ESCOLA DE FRANKFURT, MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA E A INDÚSTRIA CULTURAL Julian Dutra Sociologia Abril de 2017
A Escola de Frankfurt Em 1923, Max Horkheimer, Theodor Adorno, Walter Benjamin e Herbert Marcuse em conjunto com outros pensadores, encabeçam a criação do Instituto para a pesquisa social, vinculado à Universidade de Frankfurt, na Alemanha. O conjunto de pensadores associados ao Instituto logo passaram a ser reconhecidos como A Escola de Frankfurt. Em 1933, perseguidos politicamente pelos Nazistas, veem-se obrigados a buscar o exílio. Horkheimer e Adorno exilam-se nos Estados Unidos
A Escola de Frankfurt Principais bases teóricas das análises sociológicas da Escola de Frankfurt: Marxismo Psicanálise
A Indústria Cultural e a Escola de Frankfurt Na primeira metade do Século XX, ocorrem importantes revoluções sociais, políticas e tecnológicas. Dentre essas revoluções tecnológicas, o surgimento e propagação de meios de comunicação de massa será o desenvolvimento com maiores repercussões práticas, dada a relação desses meios com a publicidade política. Cinema: 1895 Rádio: 1895 Televisão: 1922 Contudo, os meios de comunicação de massa ainda não haviam sido investigados nas ciências sociais. Coube à Escola de Frankfurt preencher esse vazio teórico, a partir de 1923.
A Indústria Cultural e a Escola de Frankfurt Guiados inicialmente pelo conceito marxista de ideologia, Horkheimer e Adorno analisam o papel dos meios de comunicação de massa na sociedade. OBS: O conceito de Indústria Cultural é, de fato, uma tentativa de atualização do conceito marxista de ideologia. Em sua análise, o papel do Cinema, da Televisão, dos Jornais, das Revistas e do Rádio será o de produzir cultura (o de formar uma indústria da cultura, ou Indústria Cultural) com a finalidade de legitimar e promover a ordem estabelecida.
A Indústria Cultural e os Regimes Totalitaristas Em regimes totalitaristas, a função primeira da publicidade (ou da indústria da cultura) será a de promover valores e ideais políticos, tendo como objetivo último a conformação da massa com o sistema vigente. A propaganda Nazista na Alemanha, e a Comunista na U.R.S.S., são exemplos do emprego dos meios de comunicação em regimes totalitaristas. Vejamos dois casos no Cinema: O Triunfo da Vontade (1935); filme de propaganda nazista atualmente proibido na Alemanha (https://www.youtube.com/watch?v=kqxkvg_cdlq) A Queda de Berlim (1950); filme de propaganda soviética (https://www.youtube.com/watch?v=tgzri1okwrq)
A Indústria Cultural no Brasil Análogos aos exemplos anteriores está a propaganda política durante a Ditadura Militar no Brasil. Com o desenvolvimento das telecomunicações no Brasil, sobretudo com a expansão da Rede Globo durante a década de 1970, vemos o surgimento de um novo setor da indústria cultural brasileira. Vejamos dois exemplos de comerciais de Televisão: Comercial Trabalho e Paz (1976): (https://www.youtube.com/watch?v=3h8q5onl3ia) Comercial sobre o 7 de Setembro (1976) (https://www.youtube.com/watch?v=xsd3nswvpak)
A Indústria Cultural e o Capitalismo Contudo, a Indústria Cultural não é um fenômeno exclusivo dos regimes ditatoriais, mas está presente também em democracias capitalistas. Adorno e Horkheimer perguntaram sobre qual é o papel da Indústria Cultural nesses espaços. No capitalismo, os produtos da Indústria Cultural (filmes, programas de televisão e rádio, reportagens de revistas, etc.) possuem uma dupla finalidade: são 1) bens destinados ao consumo e, nesse sentido, bens vendidos para obtenção de lucro e 2) produzem e fortalecem uma cultura de consumo, reforçando a adesão das pessoas ao capitalismo, incutindo-lhes valores e padrões de conduta.
A Indústria Cultural e o Capitalismo Um filme, nesse sentido, não é apenas um produto a ser consumido, mas também uma espécie de propaganda, um meio de transmitir valores e de influenciar os espectadores. Análises inspiradas na Escola de Frankfurt chegam a afirmar que histórias de super-heróis (baseadas no esquema: Ordem Violação da Ordem Restauração da Ordem pelo Herói) tem a finalidade de incutir o conservadorismo no subconsciente humano.
A Indústria Cultural e o Capitalismo Um exemplo claro da ação da Indústria Cultural, na ótica frankfurtiana, pode ser visto quando analisamos a Indústria da Música. Quando um artista ou uma música alcançam grande sucesso em um país, rapidamente o estilo musical do artista começa a ser propagandeado em outros países, para que esses produtos (a música, o show do artista, etc.) possam ser vendidos lá também. Nessa leitura da indústria da música, estilos musicais populares (rock, jazz, funk, dentre outros) expandiram-se dessa maneira e com esse objetivo. Resumidamente, nesses casos, o lucro foi possibilitado pela ação da indústria da cultura.
A Indústria Cultural e o Capitalismo Em resumo, portanto, a Indústria Cultural, no Capitalismo: 1. Produz, em massa, bens culturais para consumo (músicas, filmes, livros) 2. Busca a padronização e massificação da cultura, procurando moldar desejos e gostos das massas 3. Banaliza a violência 4. Transforma a cultura em entretenimento, esvaziando-a de qualquer conteúdo crítico ou cognitivamente exigente (produz cultura de baixo nível ). 5. Possibilita a expansão do consumo de vários produtos 6. Visa a conformação das massas ao sistema vigente, dissuadindo-lhes de pensar sobre sistemas econômicos alternativos (comunismo, anarquismo, p. ex.)