1 Nomenclatura e Classificação das Cavidades



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1 Nomenclatura e Classificação das Cavidades de Prof. Dr. Fernando Mandarino com a colaboração de Alessandra N. S. Rastelli; Cristina Magnani; Elaine C. Guerbach Conti; Emanuel Arraes Alencar; Laura E. H. de Andrade; Liz Marie G. Sierpinski; Luana C. Oliveira Araújo; Patrícia S. Jardim; Ricardo P. de Faria; e Maria Salete C. Machado. 1.1 Introdução A Dentística Restauradora é a especialidade que trata da recuperação de dentes com alteração morfológica, estética e funcional. Na realidade, hoje, o preparo cavitário sofreu significativas mudanças graças ao surgimento de novos materiais protetores e restauradores culminando em novas concepções 13. Porém, o amálgama continua a ocupar um espaço importante na área da restauração dental 4. O amálgama de prata foi introduzido na profissão odontológica por Bell, na Inglaterra e por Taveal, na França, em 1826. Os irmãos Crawcour, dois dentistas franceses, em 1833, lançaram nos Estados Unidos o material denominado Royal Mineral Succedaneum com precárias propriedades físicas e mecânicas supostamente fabricado a partir de limadura de moedas de prata que era misturada com mercúrio. Desde então, as limalhas para amálgama têm sofrido várias modificações, onde em 1895, G.V.Black realizou extensas investigações metalúrgicas desenvolvendo uma fórmula que foi a base, por mais de meio século das ligas para amálgama e sucessivas mudanças têm sido incorporadas a estes produtos até chegarmos às ligas atuais e este material restaurador tem sido muito utilizado devido algumas vantagens como: biocompatibilidade, longevidade, facilidade de manipulação e baixo custo, o que leva a seu sucesso universal. Quanto aos preparos cavitários, estes foram executados de forma empírica até o final do século passado. Em 1908, Black 7 elaborou as primeiras normas para se confeccionar um preparo cavitário, denominando de Princípios Gerais do Preparo Cavitário. Segundo Mondelli et al 25, Nomenclatura é o conjunto de termos peculiares a uma arte ou ciência pelos quais indivíduos de mesma profissão são capazes de se entenderem mutuamente, portanto, é necessário o conhecimento das nomenclaturas das cavidades para o entendimento e informações entre os profissionais da área odontológica em como realizar o preparo de uma cavidade. 1

1.2 Denominações dos Preparos Cavitários 1.2.1 Denominado de Acordo com o Número de faces em que ocorre: => Simples uma só face. ( Fig.1.1); => Composta duas faces.( Fig.1.2); => Complexa três ou mais faces. ( Fig.1.3). 1.2.2 As faces do dente envolvidas, recebendo o nome das respectivas faces: => cavidade preparada na face oclusal: cavidade oclusal = O (Fig. 1.1A); A B Figura 1.1 Cavidades simples: oclusal (A); mesial (B). (Busato, A.L.S., Restaurações em dentes posteriores, 1996. Mondelli, J., Procedimentos Pré-Clínicos, 1997.) => cavidade que se estende da face oclusal à face mesial: cavidade mésio-oclusal = MO (Fig. 1.2); Figura 1.2 Cavidades compostas mésio - oclusais (M.O.). (Busato, A.L.S., Restaurações em dentes posteriores, 1996. Mondelli, J., Procedimentos Pré-Clínicos, 1997.) => cavidade que se estende às faces mesial, oclusal e distal: cavidade mésio-ocluso-distal = MOD (Fig. 1.3A); => quando a preparação envolve as faces mesial, oclusal e lingual: cavidades mésio-ocluso-lingual (Fig. 1.3B). 2

A B Figura 1.3. Cavidades complexas: M.O.D. (A) e M.O.L (B). (Busato, A.L.S., Restaurações em dentes posteriores, 1996. Mondelli, J., Procedimentos Pré-Clínicos, 1997.) 1.2.3 A forma e a extensão das cavidades (Mondelli, J., Procedimentos Pré-Clínicos, 1997) => Intracoronárias (Inlay): cavidades confinadas no interior da estrutura dental, como uma caixa pura. Ex: classe I oclusal, classe V, classe II composta e complexa sem proteção de cúspides (Fig. 1.4); Figura 1.4. Cavidades intracoronárias INLAY. (Busato, A.L.S., Restaurações em dentes posteriores, 1996. Mondelli, J., Procedimentos Pré-Clínicos, 1997.) => Extracoronárias parciais - (Onlay): apresentam cobertura de cúspides e/ou outras faces dos dentes. Ex: restaurações MOD com proteção de cúspides, ¾ e 4/5. (Fig. 1.5); Figura 1.5. Cavidades extracoronárias parciais ONLAY. (Busato, A.L.S., Restaurações em dentes posteriores, 1996. Mondelli, J., Procedimentos Pré-Clínicos, 1997.) => Extracoronárias totais (Overlay): são aquelas que todas as faces axiais e oclusal ou incisal do dente são envolvidas no preparo cavitário. Ex: Coroas totais.( Fig. 1.6). 3

Figura 1.6. Cavidades extracoronárias totais OVERLAY. (Busato, A.L.S., Restaurações em dentes posteriores, 1996. Mondelli, J., Procedimentos Pré-Clínicos, 1997.) 1.3 Nomenclatura das Partes que Constituem as Cavidades 1.3.1 Paredes Circundantes São as paredes laterais da cavidade e recebem o nome da face do dente a que correspondem ou ao qual estão mais próximas (Fig. 1.7 A, B e C). Figura 1.7. Paredes circundantes vestibular (A), lingual (B), cervical (C). (Busato, A.L.S., Restaurações em dentes posteriores, 1996.) 1.3. 2 Paredes de fundo Correspondem ao soalho da cavidade, sendo chamada: axial, quando paralela ao eixo longitudinal do dente (Fig. 1.8 A); e pulpar, quando perpendicular ao longo eixo do dente (Fig. 1.8 B). Figura 1.8. Paredes de fundo axial (A), e pulpar (B) Busato, A.L.S., Restaurações em dentes posteriores, 1996. 4

1.3.2 Nomenclatura dos Ângulos São obtidos pela união das paredes de uma cavidade e denominados combinando-se os respectivos nomes e são classificados em ângulos diedros, triedros e cavo-superficial. 1.3.2.1 Ângulos diedros Segundo Black, são formados pela união de duas paredes e podem ser do primeiro grupo, formados pela junção de paredes circundantes (Fig. 1.9A e B). Ex: gengivo-lingual; vestíbulogengival. Do segundo grupo, formado pela união de uma parede circundante com uma parede de fundo da cavidade (Fig. 1.10 A e B) Ex: línguo-pulpar; gengivo-axial; e do terceiro grupo, formado pela união das paredes de fundo da cavidade. Ex: áxio-pulpar (Fig. 1.11 A) e áxio-axial (Fig. 1.12). Figura 1.9. Ângulos Diedros 1 0 Grupo: vestíbulo-gengival (A) e línguo-gengival (B) Busato, A.L.S., Restaurações em dentes posteriores, 1996. Figura 1.10. Ângulos Diedros 2 o Grupo:. gengivo-axial (A) e línguo-pulpar (B) Busato, A.L.S., Restaurações em dentes posteriores, 1996. Figura 1.11- Ângulo diedro do terceiro grupo áxio-pulpar Busato, A.L.S., Restaurações em dentes posteriores, 1996. Mondelli, J., Procedimentos Pré-Clínicos, 1997. 5

1.3.2.2 Ângulos triedros São formados pelo encontro de três paredes (fig. 1.13A e B) e denominados segundo as combinações respectivas. Ex: vestíbulo-áxio-gengival; línguo-áxio-gengival. OBS: Uma exceção às regras de nomenclatura dos ângulos diedros e triedros encontra-se nas cavidades de Classe III, nas quais a junção das paredes constituintes forma os ângulos diedros e triedros incisais, não recebendo, portanto, a denominação das paredes que o formam (Fig. 1.14). Figura 1.12. Ângulo diedro do terceiro grupo: ângulo áxio-axial (A). Figura 1.13. Ângulos Triedros vestíbulo-áxio-gengival (A) e línguo-áxio-gengival (B) Mondelli, J., Procedimentos Pré-Clínicos, 1997. Busato, A.L.S., Restaurações em dentes posteriores, 1996. Figura 1.14 Ângulo Incisal. 6

Figura 1.16. (A) Ângulo cavo-superficial definido, (d) em uma cavidade para amálgama; (B) ângulo cavo-superficial biselado, (b) em uma cavidade para restauração metálica fundida Mondelli, J., Procedimentos Pré-Clínicos, 1997. 1.3.2.3 Ângulo cavo-superficial É o ângulo formado pela junção das paredes das cavidades com a superfície externa do dente (Fig. 1.16 A e B). O termo cavo-superficial é usado especialmente quando se deseja indicar a forma que se deve dar a esse ângulo em uma determinada porção da margem do esmalte ou do contorno da cavidade, como por exemplo: o ângulo cavo-superficial da caixa oclusal é biselado (Fig. 1.16B). 1.4 Classificação das cavidades 1.4.1 Classificação quanto à finalidade 1.4.1.1 Terapêuticas São realizadas nos casos em que a lesão cariosa, abrasão, erosão, abfração, fratura ou outras lesões dos tecidos duros dos dentes tenham comprometido a estrutura coronária parcial ou totalmente, cujo preparo é condicionado a uma restauração individual do dente, visando a reconstrução morfológica funcional e estética. 1.4.1.2 Protéticas São as cavidades preparadas para servir como retentores ou apoio para prótese fixa e removível, podendo ser realizadas tanto em dentes afetados quanto em dentes hígidos. Black 7 determinou outros dois tipos de classificação para as cavidades, uma etiológica, que se baseia nas áreas dos dentes suscetíveis à cárie, e outra artificial, na qual reuniu cavidades em classes que requerem a mesma técnica de instrumentação e restauração. 7

1.4.2 Classificação etiológica de Black Baseada nas áreas dos dentes suscetíveis à cárie, ou seja, regiões de difícil higienização, subdivididas conforme a localização anatômica em: => Cavidades de cicatrículas e fissuras (Fig. 1.17); => Cavidades de superfície lisa (Fig. 1.18; 1.19; 1.20 e 1.21). 1.4.3 Classificação artificial de Black restauração. Cavidades reunidas em classes que requerem a mesma técnica de instrumentação e 1.4.3.1 Classe I Cavidades preparadas em regiões de má coalescência de esmalte cicatrículas e fissuras na face oclusal de molares e pré-molar; 2/3 oclusal da face vestibular dos molares inferiores; e na face lingual dos incisivos e caninos superiores, 2/3 a face palatina dos molares superiores (Fig. 1.17). Figura 1.17. Cavidades de classe I. 1.4.3.2 Classe II Cavidades preparadas nas faces proximais dos pré-molares e molares (Fig. 1.18). 8

Figura 1.18. Cavidades Classe II. 1.4.3.3 Classe III. Cavidades preparadas nas faces proximais dos incisivos e caninos, sem remoção do ângulo incisal (Fig. 1.19). Figura 1.19. Cavidades de Classe III. 1.4.3.4 Classe IV Cavidades preparadas nas faces proximais dos incisivos e caninos com remoção e restauração do ângulo incisal (Fig. 1.20). 9

Figura 1.20. Cavidades de Classe IV. 1.4.3.5 Classe V : Cavidades preparadas no terço gengival, não de cicatrículas, nas faces vestibular e lingual de todos os dentes (Fig. 1.21). Figura 1.21. Cavidade de Classe V. Alguns autores, como Howard & Simon 20 acrescentam à classificação artificial de Black, cavidades de Classe VI. Nessa classe incluem as cavidades preparadas nas bordas incisais e nas pontas de cúspide (Fig. 1.22). Por outro lado, Sockwell considera ainda, como cavidades de classe I, as cavidades de cicatrículas e fissuras incipientes, na face vestibular dos dentes anteriores 25 (Fig. 1.23). 10

Figura 1.22. Cavidade de Classe VI Howard e Simon. Figura 1.23. Cavidade de Classe I de ponto de Sockwell. 1.5 Referências Bibliográficas 1.5.1 ALMQUIST, T. C. Conservative amalgam restorations. Oper.Dent., v.29, n.5, p.542-8, 1973. 1.5.2 BARATIERI, L. N. et al. Procedimentos preventivos e restauradores. 6. ed. Rio de Janeiro: Quint. Intern. Books, 1998. 1.5.3 BARRANCOS MOONEY, J. Operatória Dental: restauraciones. Buenos Aires: Panamericana, 1988. p. 321. 1.5.4 BASTOS, P.A.M., PAGANI, C., GALANTE, M.A. Amálgama: Porque, onde e como. In: FELLER, C., BOTINNO, M.A. Atualização na clínica odontológica A prática da clínica geral. São Paulo: Artes Médicas, 1994. cap. 5, p. 75-128. 1.5.5 BAUM, L., PHILLIPS, R. W., LUND, M. R. Text book of operative dentistry. 2 ed. Philadelphia: Saunders, 1985. p. 245. 1.5.6 BERNADINELLI, N. et al. Resistência à fratura de restaurações a amálgama condensadas sobre diferentes bases protetoras, reconstruindo ou não o ângulo áxio-pulpar. Rev. Gaúcha Odont., v. 4, p. 202-6, 1977. 1.5.7 BLACK, G. V. Operative Dentistry. CHICAGO: Medico Dental, 1908. 1.5.8 BOYER, D.B. Operative dentistry: concepts. 2 ed. Iowa, University of Iowa, 1985. p.129. 1.5.9 BOYER, D.B. Operative dentistry: concepts. 2 ed. Iowa, University of Iowa, 1985. p. 130. 1.5.10 BRONNER, F. J. Mechanical, phisiological and pathological aspects of operative procedures. Dent. Cosmos, v. 73, n. 5, p. 577-84, 1931. 11

1.5.12 BUENO, M., BUSATO, A. L. S. Preparos de cavidade de classe II sem extensão para a oclusal. ROBRAC, v. 6, n. 19, p. 18-21, 1996. 1.5.12 BUONOCORE, M. G. Simple method of increasing the adhesion of acrilic fillings materials to enamel. J. Dent. Res., v. 34, p. 849-50, 1955. 1.5.13 BUSATO, A.L.S. Princípios gerais do preparo cavitário. In: BUSATO, A. L. S. et al. Restaurações em dentes posteriores. São Paulo: Artes Médicas. 1996. cap.3, p.40-53.. 1.5.14 CROCCKET, W. D. et al. The influence of proximal retention grooves on the relation and resistance of class II preparation for amalgams. J Amer. Dent. Ass., v. 91, p. 1053-6, 1975. 1.5.15 DORMANN, A. et al. In vitro studies on sterilization of carious dentin II. Extent of infection in carious lesions. J. Amer. Dent. Ass., v.30, p. 1901-4, 1943. 1.5.16 EVANS, J., KASLOFF, J. Cleasing cavities and sealing walls. Oper. Dent., v.1, n.49, 1976. 1.5.17 FUSAYAMA, T., TERSHIMA, S. Differentiation of two layers of carious dentin by stainning. Tokio Med. Dent. Univ., v.19, p. 83-92, 1972. 1.5.18 GOING, R.E. Pin-retained amalgam. J. Amer. Dent. Ass., v. 77, p. 1331-3, 1966. 1.5.19 HEALY, H. J. PHILLIPS, R. W. A clinical study of amalgam failures. J. Dent Res., n. 28, p. 439-46, 1949. 1.5.20 HOWARD, W.W. Atlas of Operative Dentistry, 2 ed, St. Louis: Mosby, 1973. 1.5.21 HUNT, P.R. et al. A modified class II cavity preparation for glass-ionomer restorative materials. Quint. Intern., v. 15, p. 1011-18, 1984. 1.5.22 KNIGHT, G. The tunnel restorations. Dent. Outlook, v. 10, p. 33-57, 1984. 1.5.23 MARKLEY, R. M. Pin-retained and pin-reinforcement amalgam. J. Amer. Dent. Ass., v. 73, p. 1295-300, 1958. 1.5.24 MONDELLI, J. et al. Fracture strength of human teeth with cavity preparations. J. Prosthet. Dent., v. 43, p. 419-22, 1980. 1.5.25 MONDELLI, J. et al. Procedimentos pré-clínicos. São Paulo: Editorial Premier, 1998. p. 260. 1.5.26 ONO, M. M., BASTOS, M.T.A.A. Evolução dos preparos das cavidades de classe II. Rev. Odontol. Univ. São Paulo, v. 11, p. 9-14, 1997. Supl. 1.5.27 OUTWHITE, W.C. et al. Pin x retention and extensive amalgam restorations. J. Prosthet. Dent., v. 41, p. 796-800, 1979. 1.5.28 ROBERSON, T.M. et al. Fundamentals in cavity preparation. In: STURDEVANT, C.M. et al. The art and science of operative dentistry. 3.ed. St Louis: Mosby, 1995. cap. 7, p. 289-324. 12

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