CONSELHO DE CONTRIBUINTES DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Acórdão: 21.328/13/1ª Rito: Sumário PTA/AI: 01.000192637-65 Impugnação: 40.



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Transcrição:

Acórdão: 21.328/13/1ª Rito: Sumário PTA/AI: 01.000192637-65 Impugnação: 40.010134274-15 Impugnante: Proc. S. Passivo: Origem: EMENTA ERG Engenharia Ltda IE: 001219291.00-10 Gilmar Geraldo Gonçalves de Oliveira/Outro(s) DFT/Comércio Exterior/B.Hte IMPORTAÇÃO - IMPORTAÇÃO INDIRETA - FALTA DE RECOLHIMENTO DO ICMS. Constatada a importação do exterior de mercadoria por contribuinte localizado em outra Unidade da Federação, com o objetivo prévio de destiná-la ao estabelecimento da Autuada em Minas Gerais, sem o recolhimento do imposto devido. Descumprimento do disposto no art. 155, 2º, inciso IX, alínea "a" da Constituição Federal, no art. 11, inciso I, alínea "d" da Lei Complementar nº 87/96 e no art. 33, 1.º, item 1, alínea "i", subalínea "i.1.3" da Lei nº 6.763/75. Exigências de ICMS e Multa de Revalidação prevista no art. 56, inciso II da Lei nº 6.763/75. Lançamento procedente. Decisão unânime. RELATÓRIO Trata-se da constatação de que a Autuada realizou a importação de mercadorias por intermédio de interposta pessoa, estabelecida no Estado de São Paulo, com o objetivo de prévia destinação ao seu estabelecimento, porém sem o pagamento do ICMS devido ao Estado de Minas Gerais, conforme o disposto no art. 33, 1º, item 1, alínea i, subalínea i.1.3 da Lei nº 6.763/75 c/c art. 61, inciso I, alínea d, subalínea d3 do RICMS/02. Exigências do ICMS incidente na operação, bem como Multa de Revalidação prevista no art. 56, inciso II da Lei nº 6.763/75. Inconformada, a Autuada apresenta, por meio de procurador regularmente constituído, Impugnação às fls. 49/61. A Fiscalização, em sua Manifestação de fls. 113/123, contesta os argumentos utilizados pela Impugnante, pedindo pela procedência do lançamento. DECISÃO Como se vê do relatório supra, é fato incontroverso que as mercadorias foram importadas com o objetivo prévio de sua destinação ao estabelecimento da Autuada, situado em Minas Gerais, tal como imputa a Fiscalização no Auto de Infração sob exame, diante dos documentos acostados aos autos. 21.328/13/1ª 1

De um lado, a Fiscalização defende a primeira posição, e do outro a Impugnante, para quem o sujeito ativo da obrigação, em casos tais, é sempre o Estado de localização do destinatário jurídico da mercadoria, isto é, aquele que figura como importador nos documentos aduaneiros, pouco importando o seu destino final. Posta assim a questão, cabe, inicialmente, uma análise da legislação pertinente, a começar da Constituição Federal, que estabelece na parte final da alínea a do inciso IX do 2º de seu art. 155 que, na importação de bem ou mercadoria, o ICMS cabe ao Estado onde estiver situado o domicílio ou o estabelecimento do destinatário dos mesmos, lembrando ainda que, nos termos de seu art. 146, compete à lei complementar, dentre outras matérias, dispor sobre conflitos de competência entre os entes tributantes, bem como definir o fato gerador, a base de cálculo e o contribuinte dos impostos nela discriminados. Confira-se: Art. 146. Cabe à lei complementar: I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; (...) III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes. Tem-se, assim, que a definição de contribuintes dos impostos é matéria sob reserva de lei complementar, regra geral confirmada e reforçada pela própria Constituição Federal, ao dispor especificamente sobre o ICMS, em seu art. 155, 2º, XII, a, com a seguinte redação: Art. 155. (...) 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: XII cabe à lei complementar: a)definir seus contribuintes. Ao tratar da matéria, a Lei Complementar nº 87/96 definiu como contribuinte do imposto o estabelecimento ao qual se destinar fisicamente a mercadoria importada, e não necessariamente aquele que efetuar, juridicamente, a importação. É o que se depreende, cristalinamente, da análise de seu art. 4º c/c o art. 11, in verbis: Art. 4º. Contribuinte do imposto é qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize (...) operações de circulação de mercadoria ou prestações (...), ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior. Art. 11. O local da operação ou da prestação, para os efeitos da cobrança do imposto e definição do estabelecimento responsável é: I tratando-se de mercadoria ou bem: 21.328/13/1ª 2

(...) d) importados do exterior, o do estabelecimento onde ocorrer a entrada física. Seguindo esse entendimento, o legislador mineiro assim definiu na Lei nº 6.763/75 e no RICMS/02, in verbis: Lei nº 6763/75 Art. 33 - O imposto e seus acréscimos serão recolhidos no local da operação ou da prestação, observadas as normas estabelecidas pela Secretaria de Estado de Fazenda. 1º - Considera-se local da operação ou da prestação, para os efeitos de pagamento do imposto: 1) tratando-se de mercadoria ou bem: (...) i - importados do exterior: i.1 - o do estabelecimento: i.1.1 - que, direta ou indiretamente, promover a importação; i.1.2 - destinatário da mercadoria ou do bem, quando a importação for promovida por outro estabelecimento, ainda que situado em outra unidade da Federação, de mesma titularidade daquele ou que com ele mantenha relação de interdependência; i.1.3 - destinatário da mercadoria ou do bem, quando a importação, promovida por outro estabelecimento, ainda que situado em outra unidade da Federação, esteja previamente vinculada ao objetivo de destiná-lo àquele; RICMS/02 Art. 61. O local da operação ou da prestação, para os efeitos de cobrança do imposto e definição do estabelecimento responsável, é: I - tratando-se de mercadoria ou bem: (...) d) importados do exterior: d.1) o do estabelecimento que, direta ou indiretamente, promover a importação, desde que com o fim de consumo,imobilização, comercialização ou industrialização pelo próprio estabelecimento; d.2) o do estabelecimento destinatário da mercadoria ou do bem, quando a importação for promovida por outro estabelecimento, ainda que situado em outra unidade da Federação, de mesma titularidade daquele ou que com ele mantenha relação de interdependência; 21.328/13/1ª 3

d.3) o do estabelecimento destinatário da mercadoria ou do bem, quando a importação promovida por outro estabelecimento, ainda que situado em outra unidade da Federação, esteja previamente vinculada ao objetivo de destiná-lo àquele, ressalvada a hipótese prevista na subalínea d.1 ; Da análise dos supracitados dispositivos, depreende-se que tanto a Constituição quanto a lei complementar e a legislação mineira definem como destinatário da mercadoria, para o fim de determinação da sujeição ativa da obrigação relativa ao ICMS incidente na importação, o seu real importador, isto é, aquele estabelecimento a quem a mercadoria realmente se destinar, pouco importando o Estado em que é realizado o desembaraço aduaneiro. Ou seja, o critério da destinação física não diz respeito ao local onde se dá a nacionalização da mercadoria, assim entendido aquele onde deva entrar fisicamente no país para o fim de processamento do seu regular desembaraço aduaneiro, mas àquele em que situado o domicílio ou o estabelecimento de quem efetivamente promova a sua integração ao ciclo econômico nacional, isto é, quem promover, direta ou indiretamente, a importação do bem ou mercadoria, com o fim de consumo, imobilização, comercialização ou industrialização, sendo certo que o desembaraço aduaneiro, relativamente ao ICMS, apenas marca o momento (e o local) da ocorrência do fato gerador, mas não a sujeição ativa da obrigação decorrente da operação de importação. Analisando as peças dos autos, tem-se que o contrato de arrendamento mercantil firmado entre a Impugnante e a empresa Banco Itauleasing S.A, por si só caracteriza a mencionada destinação prévia, como se observará a seguir. O leasing financeiro, modalidade de que se trata, consiste no negócio jurídico bilateral pelo qual uma das partes, necessitando utilizar um determinado bem, procura uma instituição financeira para que promova a compra do mesmo para si e, posteriormente, lhe entregue em locação, mediante uma remuneração periódica, em geral, no seu somatório compreende o custo da compra, o custo do financiamento, o lucro do financiador a partir do vencimento da prestação. Ao final do prazo contratual, via de regra, surgem três opções para o arrendatário: a de tornar-se proprietário mediante o pagamento de um preço residual, a de renovar o contrato ou devolver a coisa locada. Portanto a finalidade básica do leasing financeiro é sempre o financiamento de investimentos produtivos. Nos termos do contrato em questão tem-se que é a Impugnante que especifica o que irá importar e indica o fornecedor, assumindo todos os riscos do negócio, veja-se: _ itens 2.1 do contrato em questão, o Arrendador está isento de qualquer responsabilidade ligada a vício e/ou defeito do bem, imputáveis ao Fornecedor. 21.328/13/1ª 4

_ item 8, Recebimento do bem o arrendatário recebe, diretamente do fornecedor por ele indicado no subitem 1.12. o bem descrito no item 1.13, adquirido pelo Arrendador, exonerando o arrendador de responsabilidade quanto a erros ou omissões na especificação do bem. Não bastasse, nos termos do item 15 - Despesas do Arrendatário, é a Impugnante também que se responsabiliza pelo pagamento dos tributos e demais despesas: alínea c : pagar todos os tributos, encargos e demais despesas que incidam ou venham a incidir, direta ou indiretamente, sobre o bem e sobre o arrendamento, bem como eventuais acréscimos das alíquotas atualmente vigentes. _ alínea f: pagar a despesa de acompanhamento do processo de desembaraço aduaneiro, prevista no subitem 1.8.2. Cabe destacar, que o Conselho Monetário Nacional - CMN, por delegação da Lei nº 6.099/74, ao regulamentar as operações de arrendamento mercantil, por meio da Resolução CMN nº 2309 de 1996, (item IV do art. 6º, regulamento anexo à citada resolução, teve sua nova redação dada pelo art. 1º da Resolução CMN nº 2.465 de 1998), em que foram estabelecidas regras para pagamento do Valor Residual Garantido VRG, in verbis: Resolução CMN nº 2309 de 28/08/96 Art. 6º Considera-se arrendamento mercantil operacional a modalidade em que: I - as contraprestações a serem pagas pela arrendatária contemplem o custo de arrendamento do bem e os serviços inerentes a sua colocação à disposição da arrendatária, não podendo o valor presente dos pagamentos ultrapassar 90% (noventa por cento) do "custo do bem;" II - o prazo contratual seja inferior a 75% (setenta e cinco por cento) do prazo de vida útil econômica do bem; III - o preço para o exercício da opção de compra seja o valor de mercado do bem arrendado; IV - não haja previsão de pagamento de valor residual garantido.(grifou-se) O Valor Residual Garantido - VRG, que é pago independentemente do valor das prestações mensais e dos juros, constitui-se em uma garantia especialíssima, em favor da empresa arrendadora, para a eventualidade do "arrendatário" não exercer sua opção de compra e, neste caso, o bem seria leiloado para terceiros, vendido pela melhor oferta sem avaliação prévia e sem preço mínimo. Portanto, o VRG serviria para garantir a lucratividade e para extirpar qualquer possibilidade de risco empresarial no negócio. 21.328/13/1ª 5

Ainda sobre o contrato de arrendamento mercantil em questão tem-se: O item 1.10 Pagamentos do Arrendatário do Contrato n.º 4.579.261 estabelece que as contraprestações e o VRG serão pagos conforme valores a seguir indicados (...). 1.10.1 R$ 0,00 Prestações à vista do VRG. 1.10.2 R$ 17.390,00 Total de Pagamento (TP): (1.10.2.1 + 1.10.2.2) na periodicidade indicada no subitem 1.6 ( mensal 36 parcelas). 1.10.2.1 R$ 4.338,10 - Contraprestação do arrendamento (CPA), na periodicidade indicada no subitem 1.6 (mensal 36 parcelas). 1.10.2.2 R$ 13.051,90 - Prestação do VRG, pago com a Contraprestação, na periodicidade indicada no subitem 1.6 (mensal 36 parcelas). (Grifou-se) 1.10.3 - R$ 0,00 - Prestação do VRG a ser paga no vencimento do Contrato. Pelos termos estipulados no item 1.10 retrotranscritos, conclui-se que o pagamento do VRG não será à vista, também não será no vencimento do contrato. O VRG será efetuado mensalmente junto com as contraprestações. O pagamento antecipado, juntamente com as prestações, do VRG vai de encontro à característica fundamental do leasing, qual seja à liberdade de opção e esta em desacordo com a legislação. Diante das evidências apresentadas entende-se que o real importador é a Impugnante e que o fato gerador ocorreu no momento do desembaraço, tanto assim que o crédito tributário foi apurado pela Fiscalização com base nos documentos de importação apresentados e não no valor do contrato de arrendamento o que poderia sugerir que o fato gerador seria o recebimento pela Impugnante do bem arrendado, como alegou a Autuada. Irrelevante o apontamento feito pela Impugnante sobre a questão da propriedade da mercadoria, pois a legislação não afasta a tributação levando em conta a propriedade e sim a destinação final do produto que, no caso em tela, inequivocamente é para a Autuada. Assim prevê a legislação, mais precisamente a LC nº 87/96, art. 11, inciso I, alínea d, e também na Lei nº 6.763/75 art. 33, 1º, item 1, alínea I, subalínea I.1.3. A Impugnante alega que existem: contribuintes habituais, contribuintes não habituais e não contribuintes. Como é não contribuinte não seria o Sujeito Passivo. Mais uma vez não lhe assiste razão. De acordo com o art. 14 da Lei nº 6.763/75, contribuinte do imposto é qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize operação de circulação de mercadoria ou prestação de serviço descrita como fato gerador do imposto. O não contribuinte, quando promove uma operação de importação passa a ser o contribuinte não habitual. É hipótese de incidência do ICMS o desembaraço aduaneiro de mercadoria ou bem de procedência estrangeira. O sujeito passivo do imposto, nesse caso, é o 21.328/13/1ª 6

importador, não interessando se pessoa física ou jurídica, nem a finalidade da importação, se para uso particular ou fins comerciais. Isso se demonstra na redação do art. 1º inciso V do RICMS/02. RICMS/02 Da Incidência Art. 1º O Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) incide sobre: V - a entrada de mercadoria ou bem importados do exterior, inclusive quando objeto de contrato de arrendamento mercantil - leasing com opção de compra ao arrendatário, por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte regular do imposto, qualquer que seja a sua destinação; Assim, a importação de produto ou bem, ainda que por pessoa física ou jurídica, não contribuinte, e para uso próprio, constitui-se em hipótese de incidência do ICMS, configurando desta maneira fato gerador do imposto. Por outro lado, mostra-se frágil o argumento de não incidência baseado no princípio da não cumulatividade. Com efeito, a circunstância de o importador particular não ter a possibilidade de repassar o ônus fiscal na cadeia produtiva não tem o condão de, por si só, dispensá-lo da obrigação tributária, afinal, também na aquisição de produto nacional, o consumidor final acaba onerado com a repercussão do tributo. Ou seja, de uma ou de outra forma, a tributação é suportada invariavelmente pelo destinatário final da mercadoria. Em verdade, o objetivo do princípio acima é não onerar o destinatário da mercadoria com a incidência em cascata do tributo ao final da cadeia produtiva. Não serve, todavia, de refúgio ao importador para o não recolhimento, até mesmo em razão da isonomia com o comprador da mercadoria produzida no país, devendo-se respeitar, para esse efeito, o princípio da igualdade tributária. Não é demais atentar, também, para a função extrafiscal do tributo, sendo desarrazoado impor a obrigação ao adquirente do produto nacional e não ao importador, desfavorecendo a indústria e o comércio nacionais. Quanto a alegação de inconstitucionalidade da LC nº 114/02, que alterou a LC nº 87/96, ressalta-se por oportuno, que não cabe ao Conselho de Contribuintes negar aplicação a dispositivos de lei, por força da limitação da competência do órgão julgador administrativo constante do art. 182 da Lei nº 6.763/75 (art. 110 do Regulamento do Processo e dos Procedimentos Tributários Administrativos), in verbis: Art. 182. Não se incluem na competência do órgão julgador: I - a declaração de inconstitucionalidade ou a negativa de aplicação de ato normativo, inclusive em relação à consulta a que for atribuído este 21.328/13/1ª 7

efeito pelo Secretário de Estado de Fazenda, nos termos do 2. do art. 146; Diante do exposto, ACORDA a 1ª Câmara de Julgamento do CC/MG, à unanimidade, em julgar procedente o lançamento. Participaram do julgamento, além dos signatários, os Conselheiros Carlos Alberto Moreira Alves e Ivana Maria de Almeida. Sala das Sessões, 14 de agosto de 2013. Maria de Lourdes Medeiros Presidente/Revisora Antônio César Ribeiro Relator Ml/T 21.328/13/1ª 8