Principais problemas ergonômicos encontrados no profissional odontológico

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1 Principais problemas ergonômicos encontrados no profissional odontológico Resumo Fulvia Bilby de Freitas 1 fulviabilby@yahoo.com.br Orientadora: Dayana Priscila Maia Mejia 2 Pós-graduação em Ergonomia: Produto e Processo Faculdade FASERRA Este artigo trata dos principais problemas ergonômicos encontrados no profissional odontológico. O odontólogo é um profissional que está exposto a diversos riscos ocupacionais, dentre eles destacam-se os riscos ergonômicos, pois se sabe que estes profissionais costumam adotar determinadas posturas durante toda a sua jornada de trabalho, que muitas vezes são inadequadas e acarretam em doenças como LER/DORTS, além da manipulação das diversas ferramentas e equipamentos. Este teve como objetivo identificar junto à literatura existente os principais problemas ergonômicos encontrados no profissional odontológico. Utilizou como metodologia uma pesquisa bibliográfica, quanto a sua natureza é uma pesquisa aplicada, quanto à abordagem do problema caracterizou-se de forma qualitativa e quanto aos seus objetivos à pesquisa é exploratória e explicativa. Destaca-se nesse trabalho a importância da aplicação da ergonomia em sua prática diária, principalmente deste profissional odontológico, pois como pode ser verificado ao longo do trabalho realizado que este está suscetível a diversas DORT s que acometem principalmente os membros superiores devido a constante exigência de posturas que são adotadas durante toda a sua jornada de trabalho, bem como as características do mobiliário do posto de trabalho, das ferramentas utilizadas e do ritmo de trabalho. Palavra chave: Ergonomia; Problemas Ergonômicos; Profissional odontológico. 1. Introdução O odontólogo ou o dentista é um profissional que está exposto a diversos riscos ocupacionais, dentre eles destacam-se os riscos ergonômicos, e esses riscos tem relação direta às posturas adotadas durante toda a sua jornada de trabalho, além da manipulação das diversas ferramentas e equipamentos. A adoção de posturas inadequadas acarretam muitas vezes em algumas doenças como LER (Lesões por esforços repetitivos) / DORT s (Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho). 1 Pós-graduando em Ergonomia: Produto e Processo 2 Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia do Ensino Superior; Mestre em Bioética e Direito em Saúde.

2 A ergonomia na Odontologia tem como objetivo a racionalização do trabalho visando sua simplificação, a prevenção da fadiga e o maior conforto tanto para o profissional quanto para paciente. Além de avaliar as condições físicas do ambiente de trabalho, estuda sistemas complexos de interação do homem. 1 A ergonomia avalia o posto de trabalho, bem como seus agentes ambientais presentes nele; verifica também se os mobiliários estão adequados ao profissional para a execução das atividades e se as posturas adotadas pelo profissional são adequadas. A partir desses conceitos buscou-se identificar através de uma pesquisa bibliográfica os principais problemas ergonômicos encontrados em um consultório odontológico, destacandose a importância da aplicação da ergonomia nesta profissão, desde a concepção do posto de trabalho até ao seu principal objetivo de atender seus pacientes. Esta pesquisa apresentou a seguinte problemática: Quais são os principais problemas ergonômicos encontrados no profissional odontológico? Para a resolução do problema determinou-se como objetivo geral: Identificar junto à literatura existente os principais problemas ergonômicos encontrados no profissional odontológico. E para os objetivos específicos foram: - Buscar junto à literatura disponível os principais conceitos e fundamentos sobre a ergonomia; - Listar e descrever junto à literatura existente os principais problemas ergonômicos no profissional odontológico; - Propor melhorias para os principais problemas ergonômicos encontrados no profissional odontológico. 2. Fundamentação Teórica 2.1 Ergonomia É o estudo da adaptação do trabalho às características fisiológicas e psicológicas do ser humano. 2

3 Para Vieira 3 e Iida 4 a Ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem. Ainda Saliba 5, esse conceito, com as devidas adaptações, foi adotado pela NR- 17 em seu subitem 17.1, que dispõe: Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. Segundo Cybis 6, a ergonomia tem como objetivo principal, reduzir ou eliminar os riscos profissionais à saúde e, também, melhorar as condições de trabalho, com a finalidade de evitar um incremento de fadiga provocado pela elevada carga global de trabalho em suas várias dimensões: carga física, derivada do esforço muscular, carga psíquica e carga cognitiva. Os agentes ergonômicos referem-se à morfologia, a maneira como as atividades são executadas, as posturas estáticas e prolongadas realizadas de forma inadequada, manipulação e transporte de pacientes, a morfologia dos equipamentos. Todos esses aspectos concorrem para o surgimento de patologias relacionadas a lesões de natureza osteomusculares. 7 2.2 Ergonomia e a Odontologia Na Odontologia, como nos demais campos, a ergonomia tem uma importância crescente no universo do trabalho, uma vez que auxilia na produtividade e proporciona boas condições para a execução das atividades laborais, além de simplificar o trabalho, prevenir a fadiga física e mental, proporcionando maior conforto tanto para o trabalhador, no caso o cirurgiãodentista, quanto para seu paciente. 8-9 A aplicação de princípios de ergonomia aos equipamentos e ao ambiente de trabalho é uma maneira eficaz de se garantir a salubridade, segurança, alto desempenho, motivação e a satisfação no trabalho odontológico. 10-12 A profissão do cirurgião-dentista tem como tarefa uma rotina diária de trabalho que exige dos membros superiores e estruturas contíguas uma freqüência de movimentos repetitivos padrão devido suas atividades clínica. 13 Com o aumento vertiginoso da importância da ergonomia no contexto atual e o crescente número de profissionais da odontologia envolvidos com os distúrbios músculoesquelético,

4 torna-se necessário uma abordagem ergonômica sistêmica para a prática odontológica que possa aprimorar ainda mais as suas condições de trabalho, otimizando a produtividade e diminuindo a ocorrência de lesões. 14-15 2.3 Problemas Ergonômicos na Odontologia O desconforto físico e a má postura do profissional de Odontologia são fatores determinantes para o aparecimento das doenças ocupacionais, incomodando e, algumas vezes, até incapacitando o desempenho profissional do dentista. Um posto de trabalho mal projetado tende a obrigar o profissional a assumir posturas inadequadas, predispondo a lesões músculoesqueléticas. 15 Segundo Trindade & Andrade 16, as lesões descritas podem afetar o dentista devido à característica do trabalho que ele executa com as mãos, mas que envolve todo o corpo, com reflexos nos movimentos e nas posturas exigidos em suas tarefas diárias. São elas: - Síndrome do Túnel do Carpo sintomas: parestesia nas mãos, déficit na realização de pinça e apreensão, causada por movimentos repetitivos de flexão e extensão com o punho, principalmente se acompanhados por realização de força. Ex.: digitar, fazer montagens industriais, empacotar. - Síndrome do Desfiladeiro Torácico parestesias em membro superior; causadas por compressão sobre o ombro, flexão lateral do pescoço, elevação do braço. Ex.: fazer trabalho manual ou sobre veículos, apoiar o telefone entre o ombro e a cabeça. - Síndrome do Canal de Guyon sintomas: desvio ulnar combinado à preensão exagerada e mantida; compressão da borda ulnar do punho. Ex.: carimbar. - Síndrome do Pronador Redondo sintomas: parestesias e déficit de pinça e apreensão. Principais fatores: esforço manual do antebraço em pronação (movimento das mãos de fora para dentro, em que o polegar fica junto ao corpo e a palma da mão voltada para baixo). Ex.: carregar pesos, praticar musculação, apertar parafusos. - Síndrome do Canal Cubital sintomas: formigamento na face lateral do antebraço e quarto e quinto dedos da mão; caudados por compressão do nervo ulnar; flexão extrema do cotovelo com ombro abduzido; vibrações. Ex.: apoiar cotovelo em mesa.

5 - Tenossinovite dos extensores dos dedos e do carpo sintomas: inflamação, dor e déficit na manutenção do punho em posição neutra na pinça e preensão da mão; causados por falta de alongamento e resistência dos músculos extensores; pinça e apreensão exagerada de objetivos; fixação antigravitacional do punho; movimentos repetitivos de extensão dos dedos. Ex.: digitar, operar mouse. - Tenossinovite dos flexores dos dedos e do carpo sintomas: inflamação, dor na face ventral do antebraço e punho; causados por movimentos repetitivos de flexão dos dedos e da mão e movimentos repetitivos de flexão dos dedos. - Tenossinovite DeQuervain sintomas: inflamação e dor entre o punho e o polegar; causados por desvio ulnar acentuado; déficit de alongamento e força dos extensores; estabilização do polegar em pinça seguida de rotação ou desvio ulnar do carpo, principalmente se acompanhado de realização de força. Ex.: torcer roupas, apertar botão com o polegar. - Tendinite do supra-espinhoso sintomas: inflamação e dor na região posterior e lateral do ombro (razão: ombros projetados à frente e suspensos); déficit muscular. Ex.: carregar pesos sobre o ombro, jogar vôlei ou peteca. - Tendinite da porção longa do bíceps sintomas: inflamação e dor na região anterior e proximal do ombro (normalmente combinado à tendinite do supraespinhoso); causada por manutenção da flexão do punho, antebraço pronado e braço em abdução (afastamento do corpo), sem apoio; manutenção do antebraço supinado e fletido sobre o braço. Ex.: carregar pesos. - Epicondilite sintomas: inflamação e dor na faixa lateral e/ou medial do cotovelo; causado por sobrecarga dos músculos extensores/flexores dos punhos e dos dedos; movimentos com esforços estáticos e preensão prolongada de objetos, principalmente com o punho estabilizado em flexão dorsal e nas pronossupinações com utilização de força. Ex.: apertar parafusos, jogar tênis, desencapar fios, tricotar, operar motossera. - Dedo em gatilho ressalto do tendão extensor na polia inflamada das falanges; ocasionado por estresse repetitivo sobre a polia por encurtamento dos extensores dos dedos; compressão palmar associada à realização de força. Ex.: uso de alicates e tesouras.

6 - Cervicalgia sintomas: dor e perda de amplitude do pescoço (razões: postura inadequada do pescoço e compressão de nervos e vasos). - Síndrome dolorosa miofascial sintomas: espasmos e tensão muscular; mialgia (dor muscular); causas: desequilíbrio funcional entre os músculos durante gestos e posturas. Para Lawrence apud Filho et al 17, é bastante comum entre cirurgiões-dentistas a degeneração dos discos intervertebrais da região cervical. Outras patologias, como a periartrite escápuloumeral ou bursite, a hipertrofia muscular observada no membro mais utilizado e a contratura muscular fisiológica, são comuns nesta categoria profissional. Para o cirurgião-dentista, a repetição de gestos e a manutenção de contra-resistências, bem como a postura dos membros superiores, com atividades que exijam constante flexão e extensão do punho, a compressão mecânica das bases das mãos com instrumentos periodontais e endodônticos curtos e inadequados e que necessitam da utilização de força na base da mão, são as causas ocupacionais imediatas da Síndrome do Túnel do Carpo. 17 Já para Júnior e Campos 18 os cirurgiões-dentistas que ficam sentados durante longos períodos, posição que gera um aumento de pressão grande nos discos intervertebrais, se tornam propensos a alterações degenerativas na coluna vertebral. 3. Metodologia De acordo com a classificação da pesquisa, quanto a sua natureza, ela é uma pesquisa aplicada, pois tem como objetivo gerar conhecimentos para aplicação prática dirigida à solução de problemas específicos. Quanto à abordagem do problema, caracteriza-se de forma qualitativa, ou seja, é um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A pesquisa qualitativa, para Moreira 19, consiste em um termo usado alternativamente para designar várias abordagens à pesquisa de ensino, tais como pesquisa etnográfica, participativa observacional, estudo de caso, interpretativas e outros. Quanto aos seus objetivos: A pesquisa é exploratória e explicativa.

7 Quanto aos procedimentos técnicos: É uma pesquisa bibliográfica e revisão da literatura. Pois a partir da pesquisa bibliográfica foram identificados os principais problemas ergonômicos encontrados em um consultório odontológico. Essa identificação ocorreu em livros, artigos e dissertações consultados em base de dados no período de janeiro a setembro de 2016. O corte metodológico ocorreu no período de 1991 a 2015. 4. Resultados e Discussão Sabe-se que o odontólogo alterna sua postura entre a posição em pé e a posição sentado, nesta última postura ele passa a maior parte da sua jornada de trabalho. Seus movimentos são constantes e utilizam tanto os membros superiores quanto os membros inferiores, como também o tronco. Os membros inferiores são utilizados na postura em pé ao andar pelas dependências do consultório e pela própria sala de atendimento durante sua consulta, seja para acessar prontuários e até acessar os pedais dos equipamentos de compressão. Já os membros superiores são utilizados para manusear ferramentas e equipamentos que exigem posturas precisas e estáticas. Já o tronco, este tende a permanecer flexionado por muito tempo, principalmente a região cervical, tornando-se até repetitiva por exigência de movimentos precisos. Verificando os problemas e as doenças encontradas na literatura a sua grande maioria acomete os membros superiores, principalmente em mãos, punhos e ombros, este último permanece abduzido em quase todos os movimentos realizados com os membros superiores. Rasia 20 confirma esta afirmação descrevendo que regiões muito sobrecarregadas por esforço muscular estático são a cervical e os ombros, pois o cirurgião-dentista, geralmente, mantém os ombros na posição de flexão e abdução, para servir de base de sustentação para os movimentos precisos realizados pela mão; juntamente com a cintura escapular, o que provavelmente potencializa o risco de desenvolvimento de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, conhecidos como DORT's. Destacam-se também problemas na cervical, devido a exigência da postura flexionada estática por longo período de tempo. Para Miranda; Freitas; Pereira 21 a posição típica desta profissão caracteriza-se ainda por manter os membros superiores suspensos, rotação do tronco e flexão da cabeça, forçando a musculatura cervical, escapular e toracolombar. Esta postura, de forma

8 repetitiva, tende a provocar fadiga nas estruturas envolvidas na sua manutenção, podendo gerar lesões agudas ou crônicas nas mesmas. Ressalta-se também a dor na região lombar do profissional, devido a longas horas que ele permanece sentado e que ao longo do dia esta postura pode ser alternada como por exemplo quanto este precisa acessar o prontuário do paciente. Diante dos problemas relacionados sugere-se que se adote pausas de curta duração entre longas posturas para que a musculatura possa se recuperar do esforço exigido. Baú 22 refere que a pausa é um mecanismo fisiológico de compensação e de prevenção contra a fadiga crônica. Mesmo que curtas, as pausas permitem que o indivíduo mude de posição, se levante, caminhe, permitindo o alongamento de algumas estruturas e melhorando a oxigenação dos tecidos. Outra medida de prevenção seria a adoção de exercícios de alongamentos dos membros antes de iniciar suas atividades e durante as pausas, principalmente dos superiores. Poi et al 23 descreve que os exercícios de alongamentos têm como objetivo obter flexibilidade das articulações dos ombros, cotovelos, punhos e dedos, melhorar a circulação, soltar as áreas tensas, preservando a saúde e possibilitando maior qualidade de vida dos seus praticantes. O profissional também precisa ter consciência da escolha da melhor postura a ser adotada durante a sua tarefa, de preferência em uma posição vertical e simétrica do tronco, de modo que favoreça o profissional e a atividade. Utilizar ferramentas ergonomicamente recomendáveis, o mais próximo da área de alcance, adequados quanto ao peso e forma, que facilite a pega e uma boa postura principalmente dos punhos e mãos. 5. Conclusão As atividades que o odontólogo exerce em si são extremamente estressantes e fadigantes devido a exigência de longas posturas, áreas pequenas para realização de movimentos, equipamentos e ferramentas inadequadas para suas exigências, movimentos repetitivos e que exigem força, principalmente de membros superiores. No primeiro momento foi realizado junto à literatura disponível uma pesquisa buscando os principais conceitos e fundamentos sobre a ergonomia; No segundo momento foi listado e

9 descrito os principais problemas ergonômicos na atividade do profissional odontológico encontrados na literatura; E por último foram citados algumas propostas de melhoria para um melhor desempenho da atividade que ajudem a prevenir algumas lesões e doenças anteriormente citadas, bem como proporcionando a melhoria da qualidade de vida destes profissionais. Atendendo a isto tanto o objetivo geral quanto aos objetivos específicos foram alcançados, respondendo a problemática mencionada. Destaca-se nesse trabalho a importância da aplicação da ergonomia em sua prática diária, principalmente deste profissional odontológico, pois como pode ser verificado ao longo do trabalho realizado que este está suscetível a diversas DORT s que acometem principalmente os membros superiores devido a constante exigência de posturas que são adotadas durante toda a sua jornada de trabalho, bem como as características do mobiliário do posto de trabalho, das ferramentas utilizadas e do ritmo de trabalho. 6. Referências 1. BARROS, O.B. Ergonomia 1: A eficiência ou o rendimento e a filosofia correta de trabalho em Odontologia. São Paulo: Pancast Editorial, 1991. 2. ABERGO. Saiba o que é Ergonomia. Associação Brasileira de Ergonomia. Disponível em: <http://www.abergo.org.br>. Acesso em: 08 de março 2016. 3. VIEIRA, Sebastião Ivone. Manual de saúde e segurança do trabalho 2ºed -2º tiragem, São Paulo, Editora LTr, 2009. 4. IIDA, I. Ergonomia: Projeto e Produção, 2ª Edição Revisada e Ampliada, São Paulo: Editora Edgard Blücher, 2003. 5. SALIBA, Tuffi Messias. Curso Básico de Segurança e Higiene Ocupacional. São Paulo: LTr, 2004. 6. CYBIS, Walter de Abreu, HEEMANN, Vivian, PARISOTTO, Rosamélia. Análise, concepção e avaliação ergonômica de paginas Web. In: SEMINÁRIO CATARINENSE DE REDES ACADÊMICAS, 1., 1996, Florianópolis. Anais... Florianópolis: UFSC, 1996. 7. BORGES, R. R; MORAIS, S. B. O. B. Perfil dos afastamentos entre profissionais de Enfermagem o caso maternidade Climé- rio de Oliveira. 1º Encontro Nordeste de Higiene Ocupacional (ERHO); Salvador, jun./2007. 8. RABELLO, P. M. et al. Ergonomia nos consultórios odontológicos de João Pessoa Paraíba - Brasil. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, João Pessoa, v. 5, n. 2, p. 141-148, maio/ago. 2001.

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