MAPA GEOMORFOLÓGICO PRELIMINAR DA PORÇÃO SUDOESTE DE ANÁPOLIS- GO EM ESCALA 1/ Frederico Fernandes de Ávila 1,3 ;Homero Lacerda 2,3 RESUMO
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- Lídia Pereira Varejão
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1 MAPA GEOMORFOLÓGICO PRELIMINAR DA PORÇÃO SUDOESTE DE ANÁPOLIS- GO EM ESCALA 1/ Frederico Fernandes de Ávila 1,3 ;Homero Lacerda 2,3 1 Bolsista PIBIC/UEG 2 Orientador - Pesquisador 3 Curso de Geografia, Unidade Universitária de Ciências Sócio-Econômicas e Humanas, UEG RESUMO O trabalho trata do mapeamento geomorfológico da porção sudoeste de Anápolis, em escala 1/ A área tem 15 Km² e está localizada no Planalto Central Goiano, na área de transição entre o Planalto do Alto Tocantins/Paranaíba e Planalto Rebaixado de Goiânia. A compartimentação do relevo compreende quatro categorias de natureza genética: Modelado de Aplanamento; Modelado de Dissecação; Modelado de Acumulação; e Modelado Antrópico. As três primeiras se subdividem em nove compartimentos menores, caracterizados por seus atributos morfológicos e morfométricos. O Modelado Antrópico é representado pelas formas de relevo relacionadas ao assoreamento e pelas erosões. Os compartimentos mais afetados pela erosão são Vertentes, Rampas, Escarpas de Erosão e Rebordo Erosivo. Palavras-Chaves: compartimentação geomorfológica, modelados e acidentes geomorfológicos Introdução A área abordada mede 15 Km 2, está localizada na porção sudoeste de Anápolis e inserida no Planalto Central Goiano. Na proposta de Ross (1992), referente à taxonomia do relevo, o Planalto Goiano pode ser considerado como 1 táxon. A área está na transição entre o Planalto do Alto Tocantins/Paranaíba e Planalto Rebaixado de Goiânia (Nascimento, 2004), que seriam unidades correspondentes ao 2 táxon. Trata-se de um lugar de grande importância sócio-ambiental, pois está localizado na bacia hidrográfica do Ribeirão João Leite, responsável pelo fornecimento de 52% da água consumida em Goiânia. A região tem grande diversidade de compartimentos de relevo, incluindo desde topos planos, rampas e vales bastante encaixados, além de várias cabeceiras de drenagem. É afetada por acidentes geomorfológicos como erosão acelerada e assoreamento. Estes fatores motivaram a elaboração do mapa geomorfológico apresentado nesta contribuição, abordando os compartimentos do relevo e as suas relações com a erosão acelerada e o assoreamento. Uma proposta de compartimentação do relevo para a região de Anápolis foi apresentada por Lacerda (2005), com base em mapeamento geomorfológico em escala 1/ Na área abordada 1
2 nesta contribuição este autor cartografou dois compartimentos principais: um modelado de aplanamento contendo topos planos, rebordos erosivos e rampas; um modelado de dissecação em morros. Este autor assinala a concentração de ravinas e voçorocas no modelado de dissecação comentando, ainda, a existência de ravinas no modelado de aplanamento. A proposta do trabalho ora apresentado é avançar no conhecimento da geomorfologia da área, através de mapeamento geomorfológico mais detalhado, em escala 1/25.000, utilizando a proposta de Ross (1992) quanto à taxonomia das formas do relevo. Material e Métodos Os documentos cartográficos utilizados no mapeamento compreendem: planta digital da cidade de Anápolis em arquivo do programa AutoCAD, com Imagem de Satélite Ikonos 2001 anexada, que serviu de mapa base; Mapa topográfico em escala 1/ com eqüidistância das curvas de nível de 20m; Fotos aéreas preto e branco da USAF/1965. A identificação e mapeamento dos compartimentos do relevo foram feitos principalmente com base na interpretação de fotografias aéreas, utilizando-se estereoscópio de bolso, com traçado sobre overlays. As formas do relevo antrópico foram identificadas e delimitadas com auxílio da imagem Ikonos. Para auxiliar no mapeamento, foram utilizados mapas hipsométricos e clinográficos, além de bloco diagrama. Estes documentos foram gerados utilizando-se os programas dxf2xyz e Surfer 8. Toda a digitalização foi feita utilizando o programa AutoCAD. O trabalho foi enriquecido com informações obtidas de mapas temáticos preexistentes, tais como: Mapa geológico e mapa de materiais inconsolidados da região de Anápolis em escala 1/ , compilados por Lacerda (2005); e Mapas geológico, geomorfológico e pedológico em escala 1/ (Projeto RadamBrasil, 1983). No mapeamento foi empregado o conceito de taxonomia das formas do relevo, segundo a proposta de Ross (1992). Resultados e Discussão Na porção sudoeste de Anápolis foram identificados e cartografados quatro tipos de modelados, que correspondem ao 3 táxon de Ross (1992). Segundo Jatobá e Lins (2003) Modelados são agrupamentos de formas de relevo que apresentam similitudes de definição geométrica em função de uma gênese comum e da generalização dos processos morfogenéticos atuantes. Os modelados cartografados são: Modelado de Dissecação; Modelado de Aplanamento; Modelado de Acumulação; e Modelado Antrópico. Os três primeiros foram subdivididos em nove compartimentos menores, que correspondem ao 4 táxon (as formas individualizadas de relevo como, por exemplo, os Interflúvios Aguçados) e 5 táxons (as partes das formas do relevo como, por exemplo, as Vertentes). O Modelado Antrópico corresponderia ao 6 táxon, englobando as 2
3 pequenas formas de relevo que se desenvolvem sob ação antrópica tais como erosão acelerada e assoreamento (Figura 1). Figura 1: Mapa Geomorfológico e perfil topográfico da Porção Sudoeste de Anápolis. Fonte: fotointerpretação e análise cartográfica. Modelado de Acumulação: Está representado por Planícies Fluviais, geradas pelo processo de sedimentação em ambiente fluvial e caracterizadas pela presença dos Depósitos Aluvionares. Estes 3
4 compartimentos se estendem ao longo do Córrego Guerobal e afluentes do Córrego Jenipapo, em altitudes de a m. Modelado de Aplanamento: É representado por relevo de gradiente suave, com pouco ou nenhum entalhamento pelos processos erosivos lineares. São recobertos por latossolos profundos e Lateritas, indicando a natureza estável destes terrenos. Este modelado se subdivide em quatro compartimentos menores: Topo Plano; Topo Convexo; Rebordo Erosivo; e Rampas. Topo Plano: Ocorre exclusivamente na parte leste da área, em altitudes de 1.100m a 1.140m. As declividades são baixas e os valores medidos em campo são geralmente inferiores a 3%. Topo Convexo: Compreendem quatro pequenas elevações identificadas na transição das Rampas para as Vertentes, em altitudes de cerca de 1.080m. Rampas: Ocupam grande parte da área de estudo, em altitudes de 1.000m a 1.120m. São formas de relevo que apresentam declividades geralmente inferiores a 10% mas podem, na parte norte da área, ter declividades de 10 a 20%. Rebordo Erosivo: São as formas de relevo que se encontram entre o Topo Plano e as Rampas, têm declividades entre 10% e 30% e formas retilíneas e até mesmo convexas em perfil. Modelado de Dissecação: É composto por compartimentos de relevo em que a erosão fluvial foi o fator preponderante na sua formação. Por ser um compartimento mais dinâmico, que de certa forma é mais instável, há grande variedade nas formações superficiais. Os solos são mais rasos que no Modelado de Aplanamento, sendo encontrados cascalhos com fragmentos líticos e de quartzo de veio, Podzólico Vermelho-Amarelo (Lacerda, 2005), além de Gleissolos em cabeceiras de drenagem. Este modelado compreende quatro subdivisões: Vertentes; Interflúvio Aguçado; Interflúvio Convexo; e Escarpa Erosiva. Escarpa Erosiva: É similar ao Rebordo Erosivo, mas está na transição do Topo Plano para as Vertentes. Ocorre em altitudes que vão de a 1.120m, com declividades de 20 a 30% e, pontualmente, superiores a 30%. Vertentes: Podem ter formas côncavas, convexas e retilíneas, tanto em planta quanto em perfil. Ocorrem em altitudes de 980m a 1.120m e a declividade mais freqüente é de 20% a 30%. No entanto, existem locais onde a declividade é menor, inferior a 10% e locais onde é maior, superior aos 30%. Destaca-se a presença de numerosas (18) Cabeceiras de Drenagem, caracterizadas pela forma côncavas (em mapa) do limite Vertente/Rampa ou Vertente/Topo Plano. Interflúvios Aguçados: Têm forma alongada e estreita e, no centro da área, estão em altitudes de 1.020m a 1.080m com declividades entre 10% a 20%. O compartimento situado na porção norte da área tem declividade menor que 10% até 20% e ocorre em altitudes de 980m a 1.060m. 4
5 Interflúvios Convexos: Distinguem-se dos anteriores por sua forma convexa e maior amplitude. Ocorrem em altitudes de 1.000m e 1.040m, com declividades entre 10 e 20%. Modelado Antrópico: Ávila (2005) identificou 53 erosões e 2 fundos de vales assoreados na área. Analisando-se as relações entre erosão acelerada e formas de relevo, observa-se que os compartimentos afetados são Vertentes, Rampas, Escarpa Erosiva e Rebordo Erosivo (Tabela 1). FORMAS DE RELEVO RAVINAS VOÇOROCAS Vertentes 24 4 Rampas 15 1 Escarpa Erosiva 4 1 Rebordo Erosivo 4 TOTAL 47 6 Tabela 1: Relação da erosões com as formas de relevo. A partir dos dados morfométricos pode-se admitir que as Escarpas Erosivas e as Vertentes são as áreas com maior suscetibilidade à erosão acelerada, devido às altas declividades, que chegam a exceder 30%. No caso das vertentes, é importante ressaltar que contém numerosas Cabeceiras de Drenagem, locais de grande suscetibilidade à erosão, pois são áreas de confluência de fluxos subterrâneos e superficiais. Rebordos Erosivos tem altas declividades e, deste ponto de vista, também seriam áreas suscetíveis à erosão. No entanto, como os comprimentos de rampas são pequenos, esta suscetibilidade não é alta. Rampas são compartimentos pouco suscetíveis à erosão acelerada, tendo em vista as baixas declividades. No entanto, as Rampas e Rebordo Erosivo são áreas que, em conjunto, contém 31 erosões. Isto é devido ao uso do solo, pois nestas áreas são freqüentes as caixas de empréstimo. Segundo Lacerda (2005) nas cascalheiras existentes em Anápolis não se tem cuidados com a proteção do solo, o que resultou em degradação por processos erosivos acelerados. Este fato mostra que o uso inadequado do solo influencia no desencadeamento dos processos erosivos acelerados. Conclusões A cartografia geomorfológica da porção sudoeste de Anápolis foi feita em escala 1/25.000, tendo como base teórica a proposta de taxonomia de formas de relevo de Ross (1992). Este trabalho permitiu avançar em relação aos conhecimentos prévios (Lacerda, 2005). Na cartografia ora apresentada foram identificados quatro modelados, que representam o 3 táxon. O Modelado de Acumulação está representado por Planícies Fluviais. O Modelado de Aplanamento 5
6 compreende Topos Planos, Topos Convexos, Rebordos Erosivos e Rampas, representando o 5 o táxon. O Modelado de Dissecação foi subdividido em compartimentos correspondentes aos 4 o e 5 o táxons: Vertentes; Interflúvios Aguçados; Interflúvios Convexos; e Escarpas Erosivas. O Modelado Antrópico, que também corresponde ao 6 táxon, está representado pelas 53 erosões aceleradas e os dois locais onde ocorre assoreamento. Das 53 erosões, 33 estão relacionadas ao Modelado de Dissecação, onde as declividades são mais elevadas. Os compartimentos com maior suscetibilidade erosiva são Escarpas Erosivas e Vertentes. No entanto, das 20 erosões no Modelado de Aplanamento 16 estão relacionados às Rampas onde a declividade é baixa, porém existem caixas de empréstimo. Isto indica que o uso do solo é um fator de grande importância no desencadeamento dos processos erosivos acelerados. Referências Bibliográficas ÁVILA F. F.. Uso da Terra e Erosão Acelerada na Porção Sudoeste de Anápolis (GO). In: EREGEO, 9, 2005, Porto Nacional. Anais... Porto Nacional: UFT, disco compacto, JATOBÁ, L.; LINS, R. C.. Introdução a Geomorfologia. 4 edª. Ed. Bagaço. Recife, LACERDA, H. Mapeamento geomorfológico como subsídio ao controle preventivo da erosão urbana em Anápolis-GO. In: 11 CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA E AMBIENTAL. Florianópolis-SC: ABGE, (Aceito) MME/SG. Projeto RADAMBRASIL: Levantamento de recursos naturais, v. 31. Rio de Janeiro: MME/SG, NASCIMENTO, A. S.. Impactos Ambientais e Expansão Urbana nas Cabeceiras de Drenagem do Córrego Catingueiro Anápolis/GO. In: CONGR. BRAS. DE GEÓGRAFOS, 6, 2004, Goiânia. Anais...Goiânia: AGB, disco compacto, ROSS, J. L. S. O registro cartográfico dos Fatos Geomórficos e a Questão da Taxonomia do Relevo, Rev. do Depto. Geografia, FFLCH-USP, São Paulo, n.6, p.17-29, Geomorfologia: Ambiente e planejamento. 7 ed. São Paulo: Contexto, 2003, p. 29. SANTOS, L. R.; LACERDA, L. Compartimentação do relevo na porção noroeste de Anápolis (GO).. In: AGB, 6 Congr. Bras. de Geógrafos, Goiânia. Anais, disco compacto, 10p
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