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Transcrição:

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº 1999.61.00.037333-0/SP RELATOR:DESEMBARGADOR FEDERAL MAIRAN MAIA APELANTE:COLUMBIA TRISTAR BUENA VISTA FILMES DO BRASIL LTDA ADVOGADO:LUIZ ANTONIO D ARACE VERGUEIRO E OUTRO APELANTE:UNIAO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL) ADVOGADO:FERNANDO NETTO BOITEUX E ELYADIR FERREIRA BORGES APELADO:OS MESMOS REMETENTE:JUIZO FEDERAL DA 20 VARA SAO PAULO SEC JUD SP EMENTA TRIBUTÁRIO. REMESSA DE VALORES AO EXTERIOR DECORRENTES DA EXPLORAÇÃO DE OBRAS AUDIOVISUAIS. INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA À ALÍQUOTA DE 25%. ART. 13 DA LEI Nº 8.685/93, QUE ALTEROU O DECRETO-LEI Nº 1.089/70. 1. Incide imposto de renda à alíquota de 25% sobre a remessa de valores ao exterior decorrentes da exploração de obras audiovisuais estrangeiras, nos moldes do art. 13 da Lei nº 8.685/93, que alterou o Decreto-lei nº 1.089/70. 2. Diante da evolução da legislação que disciplina a matéria e da necessidade de incremento da atividade audiovisual, são inaplicáveis os dispositivos do art. 28 da Lei nº 9.249/95, visto que ao se referir ao art. 77 da Lei nº 3.470/58, limitava a tributação somente à exploração de películas cinematográficas. 3. Inaplicável à espécie, também, o art. 72 da Lei nº 9.430/96, porquanto os rendimentos da exploração de obras audiovisuais não possuem natureza jurídica de royalties. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Sexta Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por unanimidade, dar provimento à apelação da União Federal e à remessa oficial e negar provimento à apelação da impetrante, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. São Paulo, 18 de fevereiro de 2010.

Mairan Maia VOTO A impetrante, Columbia Tristar Buena Vista Filmes do Brasil Ltda., pretende afastar a incidência de imposto de renda exigido à alíquota de 25% nos termos da Lei nº 9.779/99, por versar o dispositivo sobre tributação da prestação de serviços. Inicialmente, impõe-se analisar a legislação que disciplina a matéria: O Decreto-lei nº 5.844/1943, dispunha no art. 98: Considera-se rendimento tributável da exploração, no país, de películas cinematográficas estrangeiras, a porcentagem de 80% sobre as importâncias pagas, creditadas, empregadas, remetidas ou entregues aos produtores, distribuidores ou intermediários no exterior, sujeita ao desconto do imposto na fonte à razão de 10%. Alterou-se a redação do art. 98 por força da Lei nº 154, de 25/11/1947: Considera-se rendimento tributável da exploração de películas cinematográficas estrangeiras, no país, a porcentagem de 30% sobre as importâncias pagas, creditadas, empregadas, remetidas ou entregues aos produtores, distribuidores ou intermediários no exterior, sujeita ao desconto do imposto na fonte à razão de 20%. O art. 77 da Lei nº 3.470/58 previa incidência do imposto de renda na fonte à alíquota de 25% para os rendimentos percebidos pelas pessoas físicas e jurídicas domiciliadas no exterior, inclusive aqueles relativos à exploração de películas cinematográficas estrangeiras. Diz o dispositivo: Art. 77. O item 1º do art. 97, do Regulamento do Imposto de Renda passa a vigorar com a seguinte redação: 1º à razão de 25% (inte e cinco por cento): I - os rendimentos percebidos pelas pessoas físicas ou jurídicas, residentes ou domiciliadas no estrangeiro, inclusive aqueles oriundos da exploração de películas cinematográficas; II - os rendimentos percebidos pelos residentes no país, que estiverem ausentes no exterior por mais de doze meses. Posteriormente, o art. 45 da Lei nº 4.131/62 dispôs sobre a aplicação do capital estrangeiro e a remessa de valores ao exterior, inclusive os rendimentos provenientes da exploração de películas cinematográficas. Sobreveio o Decreto-lei nº 1.089/70, cujo artigo 13, com redação dada pelo Decreto-lei nº 1.741/79 que passou a regular a questão:

Art. 13. As importâncias pagas, creditadas, empregadas, remetidas ou entregues aos produtores, distribuidores ou intermediários no exterior, como rendimentos decorrentes da exploração de películas cinematográficas, ou com aquisição, a preço fixo, de película cinematográfica para exploração no país, ficam sujeitos ao imposto de 25% (vinte e cinco por cento) na fonte. Diante da necessidade de incremento da atividade audiovisual, a Lei nº 8.685/93, alterou o art. 13 do Decreto-lei nº 1.089/70 para que a tributação abrangesse todas as obras audiovisuais, não apenas os rendimentos oriundos da exploração de filmes cinematográficos, verbis: Art. 13. As importâncias pagas, creditadas, empregadas, remetidas ou entregues aos produtores, distribuidores ou intermediários no exterior, como rendimentos decorrentes da exploração de obras audiovisuais estrangeiras todo território nacional ou por sua aquisição ou importação a preço fixo, ficam sujeitas ao imposto de 25% na fonte. A Lei nº 8.685/93 foi regulamentada pelo Decreto nº 974/93, que assim dispôs: Ficam sujeitas ao Imposto de Renda na Fonte, no percentual de 25 pontos, as importâncias pagas, creditadas, empregadas, remetidas ou entregues aos produtores, distribuidores ou intermediários no exterior, como rendimentos decorrentes da exploração de obras audiovisuais estrangeiras em todo território nacional, ou por sua aquisição ou importação a preço fixo, conforme definido no art. 13 do Decreto-lei nº 1.089, de 2 de março de 1970, com redação dada pelo art. 2º da Lei nº 8.685, de 1993. 1º O imposto de que trata o caput deste artigo sobre filmes importados a preço fixo incidirá no momento da efetivação do crédito para pagmento dos direitos adquiridos. 2º. O imposto de que trata o caput deste artigo sobre rendimentos decorrentes da exploração das obras audiovisuais estrangeiras em regime de distribuição e comercialização em salas de exibição, emissoras de televisão de sinal aberto ou codificado, cabo difusão, mercado videofonográfico ou qualquer outra modalidade de exploração comercial da obra, será devido e calculado no momento da efetivação do crédito ao produtor, distribuição ou intermediários domiciliados no exterior. 3º O pagamento do imposto de que trata este artigo deverá ser efetuado nos prazos previstos na Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991. Atualmente, o Regulamento de Imposto de Renda, RIR/99, dispõe no art. 706: Estão sujeitas à incidência do Imposto de Renda na Fonte, à alíquota de vinte e cinco por cento, as importâncias pagas, creditadas, empregadas, remetida ou entregues aos produtores, distribuidores ou intermediários no exterior, como rendimento decorrente da exploração de obras audiovisuais estrangeiras em todo território nacional, ou por sua aquisição ou importação, a preço fixo (Lei nº 3.470/58, art. 77, 1º, Decreto-lei nº 1.089, de 1970, art. 13, Decreto-lei nº 1.741, de 27 de dezembro de 1979, art. 1º, Lei nº 8.685, de 1993, art. 2º, Lei nº 9.249, de 1995, art. 28 e Lei nº 9.779, de 1999, art. 7º).

Parágrafo único: o imposto de que trata este artigo incidirá: I - sobre os filems importados a preço fixo, no momento da efetivação do crédito para pagamento dos direitos adquiridos; II - sobre os rendimetnos decorrentes da exploração das obras audiovisuais estrangeiras em regime de distribuição e comercialização em salas de exibição, emissoras de televisão, de sinal aberto ou codificado, cabo-difusão, mercado videofonográfico ou qualquer outra modalidade de exploração comecial da obra no momento da efetivação do crédito ou produtor, ditribuidor ou intermediários domiciliados no exterior. Por conseguinte, o art. 28 da Lei nº 9.249/95 assim dispôs: Art. 28. A alíquota do imposto de renda de que tratam o art. 77 da Lei nº 3.470, de 28 de novembro de 1958 e o art. 100 do Decreto-lei nº 5.844, de 23 de setembro de 1943, com as modificações posteriormente introduzidas, passa a partir de 1º de janeiro de 1996, a ser de quinze por cento. Da interpretação dos dispositivos em comento conclui-se não se aplicar à espécie o art. 28 da Lei nº 9.249/95, visto estar a matéria especificamente regida pela legislação superveniente que disciplina a tributação incidente sobre quaisquer obras audiovisuais, contidas no art. 13 do Decreto-lei nº 1.089/70, alterada pela Lei nº 8.685/93, não se limitando aos dispositivos insertos no art. 77 da Lei nº 3.470/58 que dispunha somente sobre a exploração de películas cinematográficas. Inaplicável à espécie, também, o art. 72 da Lei nº 9.430/96, porquanto os rendimentos da exploração de obras audiovisuais não possuem natureza jurídica de royalties, ou remuneração pela exploração de direitos autorais. Por fim, também há de ser afastada a incidência da Lei nº 9.779/99 que estabeleceu alíquota de 25 % de imposto de renda incidente sobre o envio de valores ao exterior oriundos de trabalho, com ou sem vínculo empregatícios e de prestação de serviços, na medida em que tal pagamento decorre do licenciamento dos direitos de exploração das obras audiovisuais e não da prestação de serviços que a licenciante presta à licenciada. Ante o exposto, voto por dar provimento à apelação da União Federal e à remessa oficial e negar provimento à apelação da impetrante. Mairan Maia RELATÓRIO Cuida-se de mandado de segurança impetrado com objetivo de assegurar o direito de não se submeter a impetrante à tributação do imposto de renda à alíquota de 25%, tal como imposta no art. 706 do Decreto nº 3.000/99, mas nos termos do art. 28, da Lei nº 9.249/95, que fixou em 15% a exação incidente sobre as

importâncias pagas em decorrência da exploração de direitos sobre obras audiovisuais. A sentença julgou parcialmente procedente o pedido e assegurou o direito ao recolhimento do imposto de renda sobre os valores remetidos ao exterior para as licenciantes Buena Vista International Inc e Sony Corporation of America, nos termos do art. 72 da Lei nº 9.430/96 e afastou a aplicação do art. 7º da Lei nº 9.779 e art. 28 da Lei nº 9.249/95. Em apelação, a impetrante requereu a reforma da sentença. Por seu turno, a União Federal também apelou e requereu a reforma do decisum. Com contrarrazões da União Federal e da autora, os autos foram remetidos a esta Corte. O Ministério Público Federal opinou pela reforma da sentença. Dispensada a revisão na forma regimental. É o relatório. Mairan Maia