Produção de Taro, Sob Amontoa, em Solo Seco do Pantanal Sul- Mato-Grossense.

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Transcrição:

Produção de Taro, Sob Amontoa, em Solo Seco do Pantanal Sul- Mato-Grossense. Néstor A. Heredia Zárate; Maria do Carmo Vieira UFMS-DCA, C. Postal 533, 79804-970 Dourados-MS, E-mail: nheredia @ ceud.ufms.br Bolsistas de Produtividade em Pesquisa do CNPq RESUMO O trabalho foi desenvolvido em condições de solo seco, na Base de Estudos do Pantanal no Passo da Lontra, Corumbá-MS, no período de 22-7-2002 a 10-1-2003. Foram avaliados os clones de taro Japonês, Chinês, Branco, Cem/Um e Macaquinho, com e sem amontoa, como fatorial 5 x 2, no delineamento experimental de blocos casualizados, com três repetições. O plantio foi com rizomas-filhos inteiros, sob população de 50.000 plantas ha -1. Foi feita a amontoa aos 56 dias após o plantio e irrigou-se a cada 28 dias, a partir do plantio, utilizando o sistema de inundação por gravidade. A colheita foi efetuada quando mais de 70% da parte aérea das plantas dos clones mais tardios apresentavam sintomas de senescência. Em relação à população inicial, houve perdas de população entre 16.250 plantas ha -1 no Chinês e 32.080 plantas ha -1 no Cem/Um. As produções de parte aérea foram significativamente maiores nas plantas dos clones Chinês e Japonês. As produções totais de rizomas ficaram entre 5,94 t ha -1 no Macaquinho e 1,76 t ha -1 no Cem/Um, quando se fez amontoa, e entre 3,85 t ha -1 no Chinês e 1,05 t ha -1 no Macaquinho, quando não se fez amontoa. A produção de rizomas-mãe do taro Chinês foi significativamente maior do que dos outros clones. A maior produção de RF comerciais (massa superior a 25,0 g) foi do taro Macaquinho sob amontoa (3,86 t ha -1 ) e a menor foi do Branco e do Cem/Um, sem amontoa (0,07 t ha -1 ). A menor produção de RF não comerciais foi do Macaquinho (0,55 t ha -1 ) e a maior foi do Branco (2,16 t ha -1 ). Palavras-chave: Colocasia esculenta, Araceae, clones, tratos culturais, produtividade ABSTRACT Taro yield under hilling in Pantanal Sulmatogrossense dry soil The work was carried out in dry soil conditions at Pantanal Base of studies in Passo da Lontra, Corumbá-MS, from July 22 nd, 2002, to January 10 th, 2003. Japonês, Chinês, Branco, Cem/Um and Macaquinho taro clones, with or without hilling, as 5 x 2 factorial scheme in a randomized block experimental design with three replications. Planting was with entire cormels, under population of 50,000 plants ha -1. Hilling was done at 56 days after planting and plants were irrigated at each 28 days, after planting, using an

2 irrigation system which consisted by flood by gravity Harvest was done when more than 50% of aerial parts of clone plants showed senescence symptoms. In relation to initial population, there were losses of population among 16,250 plants ha -1 in Chinês and 32,080 plants ha -1 in Cem/Um. Yield of aerial part were significantly higher in Chinês and Japonês clones. Total yield of rhizomes were between 5.94 t ha -1 for Macaquinho and 1.76 t ha -1 for Cem/Um, when hilling was done, and between 3.85 t ha -1 for Chinês and 1.05 t ha -1 for Macaquinho, when hilling was not done. Corm yield of Chinês taro was significantly higher than others clones. The highest RFC yield (mass superior to 25.0 g) was of Macaquinho taro under hilling (3.86 t ha -1 ) and the smallest yield was of Branco and of Cem/Um without hilling (0.07 t ha -1 ). The smallest yield of non commercial cormels was of Macaquinho (0.55 t ha -1 ) and the highest yield was of Branco (2.16 t ha -1 ). Keywords: Colocasia esculenta, Araceae, clones, cultivation treatments, productivity. A capacidade de as plantas de taro produzirem em condições consideradas impróprias para a agricultura tradicional, faz dessa espécie a cultura de subsistência ideal para áreas onde não se usa tecnologia avançada (Heredia Zárate, 1995; Heredia Zárate & Vieira, 1998). Pedralli (2002) cita que, mais de 800 espécies de Araceae têm importância econômica (ornamentais, alimentícias e/ou medicinais) ou etnobotânica, e cerca de 10% da população mundial utiliza na alimentação o rizoma de Colocasia esculenta (L.) Schott, chamada na maioria dos países popularmente de taro. A importância do taro é porque as plantas dão grande produção por unidade de área, são pouco exigentes em gastos com mão-de-obra e insumos e os rizomas produzidos se apresentam como alimento rico em amido e são de fácil preservação (Anuário, 1994). O plantio do taro, nas condições do pantanal, seria uma fonte básica alimentar e de criação de empregos, porque pode ser iniciado em junho e/ou julho e a colheita pode ser feita em dezembro ou janeiro, época que coincide com a da piracema, quando os habitantes das margens dos rios e os pantaneiros, que vivem da pesca, sofrem com o desemprego. A produtividade do taro é grandemente variável por causa das diferenças nas práticas de plantio, das técnicas de irrigação e do desconhecimento das características genotípicas das diferentes espécies e cultivares (Heredia Zárate & Yamaguti, 1994). Carvalho (2002) cita que em vários municípios de Minas Gerais onde o taro é cultivado, os tratos culturais são manuais e constam de amontoa e capinas. Na região do cinturão verde de Belo Horizonte, a amontoa coincide com a terceira capina, feita aos

3 60 dias depois da primeira, que executa-se antes da emergência das brotações das mudas. Em outras regiões, a amontoa é feita aos 100 dias após o plantio, quando coincide com a segunda capina. Pimenta (1993), trabalhando em Viçosa-MG com o taro Japonês, com o objetivo de verificar o efeito da amontoa e da adubação orgânica, em cobertura, realizadas aos 110 dias do plantio, concluiu que a amontoa favoreceu a produção de rizomas extra por planta e reduziu a produção de rizomas refugo, primeira e especial. O objetivo do trabalho foi conhecer o rendimento de cinco clones de taro sob uso ou não de amontoa, em solo com mínima umidade do pantanal sul-mato-grossense. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido na margem do rio Miranda, na Base de Estudos do Pantanal Sul-mato-grossense, localizada a 19º34 37 latitude Sul e 57º00 42 longitude Oeste, no Passo da Lontra, Corumbá-MS, pertencente à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS, no período de julho/2002 a janeiro/2003. As características físicas da área experimental foram 47,60% de argila; 12,44% de silte; 0,56% de areia grossa e 39,39% de areia fina e as características químicas foram 5,4 de ph em água, 29,1 g dm -3 de M.O; 7,3 mg dm -3 de P e 2,3; 1,0; 157,3 e 53,3 mmolc dm -3 de K, Ca e Mg, respectivamente. Foram avaliados os clones de taro Japonês, Chinês, Branco, Cem/Um e Macaquinho, na presença e ausência de amontoa, distribuídos em esquema fatorial 5 x 2, no delineamento experimental de blocos casualizados, com três repetições. As parcelas foram compostas por 30 plantas, distribuídas em três linhas de plantas de 2,0 m de comprimento, com espaçamentos de 1,0 m entre linhas e 0,20 m entre plantas, perfazendo população de 50.000 plantas ha -1. O experimento foi implantado em solo seco, a 50 m da margem do rio, onde se fez a abertura de sulcos de plantio, com aproximadamente 0,15 m de largura x 0,10 m de profundidade. No plantio, foram empregadas mudas formadas por rizomas-filho inteiros com massas médias de 33,9; 33,4; 31,3; 26,1 e 22,1 g, para os clones Japonês; Macaquinho; Chinês; Cem/Um e Branco, respectivamente, colocadas no fundo do sulco, em posição vertical com o ápice para cima, e cobertas com terra. Foi realizada a amontoa, com o uso de enxadas, aos 56 dias após o plantio, quando as plantas apresentavam altura mínima de 0,20 m. As irrigações foram feitas a cada 28 dias, a partir do plantio, utilizando o sistema de inundação por gravidade. Foram realizadas ceifas das plantas infestantes, aos 28 e 84 dias após a amontoa, com o uso de

4 enxadas. Em decorrência da ausência de pragas e doenças não foram utilizados agrotóxicos. A colheita foi efetuada quando mais de 50% da parte aérea das plantas dos clones mais tardios apresentavam sintomas de senescência. Os caracteres avaliados foram população final de plantas, massas frescas partes aéreas (limbos + pecíolos) e dos rizomas (rizomas-mãe-rm + rizomas-filho-rf), produções de RM e de RF comerciais (massa superior a 25,0 g) e RF não-comerciais. Os dados foram submetidos à análise de variância e quando o teste F foi significativo, a 5% de probabilidade, aplicou-se o teste de Tukey para diferenciação das médias entre clones. RESULTADOS E DISCUSSÃO As populações finais de plantas variaram significativamente entre os clones, sendo a maior para o Chinês (33.750 plantas ha -1 ) e a menor para o Cem/Um (17.920 plantas ha -1 ), com perdas entre 16.250 e 32.080 plantas ha -1, respectivamente, em relação à população inicial (50.000 plantas ha -1 ) (Tabela 1). As produções de massa fresca das partes aéreas das plantas foram significativamente maiores naquelas dos clones Chinês e Japonês (Tabela 1). Tabela 1. População final e produção de massa fresca de parte aérea e total de rizomas (rizomas-mãe e rizomas-filho comerciais e não comerciais) de cinco clones de taro. Corumbá, UFMS, 2002-2003. Clone Macaquinho Chinês Branco Cem/Um Japonês C.V. (%) População final (plantas ha -1 ) 21.250 ab 33.750 a 22.920 ab 17.920 b 28.080 ab 31,32 Parte aérea Produção de massa fresca (t ha -1 ) Total de Rizomas rizomas RM RF Comercial RF Não comercial 0,04 b 3,50 ab 0,89 b 2,05 a 0,55 b 1,49 a 4,88 a 2.03 a 0,97 ab 1,88 a 0,02 b 2,99 bc 0,54 b 0,29 b 2,16 a 0,05 b 1,50 c 0,47 b 0,20 b 0,83 b 0,85 a 3,98 ab 1,55 a 1,55 ab 0,88 b 82,36 32,18 28,02 77,96 37,07 Médias seguidas pelas mesmas letras, nas colunas, não diferem pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade O fato da maior população final das plantas ter ocorrido quando se fez amontoa (Tabela 2) pode indicar que os clones do taro estudados possuem grande capacidade de adaptação e de recuperação frente a mudanças no ambiente de cultivo (Larcher, 2000). As maiores produções de massa fresca das partes aéreas foram das plantas do taro sob amontoa, em relação àquelas sem amontoa (Tabela 2).

5 Tabela 2. População final e produção de massa fresca de parte aérea e total de rizomas (rizomas-mãe e rizomas-filho comerciais e não comerciais) de plantas de taro cultivadas com e sem amontoa. Corumbá, UFMS, 2002-2003. Amontoa Com Sem C.V. (%) População final (plantas ha -1 ) 29.070 a 20.500 b 31,32 Parte aérea Produção de massa fresca (t ha -1 ) Total de Rizomas rizomas RM* RF** Comercial RF Não comercial 0,70 a 4,48 a 1,42 a 1,64 a 1,42 a 0,28 b 2,25 b 0,77 b 0,39 b 1,09 b 82,36 32,18 28,02 77,96 37,07 Médias seguidas pelas mesmas letras, nas colunas, não diferem pelo teste F, a 5% de probabilidade. * Rizoma-mãe ** Rizoma-filho As maiores produções totais de massa fresca de rizomas (Tabela 3) foram das plantas sob amontoa, em todos os clones. As baixas produções totais de rizomas dos cinco clones do taro estudados, entre 5,94 t ha -1 no Macaquinho e 1,76 t ha -1 no Cem/Um, quando se fez amontoa, e entre 3,85 t ha -1 no Chinês e 1,05 t ha -1 no Macaquinho, quando não se fez amontoa, em relação à média nacional (8,0 t ha -1 ), deve ter relação com a baixa umidade no solo e com a competição de plantas infestantes, presentes na área. A maior produção de matéria fresca de rizomas-filho comerciais foi do taro Macaquinho sob amontoa (3,86 t ha -1 ) e a menor foi do Branco e do Cem/Um, sem amontoa (0,07 t ha -1 ). A menor produção de rizomas-filho não comerciais foi do taro Macaquinho e a maior produção do Branco (Tabela 1). Tabela 3. Produção total de matérias frescas de rizomas de cinco clones de taro em função da amontoa. Corumbá, UFMS, 2002-2003. Amontoa Com Matérias frescas de rizomas (t ha -1 ) Japonês Cem/Um Branco Macaquinho Chinês 5,18 a 1,76 a 3,64 a 5,94 a 5,91 a Sem 2,77 b 1,24 a 2,34 b 1,05 b 3,85 b Médias seguidas pelas mesmas letras, nas colunas, não diferem pelo teste F, a 5% de probabilidade. Pelos resultados obtidos concluiu-se que as plantas de taro têm capacidade adaptativa e produtiva característica do clone e que, em condições de mínima umidade do solo, é recomendável fazer amontoa para obter maior sobrevivência de plantas e conseqüente aumento da produtividade. AGRADECIMENTOS Ao CNPq, pelas bolsas concedidas e à FUNDECT-MS, pelo apoio financeiro. LITERATURA CITADA

6 ANUÁRIO A GRANJA DO ANO. Cará e inhame. São Paulo: Centaurus, p. 30-35, 1994. CARVALHO, S. P. de. Manejo cultural do taro no estado de Minas Gerais. In: CARMO, C.A.S. do. Inhame e taro: sistemas de produção familiar. Vitória, 2002. p. 199-202 HEREDIA ZÁRATE, N. A. Produção de cinco clones de inhame cultivados no pantanal sul-matogrossense. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 13, n. 1, p. 38-40, 1995. HEREDIA ZÁRATE, N. A.; VIEIRA, M. C. Produção e uso de hortaliças amídicas para consumo humano e para alimentação de frangos de corte. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE AGRICULTURA SUSTENTABLE, 1. Palestra. Pedro Juan Caballero Paraguai, 1998. 7 p. HEREDIA ZÁRATE, N. A.; YAMAGUTI, C. Y. Curvas de crescimento de cinco clones de inhame, em solo sempre úmido, considerando épocas de colheita, em Dourados- MS. SOBInforma, Curitiba, v. 13, n. 2, p. 23-24, 1994. LARCHER, W. Ecofisiologia vegetal. Tradução: Carlos Henrique Britto de Assis Prado. 2.ed. São Carlos: RiMa Artes e Textos, 2000. 531 p. PEDRALLI, G. Uso de nomes populares para as espécies de Araceae e Dioscoreaceae. In: CARMO, C.A.S. do. Inhame e taro: sistemas de produção familiar. Vitória, 2002. p. 15-26. PIMENTA, D. S. Crescimento e produção de inhame (Colocasia esculenta (L.) Schott), com composto orgânico, amontoa e capina. Viçosa, 1993. 78 f. (Mestrado em Fitotecnia) Universidade Federal de Viçosa.