Direito Empresarial. Aula 1. Material Teórico. Teoria Geral do Direito de Empresa. Conteudista Responsável: Profª Marlene Lessa

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Material Teórico Direito Empresarial Aula 1 Teoria Geral do Direito de Empresa Conteudista Responsável: Profª Marlene Lessa cod EmpresarialCDSG1110_ a01 1

Teoria da Empresa Todos conhecemos a importância da empresa na sociedade atual. A produção de bens e serviços, a contratação de profissionais, o atendimento ao consumidor e aos fornecedores, enfim, a circulação de todo o aparato econômico entre trabalho e capital passa pela empresa. As trocas efetuadas entre as pessoas, desde o início da civilização, revelam que o comércio é um dos pilares da atividade humana. A importância da circulação da riqueza na sociedade movimentando pessoas ao trabalho e estimulando a utilização dos bens e serviços produzidos, auxilia no sustento da economia global. Aos poucos, assistimos ao desenvolvimento sustentável e aos meios de produção (em consonância com o meio ambiente) substituírem o uso excessivo dos recursos naturais existentes no nosso planeta. Esta mudança de paradigma deixa claro o papel da empresa na sociedade atual. As leis brasileiras passaram por toda esta gama de variações ocorridas desde a figura do comerciante (aquele que praticava atividade considerada como ato do comércio, nos termos do Código Comercial de 1850) até a concepção da empresa como desenvolvida pela teoria adotada pelo nosso atual Código Civil em 2002. 2

Podemos dizer então, que a empresa é a organização dos fatores de produção ou ainda, nas palavras de Jones Figueiredo Alves e Mário Luiz Delgado 1 é a atividade organizada e dirigida à criação de riqueza, pela produção e circulação de bens ou de serviços, desenvolvida por uma pessoa natural (empresário) ou jurídica, por meio de um estabelecimento (complexo de bens organizados para o exercício da empresa). Estão, no texto do Código Civil, portanto, os conceitos necessários para entender a empresa. Vamos então, aprendê-los: Empresário Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Não são todos os tipos de prestação de serviços que se encaixam no conceito de empresário e empresa. Não se considera, em regra, empresário, por força do Código Civil, aquele que exerce a profissão de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores. Isto porque estes estão submetidos a proteção específica por serem profissionais liberais (como médicos, dentistas, arquitetos, etc., cujo fim é realizar a própria atividade de atendimento ou consecução de sua profissão), ou por estarem focados em expor a atividade artística ou científica (como artistas que quererem reconhecimento pela obra exposta ou pelo teor científico que a invenção ou patente ensejam). Então, como é colocado pela Prof. Maria Helena Diniz 2 a idéia de empresarialidade envolve a economicidade, a organização e a profissionalidade. Promover a venda, produção ou circulação dos bens ou serviços disponibilizados no mercado com intuito de lucrar com esta atividade, isto sim é genuinamente ser empresário. 1 Apud DINIZ, Maria Helena. Código civil anotado 13. ed. re. aum. e atual. de acordo com a reforma do CPC e com o Projeto de Lei 276/2007 São Paulo: Saraiva, 2008. p.650. 2 Op. cit. p. 650. 3

Formalização da Atividade Empresária Como consequência da escolha desta atividade, é obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade. Isto se dá na Junta Comercial do local onde se localiza a sede social, com intuito de evitar fraudes, conhecendo-se a atividade da empresa e permitindo, ao público em geral, ter acesso às informações de alteração dados, situação jurídica de seus proprietários, capital social, etc. Daí serem necessários os seguintes elementos: Art. 968 do Código Civil: A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que contenha: I - o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens; II - a firma, com a respectiva assinatura autógrafa 3 ; III - o capital; IV - o objeto 4 e a sede da empresa. Ingressando o pedido na Junta Comercial serão averbadas as informações. Com as indicações estabelecidas, a inscrição será tomada por termo no livro próprio do Registro Público de Empresas Mercantis, e obedecerá a um número de ordem contínuo para todos os empresários inscritos. Os profissionais liberais e as sociedades que não se enquadram na atividade empresarial terão os atos constitutivos depositados no Registro de Pessoas Naturais, como veremos um pouco mais adiante. Neste caso, temos uma sociedade civil e não uma empresa (tecnicamente falando). A importância da formalidade da atividade escolhida pode ser verificada pela aquisição da personalidade jurídica própria da empresa, que deve ser diferente da pessoa que realiza a atividade. 3 A firma é o nome da empresa. A assinatura autógrafa é o sinal que o empresário usará para subscrever documentos e utilizar em nome da empresa. 4 O objeto, aqui, significa: que objetivo a empresa terá, como exemplo, a comercialização de produtos recicláveis, prestação de serviços para consertos de roupas, etc. 4

Enquanto os atos de constituição da empresa ou da sociedade civil não forem devidamente registrados no órgão competente, o patrimônio do cidadão que se dispôs a realizar a empresa ou sociedade é o patrimônio social. Há a confusão entre ambos. Os instrumentos e bens usados na consecução da atividade social se misturam com os bens individuais do proprietário. Na prática, sem o contrato social devidamente registrado, sequer a conta corrente da empresa ou sociedade civil poderá ser aberta em instituição financeira, o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) poderá ser requerido, etc. As sociedades ou empresas que não possuem o registro de seus atos constitutivos no órgão competente são denominadas de irregulares, sociedades de fato ou sociedades em comum. Esta modalidade de atividade empresarial pode trazer consequências indesejadas, eis que qualquer um que estiver no local da atividade pode responder pelos danos, prejuízos ou quaisquer outros efeitos decorrentes da atividade irregular. Em caso de responsabilidade civil, trabalhista ou tributária pode ser penhorada a conta pessoal daquele que se mostra como dono da empresa. OBSERVAÇÕES IMPORTANTES É possível ao profissional que se dispõe a realizar a atividade de empresa optar por ser sócio de sociedade empresária ou ser um empreendedor individual. Há, dentro destas hipóteses, uma série de diferenciações. Veremos, basicamente, quais são elas. O empreendedor individual é a pessoa que trabalha por conta própria e que se legaliza como pequeno empresário. Diz a norma (com base na Lei Complementar 128/2008) que, para ser um empreendedor individual o interessado pode faturar até no máximo R$ 36.000,00 (trinta e seis mil reais) por ano, não ser titular, não ter participação ou não ser sócio de outra empresa. O empreendedor individual pode ter até um empregado que deve receber o piso da categoria ou salário mínimo. O empreendedor individual possui benefícios como: enquadramento de sua atividade no SIMPLES NACIONAL 5 (que lhe dá direito de isenção de sua firma nos impostos federais como o Imposto de Renda, no COFINS, Imposto sobre Produtos Industrializados, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido e o PIS) de modo parecido com que é feito para microempresas e empresas de pequeno porte. 5 De acordo com a Receita Federal o sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples) é um regime tributário diferenciado, simplificado e favorecido, aplicável às pessoas jurídicas consideradas como microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP); constitui-se em uma forma simplificada e unificada de recolhimento de tributos, por meio da aplicação de percentuais favorecidos e progressivos, incidentes sobre uma única base de cálculo, a receita bruta. Considera-se Micro Empresa, para efeito do Simples, a pessoa jurídica que tenha auferido, no ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$120.000,00 (cento e vinte mil reais). Considera-se Empresa de Pequeno Porte, para efeito do Simples, a pessoa jurídica que tenha auferido, no ano-calendário, receita bruta superior a R$120.000,00 (cento e vinte mil reais) e igual ou inferior a R$1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais). 5

Em termos de outros benefícios ele arcará mensalmente com o valor de R$ 28,25 (se do comércio ou indústria) ou R$ 33,25 (se prestador de serviços) que são atualizados anualmente pelo salário mínimo. Estas quantias vão para a Previdência Social e para pagamento do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias imposto estadual) e ISS (imposto sobre serviços - imposto municipal). Importa lembrar que agora, o processo de abertura, registro, alteração e baixa do microempreendedor individual, bem como qualquer exigência para o início de seu funcionamento terão um trâmite especial e simplificado, preferentemente eletrônico, opcional para o empreendedor. Até para desburocratizar o atendimento, podem ser dispensados o uso da firma, com a respectiva assinatura autógrafa, o capital, requerimentos, demais assinaturas, informações relativas à nacionalidade, estado civil e regime de bens, bem como remessa de documentos. Com a solicitação pelo site do governo, o interessado será cadastrado e receberá o CNPJ e o Número de Identificação do Registro de Empresa. Há ainda o empresário rural, ou seja, pessoa que tem como profissão a execução de tarefas na produção rural. Para estes, a lei permite a opção. Cabe ao interessado, se for cadastrar se no registro público de empresas mercantis, ter o enquadramento de empresa, ficando o negócio de exploração agropecuária ou extrativa como praticado por pessoa jurídica. Vamos, agora conhecer alguns pontos importantes para aquele que pretende desenvolver a atividade empresária. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil. Quando o interessado não tiver 16 anos completos ou não puder exprimir a vontade por incapacidade temporária ou permanente ou, ainda, por doença ou por ser portador de deficiência mental, diz-se que não preenche o requisito da plenitude da capacidade civil. Os que forem legalmente impedidos de exercer a atividade empresarial também não preenchem o requisito da capacidade. São eles todos que não possuem condições para ser administradores. Além de certas pessoas impedidas por lei especial, são: os condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação. 6

Todas pessoas enumeradas não podem administrar bens e por isso não tem condições de serem responsáveis pela atividade empresarial. Atos de gestão são vedados a estes sujeitos. Na condição de sócios de empresas, os menores de idade e os incapazes, podem ter participação que não de gestão. Diz o Código Civil: O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos: (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011) I o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011) II o capital social deve ser totalmente integralizado; (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011) III o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus representantes legais. (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011) Art. 975. Se o representante ou assistente do incapaz for pessoa que, por disposição de lei, não puder exercer atividade de empresário, nomeará, com a aprovação do juiz, um ou mais gerentes. 1 o Do mesmo modo será nomeado gerente em todos os casos em que o juiz entender ser conveniente. 2 o A aprovação do juiz não exime o representante ou assistente do menor ou do interdito da responsabilidade pelos atos dos gerentes nomeados. Todas as alterações sobre a capacidade e autorizações devem constar do Registro na Junta Comercial. Sobre o empresário casado diz a lei (Código Civil): Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real. Art. 979. Além de no Registro Civil, serão arquivados e averbados, no Registro Público de Empresas Mercantis, os pactos e declarações antenupciais do empresário, o título de doação, herança, ou legado, de bens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade. Art. 980. A sentença que decretar ou homologar a separação judicial do empresário e o ato de reconciliação não podem ser opostos a terceiros, antes de arquivados e averbados no Registro Público de Empresas Mercantis. Singelamente vamos agora falar da obrigação que o Código Civil determina aos empresários. 7

Imaginemos que as obrigações empresariais possam ser representadas por esferas que tenham o mesmo ponto central. A esfera menor, segundo estudiosos do direito empresarial, seria o local e os bens necessários para o exercício da atividade. A esfera intermediária constituiria organizar o trabalho e as funções necessárias para que o lucro e a aferição monetária de capital seja atingida. A esfera maior, que estaria ao redor das anteriormente mencionadas,corresponderia à figura empresarial (sociedade ou empreendedor individual, que lança os esforços para consecução do fim escolhido). Assim, cadastrada e regularizada a empresa, cabe ao titular a escolha do nome. Sua importância é, sobretudo, jurídica, posto que fará com que os consumidores, fornecedores e terceiros entendam a estrutura funcional daquele negócio e saiba quem são seus proprietários. Para cada tipo de negócio há uma obrigatoriedade de identificação no nome (ME Microempresa; EPP Empresa de Pequeno Porte; S/A sociedade anônima; Ltda Sociedade Limitada, etc.). Vejamos o que diz a Lei (Código Civil) sobre o nome: Art. 1.155. Considera-se nome empresarial a firma ou a denominação adotada, de conformidade com este Capítulo, para o exercício de empresa. Parágrafo único. Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da proteção da lei, a denominação das sociedades simples, associações e fundações. Art. 1.156. O empresário opera sob firma constituída por seu nome, completo ou abreviado, aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da sua pessoa ou do gênero de atividade. Art. 1.157. A sociedade em que houver sócios de responsabilidade ilimitada operará sob firma, na qual somente os nomes daqueles poderão figurar, bastando para formá-la aditar ao nome de um deles a expressão "e companhia" ou sua abreviatura. Parágrafo único. Ficam solidária e ilimitadamente responsáveis pelas obrigações contraídas sob a firma social aqueles que, por seus nomes, figurarem na firma da sociedade de que trata este artigo. Art. 1.158. Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação, integradas pela palavra final "limitada" ou a sua abreviatura. 1 o A firma será composta com o nome de um ou mais sócios, desde que pessoas físicas, de modo indicativo da relação social. 2 o A denominação deve designar o objeto da sociedade, sendo permitido nela figurar o nome de um ou mais sócios. 8

3 o A omissão da palavra "limitada" determina a responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores que assim empregarem a firma ou a denominação da sociedade. Art. 1.159. A sociedade cooperativa funciona sob denominação integrada pelo vocábulo "cooperativa". Art. 1.160. A sociedade anônima opera sob denominação designativa do objeto social, integrada pelas expressões "sociedade anônima" ou "companhia", por extenso ou abreviadamente. Parágrafo único. Pode constar da denominação o nome do fundador, acionista, ou pessoa que haja concorrido para o bom êxito da formação da empresa. Art. 1.161. A sociedade em comandita por ações pode, em lugar de firma, adotar denominação designativa do objeto social, aditada da expressão "comandita por ações". Art. 1.162. A sociedade em conta de participação não pode ter firma ou denominação. Art. 1.163. O nome de empresário deve distinguir-se de qualquer outro já inscrito no mesmo registro. Parágrafo único. Se o empresário tiver nome idêntico ao de outros já inscritos, deverá acrescentar designação que o distinga. Art. 1.164. O nome empresarial não pode ser objeto de alienação. Parágrafo único. O adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se o contrato o permitir, usar o nome do alienante, precedido do seu próprio, com a qualificação de sucessor. Art. 1.165. O nome de sócio que vier a falecer, for excluído ou se retirar, não pode ser conservado na firma social. Art. 1.166. A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou as respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado. Parágrafo único. O uso previsto neste artigo estender-se-á a todo o território nacional, se registrado na forma da lei especial. Art. 1.167. Cabe ao prejudicado, a qualquer tempo, ação para anular a inscrição do nome empresarial feita com violação da lei ou do contrato. Art. 1.168. A inscrição do nome empresarial será cancelada, a requerimento de qualquer interessado, quando cessar o exercício da atividade para que foi adotado, ou quando ultimar-se a liquidação da sociedade que o inscreveu. A Instrução Normativa Nº 104/2007, do Diretor do Departamento Nacional de Registro de Comércio informa detalhadamente acerca da importância e da forma como o nome empresarial deve ser registrado. Disponível em anexo no PDF. Outro ponto importante na obrigação do empresário é a escrituração e documentação contábil da empresa. Através destes dados é possível acompanhar o desenvolvimento da empresa. Diz o art. 1179 do Código Civil: 9

Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. 1 o Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie de livros ficam a critério dos interessados. 2 o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970 (empresário rural e pequeno empresário). Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o lançamento do balanço patrimonial e do de resultado econômico. Art. 1.181. Salvo disposição especial de lei, os livros obrigatórios e, se for o caso, as fichas, antes de postos em uso, devem ser autenticados no Registro Público de Empresas Mercantis. Parágrafo único. A autenticação não se fará sem que esteja inscrito o empresário, ou a sociedade empresária, que poderá fazer autenticar livros não obrigatórios. Art. 1.182. Sem prejuízo do disposto no art. 1.174, a escrituração ficará sob a responsabilidade de contabilista legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na localidade. Art. 1.183. A escrituração será feita em idioma e moeda corrente nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as margens. Parágrafo único. É permitido o uso de código de números ou de abreviaturas, que constem de livro próprio, regularmente autenticado. Art. 1.184. No Diário serão lançadas, com individuação, clareza e caracterização do documento respectivo, dia a dia, por escrita direta ou reprodução, todas as operações relativas ao exercício da empresa. 1 o Admite-se a escrituração resumida do Diário, com totais que não excedam o período de trinta dias, relativamente a contas cujas operações sejam numerosas ou realizadas fora da sede do estabelecimento, desde que utilizados livros auxiliares regularmente autenticados, para registro individualizado, e conservados os documentos que permitam a sua perfeita verificação. 2 o Serão lançados no Diário o balanço patrimonial e o de resultado econômico, devendo ambos ser assinados por técnico em Ciências Contábeis legalmente habilitado e pelo empresário ou sociedade empresária. Art. 1.185. O empresário ou sociedade empresária que adotar o sistema de fichas de lançamentos poderá substituir o livro Diário pelo livro Balancetes Diários e Balanços, observadas as mesmas formalidades extrínsecas exigidas para aquele. Art. 1.186. O livro Balancetes Diários e Balanços será escriturado de modo que registre: I - a posição diária de cada uma das contas ou títulos contábeis, pelo respectivo saldo, em forma de balancetes diários; II - o balanço patrimonial e o de resultado econômico, no encerramento do exercício. 10

Art. 1.187. Na coleta dos elementos para o inventário serão observados os critérios de avaliação a seguir determinados: I - os bens destinados à exploração da atividade serão avaliados pelo custo de aquisição, devendo, na avaliação dos que se desgastam ou depreciam com o uso, pela ação do tempo ou outros fatores, atender-se à desvalorização respectiva, criando-se fundos de amortização para assegurar-lhes a substituição ou a conservação do valor; II - os valores mobiliários, matéria-prima, bens destinados à alienação, ou que constituem produtos ou artigos da indústria ou comércio da empresa, podem ser estimados pelo custo de aquisição ou de fabricação, ou pelo preço corrente, sempre que este for inferior ao preço de custo, e quando o preço corrente ou venal estiver acima do valor do custo de aquisição, ou fabricação, e os bens forem avaliados pelo preço corrente, a diferença entre este e o preço de custo não será levada em conta para a distribuição de lucros, nem para as percentagens referentes a fundos de reserva; III - o valor das ações e dos títulos de renda fixa pode ser determinado com base na respectiva cotação da Bolsa de Valores; os não cotados e as participações não acionárias serão considerados pelo seu valor de aquisição; IV - os créditos serão considerados de conformidade com o presumível valor de realização, não se levando em conta os prescritos ou de difícil liqüidação, salvo se houver, quanto aos últimos, previsão equivalente. Parágrafo único. Entre os valores do ativo podem figurar, desde que se preceda, anualmente, à sua amortização: I - as despesas de instalação da sociedade, até o limite correspondente a dez por cento do capital social; II - os juros pagos aos acionistas da sociedade anônima, no período antecedente ao início das operações sociais, à taxa não superior a doze por cento ao ano, fixada no estatuto; III - a quantia efetivamente paga a título de aviamento de estabelecimento adquirido pelo empresário ou sociedade. Art. 1.188. O balanço patrimonial deverá exprimir, com fidelidade e clareza, a situação real da empresa e, atendidas as peculiaridades desta, bem como as disposições das leis especiais, indicará, distintamente, o ativo e o passivo. Parágrafo único. Lei especial disporá sobre as informações que acompanharão o balanço patrimonial, em caso de sociedades coligadas. Art. 1.189. O balanço de resultado econômico, ou demonstração da conta de lucros e perdas, acompanhará o balanço patrimonial e dele constarão crédito e débito, na forma da lei especial. Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei. Art. 1.191. O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando necessária para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência. 1 o O juiz ou tribunal que conhecer de medida cautelar ou de ação pode, a requerimento ou de ofício, ordenar que os livros de qualquer das partes, ou de ambas, sejam examinados na presença do empresário ou da sociedade empresária a que pertencerem, ou de pessoas por estes nomeadas, para deles se extrair o que interessar à questão. 11

2 o Achando-se os livros em outra jurisdição, nela se fará o exame, perante o respectivo juiz. Art. 1.192. Recusada a apresentação dos livros, nos casos do artigo antecedente, serão apreendidos judicialmente e, no do seu 1 o, ter-seá como verdadeiro o alegado pela parte contrária para se provar pelos livros. Parágrafo único. A confissão resultante da recusa pode ser elidida por prova documental em contrário. Art. 1.193. As restrições estabelecidas neste Capítulo ao exame da escrituração, em parte ou por inteiro, não se aplicam às autoridades fazendárias, no exercício da fiscalização do pagamento de impostos, nos termos estritos das respectivas leis especiais. Art. 1.194. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados. Art. 1.195. As disposições deste Capítulo aplicam-se às sucursais, filiais ou agências, no Brasil, do empresário ou sociedade com sede em país estrangeiro. 12