodinâmicas, faz com que os balanços de exergia resultem em valores inconsistentes, com geração de exergia, ao invés de destruição. Área temática: Engenharia das Separações e Termodinâmica 1

Para estes casos é necessário o emprego de modelos mais complexos para o cálculo destas propriedades. Estes modelos precisam de várias constantes que não estão disponíveis na literatura para uma série de sistemas. Sendo necessário inclusive em alguns casos, como no sistema metanol/água, o cálculo de dos termos de entalpia de excesso e entropia de excesso de cada corrente da coluna (Faria e Zemp, 2005). Neste contexto, o presente trabalho, aborda a análise de três equações de estado tradicionalmente utilizadas para o cálculo de propriedades termodinâmicas, verificando se as propriedades geradas por estas equações resultam em balanços de exergia consistentes em cada estágio de uma coluna de destilação etanol/água. Para esta análise, além dos balanços de exergia propriamente ditos, também foram construídos os perfis de perdas de exergia da coluna em estudo para cada um dos três modelos. 2. SISTEMA ADOTADO Neste trabalho o estudo de uma coluna de destilação com o sistema binário etanol/água foi adotado. Todos os cálculos foram baseados numa coluna com 30 estágios ideais (no interior da coluna) para as equações de Soave e Peng-Robinson e numa coluna de 9 estágios (no interior da coluna) para as correlações de Lee-Kesler, nas seguintes condições: P = 1 atm sem queda de pressão ao longo da coluna F = 100 kmol/h (Vazão molar de entrada na coluna, como líquido saturado) xf = 0,5 (fração molar de etanol na alimentação da coluna) xd = 0,8 (fração molar de etanol obtida no topo da coluna) R = 1,8 (Razão de refluxo da coluna) Utilizou-se o método clássico de McCabe e Thiele para a determinação de composições e temperaturas em cada estágio da coluna, sendo que a linha de equilíbrio líquido vapor para este sistema foi gerada por meio do software ChemSep. Estes dados são mostrados na Tabela 1. Tabela 1 Composição e temperatura do líquido e do vapor ao longo da coluna Estágio xetanol xh2o yetanol yh2o Testágio (K) Condensador 0,8000 0,2000 - - 351,2 1 0,7705 0,2295 0,8000 0,2000 351,3 2 0,7466 0,2534 0,7844 0,2156 351,4 3 0,7266 0,2734 0,7717 0,2283 351,5 29 0,0131 0,9869 0,1478 0,8522 368,8 30 0,0012 0,9988 0,0165 0,9835 372,5 Refervedor 0,0001 0,9999 0,0014 0,9986 372,9 Área temática: Engenharia das Separações e Termodinâmica 2

3. DETERMINAÇÃO DE PROPRIEDADES TERMODINÂMICAS 3.1 Equações para cálculo de Entalpia e entropia Para a realização dos balanços de exergia, propriedades termodinâmicas consistentes devem ser obtidas para cada corrente interna da coluna de destilação. A determinação destas propriedades pode se feita com base em diferentes equações de estado. Neste trabalho, serão analisados as equações apresentadas a seguir: Equação de Soave: H R R T da (a - T dt = (Z 1) ) b R T Ln(1 + h) (1) S R R da T dt = Ln(Z Z h) Ln(1 + h) (2) b R T Equação de Peng-Robinson: H R R T S R R da (a - T dt = (Z 1) ) = Ln(Z Z h) T Equação de Lee-Kesler: 2 2 b R T Ln(1+h(1+ 2) 1+h(1-2) ) (3) da dt 2 2 b R T Ln(1+h(1+ 2) 1+h(1-2) ) (4) H R = H R 0 + ωh R 1 (5) S R = S R 0 + ωsh R 1 (6) As variáveis necessárias a estas equações são apresentadas nas Tabelas 2 e 3 (Smith et al., 1996): Tabela 2 Parâmetros para etanol/água Composto Massa Molar ω TC (K) Pc (Pa) ZC VC (m³/mol) Tn (K) Etanol 46,069 0,645 513,9 6148000 0,240 0,000167 351,4 Água 18,015 0,345 647,1 22055000 0,229 0,0000559 373,2 Tabela 3 Parâmetros reduzidos para os compostos etanol e água em cada estágio da coluna [3] Composto Etanol Água Estágio Tr Pr Tr Pr Condensador 0,6850 0,016481 0,5440 0,004594 1 0,6853 0,016481 0,5443 0,004594 30 0,7122 0,016481 0,5656 0,004594 Refervedor 0,7258 0,016481 0,5764 0,004594 Área temática: Engenharia das Separações e Termodinâmica 3

3.2 Cálculo de entalpia e entropia Utilizando as equações de Soave, Peng-Robinson e Lee-Kesler, os valores de entalpia e entropia foram calculados para cada uma das correntes líquida em vapor no interior da coluna. Em seguida um balanço de entalpia e entropia foi feito para cada estágio n: H n = H Ln 1 + H Vn+1 + H Ln + H Vn (7) S n = S Ln 1 + S Vn+1 + S Ln + S Vn (8) Os valores obtidos são apresentados nas Tabelas 4, 5 e 6: Tabela 4 Balanço de Entalpia realizado em cada estágio da coluna Estágio Soave (kj/mol) Peng-Robinson (kj/mol) Estágio Lee-Kesler (J/mol) 1 1,8083 1,8747 1 4,1877 2 1,4903 1,4968 2 3,0898 3 1,1949 1,2374 3 5,8492 4 1,0741 1,0494 4 2,6205 5 3,7589 27 6,4959 5,4101 6 20,4573 28 10,5520 9,4523 7 7,2828 29 2,1339 0,1267 8 22,2384 30 1,4489 0,6965 9 1,1288 Tabela 5 Balanço de Entropia realizado em cada estágio da coluna Estágio Soave (kj/mol) Peng-Robinson (kj/mol) Estágio Lee-Kesler (J/mol) 1 0,0037 0,0038 1 0,7372 2 0,0031 0,0030 2 1,0823 3 0,0024 0,0025 3 0,7314 4 0,0022 0,0021 4 1,4330 5 1,0944 27 0,0125 0,0122 6 4,4807 28 0,0203 0,0200 7 11,1956 29 0,0029 0,0025 8 4,79231 30 0,0023 0,0021 9 39,7157 Para a corrente de alimentação determinaram-se também as propriedades para cada uma das correlações já apresentadas: Tabela 6 Propriedades de Entalpia e Entropia determinadas para a corrente de alimentação Entalpia Soave (kj/mol) Peng-Robinson (kj/mol) Lee-Kesler (J/mol) Alimentação 0,1394 0,1348 25,2574 Entropia Soave (kj/mol) Peng-Robinson (kj/mol) Lee-Kesler (J/mol) Alimentação 0,0027 0,0025 0,4765 Área temática: Engenharia das Separações e Termodinâmica 4

3.3 Cálculo do conteúdo exergético O cálculo do conteúdo exergético de cada estágio segundo Zemp et al. (1997) é definido para um processo reversível como segue: Ex estágion = H estágion T o S estágion (9) A seguir são apresentadas as correntes utilizadas nos balanços em cada estágio, em conjunto com suas entalpias e entropias. Figura 1 Correntes para balanço de entalpia e entropia em cada estágio da coluna Para um estágio n qualquer, que não seja o estágio de alimentação, o balanço de exergia para o estágio é dado pela Equação 7. No caso específico do estágio de alimentação, é necessário considerar na Equação 7 a contribuição do conteúdo exergético da corrente de alimentação. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com estes dados, pode-se determinar a variação de exergia de cada estágio da coluna estudada, obtendo-se um perfil de sua variação ao longo de toda a coluna. Este perfil é conhecido como perfil de perdas de exergia, pois os balanços de exergia provam em cada estágio da coluna uma parcela da exergia é destruída. As figuras 2, 3 e 4 mostram os perfis de perdas de exergia obtidos neste trabalho, com as propriedades termodinâmicas calculadas pelas equações 1 a 6. Área temática: Engenharia das Separações e Termodinâmica 5

Estágio 33 32 31 30 29 28 27 26 25 24 23 22 21 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0-0,5 0,5 1,5 2,5 3,5 4,5 5,5 Variação de Exergia (kj/mol) Figura 2 Perfil de perdas de exergia propriedades calculadas pela equação de Soave Estágio 33 32 31 30 29 28 27 26 25 24 23 22 21 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0-0,2 0,3 0,8 1,3 1,8 2,3 2,8 3,3 3,8 Variação de Exergia (kj/mol) Figura 3 Perfil de perdas de exergia propriedades calculadas pela equação de Peng-Robinson Estágio 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 Variação de Exergia (kj/mol) Figura 4 Perfil de perdas de exergia propriedades calculadas pela equação de Lee Kesler Área temática: Engenharia das Separações e Termodinâmica 6

Em cada construção gráfica, o estágio zero corresponde ao condensador total da coluna, o estágio 31 corresponde ao refervedor parcial da coluna, e o estágio 22 é o estágio de alimentação. Sendo que, neste trabalho, analisam-se unicamente os balanços de exergia em função das correntes que chegam e saem de cada estágio. Para a atual análise, não foram consideradas as influências que ocorrem no condensador e no refervedor, devido a quantidades de energia que são retiradas e adicionadas a coluna. Analisando-se estes perfis, é possível notar que ocorrem perdas de exergia em cada estágio da coluna, o que está de acordo com o esperado, pois em cada estágio ocorre um processo de separação em função da existência de forças motrizes. Pela termodinâmica, um processo este processo deve ocorrer com a geração de entropia, e consequente destruição de exergia. Também é possível observar que as perdas de exergia, nos três casos são maiores nos estágios localizados abaixo da alimentação do que nos estágios acima da alimentação. Isto também está de acordo com o esperado, pois a alimentação da coluna estudada é líquida, fazendo com que as vazões de líquido e de vapor da coluna sejam maiores nos estágios localizados abaixo a alimentação. A consequência é que também são maiores as forças motrizes nestes estágios. Ou seja, há uma distribuição de forças motrizes ao longo da coluna, com forças motrizes maiores abaixo da alimentação, e por consequência, maiores perdas de exergia abaixo da alimentação da coluna. Os picos apresentados nas figuras indicam os estágios de maior perda de exergia e pontos a serem trabalhados para otimização da coluna. 5. CONCLUSÕES Neste trabalho, três equações de estado foram utilizadas para o cálculo de entalpia e entropia de cada um dos estágios de uma coluna de destilação com o sistema etanol/água. As duas primeiras partem de um equacionamento bastante similar, que levam a perfis de exergia também similares, diferenciando-se por parâmetros do modelo. No entanto, a terceira proporciona um diferente perfil, por ser um modelo com abordagem distinta, aplicado a uma condição operacional diferenciada. Todos os perfis obtidos, independentemente das equações utilizadas, resultaram em formatos coerentes, tanto do ponto da termodinâmica, quanto da distribuição de forças motrizes ao longo da coluna. Como já citado, para alguns sistemas, o uso de equações de estado clássicas no cálculo das propriedades termodinâmicas, faz com que os balanços de exergia resultem em valores inconsistentes, e em perfis que não podem ser interpretados. O estágio de alimentação, por exemplo, apresenta valores negativos, contudo, irrisórios nas figuras 2 e 3, decorrentes de aproximações na análise do diagrama obtido pelo método de McCabe e Thiele. No presente trabalho, um conjunto limitado de casos foi estudado. Os perfis foram obtidos unicamente para o caso de uma coluna com alimentação líquido saturado, sem a verificação de mudanças de condição térmica da alimentação, estágio de alimentação ou a presença de trocadores de calor intermediários. Apesar disto, em princípio, os diagramas obtidos levam a crer que para o sistema etanol/água, os balanços estão sendo realizados coerentemente, e que estes perfis podem ser utilizados no direcionamento das modificações que devem ser realizadas na coluna, visado otimização do ponto de vista da termodinâmica. Área temática: Engenharia das Separações e Termodinâmica 7

6. NOMECLATURA a Parâmetro da força de atração intermolecular (Pa.m³.mol -1 ) b Parâmetro de volume molecular (m³.mol -1 ) E x Variação de exergia do estágio (kj.mol -1 ) h Razão entre o parâmetro do volume molecular e o volume molecular H Variação de entalpia do estágio (kj.mol -1 ) H R Entalpia residual (kj.mol -1 ) P Pressão absoluta (Pa) R Constante dos gases (Pa.m³.mol -1.K -1 ) S Variação de entropia do estágio (kj.mol -1.K -1 ) S R Entropia residual (kj.mol -1.K -1 ) T o Temperatura de referência (298,15 K) ω Fator acêntrico x Fração molar na fase líquida y Fração molar na fase vapor Z Fator de compressibilidade 7.REFERÊNCIAS Chang, H.; Li, J. Anewexergy method for process analysis and optimization. Chemical Engineering Science, v. 60, p. 2771 2784, 2005. Dhole, V. R., Linnhoff, B. Distillation columns targets. Computers and Chemical Engineering. v. 17, p. 549-560, 1993. Faria, S.H.B.; Zemp R.J. Using exergy loss profiles and enthalpy temperature profiles for the evaluation of thermodynamic efficiency in distillation column. Therm Eng. v. 4, No 1, p.76 82, 2005. Fonyo, Z.; Rév, E.; Emtir, M.; Szitkai, Z.; Mizsee P. Energy savings of integrated and coupled distillation systems. Comp. Eng., v. 25, p. 119-140, 2001. Mah, R. S. H.; Nicholas Jr. J. J.; Wodnik, R. B. Distillation with secondary reflux and vaporization: A comparative evaluation. AIChE Journal. v. 23, No. 5, p. 651-658, 1997. Smith, J.M.; Van Ness, H.C.; Abbott, M.M.; Introduction to Chemical Engineering Thermodynamics 5a. Ed., New York: McGraw-Hill. 1996. Tarighaleslami, A. H.; Omidkhah, M. R.; Ghannadzadeh, A.; Hesas, R. H. Thermodynamic evaluation of distillation columns using exergy loss profiles: a case study on the crude oil atmospheric distillation column. Clean Techn Environ Policy. v. 14, p. 381 387, 2012. Zemp, R. J.; Faria, S. H. B.; Maia, M. L.O. Driving force distribution and exergy loss in the thermodynamic analysis of distillation columns. Computers and Chemical Engineering. v. 21, p. S523-S528, 1997. Área temática: Engenharia das Separações e Termodinâmica 8