Potencial de produção de frutas de clima temperado no Nordeste brasileiro

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Transcrição:

Potencial de produção de frutas de clima temperado no Nordeste brasileiro Paulo Roberto Coelho Lopes (1) ; Inez Vilar de Morais Oliveira (2) ; Diógenes Henrique Abrantes Sarmento (3) A região nordeste, mediante a participação dos seus polos irrigados, é a principal região produtora e exportadora de frutas tropicais frescas do Brasil. A região possui mais de 300.000 ha irrigados localizados nos diversos estados e norte de Minas Gerais, cultivando, principalmente, mangueiras, videiras, bananeiras, cajueiros, citros, coqueiros, goiabeiras, aceroleiras, meloeiros, melancieiras, dentre outras. As condições edafoclimáticas do semiárido nordestino são capazes de assegurar o bom desempenho agronômico de espécies vegetais de várias procedências. Pesquisas realizadas na Embrapa Semiárido têm demonstrado que existe a possibilidade de cultivo de espécies de clima temperado, com potencial econômico para as áreas irrigadas do semiárido brasileiro. O cultivo de fruteiras de climas subtropical e temperado é uma atividade restrita às regiões Sul e Sudeste do Brasil, devido às limitações climáticas existentes para as outras regiões. Nas zonas de altitude da região nordeste (acima dos 1.000 metros), os cultivos do caquizeiro, pessegueiro e marmeleiro foram exploradas experimentalmente pelo antigo Instituto de Pesquisa Agropecuária do Ministério da Agricultura, nos municípios de Itirucú e Maracás, no estado da Bahia. Nos referidos municípios, o caquizeiro ainda é cultivado por pequenos agricultores em escala comercial. Nos principais polos irrigados do Nordeste as culturas exploradas restringem-se a poucas culturas tropicais, aproveitando janelas de mercado específicas, sem maiores opções de participar mais efetivamente do comércio internacional, embora exista o potencial. Tanto para o mercado interno como externo, a falta de opções de novos cultivos alternativos, principalmente produtos de maior valor agregado, tem levado os produtores a persistirem nos plantios de coco, banana, melão e melancia, o que vem ao 1 ( ) Pesquisador da Embrapa Semiárido. E-mail: Paulo.roberto@embrapa.br ( 2 ) Engenheira Agrônoma - Doutora em Produção Vegetal. E-mail: inezvilar@yahoo.com ( 3 ) Engenheiro Agrônomo Mestre em Produção Vegetal. E-mail: dabrantes01@yahoo.com

longo dos anos ocasionando ofertas concentradas em determinados meses, causando problemas na comercialização desses produtos. Os polos irrigados do Nordeste possuem condições edafoclimáticas capazes de assegurar o bom desempenho agronômico de espécies vegetais de diferentes procedências. Pesquisas realizadas pela Embrapa Semiárido têm demonstrado que existe a possibilidade de cultivo de espécies de climas subtropical e temperado, com potencial econômico para as áreas irrigadas do semiárido. Este fato é demonstrado com as culturas do caquizeiro, da macieira e da pereira, espécies de clima temperado que estão sendo pesquisadas nos Municípios de Petrolina-PE e Tianguá-CE, com ótima produtividade e qualidade. Assim, culturas como o caquizeiro, a macieira e a pereira, dentre outras, estão sendo introduzidas e avaliadas, com o objetivo de encontrar novas opções de cultivo para os produtores. O caquizeiro é uma fruteira tipicamente subtropical, capaz de adaptar-se muito bem a diversas condições de clima e solo, apesar do hábito caducifólio característico das espécies de clima temperado. Por esse motivo, ele pode ser cultivado em regiões frias, onde a videira desenvolve-se bem, como também em regiões de clima mais ameno, onde os citros e a figueira adaptam-se melhor e em regiões de clima tropical, com altitudes superiores a 600 metros. Essa capacidade de adaptação permitiu o cultivo em todos os estados das regiões Sul e Sudeste, onde se tornou uma fruteira de grande importância. A expressiva expansão do caquizeiro no Brasil nos últimos anos reforça as afirmações de muitos autores de tratar-se realmente de uma fruteira promissora, tanto para o abastecimento do mercado interno como para exportação. Muitos fatores contribuíram para a expansão da cultura e desenvolvimento do mercado nos principais estados produtores, como o pouco uso de defensivos agrícolas, a resistência ao transporte e o ótimo sabor da fruta, salientando que se trata de uma espécie altamente produtiva e rústica, cujo ciclo de produção complementa-se com os de outras espécies frutíferas de clima temperado. A rusticidade do caquizeiro, sua capacidade de adaptação a diversas condições edafoclimáticas e sua época de produção podem facilitar o cultivo em muitas regiões, tanto na forma convencional como orgânica, favorecendo a ampliação da produção e o atendimento de nichos de mercado onde o produto é bem valorizado. Na região nordeste, o cultivo do caquizeiro ocorre em zonas de altitude acima dos 700 metros. Em 2006, a Embrapa Semiárido iniciou atividades de pesquisa com o

caquizeiro no Vale do São Francisco e no Tabuleiro de Russas-CE. Os estudos foram iniciados em uma coleção de cultivares composta por doze acessos (Rama Forte, Guiombo, Kioto, Fuyu, Regina, Coração de Boi, Fuyuhana, Costata, Taubaté, Girô, Pomelo e Rojo Brilhante) e em uma área com a cultivar Rama Forte tardio, localizadas na Estação Experimental de Bebedouro, em Petrolina-PE. Recentemente, foram instalados pomares experimentais em áreas de produtores para estudar o comportamento de diferentes cultivares, sistemas de condução, espaçamentos, podas, nutrição e irrigação. O caquizeiro é uma fruteira de clima subtropical temperado, produzida tradicionalmente nas regiões Sudeste e Sul do país, nos meses de fevereiro a junho. A partir do mês de outubro, a referida fruta é importada da Espanha e de Israel, chegando ao consumidor por preços até seis vezes maiores do que os praticados com a fruta nacional. Aproveitando as condições climáticas do Submédio do Vale do São Francisco, está sendo desenvolvido um sistema de manejo nas plantas com o objetivo de produzir a referida fruta no período de entressafra e com isso conseguir melhores preços para os produtores. Nas avaliações realizadas, foi constatada a possibilidade de produzir caquis em qualquer mês do ano, porem é mais vantajoso produzir nos meses de agosto a janeiro, pois não existe oferta da fruta nacional nestes meses e o Submédio do Vale do São Francisco poderia ocupar a janela de mercado existente. Os resultados de pesquisa obtidos no Submédio do Vale do São Francisco tem demonstrado potencial de produção de 08 t/ha, no quarto ano de cultivo, com a possibilidade de produção de duas safras por ano na mesma planta. O estado de São Paulo é o maior produtor brasileiro de caqui. A produtividade média oscila de 15 a 35 t/ha por ano, em pomares bem conduzidos. A Tabela 1 mostra o ranking nacional da produção de caqui em 2012. Tabela 1 - Ranking nacional da produção de caqui em 2012. Ranking Estado Produção (t) 1º São Paulo 79.711 2º Rio Grande do Sul 34.082 3º Paraná 14.334 4º Rio de Janeiro 14.802

5º Minas Gerais 12.522 6º Santa Catarina 2.758 Fonte: IBGE, 2014. A macieira começou a ser explorada comercialmente no Brasil na década de 60, em Santa Catarina e Rio Grande do Sul e, em poucos anos, a maçã transformou-se em produto de grande consumo no País (FREIRE et al., 1994). Na década de 70, o Brasil importava praticamente toda a maçã consumida no país. O aumento da produção nacional na década de 80 e início da década de 90 reduziu gradativamente as importações de maçã. Mesmo assim, ainda importam-se grandes quantidades de maçãs da Argentina. Atualmente a macieira possui grande importância para o Brasil, o qual é nono maior produtor mundial (FAO, 2014). Os três maiores produtores nacionais de maçã são os estados da região Sul do Brasil, que produziram 99,6% do total do país, em 2012 (Tabela 1) (IBGE, 2014). Nestes estados, a colheita geralmente ocorre entre os meses de fevereiro a abril, no entanto, algumas cultivares precoces atingem o período de maturação próximo ao mês de dezembro. Em São Paulo, considerado o quinto estado maior produtor no País, a safra de maçãs ocorre de dezembro a fevereiro, período de escassez e, portanto, de altos preços no mercado. Na Região Nordeste, o cultivo da macieira vem sendo praticado na Chapada Diamantina, no estado da Bahia e recentemente em áreas experimentais no Vale do Submédio São Francisco e no Estado do Ceará, onde se pretende desenvolver um sistema de manejo para viabilizar a produção de maçãs nos meses de outubro a dezembro, período de baixa oferta de frutas frescas no mercado nacional. Tabela 2 - Ranking nacional da produção de maçã em 2012. Ranking País Produção (t) 1º Santa Catarina 659.756 2º Rio Grande do Sul 620.841 3º Paraná 50.975 4º Minas Gerais 3.289 5º São Paulo 3.665 6º Bahia 1.225 Fonte: IBGE, 2014.

As avaliações estão sendo realizadas em uma coleção composta por seis cultivares de macieiras (Eva, Princesa, Condessa, Daiane, Gala e Julieta), cultivadas na Estação Experimental da Embrapa Semiárido em Petrolina-PE, em pomares experimentais instalados em áreas de produtores no Submédio do Vale do São Francisco e no Estado do Ceará (próximo do litoral a 40 metros de altitude e na Serra da Ibiapaba, a 700 metros de altitude). As cultivares Eva, Princesa e Julieta são as que têm apresentado melhores resultados, apresentando excelente formação de estruturas florais (esporões, brindilas e dardos), floração e frutificação, no Estado do Ceará. A pereira é uma frutífera de clima temperado relevante. No Brasil, a pera é produzida em cinco estados, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e São Paulo (Tabela 3) (IBGE, 2014). No entanto, segundo Rufato et al. (2011), esse volume é insuficiente para abastecer o mercado nacional, o que torna necessária a importação de cerca de 90% da pera consumida no país. Tabela 3 - Ranking nacional da produção de peras em 2012. Ranking País Produção (t) 1º Rio Grande do Sul 10.576 2º Santa Catarina 6.533 3º Paraná 3.998 4º Minas Gerais 688 5º São Paulo 196 Fonte: IBGE, 2014. No Submédio do Vale do São Francisco, as avaliações realizadas com a pereira têm demonstrado que as plantas podem iniciar a produção no segundo ano de cultivo, desde que manejadas adequadamente para a condição climática semiárida tropical. A produção comercial poderá ser iniciada no terceiro ano de cultivo. Foi observado também que, as estruturas florais completam a sua formação aos cinco meses após a brotação dos ramos e quando as mesmas ficam velhas não apresentam flores de qualidade. O fato dos botões florais completarem a formação aos cinco meses de idade permitiu que fosse avaliada a possibilidade de duas safras de peras por ano na mesma planta. As pesquisas realizadas na Embrapa Semiárido têm demonstrado a possibilidade do cultivo da pereira em condição semiárida tropical. As avaliações realizadas na

coleção de cultivares identificaram algumas com grande potencial de produção, a exemplo das cultivares Triunfo e Princesinha, oriundas do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e as cultivares Packham s Triumph e Housui, importadas da Europa e Japão, respectivamente. Outras cultivares como a Cascatense, Smith, Centenária e Limeira também têm apresentado boas produções. A cultivar Triunfo foi desenvolvida pelo programa de melhoramento genético do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), resultante do cruzamento entre as cultivares Hood x Packham s Triumph, lançada 1972. A planta é vigorosa, produtiva e de rápido crescimento. A fruta é grande (180 a 250 g) e de formato oblongo e bem piriforme; a película é espessa, de cor verde-escura com pontuações nítidas e salientes; a polpa é firme, granulada e de sabor doce-acidulado. Em São Paulo, a maturação é precoce (dezembro a janeiro) e comporta-se bem em condições de inverno com pouco frio. Na cultivar Triunfo está sendo avaliada a possibilidade de produção de duas safras de peras por ano na mesma planta. Já foi colhida a quarta produção consecutiva, em dois anos, e as produtividades obtidas em cada safra foram equivalentes a 40 e 20 t/ha, respectivamente, para o primeiro e segundo semestres. Para isto é realizado um acompanhamento sistemático da nutrição das plantas, fazendo-se a reposição dos nutrientes imediatamente após a colheita. A cultivar Princesinha é resultante do cruzamento realizado no Instituto Agronômico de Campinas (IAC) entre as cultivares Hood x Packham s Triumph, coirmã da Triunfo, lançada oficialmente em 2007. Possui elevada adaptação às regiões de inverno ameno. Trata-se de uma cultivar opcional às peras Seleta e Primorosa, principais cultivares de pereira para as regiões subtropicais do Brasil, devido a semelhança no vigor da planta e aparência dos frutos. A planta é vigorosa, de porte médio, com ramos frutíferos finos e abundantes, enfolhamento ralo, folhas médias a pequenas, verde-azuladas, com mediana suscetibilidade a entomosporiose. Apresenta produção precoce e elevada adaptação a regiões de inverno ameno. O requerimento de frio hibernal médio é de 300 a 400 horas com temperaturas até 7,2 o C. Os frutos possuem massa média de 140 g, de formato piriforme, com pescoço pronunciado, pedúnculo fino e longo, película lisa, espessa, de coloração verde esbranquiçada, com pequenas pontuações claras em toda a superfície; a polpa é de

coloração branca, firme, meio granulada e suculenta, de sabor doce-acidulado e agradável. Na cultivar Princesinha também foi avaliada a possibilidade de produção de duas safras de peras por ano na mesma planta. Já foi colhida a quarta produção consecutiva, em dois anos, e as produtividades obtidas em cada safra foram equivalentes a 40 e 30 t/ha, respectivamente, para o primeiro e segundo semestres. Das fruteiras de clima temperado que estão sendo pesquisadas no Semiárido brasileiro, a pereira apresenta um grande apelo comercial, devido aos grandes volumes importados. O Brasil importa 90% das peras consumidas, o que representa mais de 172 mil toneladas por ano. Neste contexto, o cultivo de pereira surge como uma possível alternativa para a diversificação da fruticultura nos perímetros irrigados do Semiárido, pela possibilidade de produção em todos os meses e da colheita de duas safras por ano, na mesma planta, com elevadas produtividades. Referências Bibliográficas FAO. Food and Agriculture Organization of the United Nations. FAOSTAT: statistics database. Disponível em: <http://apps.fao.org/>. Acesso em: 02 set. 2014. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Sidra: Produção Agrícola Municipal (PAM). Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/>. Acesso em: 02 set. 2014. RUFATO, L.; KRETZSCHMAR, A. A.; BOGO, A.; MACHADO, B. D.; MARCON FILHO, J. L.; LUZ, A. R.; MARCHI, T. Vegetative Aspects of European Pear Scions Cultivars in Combination with Quince Roots-tocks in Urupema Santa Catarina State, Brazil. Acta Horticulturae, The Hague, n. 909, p. 207-213, 2011. FREIRE, C. J. S.; CAMELATTO, D.; CANTILLANO, R. F. F.; KOVALESKI, A.; FORTES, J. F. A cultura da maçã. Brasília, DF: EMBRAPA-SPI, 1994. 107 p. (Coleção Plantar, 19).