EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE RIBEIRÃO PRETO DO ESTADO DE... Inquérito Policial nº... CRISTIANO..., (nacionalidade...), casado, enfermeiro, titular da cédula de identidade com o R.G. nº..., expedida pela..., inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda sob o nº..., residente e domiciliado junto à Rua..., nº..., no bairro..., CEP..., neste município e Comarca de Ribeirão Preto/SP, com o endereço eletrônico..., vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por meio de seu Advogado que esta subscreve, conforme inclusa procuração com poderes especiais (documento anexo), com fulcro no artigo 100 2º do Código Penal, bem como no artigo 30 do Código de Processo Penal, oferecer QUEIXA-CRIME em face de TÂNIA..., (nacionalidade...), (estado civil...), (profissão...), titular da cédula de identidade com o R.G. nº..., expedida pela..., inscrita no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda sob o nº..., residente e domiciliada junto à Rua..., nº..., no bairro..., CEP..., no município de Americana/SP, com o endereço eletrônico..., pela prática, em 1
tese, dos crimes de difamação e injúria, majorados, e, em concurso formal impróprio, previstos respectivamente nos artigos 139 e 140, c/c., artigos 70 e 141, inciso III, todos do Código Penal brasileiro, conforme inquérito policial anexo, consoante as razões de fato e motivos de direito a seguir aduzidos, no anverso de 05 (cinco) folhas. I DOS FATOS 01. O Querelante é enfermeiro e reside na cidade de Ribeirão Preto no Estado de São Paulo, sendo casado há mais de 25 (vinte e cinco) anos. No dia 08 de março de 2015, comemoraria bodas de prata, em virtude dos 25 (vinte e cinco) anos de seu segundo matrimônio. 02. Assim, diante dessa data, planejava realizar uma festa em um buffet na cidade em que reside, remetendo o convite da referida comemoração por meio da rede social denominada Facebook, publicando postagem alusiva à comemoração em seu perfil pessoal, dirigida para todos os seus contatos. 03. Entretanto, a Querelada, ex-esposa do Querelante, e, que também possui perfil na referida rede social, inclusive estando adicionada aos contatos do Querelante, soube da comemoração. 04. Sendo assim, de seu dispositivo informático, instalado em sua residência, a Querelada publicou, na rede social, uma mensagem ofensiva e aviltante no perfil do Querelante, com o propósito claro de atingir sua honra, bem como de lhe prejudicar perante seus colegas de trabalho. Nesse sentido, é mister transcrever as palavras ofensivas utilizadas pela Querelada, quais sejam: Não sei o que comemorar, já que Cristiano não passa de um imbecil, bêbado, irresponsável e sem vergonha! Ele trabalha todo dia bêbado! Esses dias, ele cambaleava bêbado pelas ruas de Ribeirão Preto, inclusive, estava tão bêbado no horário de expediente que a empresa em que trabalha teve que chamar uma ambulância para socorrê-lo. 05. O Querelante estava em sua residência tendo sido informado por familiares que tal postagem ofensiva constava em seu perfil. Assim, imediatamente se conectou à rede social e constatou os comentários pejorativos e 2
ofensivos o que ocorreu na presença de JAQUELINE, PIETRO e RENATO, que estavam ao seu lado naquele momento. 06. Muito constrangido, o Querelante perdeu todo o seu entusiasmo e a comemoração agendada deixou de ser realizada. No dia seguinte, o ora Querelante dirigiu-se à Delegacia de Polícia Especializada em Repressão aos Crimes informáticos e noticiou os fatos, aqui narrados, à autoridade policial, entregando o conteúdo impresso da mensagem ofensiva, bem como o endereço da página da rede social onde ela poderia ser visualizada. 07. Por conseguinte, esta é a síntese do necessário. II DO FUNDAMENTOS JURÍDICOS 08. Diante da situação factual supra narrada, percebe-se que o Querelante foi vítima dos denominados crimes informáticos contra a honra. 09. A honra é bem jurídico fundamental e inerente ao ser humano, aliás, a Constituição Federal assegura a proteção da honra em vários dispositivos (vide artigo 5.º incisos V e X da Constituição Federal). 10. Ademais, haja vista o disposto no artigo 5.º 2.º da Constituição da República é forçoso salientar a proteção da honra oferecida pelo Pacto de São José da Costa Rica, promulgado por meio do Decreto-Presidencial n.º 678 de 06 de novembro de 1992. O artigo 11 do referido Tratado de Direitos Humanos ratifica o texto Constitucional, assegurando o direito humano mais do que fundamental ao respeito da honra e, que a lei deverá resguardar instrumentos de proteção contra ofensas proferidas. 11. No presente caso, não há dúvidas de que a Querelada violou de maneira veemente a honra objetiva e, também subjetiva do Querelante, ou seja, o que este pensa de si mesmo, e sua reputação perante a sociedade. 12. Com efeito, a Querelada praticou os crimes contra a honra de difamação e injúria, previstos expressamente nos artigos 139 e 140, ambos do Código Penal, haja vista ter lesado o bem jurídico honra. 3
13. A difamação restou caracterizada, haja vista que houve imputação de fato ofensivo à reputação, pois a Querelada atribuiu ao Querelante a conduta de se apresentar publicamente embriagado. 14. Ad argumentandum tantum, é importante salientar que a conduta imputada pela Querelada ao Querelante, constitui contravenção penal, prevista no artigo 62, caput, do Decreto-Lei n.º 3.688/1941. 15. Outrossim, o crime de injúria se concretizou, pois, a Querelada utilizou adjetivações negativas, que atingem manifestamente a dignidade do Querelante, tendo em vista as expressões IMBECIL, BÊBADO, IRRESPONSÁVEL e SEM VERGONHA. 16. Ademais, ambos os crimes estão consumados, nos exatos termos do artigo 14, inciso I do Código Penal. 17. No que tange ao elemento subjetivo, os documentos anexos demonstram a nítida intenção de ofender a dignidade e a reputação do Querelante, ou seja, o animus diffamandi vel injuriandi. 18. É importante ressaltar a necessidade de reconhecer o instituto previsto no artigo 70, caput, segunda parte, do Código penal, isto, pois, no caso, ocorreu concurso formal impróprio de crimes, haja vista que mediante uma mensagem a Querelada praticou dois crimes contra a honra com desígnios autônomos. 19. Como os crimes foram praticados pela internet, em uma rede social na qual todos tem acesso, é evidente que o meio facilita a divulgação da difamação, bem como da injúria, de modo que se aperfeiçoou a causa especial de aumento de pena do artigo 141, inciso III, in fine, do Código Penal. 4
III DOS PEDIDOS Diante de todo o exposto, tendo em vista que a Querelada, agindo dolosamente, irrogou ofensas contra a honra do Querelante, requer, respeitosamente à Vossa Excelência, após a manifestação do Parquet seja a presente recebida, determinando-se a citação da Querelada e a intimação das testemunhas abaixo arroladas, bem como a juntada dos documentos anexos. Outrossim, requer-se, ainda, a designação de audiência preliminar. Finalmente, requer SEJA JULGADA PROCEDENTE A PRESENTE AÇÃO PENAL, com a consequente CONDENAÇÃO da Querelada, como incursa nos crimes previstos nos artigos 139 e 140 c/c., artigo 70 e artigo 141, inciso III, todos do Código Penal, bem como a fixação de valor mínimo para a reparação dos danos causados pelas infrações penais, nos termos do artigo 387, inciso IV do Código de Processo Penal, por ser medida que mais se coaduna a JUSTIÇA! Informa o Querelante que no âmbito do JECRIM há isenção de custas, conforme o disposto no artigo 4.º 9.º da Lei estadual 11.608/2003. ROL DE TESTEMUNHAS: 1.JAQUELINE, (endereço), (cédula de identidade nº...); 2.PIETRO, (endereço), (cédula de identidade nº...); 3.RENATO, (endereço), (cédula de identidade nº...). Termos em que, Pede e aguarda deferimento. (Local, data) Advogado - OAB/ nº 5