INTERAÇÕES PEDO-GEOMORFOLÓGICAS COMO INDICADORES DE SENSIBILIDADE AMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE TOBIAS BARRETO, SERGIPE, BRASIL

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Transcrição:

INTERAÇÕES PEDO-GEOMORFOLÓGICAS COMO INDICADORES DE SENSIBILIDADE AMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE TOBIAS BARRETO, SERGIPE, BRASIL Débora Barbosa da Silva Profª Departamento de Geografia, Universidade Federal de Sergipe, Pesquisadora do Grupo Dinâmica Ambiental e Geomorfologia - deborabarbs@ig.com.br Neise Mare de Souza Alves Profª Departamento de Geografia, Universidade Federal de Sergipe, Pesquisadora do Grupo Dinâmica Ambiental e Geomorfologia - neisemare@yahoo.com RESUMO Os princípios da evolução do modelado e da paisagem baseiam-se na relação entre o equilíbrio dinâmico e a capacidade de resistência ou recuperação do sistema ambiental diante das alterações empreendidas pelas atividades antropogênicas, desencadeando feições erosivas como respostas às alterações na estrutura da paisagem. Este artigo objetiva analisar as interações pedo-geomorfológicas como indicadores da sensibilidade ambiental e do estado do equilíbrio dinâmico diante do uso atual das terras no município de Tobias Barreto. A metodologia utilizada foi fundamentada na análise integrada da paisagem, dos compartimentos morfopedológicos e do uso atual das terras a partir de modelos como o Geossistema Bertrand (1968; 2007) e a Ecodinâmica Tricart (1977). Dentre os procedimentos adotados estão as pesquisas bibliográfica e cartográfica, análise de imagens de radar e satélite, além da realização de trabalho de campo. O município de Tobias Barreto apresenta um sistema ambiental influenciado por processos morfotectônicos que possibilitaram a gênese de dois compartimentos morfopedológicos com feições de aplanamento, além de características hipsométricas e morfológicas distintas resultantes de processos de pediplanação e erosão diferencial - a superfície desnudada com feição subhorizontal e a superfície desnudada parcialmente conservada. A superfície desnudada subhorizontal apresenta-se com classes de relevo plano e suave ondulado que possibilitaram o desenvolvimento de Planossolos Háplicos, Planossolos Nátricos e Neossolos Litólicos. A superfície desnudada parcialmente conservada apresenta um cume dissecado em colinas com predomínio de relevo ondulado e ocorrência de Argissolos Vermelho-Amarelo, além de áreas de relevo suave ondulado onde evoluíram Neossolos Litólicos associados a afloramentos rochosos e relevo plano abaciado com presença de Planossolos Háplicos. Nas vertentes e encostas da superfície desnudada parcialmente conservada destacam-se feições de escarpas adaptadas à linha de falha, bordas de patamar estrutural e ressaltos topográficos com ocorrência de Neossolos Litólicos e afloramentos rochosos. As declividades do relevo, as características da cobertura pedológica e o manejo dos solos são os principais fatores que condicionam a morfodinâmica e as feições erosivas constituindo indicadores da sensibilidade do sistema ambiental aos estímulos antropogênicos resultantes do uso atual das terras representado, principalmente, pela agropecuária extensiva e agricultura temporária, revelando alterações no equilíbrio dinâmico da paisagem. A superfície desnudada suborizontal apresenta sensibilidade ambiental moderada evidenciada por processos de erosão laminar e linear, feições de sulcos e ravinas decorrentes de práticas tradicionais agrícolas e agropecuárias, apesar da atenuação dos efeitos pelas classes de relevo predominantes. O cume da superfície desnudada parcialmente conservada apresenta sensibilidade ambiental moderada apesar das declividades, pois são visíveis processos de erosão linear evidenciados através de feições erosivas como sulcos e ravinas enquanto que em áreas de colinas é possível a ocorrência de terracetes. As vertentes e encostas da superfície desnudada parcialmente conservada apresentam declividades acentuadas, além de feições de desmoronamentos, terracetes, sulcos e ravinas indicando sensibilidade ambiental forte diante das ações antropogênicas empreendidas propiciando o rompimento do equilíbrio dinâmico. Palavras-chave: interações pedo-geomorfológicas, uso atual das terras, sensibilidade ambiental, Tobias Barreto.

INTRODUÇÃO Atualmente, nas paisagens antropizadas destacam-se por apresentarem processos pedogeomorfológicos desencadeados e/ou potencializados pelo uso e ocupação das terras, muitas vezes incompatíveis com a manutenção do equilíbrio dinâmico do sistema ambiental. Diante disso, pode-se salientar que a utilização dos recursos ambientais pelas várias atividades produtivas propiciam profundas transformações na dinâmica ambiental, principalmente, quando ocorrem limitações de investimentos financeiros em técnicas de manejo e ausência de políticas de planejamento e ordenamento territorial. Desse modo, muitas vezes, as características do relevo, dos solos e da dinâmica climática são inviáveis à realização de algumas atividades rurais indicando uma sensibilidade e/ou vulnerabilidade e/ou fragilidade do ambiente evidenciada pelos processos de degradação dos solos empreendidos, principalmente, pelo desenvolvimento de atividades humanas no espaço rural. A sensibilidade ambiental foi considerada pela PETROBRÁS como um método de zoneamento da porção continental e marinha de bacias sedimentares que revela as possibilidades de redução da resiliência do ambiente submetido a derrames de petróleo. Constituindo um instrumento para o planejamento e ordenamento territorial através da identificação de áreas ecologicamente sensíveis com prioridades de proteção. No presente artigo, a sensibilidade ambiental é considerada como a vulnerabilidade, fragilidade e/ou redução da capacidade de resiliência do sistema ambiental diante das repercussões do uso atual das terras e do manejo das atividades rurais. As classes de sensibilidade ambiental demonstram uma interpretação do potencial de degradação através dos processos morfodinâmicos desencadeados em razão da incompatibilidade do manejo das atividades produtivas com as características dos solos e do relevo. Neste sentido, torna-se importante considerar as possibilidades de resposta do sistema ambiental para adotar práticas de manejo eficazes que propiciem a ampliação da produtividade das atividades rurais agrícolas e agropecuárias, bem como o retorno dos investimentos financeiros aplicados, a qualidade ambiental e a qualidade de vida das comunidades.

Para tanto, este artigo objetiva analisar as interações pedo-geomorfológicas como indicadores da sensibilidade ambiental e do estado do equilíbrio dinâmico diante do uso atual das terras no município de Tobias Barreto. Para fundamentar a análise integrada da paisagem utilizou-se de contribuições teóricometodológicas baseadas nos princípios do modelo geossistêmico de Bertrand (1968; 2007) e Rodrigues et. al (2004). Nesta perspectiva, partiu-se de uma compartimentação morfopedológica baseada em Castro e Salomão (2000), associada à identificação de unidades morfológicas e da fragilidade dos meios antropizados da metodologia de Ross (1992;1994), além da análise do uso e ocupação das terras e da relação morfogênese/pedogênese presente na Ecodinâmica de Tricart (1977). A avaliação da sensibilidade ambiental foi baseada na metodologia elaborada por Silva (2010) e aplicada ao sistema hidrográfico do rio Real através dos indicadores de sensibilidade ambiental que retratam, através do balanço morfogênese/pedogênese, as limitações à realização de atividades econômicas, os riscos de degradação do sistema ambiental e as potencialidades dos solos e do relevo diante os usos atuais das terras. Para alcançar o objetivo proposto para este estudo foi necessário a adoção de alguns procedimentos como pesquisas bibliográfica e cartográfica, análise de imagens de radar e satélite, realização de trabalho de campo, além da confecção de cartas temáticas como produto de representação cartográfica da dinâmica espacial no município de Tobias Barreto. A área de estudo corresponde ao município de Tobias Barreto, situado no Território Centro-Sul do estado de Sergipe e localizado entre as coordenadas 10º 43 S e 11º 10 S e 37º 49 W e 38º 12 W. o espaço rural deste município, a dinâmica pedo-geomorfológica reflete o comportamento do sistema ambiental perante as transformações da paisagem empreendidas pelas atividades antropogênicas. A DINÂMICA PEDO-GEOMORFOLÓGICA NO MUNICÍPIO DE TOBIAS BARRETO O município de Tobias Barreto está submetido ao clima semi-árido e apresenta características de evolução da paisagem influenciadas pela reduzida precipitação pluviométrica e amplitude térmica que possibilita restrições à realização de algumas atividades rurais e/ou espécies cultivadas nas práticas agrícolas e agropecuárias.

A EMDAGRO (2013) registrou uma excepcionalidade climática no ano de 2012 através da pluviosidade acumulada de 308,5 mm, evidenciando um período de seca rigorosa no município de Tobias Barreto. Esta peculiaridade caracteriza prejuízos tanto à produtividade das atividades rurais no que se refere à perda da safra quanto à qualidade de vida da população, pois além da escassez de água potável ocorre a elevação dos preços dos produtos básicos da alimentação comercializados em feiras livres e supermercados. A cobertura vegetal nesse município foi bastante antropizada, contudo é possível destacar, conforme Brasil (1983), o predomínio das formações florísticas Estepe - Floresta Estacional e Contato Savana Estepe, porém destacam-se na paisagem, as espécies da flora com aclimatação às condições geoecológicas influenciadas pelo clima semi-árido através de características morfológicas e fisiológicas. Pertencente ao sistema hidrográfico do rio Real, a rede de drenagem no município de Tobias Barreto apresenta-se com inúmeros cursos d água intermitentes em razão do clima. O único rio permanente que atravessa o município o rio Jabiberi tem o fluxo hídrico interrompido, na estação seca, pela barragem de mesmo nome que capta água, principalmente, para o abastecimento doméstico no município. Conforme informações de Brasil (1983) e Santos et. al (2001), este município apresenta um domínio morfoestrutural evoluído a partir da Faixa de Dobramentos Sergipana. Trata-se de uma área de cobertura sedimentar cratônica cujas características litológicas e processos epirogenéticos compressivos e transcorrentes constituíram uma estrutura submetida a inúmeras falhas e fraturas que apresentam descontinuidades morfológicas e litológicas submetidas a diferentes graus de metamorfismo. Baseando-se em Brasil (1983) e Santos et. al (2001), dentre os litotipos predominantes no município de Tobias Barreto destacam-se argilitos, siltitos, arenitos finos intercalados e localmente conglomerados pertencentes à Formação Lagarto e grauvacas, grauvacas seixosas, arenitos arcoseanos maciços e conglomerados da Formação Palmares datados do mesoproterozóico ao neoproterozóico. Segundo Brasil (1983), este município está inserido na unidade geomorológica dos Tabuleiros do Rio Real, pertencente à região dos Planaltos Sedimentares e Domínio das Coberturas e Bacias Sedimentares.

Os processos morfotectônicos evidenciados possibilitaram destacar dois compartimentos pedogeomorfológicos com feições de aplanamento típicas de processos de pediplanação, cujos processos de desnudação e erosão diferencial imprimiram características hipsométricas, morfológicas e pedogenéticas distintas originando a superfície desnudada com feições subhorizontais e a superfície desnudada parcialmente conservada (Figura 1). Superfície Desnudada Parcialmente Conservada Superfície Desnudada Subhorizontal Figura 1 Vista da Superfície Desnudada Subhorizontal e da Superfície Desnudada Parcialmente Conservada, com ocorrência de pastagem extensiva, município de Tobias Barreto, estado de Sergipe, Brasil. Estes compartimentos pedo-geomorfológicos resultam de processos de desnudação característicos da erosão areolar e consequente exumação de superfícies pré-existentes. Associada a isto, a erosão diferencial propiciou saliências topográficas e desnível altimétrico conservando superfícies de maiores altitudes. O sistema morfogenético atual apresenta processos geomorfológicos com o predomínio do intemperismo físico e composições litológicas com graus distintos de resistência aos processos de esculturação do relevo, constituindo uma paisagem com diferentes feições morfológicas e uso e ocupação das terras. Baseando-se em estudos desenvolvidos por Silva (2010) e na hierarquização das feições do relevo segundo Ross (1992), a superfície desnudada com feição subhorizontal apresenta feição rebaixada sob forma de rampa com caimento em direção ao vale do rio Real, além de vales abertos e de fundo chato, presença de canais de drenagem pouco profundos e sulcos estruturais que tornam-se canais preferenciais de rios intermitentes. A hipsometria registra uma feição de desnível topográfico

que apresenta altitudes inferiores a 300 m e classes de relevo plano a suave ondulado, onde despontam inselbergs de altitudes superiores. No município de Tobias Barreto, a baixa declividade característica das feições de aplanamento possibilitou maior intemperismo químico decorrente da elevação da infiltração originando solos mais profundos na superfície desnudada subhorizontal. Os processos pedogenéticos atuantes possibilitaram a formação de Planossolos Nátricos e Planossolos Háplicos (Silva, 2010) classes de solos predominantes no município de Tobias Barreto, além de Neossolos Litólicos associados a afloramentos rochosos (Silva, 2010) situados em áreas próximas ao terço inferior da vertente da superfície desnudada parcialmente conservada. Tanto os Planossolos Nátricos quanto os Planossolos Háplicos são solos que apresentam restrições químicas, físicas e morfológicas ao desenvolvimento de algumas atividades agrícolas e agropecuárias. A elevada erodibilidade dos Planossolos deve-se, principalmente, a características como gradiente textural que possibilita o escoamento subsuperficial com formação de lençol suspenso e a presença de argila dispersa que promove o selamento dos macroporos e a formação de crosta superficial que dificulta a penetração das raízes e a infiltração da água da chuva. Quanto às propriedades químicas, o caráter sódico e/ou solódico dos Planossolos contribuem para dispersar as argilas e salinizar as águas do lençol freático, tornando a água dos poços artesianos salobras fato marcante em áreas submetidas ao regime pluviométrico do clima semi-árido. Os Neossolos Litólicos presentes na superfície desnudada subhorizontal são solos pouco profundos, pedregosos, com presença de afloramentos rochosos e blocos rolados que dificultam a implantação de várias espécies agrícolas, mas possibilita a utilização com agropecuária e cultivos temporários. Esta classe de solo reduz a infiltração das águas da chuva ampliando o deflúvio superficial. A baixa declividade da área e a rochosidade encontrada nestes solos atenuam o escoamento superficial e seus efeitos erosivos. Os solos da superfície desnudada subhorizontal apresentam-se, predominantemente, cultivados com gramíneas para agropecuária extensiva, principalmente para criação bovina e ovina, além de cultivos temporários de subsistência.

O uso atual das terras concorre para a existência de processos morfodinâmicos condicionados pelo deflúvio superficial concentrado com a formação de feições erosivas de sulcos rasos e profundos, ocasionalmente processos de ravinamento, além de erosão laminar verificada através do adelgaçamento do horizonte superficial do solo. As propriedades dos solos existentes na superfície desnudada subhorizontal apesar de serem favoráveis aos processos erosivos, as baixas declividades predominantes atenuam os seus efeitos. A superfície desnudada parcialmente conservada compreende as morfologias com altitudes que variam entre 300 e 600 m destacando-se feições de serras e inselbergs como consequência da erosão diferencial, pois os litotipos predominantes são metasedimentares, portanto, mais resistentes aos processos de desnudação. O processo de pediplanação característico da área de estudo propiciou feições de aplanamento ao cume destas superfícies, tanto na serra do Jabiberi quanto nos inselbergs de menor altitude. O cume destas morfologias apresenta, em decorrência da pediplanação, classes de relevo plano e suave ondulado que conferem a existência de suaves depressões localmente situadas. Todavia, em pequena extensão areal há a presença de colinas de perfil convexo-côncavo. Notadamente, são encontrados vales e sulcos estruturais originados por fraturas existentes nas formações rochasas onde se instalaram cursos d água de leito rochoso. A origem desta superfície está associada a inúmeras falhas que possibilitaram às vertentes de contato da superfície desnudada parcialmente conservada, principalmente da serra, com a superfície desnudada subhorizontal a presença de morfologias de escarpa adaptada à linha de falha, borda de patamar estrutural e ressaltos topográficos. Os inselbergs apresentam, de modo geral, topo estreito e aplainado formando cristas simétricas e assimétricas. As vertentes da superfície desnudada parcialmente conservada apresentam, predominantemente, classes de relevo ondulado, forte ondulado, montanhoso e algumas áreas onde, localmente, ocorre relevo escarpado. Para Silva (2010), a classe de solo predominante nesta superfície é o Neossolo Litólico com presença de afloramentos rochosos, contudo, aparece com associações de Neossolos Quartzarênicos, além de Planossolos Háplicos em áreas de leve abaciamento situadas em áreas do cume. No entanto,

em áreas de colinas ocorrem Argissolos Vermelho-Amarelo associados a Neossolos Litólicos e afloramentos rochosos. Os Neossolos Litólicos são solos de baixa evolução pedogenética em razão das condições climáticas atuais com predomínio do intemperismo físico, da resistência do material de origem aos processos de meteorização e da presença de classes de declividade elevada. Este solos, na superfície desnudada conservada, têm características bem distintas em relação a formação de processos erosivos, pois aqueles situados no cume da superfície que estão associados a classes de relevo de baixa declividade são menos suscetíveis aos efeitos do deflúvio superficial. No entanto, aqueles situados nas vertentes e encostas apresentam processos erosivos intensificados, principalmente, pelos declives elevados e pela constituição de pastagens para agropecuária extensiva. Quanto ao uso e ocupação das terras destaca-se, na superfície desnudada parcialmente conservada, a agropecuária extensiva tendo a bovinocultura como principal atividade econômica, porém, também são encontradas áreas de cultivos de ciclo curto. Portanto, o espaço agroeconômico possibilitou a alteração e/ou remoção da vegetação nativa potencializando os processos morfodinâmicos e propiciando o surgimento de feições erosivas. SENSIBILIDADE AMBIENTAL DAS UNIDADES PEDO-GEOMORFOLÓGICAS A avaliação da capacidade de resiliência do sistema ambiental foi emitida através das classes de sensibilidade ambiental (Figura 2) aplicadas para as unidades pedo-geomorfológicas do município de Tobias Barreto. Para isso foram utilizados indicadores de sensibilidade baseados na pesquisa desenvolvida por Silva (2010) que analisa as características do relevo, dos solos e dos processos morfodinâmicos atuantes. No município de Tobias Barreto foram encontradas as classes de sensibilidade ambiental moderada e forte distinguindo-se na paisagem através da declividade e das características das classes de solos predominantes na superfície desnudada subhorizontal e na superfície desnudada conservada.

Figura 2 Sensibilidade ambiental em unidades pedo-geomorfológicas do município de Tobias Barreto, estado de Sergipe, Brasil. Ao analisar as características da dinâmica ambiental na superfície desnudada subhorizontal observa-se que, na relação morfogênese/pedogênese, há uma tendência ao predomínio da pedogênese em razão do predomínio de baixas declividades e da morfologia de aplanamento. Ttodavia, os usos diversificados impulsionaram processos morfodinâmicos condicionados representados por morfologias erosivas de moderado potencial de degradação dos solos e passíveis de recuperação através do manejo adequado. Dentre as potencialidades do sistema ambiental nesta área destacam-se a baixa vulnerabilidade erosiva em razão do clima semi-árido e da topografia que reduz a velocidade do escoamento superficial. Estes fatores conferem à agropecuária extensiva principal atividade desenvolvida baixo potencial erosivo. Na superfície desnudada subhorizontal, as limitações ao uso atual das terras compreendem características restritivas dos solos como pequena profundidade, caráter solódico e/ou sódico, gradiente textural abrupto, presença de argilas expansivas e dispersas, consistência dura dificultando o manejo no período de estiagem prolongada e déficit hídrico, além de restrição à mecanização no

período chuvoso devido a elevada plasticidade e pegajosidade. A ausência de matas ciliares e a supressão da cobertura vegetal nativa, bem como o predomínio de rios intermitentes e presença de sais solúveis na água de subsuperfície concorrem para limitar a produção agrícola e agropecuária no município de Tobias Barreto. Nesta área, os riscos eminentes de degradação do sistema ambiental dizem respeito a presença de erosão laminar, erosão em sulcos e raras ravinas, degradação e compactação da superfície do solo pelo pisoteio dos animais em áreas de pastagens repercutindo na ação da morfodinâmica. O risco de seca edafológica e a salinização dos solos e da água são decorrentes do clima semi-árido e da presença de solos com elevado teor em sódio trocável. Em razão das limitações à realização de atividades agrícolas e agropecuárias e do risco de degradação dos solos potencializados pelos usos atuais da terra, para a superfície desnudada subhorizontal foi empregada a classe de sensibilidade ambiental moderada. Para esta área do sistema ambiental do município de Tobias Barreto recomenda-se a utilização dos solos com pastagem extensiva respeitando a capacidade de suporte da área e utilizando-se de práticas de manejo condizentes com as limitações dos solos apresentadas; a ampliação da ovinocultura devido a adaptabilidade, principalmente, da raça Santa Inês às condições ambientais existentes; e o plantio de espécies nativas ao longo dos córregos reconstituindo as matas ciliares e preservando-as. A partir das características apresentadas para a superfície desnudada parcialmente conservada evidencia-se que na relação morfogênese/pedogênese, a dinâmica pedo-geomorfológica apresenta-se com características distintas para o cume e para as vertentes e encostas, principalmente, em virtude de classes de relevo diferentes. Apesar do predomínio de solos de rasos no cume da superfície, em razão das baixas declividades, as feições erosivas desencadeadas são brandas quando comparadas com aquelas desenvolvidas nas vertentes e encostas. As baixas declividades do cume revela maior tendência à infiltração das águas das chuvas favorecendo o intemperismo químico e a evolução dos solos, denotando o predomínio da pedogênese de baixa intensidade. Enquanto que nas vertentes e encostas da superfície desnudada parcialmente conservada, os processos erosivos indicam o predomínio da morfogênese.

Nesta superfície, os Neossolos Litólicos são inadequados à implantação de cultivos intensivos e cultivares da agricultura permanente, além de serem desfavoráveis à utilização de implementos agrícolas em razão da pequena profundidade e da pedregosidade e/ou rochosidade na superfície do solo. Seguindo estes indicadores, para o cume da superfície desnudada parcialmente conservada foi aplicada a classe moderada de sensibilidade ambiental. Na área do cume da superfície desnudada conservada, os solos apresentam baixa capacidade de retenção de água e os processos morfodinâmicos têm seus efeitos ampliados devido ao manejo inadequado das atividades rurais, principalmente, quando na agropecuária supera-se a capacidade de suporte da área. Desse modo, os riscos de degradação dos solos são indicados através de feições erosivas de sulcos rasos e profundos, erosão laminar e raros processos de ravinamentos, geralmente, associadas a áreas com a constituição de tanques para recolhimento e armazenamento de água das chuvas. No entanto, as atividades rurais com pastagem cultivada e a agricultura temporária são favorecidas, principalmente em razão da baixa declividade, com utilização de manejo adequado associado à preservação da vegetação nativa em áreas indicadas pela legislação ambiental vigente como nas margens dos rios. Para as vertentes e encostas da superfície desnudada parcialmente conservada foi indicada a classe de sensibilidade ambiental forte, pois verifica-se o elevado potencial de degradação dos solos empreendido pelo desenvolvimento da agropecuária. Em razão das declividades acentuadas nas vertentes e encostas desenvolvem-se processos de erosão linear. As feições erosivas de terracetes evidenciam a sobrecarga da agropecuária decorrente do pisoteio dos animais compactando a superfície do solo, reduzindo a infiltração, ampliando o runoff e favorecendo os processos de ravinamento. Em áreas de relevo escarpado situadas no terço superior das vertentes, o desmoronamento de blocos rochosos é a principal consequência da morfodinâmica. Dentre os principais riscos de degradação das vertentes e encostas estão a cobertura vegetal rarefeita ou inexistente, pois favorecem a concentração do escoamento superficial das águas das chuvas, além de pastagens degradadas. Portanto, as áreas potenciais ao desenvolvimento de feições

erosivas em decorrência da elevada declividade devem ser destinadas à preservação da flora e da fauna nativas conforme orienta a legislação ambiental brasileira. CONSIDERAÇÕES FINAIS As transformações na dinâmica pedo-geomorfológica da paisagem do município de Tobias Barreto tem a agropecuária como principal responsável. Quando as características do relevo e dos solos não são compatíveis com as atividades produtivas implantadas destacam-se feições erosivas que reflete a ruptura do equilíbrio dinâmico e a redução da capacidade de resiliência do sistema ambiental. A sensibilidade ambiental das unidades pedo-geomorfológicas em Tobias Barreto revela que as atividades humanas potencializam os riscos de degradação dos solos, comprometendo a produtividade das atividades econômicas e a qualidade ambiental. REFERÊNCIAS BERTRAND, Claude; BERTRAND, Georges. Uma geografia transversal e de travessias: o meio ambiente através dos territórios e das temporalidades. Org.: Messias Modesto dos Passos. Maringá: Ed. Massoni, 2007. BERTRAND, Georges. Paysage et géographie physique globales: esquisse methodologique. Révue de Géographie des Pyrenées et Sud-Ouest. Toulouse, v.39, p.249-72, 1968. BRASIL. Ministério das Minas e Energia. Projeto RADAMBRASIL: folhas SC.24/25 Aracaju/Recife: geologia, geomorfologia, pedologia, vegetação, uso potencial da terra. Rio de Janeiro, 1983. 852 p. (Levantamento de Recursos Naturais, 30). CASTRO, Selma. Simões; SALOMÃO, Fernando. Ximenes de Tavares. Compartimentação Morfopedológica e sua Aplicação: Considerações Metodológicas. Campinas, SP. Revista GEOUSP, 2000. Nº 7, p. 27-37. EMPRESA DE DESENVOLVIMENTO AGROPECUÁRIO DE SERGIPE. Pluviosidade mensal. Aracaju, SE: EMDAGRO, 2013. Disponível em: http://www.emdagro.se.gov.br/modules/tinyd0/index.php?id=57. Acesso em: 12 fev. 2013. RODRIGUEZ, José Manuel Mateo; SILVA, Edson Vicente; CAVALCANTE, Agostinho Paula Brito - Geoecologia das Paisagens: uma visão geossistêmica da análise ambiental. Fortaleza: Editora UFC. 2ª ed. 2004. 222p. Ross, Jurandyr. Luciano Sanches. O registro cartográfico dos fatos geomórficos e a questão da taxonomia do relevo. Revista do Departamento de Geografia, FFLCH-USP,n. 6. São Paulo. 1992.

Ross, Jurandyr. Luciano Sanches. Análise empírica da fragilidade dos ambientes naturais e antropizados. Revista do Departamento de Geografia, São Paulo, n. 8, p. 63-74. 1994. SANTOS, Reginaldo Alves dos; MARTINS, Adriano A. M.; NEVES, João Pedreira da; LEAL; Rômulo Alves (orgs.). Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil PLGB. Geologia e recursos minerais do Estado de Sergipe. Escala 1:250.000. Texto explicativo do Mapa geológico do Estado de Sergipe. Brasília: CPRM/DIEDIG/DEPAT; CODISE, 2001. 156 p. : il.; mapas. SILVA, Débora Barbosa da. Avaliação das unidades ambientais complexas na dinâmica do sistema hidrográfico do rio Real. São Cristóvão, SE, 2 v. Tese (Doutorado em Geografia) - Núcleo de Pós- Graduação em Geografia, pró-reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa, Universidade Federal de Sergipe, 2010. TRICART, Jean. As relações entre a morfogênese e a pedogênese. Notícia Geomorfológica, Campinas, v. 8, n. 15, p. 5-18, jun. 1968.. Ecodinâmica. Rio de Janeiro: IBGE, 1977. 91 p. (Recursos naturais e meio ambiente, 1).