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Transcrição:

Capítulo 4 Estoques de materiais 1 Critério de avaliação dos estoques Os estoques de produtos em fabricação, produtos acabados, matérias-primas, embalagens e bens em almoxarifado devem ser avaliados pelo custo de aquisição ou produção, deduzido de provisão para ajuste ao valor justo, quando este for inferior. Para esses efeitos, considera-se valor justo o valor de reposição ou o preço líquido de realização, conforme o caso. Por exemplo, deve-se constituir provisão (a débito de despesa) para cada espécie de matéria-prima cujo valor de reposição seja inferior ao custo de aquisição. No caso das matérias-primas, embalagens e demais bens destinados à produção, a avaliação deve ser feita com base no custo de aquisição (ou de produção, se eventualmente forem fabricados pela própria indústria). Não integram o custo de aquisição os tributos recuperáveis, que, na atividade industrial, podem ser o ICMS e o IPI, além do PIS e da Cofins, quando não cumulativos. Os produtos acabados e os produtos em elaboração devem ser avaliados pelo custo de produção. São computados como custos de produção os gastos com matérias-primas aplicadas na fabricação, embalagens e mão de obra direta, além dos custos indiretos de fabricação. Bens em estoque Avaliação Valor justo Matérias-primas, embalagens e demais bens destinados à produção Custo de aquisição Produtos acabados e produtos em elaboração Custo de produção Valor de reposição Preço líquido de realização 2 Movimentação de estoque A origem das entradas em estoque pode ser externa ou interna. As entradas de origem externa geralmente são as compras. As de origem interna podem ser devoluções do setor de produção, transferências internas de outros setores, produtos acabados pela produção 79

que se destinem a novas operações de industrialização (produtos intermediários), ou a uso na própria indústria etc. As saídas do almoxarifado podem ser destinadas ao setor de produção, ou ocorrer em virtude de transferências para outros setores da fábrica, baixas por deterioração, obsolescência, devoluções aos fornecedores etc. As compras de matérias-primas e demais materiais devem ser comprovadas pelas notas fiscais emitidas pelos fornecedores. As outras operações de entradas e as saídas devem ser comprovadas por documentos internos, que podem ser requisições, boletins de transferência, boletins de sobra, boletins de produção etc. As requisições são utilizadas para o fornecimento de materiais ao setor de produção, enquanto os boletins costumam ser utilizados nas operações com os outros departamentos da fábrica. 3 Custo de aquisição das matérias-primas O custo de aquisição das matérias-primas, embalagens e outros bens em almoxarifado deve representar os gastos necessários a que eles estejam em condições de uso na produção. Assim, no custo de aquisição, devem ser computados os gastos com frete, seguro do frete, imposto de importação, taxas alfandegárias. Exceções a essa regra são os tributos recuperáveis (ICMS, IPI, PIS e Cofins). O IPI é recuperável nas aquisições de matérias-primas e demais bens destinados à industrialização de produtos sujeitos ao imposto. Não é recuperável nas aquisições de bens para o ativo fixo e de material para uso ou consumo da indústria. Nesses casos, o IPI deve integrar o custo de aquisição. 1º exemplo Considerando a compra de 10 unidades de matérias-primas a R$ 100,00 cada, acrescida de 10% de IPI e com o ICMS de 20% já incluído, temos as seguintes informações na nota fiscal emitida pelo fornecedor: Matérias-Primas: 10 unidades x 100,00 por unidade 1.000,00 IPI 10% 100,00 ICMS já incluído no valor da operação à alíquota de 20% 200,00 Total da nota fiscal 1.100,00 Como os bens são destinados à industrialização, o IPI não faz parte da base de cálculo do ICMS; por se tratar de estabelecimento industrial que vai destinar as matérias-primas à fabricação de produtos sujeitos ao imposto, o IPI é recuperável. Ricardo J. Ferreira 80

Estoques de materiais D - Estoques de Matérias-Primas 800,00 D - ICMS a Recuperar 200,00 D - IPI a Recuperar 100,00 C - Fornecedores 1.100,00 Custos Digamos que fossem requisitadas seis unidades dessas matérias-primas pelo setor de produção. O custo de aquisição de cada unidade seria de: 800,00 = 80,00 10 unids. Lançamento de apropriação da matéria-prima ao produto: D - Estoques de Produtos em Elaboração C - Estoques de Matérias-Primas (6 unids. x 80,00) 480,00 O ICMS e o IPI lançados como impostos a recuperar permanecem no ativo circulante, para compensação com o imposto incidente na saída dos produtos, quando da venda. Os descontos financeiros (condicionais), obtidos, por exemplo, na antecipação do pagamento de duplicatas relativas à aquisição de matérias-primas, não devem ser abatidos do custo de aquisição dos bens. O correto é lançá-los como receita financeira, diretamente no resultado do exercício, mantendo-se os estoques registrados pelo valor bruto de aquisição. 2º exemplo Assim, no pagamento de duplicata de valor nominal de R$ 1.000,00, com desconto financeiro obtido de R$ 100,00, lançamos: D - Fornecedores 1.000,00 C - Caixa 900,00 C - Receitas Financeiras (descontos financeiros obtidos) 100,00 Os descontos incondicionais (comerciais) e abatimentos são considerados dedução do preço de compra. O lançamento é feito com base no valor líquido de aquisição. Esse procedimento está de acordo com o princípio do registro pelo valor original. Na compra a prazo de matérias-primas no valor de R$ 1.000,00, com desconto comercial de R$ 200,00, desconsiderada a incidência de impostos, lançamos, pelo valor líquido a pagar: D - Estoques de Matérias-Primas C - Fornecedores 800,00 81 Capítulo 4

Para o controle das matérias-primas e demais bens em almoxarifado, são utilizadas fichas de controle de estoques, em que há a indicação das entradas, saídas e do saldo após cada operação. Na ficha de controle de matérias-primas, por exemplo, a coluna de entradas é utilizada para indicar as compras. Nos casos de devoluções de compras, também se utiliza a coluna de entradas, registrando-se o valor correspondente como negativo, ou seja, como um estorno. Assim, evita-se o registro das devoluções de compra na coluna de saídas, o que poderia ser confundido com saída de matérias-primas por requisição da produção. A coluna de saídas é utilizada para indicar as matérias-primas remetidas à produção, em virtude de requisições. Também se utiliza a coluna de saídas para o registro de devoluções de matérias-primas pelo setor de produção, indicando-se o valor como negativo, vale dizer, como um estorno. Dessa forma, a devolução de requisição não é confundida com uma entrada por compra. Dia Entradas Saídas Saldos Q U T Q U T Q U T 01 8 80,00 640,00 02 12 10,00 120,00? 38,00? 03?? 190,00 15? 570,00 04 (3)????? 05 (2)????? 01. (Auditor/Receita/Esaf) Na ficha (acima apresentada) de estoque de matéria-prima de uma empresa industrial, que, como se observa, sofreu 04 movimentações no período de 1º a 05 de certo mês, Q, U e T representam, respectivamente, quantidade, custo unitário e custo total em reais. Sabendo-se que as devoluções são relativas ao movimento do mesmo mês, assinale o valor a ser encontrado no lugar do último ponto-de-interrogação, isto é, o valor do custo total do saldo no dia 5. a) R$ 704,00 b) R$ 664,00 c) R$ 436,00 d) R$ 608,00 e) R$ 476,00 O saldo de R$ 640,00, no dia 1º, indica o estoque inicial. No dia 2, houve compras no valor de R$ 120,00; a operação do dia 3 foi a requisição de matérias-primas pela produção, no valor de R$ 190,00; no dia 4, houve a devolução de matérias-primas ao almoxarifado pelo setor de produção; no dia 5, ocorreu devolução de compras de matérias-primas aos fornecedores, no valor de R$ 20,00. Ricardo J. Ferreira 82

Estoques de materiais Dia Entradas Saídas Saldos Q U T Q U T Q U T Custos 01 08 80,00 640,00 02 12 10,00 120,00 20 38,00 760,00 03 05 38,00 190,00 15 38,00 570,00 04 (03) 38,00 (114,00) 18 38,00 684,00 05 (02) 10,00 (20,00) 16 41,50 664,00 Gabarito: B 3º exemplo A Companhia Alpha adquiriu matérias-primas para serem utilizadas na industrialização de seus produtos. A nota fiscal de compra continha os seguintes dados: Valor das matérias-primas 1.000,00 IPI 200,00 Valor total da nota fiscal 1.200,00 ICMS destacado na nota fiscal 170,00 O IPI e o ICMS são impostos recuperáveis para a empresa. Assim, o custo de aquisição das matérias-primas deve ser o total pago ao fornecedor, menos os impostos recuperáveis. Total da nota fiscal 1.200,00 ICMS recuperável incluído no valor da mercadoria (170,00) IPI recuperável (200,00) Custo de aquisição das matérias-primas 830,00 Lançamento contábil: D - Estoques de Matérias-Primas 830,00 D - ICMS a Recuperar 170,00 D - IPI a Recuperar 200,00 C - Fornecedores ou Caixa 1.200,00 02. (AFC/Esaf) A Industrialzinha Ltda. adquiriu matérias-primas para serem utilizadas na fabricação de seus produtos no mês de agosto, exigindo entrega em domicílio, mesmo que onerosa. A nota fiscal dessa compra espelhou os seguintes dados: Quantidade 500 unidades Preço unitário R$ 8,00 IPI 10% ICMS 17% Despesas acessórias/fretes R$ 240,00 83 Capítulo 4

No mês de agosto a empresa utilizou 60% desse material na produção. Os fretes não sofreram tributação. Com base nas informações fornecidas e sabendo-se que a empresa é contribuinte tanto do IPI como do ICMS, assinale o lançamento correto para contabilizar a apropriação de matéria-prima ao produto (desconsiderar históricos). a) Produtos em Processo a Matéria-Prima R$ 1.896,00 b) Produtos Acabados a Matéria-Prima R$ 1.896,00 c) Produtos em Processo a Matéria-Prima R$ 2.376,00 d) Produtos em Processo a Matéria-Prima R$ 2.136,00 e) Produtos Acabados a Matéria-Prima R$ 2.136,00 Nota fiscal de compra: 500 unids. x 8,00 = 4.000,00 IPI 10% 400,00 Frete 240,00 ICMS já incluído 17% 680,00 Total da nota fiscal 4.640,00 No estoque, registra-se o custo de aquisição, excluídos os impostos recuperáveis: Custo de Aquisição = 4.640,00 IPI ICMS Custo de Aquisição = 4.640,00 400,00 680,00 = 3.560,00 Houve requisição de 60% dos materiais, ao custo de 3.560,00 x 60% = 2.136,00. Gabarito: D 4º exemplo A Indústria Brasília adquiriu em 01.04.x1 matérias-primas para serem utilizadas na industrialização de seus produtos. Informações adicionais: 1 - Dados da nota fiscal de aquisição: Valor das matérias-primas 2.000,00 Valor do IPI 200,00 Valor do ICMS destacado na nota 340,00 Ricardo J. Ferreira 84

Estoques de materiais 2 - Pelo transporte das matérias-primas até o seu estabelecimento, a empresa pagou R$ 240,00, a um transportador; 3 - No mês de abril/x1, a empresa utilizou 40% dessas matérias-primas na fabricação de seus produtos. Sabendo-se que, dos tributos referidos, apenas o ICMS é recuperável pela empresa, o custo de aquisição das matérias-primas é apurado da seguinte forma: Custos Total da nota fiscal de compra 2.200,00 Frete 240,00 ICMS recuperável ( 340,00) Custo de aquisição das matérias-primas 2.100,00 Como, neste caso, o IPI não é recuperável, ele foi computado como parte do custo de aquisição. As matérias-primas aplicadas à produção do período corresponderam a 40% do total adquirido. Portanto, o custo de aquisição das matérias-primas aplicadas foi de: R$ 2.100,00 x 40% = R$ 840,00. 03. (Auditor/Receita/Esaf) Numa determinada empresa industrial, o fluxo de matérias-primas durante o ano foi o seguinte: I. Saldo inicial: Item 1 5.000 unidades a R$ 1,00 cada uma Item 2 8.000 unidades a R$ 0,75 cada uma Item 3 4.000 unidades a R$ 2,75 cada uma II. Compras: Item 1 12.000 unidades a R$ 1,00 cada uma Item 3 6.000 unidades a R$ 2,75 cada uma III. Entregas à produção: Item 1 3.500 unidades Item 2 2.000 unidades Item 3 3.000 unidades IV. Matérias-primas defeituosas, devolvidas aos fornecedores: Item 1 200 unidades V. Matérias-primas excedentes, devolvidas ao almoxarifado pela fábrica: Item 2 50 unidades Efetuadas essas operações, o saldo da conta Matérias-Primas na escrituração da referida empresa era de 85 Capítulo 4

a) R$ 37.287,50. b) R$ 37.087,50. c) R$ 37.012,50. d) R$ 22.000,00. e) R$ 15.087,50. Estoques de Matérias-Primas item 1 = 5.000 x 1,00 5.000,00 3.500,00 item 1 = 3.500 x 1,00 item 2 = 8.000 x 0,75 6.000,00 1.500,00 item 2 = 2.000 x 0,75 item 3 = 4.000 x 2,75 11.000,00 8.250,00 item 3 = 3.000 x 2,75 item 1 = 12.000 x 1,00 12.000,00 200,00 item 1 = 200 x 1,00 item 3 = 6.000 x 2,75 16.500,00 item 2 = 50 x 0,75 37,50 37.087,50 Gabarito: B 04. (Auditor/Receita/Esaf/Adaptada) Uma empresa industrial transferiu produtos semielaborados do seu estabelecimento central para a sua outra fábrica, em outra cidade. O transporte custou R$ 30.000,00 e os produtos semielaborados foram transferidos ao seu custo total de R$ 270.000,00. O estabelecimento central cumpre sua etapa de produção com semielaborados e elaborados. A fábrica da outra cidade inicia sua produção com os semielaborados que recebe da central. Nesse caso, no estabelecimento da outra cidade, recebedor, por quais valores e em que contas se apropriam tais fatos? a) Produtos semielaborados: R$ 270.000,00 e despesas gerais de produção: R$ 30.000,00. b) Matérias-primas: R$ 300.000,00. c) Produtos semielaborados: R$ 300.000,00. d) Despesas gerais de produção: R$ 300.000,00. e) Produtos semielaborados: R$ 270.000,00 e Transportes: R$ 30.000,00. Apesar de os produtos serem semielaborados em relação ao estabelecimento remetente, para a fábrica que os recebe, esses produtos são matérias-primas, pois se destinam a novo processo produtivo. Deve ser utilizada a conta Estoques de Matérias-Primas, e o valor lançado 300.000,00 deve incluir o transporte. Gabarito: B Ricardo J. Ferreira 86

Estoques de materiais 05. (Auditor/Receita/Esaf) Uma fábrica de cimento contrata empresa de transporte coletivo para transportar seu pessoal para trabalhar em sua jazida, de onde extrai calcário para produção de cimento. Os gastos com os serviços contratados serão apropriados, em relação à produção de cimento, como a) custo de mão de obra. b) custo da matéria-prima. c) custo de serviços de terceiros. d) despesas gerais de produção. e) custo de veículos. Todos os gastos realizados até o momento em que o calcário esteja disponível no estoque da indústria, para ser utilizado na produção do cimento, devem ser registrados na conta Estoques de Matérias-Primas. A única exceção são os impostos recuperáveis, se houver. Gabarito: B Custos 4 Ajuste dos estoques ao valor justo O custo de aquisição ou produção deve ser deduzido de provisão para ajustá-lo ao valor justo, se este for menor. O valor justo das matérias-primas e bens em almoxarifado é o preço pelo qual possam ser repostos (valor de reposição), mediante compra no mercado. Exemplo Consideremos que uma indústria mantenha em seus estoques as seguintes matérias- -primas: Matérias-primas Valor de aquisição Valor de reposição A 100,00 90,00 B 300,00 310,00 C 250,00 230,00 A provisão é constituída para cada espécie de matéria-prima que tenha valor justo inferior ao custo de aquisição. Assim, no caso de A e de C, deve ser constituída a provisão para ajuste ao valor justo: Matérias-primas Valor de aquisição Valor de reposição Provisão A 100,00 90,00 10,00 B 300,00 310,00 C 250,00 230,00 20,00 87 Capítulo 4

Eis o lançamento de ajuste: D - Despesa com Provisão C - Provisão para Ajuste ao Valor Justo (retif. do AC) 30,00 No balanço patrimonial, o saldo da conta Estoques de Matérias-Primas deve indicar o seu valor de aquisição, que é deduzido da provisão: Ativo Circulante Estoques de Matérias-Primas 650,00 ( ) Provisão para Ajuste ao Valor Justo ( 30,00) Valor contábil das matérias-primas 620,00 No caso das embalagens e bens em almoxarifado, os procedimentos aplicáveis são idênticos aos apresentados para as matérias-primas. 5 ICMS nas compras O ICMS é recuperável nas aquisições: 1 - de mercadorias destinadas à comercialização; 2 - de mercadorias destinadas à industrialização; 3 - de bens para o ativo fixo. A partir de novembro de 1996, o ICMS incidente nas operações com bens para o ativo fixo passou a ser recuperável, por determinação da Lei Complementar nº 87/96 (Lei Kandir). Não dão direito a crédito as entradas de mercadorias resultantes de operações isentas ou não tributadas, ou que se refiram a mercadorias alheias à atividade do estabelecimento. O ICMS relativo à aquisição de material para uso ou consumo (material de escritório, limpeza, manutenção) ainda não é recuperável. A aplicação da não cumulatividade do imposto a esse caso vem sendo sistematicamente adiada. 1º exemplo Na compra a prazo de matérias-primas não sujeitas à incidência do IPI, no valor de R$ 1.000,00, com ICMS de 20%, temos as seguintes informações na nota fiscal emitida pelo fornecedor: Matérias-primas: 10 unidades x 100,00 por unidade 1.000,00 ICMS já incluído no valor da operação à alíquota de 20% 200,00 Total da nota fiscal 1.000,00 Ricardo J. Ferreira 88

Estoques de materiais Lançamento feito pelo comprador: D - Estoques de Matérias-Primas 800,00 D - ICMS a Recuperar 200,00 C - Fornecedores 1.000,00 Custos O ICMS indicado na nota fiscal do fornecedor está incluído no valor das matérias-primas. O valor lançado pelo comprador como imposto a recuperar é o valor destacado na nota fiscal do fornecedor. Nas operações de compra, registra-se no estoque o total gasto na aquisição, deduzido dos impostos recuperáveis. 2º exemplo Na compra a prazo de matérias-primas, no valor de R$ 1.000,00, com a incidência de ICMS à alíquota de 20% e IPI não recuperável de 10%, temos as seguintes informações na nota fiscal emitida pelo fornecedor: Matérias-primas: 10 unidades x 100,00 por unidade 1.000,00 IPI de 10% 100,00 ICMS já incluído no valor da operação à alíquota de 20% 200,00 Total da nota fiscal 1.100,00 Lançamento contábil feito pelo comprador: D - Estoques de Matérias-Primas 900,00 D - ICMS a Recuperar 200,00 C - Fornecedores 1.100,00 Como, neste caso, o IPI não é recuperável, seu valor foi integrado ao custo de aquisição das matérias-primas, passando a fazer parte do saldo da conta Estoques de Matérias-Primas. Ao contrário do ICMS, o IPI não faz parte do valor das matérias-primas indicado na nota fiscal do fornecedor. Ele é calculado por fora. Quando o comprador faz o pedido, é necessário que ele informe ao fornecedor que destino dará aos bens encomendados. Se eles forem destinados à comercialização ou à industrialização, o fornecedor não incluirá o IPI na base de cálculo do ICMS. Entretanto, se o destino dos bens for outro (integrar o ativo fixo, serem consumidos ou usados pelo comprador), o fornecedor deverá incluir o IPI na base de cálculo do ICMS. 89 Capítulo 4

3º exemplo Na compra a prazo de máquinas e equipamentos para o ativo fixo, no valor de R$ 1.000,00, com a incidência de ICMS à alíquota de 20% e de IPI de 10%, temos as seguintes informações na nota fiscal emitida pelo fornecedor: Máquinas e equipamentos: 10 unidades x 100,00 1.000,00 IPI de 10% 100,00 ICMS já incluído no valor da operação à alíquota de 20% 220,00 Total da nota fiscal 1.100,00 Como os bens não são destinados à comercialização ou à industrialização, o ICMS incide, também, sobre o valor do IPI. Lançamento contábil feito pelo comprador dos bens: D - Máquinas e Equipamentos 880,00 D - ICMS a Recuperar 220,00 C - Fornecedores 1.100,00 O IPI incidente na aquisição de bens para o ativo fixo e de materiais para uso ou consumo não é recuperável. Resumo sobre ICMS e IPI Operações Recuperação Recuperação IPI na BC do ICMS na BC do ICMS do IPI ICMS do IPI Compra para revenda sim não não sim Compra de matérias-primas sim sim não sim Compra de material de uso ou consumo não não sim sim Compra de ativo fixo (imobilizado) sim não sim sim 6 ICMS e frete nas compras O ICMS incide sobre todos os valores cobrados do comprador pelo fornecedor das matérias-primas. É o caso do frete, seguro do frete, carga, descarga, armazenagem. 1º exemplo Na compra a prazo de matérias-primas no valor de R$ 1.000,00, mais o valor de R$ 200,00 relativo ao frete realizado pelo próprio fornecedor, com a incidência de ICMS à alíquota de 20%, a nota fiscal emitida pelo fornecedor apresenta as seguintes informações: Ricardo J. Ferreira 90

Estoques de materiais Matérias-primas: 10 unidades x 100,00 por unidade 1.000,00 Frete 200,00 Custos ICMS já incluído no valor da operação à alíquota de 20% 240,00 Total da nota fiscal 1.200,00 O ICMS também incidiu sobre o valor do frete, em virtude de ele ter sido realizado pelo próprio fornecedor. Lançamento contábil feito pelo comprador: D - Estoques de Matérias-Primas 960,00 D - ICMS a Recuperar 240,00 C - Fornecedores 1.200,00 Se o serviço de transporte for prestado por um transportador, seu valor não fará parte da base de cálculo da operação realizada pelo fornecedor das matérias-primas. Nesse caso, teremos dois documentos fiscais: a nota fiscal emitida pelo fornecedor e a nota fiscal emitida pelo transportador. 2º exemplo Consideremos que uma indústria tenha comprado R$ 1.000,00 em matérias-primas e contratado um transportador para realizar o transporte interestadual, pagando-lhe R$ 200,00. Nesse caso, o ICMS incidiu na operação com as matérias-primas e na prestação de serviço de transporte interestadual. Os dados da nota fiscal emitida pelo fornecedor das matérias-primas são: Matérias-primas: 10 unidades x 100,00 por unidade 1.000,00 ICMS já incluído no valor da operação à alíquota de 20% 200,00 Total da nota fiscal 1.000,00 Eis os dados da nota fiscal emitida pelo transportador: Prestação de serviço de transporte interestadual 200,00 ICMS já incluído no valor da prestação à alíquota de 20% 40,00 Total da nota fiscal 200,00 91 Capítulo 4

Lançamento contábil feito pelo comprador das matérias-primas e usuário do serviço de transporte: D - Estoques de Matérias-Primas 960,00 D - ICMS a Recuperar 240,00 C - Fornecedores 1.200,00 Neste caso, o valor lançado no estoque, como custo de aquisição, inclui a matéria-prima e o serviço de terceiros, sem o ICMS. Quando o transporte é executado pelo próprio comprador, não há incidência de impostos sobre frete, pois não existe prestação de serviço. A prestação de serviço deve envolver, necessariamente, um prestador e um usuário do serviço. Não se presta serviço a si mesmo. Ressalvada a hipótese de o frete ser feito pelo próprio fornecedor (quando deve ser incluído na base de cálculo do ICMS), se o serviço de transporte é municipal, ocorre a incidência do ISS. Como este imposto não é recuperável, ele deve ser integrado ao valor de aquisição dos estoques de matérias-primas. 7 Estoques de produtos em elaboração e acabados O Regulamento do Imposto de Renda estabelece que, ao fim de cada período-base de apuração do imposto, o contribuinte deve promover o levantamento e avaliação dos seus estoques. No caso das mercadorias, matérias-primas e dos bens em almoxarifado, a avaliação é feita pelo custo de aquisição. Os produtos em elaboração e acabados são avaliados pelo custo de produção. Se o contribuinte mantiver sistema de contabilidade de custos integrado e coordenado com o restante da escrituração, poderá utilizar os custos apurados para avaliação dos estoques de produtos em fabricação e acabados. Caso contrário, deverá utilizar as regras estabelecidas pela legislação do IR na avaliação. Considera-se sistema de contabilidade de custos integrado e coordenado com o restante da escrituração aquele: 1 - apoiado em valores originados da escrituração contábil (matéria-prima, mão de obra direta, custos gerais de fabricação); 2 - que permite determinação contábil, ao fim de cada mês, do valor dos estoques de matérias-primas e outros materiais, produtos em elaboração e produtos acabados; 3 - apoiado em livros auxiliares, ou fichas, ou formulários contínuos, ou mapas de apropriação ou rateio, tidos em boa guarda, e de registros coincidentes com aqueles constantes da escrituração principal; Ricardo J. Ferreira 92

Estoques de materiais 4 - que permite avaliar os estoques existentes na data de encerramento do período-base de apropriação de resultados segundo os custos efetivos incorridos. Custos Se o sistema de contabilidade de custos não for coordenado e integrado com o restante da escrituração, os estoques de produtos em elaboração e acabados devem ser avaliados com base nas seguintes regras: Exemplo 1 - os estoques de produtos acabados, em 70% do maior preço de venda no período-base, inclusive o ICMS embutido no preço; 2 - os estoques de materiais em processamento, por uma vez e meia o maior custo das matérias-primas (excluídos os impostos recuperáveis ICMS e IPI) adquiridas no período-base; ou em 80% do valor apurado para os estoques de produtos acabados, de acordo com o item anterior (80% dos 70% do maior preço de venda = 56% do maior preço de venda). Uma indústria apurou, no encerramento do período-base, e mediante inventário físico, a existência em estoque de 200 unidades de certo produto, totalmente acabadas, e 100 unidades em elaboração. Sabe-se que: 1 - a empresa não possui contabilidade de custos integrada e coordenada com o restante da escrituração; 2 - o maior preço de venda desse produto, praticado durante o período-base de incidência, foi de R$ 500,00 a unidade, estando incluído o ICMS, no montante de R$ 85,00; 3 - a empresa não tem controle das matérias-primas já utilizadas nos produtos em elaboração, na data do encerramento do período-base. O valor do estoque de produtos acabados deve ser calculado da seguinte forma: Maior preço de venda no período-base 500,00 x 70% Valor arbitrado para a unidade acabada 350,00 Unidades de produtos acabados 200 unids. Valor arbitrado para a unidade acabada x 350,00 Estoque de produtos acabados 70.000,00 93 Capítulo 4

E o cálculo do estoque de produtos em elaboração: Valor arbitrado para a unidade acabada 350,00 x 80% Valor arbitrado para a unidade em elaboração 280,00 Unidades de produtos em elaboração 100 unids. Valor arbitrado para a unidade em elaboração x 280,00 Estoque de produtos em elaboração 28.000,00 O IR admite, na avaliação dos estoques, o uso do custo médio, do custo dos bens adquiridos ou produzidos mais recentemente (PEPS) e a avaliação com base no preço de venda, subtraída a margem de lucro. Assim como a legislação tributária, o CPC 16 (R1) Estoques não aceita a adoção do método UEPS. De acordo com a legislação do Imposto de Renda, o custo de produção dos bens ou serviços vendidos compreende, obrigatoriamente: 1 - o custo de aquisição de matérias-primas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção; 2 - o custo do pessoal aplicado na produção, inclusive de supervisão direta, manutenção e guarda das instalações de produção; 3 - os custos de locação, manutenção e reparo e os encargos de depreciação dos bens aplicados na produção; 4 - os encargos de amortização diretamente relacionados com a produção; 5 - os encargos de exaustão dos recursos naturais utilizados na produção. Para os efeitos do Imposto de Renda, a aquisição de bens de consumo eventual, cujo valor não exceda a 5% do custo total dos produtos vendidos no período-base anterior, pode ser registrada diretamente como custo de produção. Conforme a legislação do Imposto de Renda, deve integrar também o custo de produção o valor: 1 - das quebras e perdas razoáveis, de acordo com a natureza do bem e da atividade, ocorridas na fabricação, no transporte e manuseio; 2 - das quebras ou perdas de estoque por deterioração, obsolescência ou pela ocorrência de riscos não cobertos por seguros, desde que comprovadas: a) por laudo ou certificado de autoridade sanitária ou de segurança, que especifique e identifique as quantidades destruídas ou inutilizadas e as razões da providência; b) por certificado de autoridade competente, nos casos de incêndios, inundações ou outros eventos semelhantes; Ricardo J. Ferreira 94

Estoques de materiais c) mediante laudo de autoridade fiscal chamada a certificar a destruição de bens obsoletos, invendáveis ou danificados, quando não houver valor residual apurável. Custos A legislação do Imposto de Renda não faz distinção entre perdas normais e anormais e manda computar os valores decorrentes de ambas como parte do custo de produção. A doutrina, porém, considera custo de produção apenas as perdas normais, apropriando diretamente ao resultado as perdas anormais (em regra, este é o critério adotado pelas bancas examinadoras). 8 Subprodutos Subprodutos são os itens que decorrem do processo produtivo, como perdas normais de produção, e encontram mercado estável para a sua negociação, tanto pela existência de compradores interessados quanto pelo preço de venda. Sua comercialização se dá basicamente nos mesmos níveis dos produtos principais da linha de fabricação da indústria, mas o valor apurado não é significativo em relação ao montante das vendas. Em virtude da sua pequena participação no faturamento e de serem decorrentes de desperdícios, não são considerados propriamente produtos. É o caso das aparas de tecido, aparas de papel, sobras de madeira. Não são atribuídos custos de produção aos subprodutos. Do ponto de vista contábil, o procedimento mais usual é se computar o preço apurado na venda dos subprodutos como redução dos custos de fabricação dos produtos principais. Assim, normalmente o valor apurado na venda dos subprodutos não é registrado como receita. O preço de venda dos subprodutos deve ser deduzido dos custos de produção do mesmo período em que foram obtidos os subprodutos. 9 Sucatas Sucatas são os itens de produção que nascem de forma normal durante o processo produtivo. Todavia, não possuem mercado definido e sua venda é aleatória (incerta). Não são tratadas como estoques da indústria, ou seja, não são atribuídos custos de produção às sucatas, pois sua venda é esporádica, e o valor apurado na negociação é incerto. O procedimento mais usual é se registrar como outras receitas operacionais o preço apurado na comercialização das sucatas. As sobras de produção que não encontrem mercado estável (definido) para comercialização devem ser tratadas como sucata. 95 Capítulo 4

06. (Auditor/Receita/Esaf) Os itens de produção que nascem de forma normal durante o processo produtivo, porém não possuem mercado definido, e cuja venda é aleatória, são denominados: a) perdas produtivas. b) subprodutos. c) sucatas. d) coprodutos. e) perdas improdutivas. Esse é o conceito de sucatas. Gabarito: C 07. (ICMS-SP/FCC/2013) Considere as seguintes assertivas: I. Itens gerados de forma normal durante o processo de produção possuem mercado de venda relativamente estável e representam porção ínfima do faturamento da empresa. II. Itens cuja venda é realizada esporadicamente por valor não previsível no momento em que surgem na produção. III. Itens consumidos de forma anormal e involuntária durante o processo de produção. Com base nas terminologias de custos, as assertivas I, II e III referem-se, respectivamente, a a) subprodutos, perdas e gastos. b) sucatas, coprodutos e perdas. c) sucatas, perdas e subprodutos. d) sucatas, subprodutos e custos. e) subprodutos, sucatas e perdas. Subprodutos são os itens que decorrem do processo produtivo, como perdas normais de produção, e encontram mercado estável para a sua negociação, tanto pela existência de compradores interessados quanto pelo preço de venda. Sua comercialização se dá nos mesmos níveis dos produtos principais da linha de fabricação da indústria, mas o valor apurado não é significativo em relação ao montante das vendas. Sucatas são os itens de produção que nascem de forma normal durante o processo produtivo. Todavia, não possuem mercado definido e sua venda é esporádica. Perda anormal é o sacrifício patrimonial involuntário e anormal. Como se vê, o conceito previsto no item III dessa questão é o de perda anormal. Gabarito: E Ricardo J. Ferreira 96

Estoques de materiais 10 CPC 16 (R1) Estoques O Pronunciamento 16 (R1) do Comitê de Pronunciamentos Contábeis estabelece critérios para a determinação do valor de custo dos estoques e sobre o seu posterior reconhecimento como despesa no resultado (custo dos serviços, mercadorias ou produtos vendidos), incluindo sua redução ao valor realizável líquido. Também orienta sobre os métodos e critérios usados para atribuir custos aos estoques (métodos de avaliação). Em resumo, seu objetivo é determinar a forma de avaliação dos estoques adquiridos para revenda, dos mantidos para consumo, utilização industrial ou prestação de serviços, dos em processamento e dos produtos acabados prontos para a venda. Nos termos do CPC 16 (R1), estoques são ativos: 1 - mantidos para venda no curso normal dos negócios; 2 - em processo de produção para venda; ou 3 - na forma de materiais ou suprimentos a serem consumidos ou transformados no processo de produção ou na prestação de serviços. Custos 10.1 Valor realizável líquido Valor realizável líquido é o preço de venda estimado no curso normal dos negócios deduzido dos custos estimados para sua conclusão e dos gastos estimados necessários para se concretizar a venda. Conforme o CPC 16 (R1), valor justo é aquele pelo qual um ativo pode ser trocado ou um passivo liquidado entre partes interessadas, conhecedoras do negócio e independentes entre si, com ausência de fatores que pressionem para a liquidação da transação ou que caracterizem uma transação compulsória. 7 Como regra, o valor justo é representado pelo valor de mercado do bem. O valor realizável líquido refere-se à quantia líquida que a entidade espera realizar com a venda do estoque no curso normal dos negócios. Já o valor justo reflete a quantia pela qual o mesmo estoque pode ser trocado entre compradores e vendedores conhecedores e dispostos a isso. O primeiro (o valor realizável líquido) é um valor específico para a entidade (considera suas características pessoais, ou seja, quanto ela conseguiria apurar na venda do bem por exemplo, o valor obtido na venda de um automóvel por um comerciante de veículos não será o mesmo que um prestador de serviços conseguirá obter na venda de um veículo igual), ao passo que o valor justo não é um valor específico para 7 Eis a nova definição de valor justo, dada pelo CPC 46 Mensuração do Valor Justo: Valor justo é o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferência de um passivo em uma transação ordenada entre participantes do mercado na data de mensuração. 97 Capítulo 4

a entidade. Por isso, o valor realizável líquido dos estoques pode não ser equivalente ao valor justo deduzido dos gastos necessários para a respectiva venda. 08. (Analista/CVM/Esaf/2010) Assinale a opção que não corresponde à verdade. Entre as definições contidas nas resoluções do Conselho Federal de Contabilidade para o correto reconhecimento e mensuração de estoques encontramos a seguinte: a) Valor realizável líquido é o preço de venda estimado no curso normal dos negócios deduzido dos custos estimados para sua conclusão e dos gastos estimados necessários para se concretizar a venda. b) Valor justo é aquele pelo qual um ativo pode ser trocado ou um passivo liquidado entre partes interessadas, conhecedoras do negócio e independentes entre si, com ausência de fatores que pressionem para a liquidação da transação ou que caracterizem uma transação compulsória. c) O valor realizável líquido refere-se à quantia líquida que a entidade espera realizar com a venda do estoque no curso normal dos negócios. d) O valor justo reflete a quantia pela qual o mesmo estoque pode ser trocado entre compradores e vendedores conhecedores e dispostos a isso. e) O valor justo é um valor específico para a entidade, ao passo que o valor realizável líquido não é. Por isso, o valor realizável líquido dos estoques pode não ser equivalente ao valor justo deduzido dos gastos necessários para a respectiva venda. O valor realizável líquido é um valor líquido de venda específico para a entidade, ao passo que o valor justo é um valor de venda genérico (em regra, o valor de mercado). Gabarito: E O CPC 16 (R1) determina que os estoques sejam avaliados pelo valor de custo ou pelo valor realizável líquido (= preço de venda estimado despesas estimadas de venda), dos dois o menor. Assim, os ativos correspondentes não permanecem escriturados por quantias superiores às que provavelmente serão realizadas com a sua venda ou uso. 09. (Analista/TRF-1ª/FCC/2011) Todos os tipos de estoques, independentemente da forma ou uso, quando evidenciados no balanço, devem estar mensurados pelo valor realizável líquido. ( ) certo ( ) errado Deve prevalecer o menor dos dois entre o valor de custo e o valor realizável líquido. Gabarito: errado. Ricardo J. Ferreira 98