MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DA EDUCAÇÃO TÉCNICA E TECNOLÓGICA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM VITICULTURA E ENOLOGIA. Tatiana Sellmer Nilson

Documentos relacionados
Comunicado Nº51 Técnico

Comunicado 67 Técnico

Comunicado 76 Técnico

Comunicado Nº 58 Técnico

PODA ANTECIPADA DA VIDEIRA ENG. AGRÔNOMO E TECNÓLOGO EM VITICULTURA E ENOLOGIA: PAULO ADOLFO TESSER

e ecofisiologia Edson Eduardo Melo Passos Bruno Trindade Cardoso Fernando Luis Dultra Cintra

AGRICULTURA I Téc. Agroecologia

ECOFISIOLOGIA DA VIDEIRA. Ecofisiologia x Videira (Índice CCM)

Viticultura Clima. Centros de dispersão da videira. Cultivo da videira no Brasil. A videira. Fatores climáticos no cultivo da uva

Clima de Passo Fundo

AGRICULTURA I Téc. Agronegócios

TENDÊNCIAS CLIMÁTICAS NA REGIÃO DA SERRA GAÚCHA

MANEJO DE IRRIGAÇÃO REGINA CÉLIA DE MATOS PIRES FLÁVIO B. ARRUDA. Instituto Agronômico (IAC) Bebedouro 2003

ÉPOCAS DE SEMEADURA DE MAMONA CONDUZIDA POR DUAS SAFRAS EM PELOTAS - RS 1

COMPORTAMANTO DA SAFRA 2015/2016 UMA ANÁLISE DO INÍCIO DO CICLO

O Clima e o desenvolvimento dos citros

1 Clima. Silvando Carlos da Silva

Exigências edafoclimáticas de fruteiras

002

Opções de Cultivares de Uva para Processamento desenvolvidas pela Embrapa

Condições climáticas. Marco Antônio Fonseca Conceição Jorge Tonietto Francisco Mandelll João Oimas Garcia Maia

ECOFISIOLOGIA DA VIDEIRAaaa

AVALIAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE DOENÇAS E VARIAÇÃO DA TEMPERATURA NA VIDEIRA CULTIVAR NIÁGARA ROSADA NO SISTEMA LATADA COM E SEM COBERTURA PLÁSTICA RESUMO

Amendoeira nas regiões de clima mediterrânico

BOLETIM AGROCLIMÁTICO DEZEMBRO/2017

Atividade 2 2. Liste as partes da videira e resuma quais são as suas principais funções.

Mudanças climáticas e a citricultura brasileira

OS FATORES NATURAIS E A VITIVINICULTURA


FILME PLÁSTICO PARA COBERTURA DE VIDEIRAS. FILMES de CAMADAS. Vinecover. Conhecendo suas necessidades, contribuindo para seu crescimento.

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS PARA O CULTIVO DO MILHO, NA CIDADE DE PASSO FUNDO-RS.

BALANÇO HÍDRICO CLIMÁTICO EM DOIS PERÍODOS DISTINTOS ( ) E ( ) PARA CAMPOS SALES NO CEARÁ

IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA PODRIDÃO DA UVA MADURA EM VIDEIRA

ISSN Agosto, Cultivo da Pimenteira-do-reino na Região Norte

NOTA TÉCNICA. Como está o clima na safra de soja 2017/2018 no sul de Mato Grosso do Sul?

IRRIGAÇÃO EM VINHEDOS NO OESTE PAULISTA. Marco Antônio F. Conceição Embrapa Uva e Vinho Estação Experimental de Viticultura Tropical

Coordenadores deste número especial do Brasil - Ivanira Falcade UCS - Rosa Maria Vieira Medeiros UFRGS - Jorge Tonietto Embrapa Uva e Vinho

Nitrato de potássio pode ser utilizado por um ou mais dos seguintes motivos:

BALANÇO HÍDRICO E CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA PARA O MUNICÍPIO DE ITUPORANGA SC

AGROMETEOROLÓGICO UFRRJ

QUEBRAS DE SAFRA DE TRIGO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL: UM ESTUDO DE CASO

Aldemir Pasinato 1 Gilberto Rocca da Cunhe? Genei Antonio Dalmago 2 Anderson SantP

MALHAS DE ALTA PERFORMANCE ALUMINIZADA VOCÊ NO CONTROLE!

Oroplus FILMES PLASTICOS PARA COBERTURA DE VIDEIRAS

Cultura da Cana de açúcar. Profª Msc. Flávia Luciane Bidóia Roim

BOLETIM AGROMETEOROLÓGICO 1996

BOLETIM CLIMÁTICO Nº 69

Clima e Solo. Oom~n?o Haroldo R. C. Reinhardt Cet~/1O Augusto Pinto da Cunha Lwz Francis~o da Silva Souza

MANEJO DE IRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO EM UVA FINA DE MESA EM AMBIENTE PROTEGIDO

INFORMAÇÕES METEOROLÓGICAS PARA PESQUISA E PLANEJAMENTO AGRÍCOLA, REFERENTES AO MUNICÍPIO DE SANTO ANTÔNIO DE GOIÁS, GO

BOLETIM TÉCNICO: FLORESCIMENTO

Análise Agrometeorológica da safra de trigo 2009, em Passo Fundo,RS

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E SAZONAL DA FAVORABILIDADE CLIMÁTICA À OCORRÊNCIA DA SARNA DA MACIEIRA NO BRASIL

ESTIMATIVA DA PRECIPITAÇÃO EFETIVA PARA A REGIÃO DO MUNICÍPIO DE IBOTIRAMA, BA Apresentação: Pôster

DISPONIBILIDADE DE RADIAÇÃO SOLAR EM SANTA MARIA, RS 1 AVAILABILITY OF SUNLIGHT IN SANTA MARIA, RS

Análise do Custo de produção por hectare de Milho Safra 2016/17

ZONEAMENTO DA MAMONA (Ricinus communis L.) NO ESTADO DO PARANÁ

Estratégias de Irrigação Suplementar em Cultivo Protegido e Convencional de Vinhedos no RS Prof. Dr. Leonardo Cury

CARACTERIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA DA SAFRA DE SOJA 1992/93, Descrever as condições meteoro1ógicas ocorridas durante a safra

Efeitos da seca para o cafeeiro e a pesquisa em busca de soluções

ESTIMATIVA DE PERÍODO DE PLANTIO PARA CULTURA DO MILHO NA REGIÃO DE BOTUCATU-SP UTILIZANDO O MÉTODO GRAUS-DIA

SOMAR METEOROLOGIA É BEM MELHOR SABER

CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA DO MUNICÍPIO DE JATAÍ-GO: Subsídios às atividades agrícolas

Clima. Climatologia / Classificação Climática. Macroclima. Topoclima. Microclima

Comunicado173 Técnico

BOLETIM AGROCLIMÁTICO FEVEREIRO/2018

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Centro Nacional de Pesquisa de Arroz e Feijão Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Aplicações em Agricultura

Impacto potencial das mudanças climáticas sobre as doenças do sorgo no Brasil

Documentos, 221. Informações Meteorológicas para Pesquisa e Planejamento Agrícola, Referentes ao Município de Santo Antonio de Goiás, GO, 2007

Poda seca da videira Niágara. João Dimas Garcia Maia Umberto Almeida Camargo

ESTAÇÃO DO VERÃO. Características gerais e como foi o Verão de 2018/2019 em Bauru. O verão é representado pelo trimestre dezembro/janeiro/fevereiro;

BOLETIM CLIMÁTICO Nº 39

Regiões Vitivinícolas Brasileiras e Alternativas de Produção

Avaliação do ano vitícola de 2011 na EVAG

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Centro Nacional de Pesquisa de Arroz e Feijão Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Domesticação E Cultivo. Plantas Medicinais e Fitoterapia

WORKSHOP Balanço Intercalar do ano vitícola

PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA DE GEADA NO DESENVOLVIMENTO INICIAL DA BATATA (Solanum tuberosum, L.) CULTIVADA NA SAFRA DAS ÁGUAS NO PARANÁ 1 RESUMO

Comunicado141 Técnico

Análise Climatológica da Década (Relatório preliminar)

BOLETIM CLIMÁTICO Nº 46

ANÁLISE AGROMETEOROLÓGICA DA SAFRA DE SOJA 1998/99, EM PASSO FUNDO, RS

Documentos 177. Informações meteorológicas para pesquisa e planejamento agrícola, referentes ao município de Santo Antônio de Goiás, GO, 2004

ANÁLISE DA FAVORABILIDADE DAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS À OCORRÊNCIA DE MÍLDIO DA VIDEIRA NO VALE DO SÃO FRANCISCO NO PERÍODO DE 2003 A 2007

Análise Agrometeorológica Safra de Soja 2007/2008, Passo Fundo, RS

77 mil hectares hemisfério sul desde latitude 30 o até latitude 5 º Regiões Temperadas (repouso hibernal) Regiões Subtropicais (dois ciclos anuais)

IV Workshop sobre Tecnologia em Agroindústrias de tuberosas tropicais MANDIOCA COMO FONTE DE CARBOIDRATO

Boletim Climatológico Anual - Ano 2009

CLASSIFICAÇÃO E INDÍCIO DE MUDANÇA CLIMÁTICA EM NOVA FRIBURGO - RJ

Prognóstico Climático

Fisiologia da reprodução e frutificação do cafeeiro

CRESCIMENTO DE VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR EM DOIS VIZINHOS/PR

BOLETIM CLIMÁTICO Nº 44

ANÁLISE DA PRECIPITAÇÃO E DO NÚMERO DE DIAS DE CHUVA NO MUNICÍPIO DE PETROLINA - PE

XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002 INFLUÊNCIA DA LA NIÑA NAS TEMPERATURAS MÁXIMAS E MÍNIMAS MENSAIS PARA VIÇOSA-MG

Lucio Alberto Pereira 1 ; Roseli Freire de Melo 1 ; Luiza Teixeira de Lima Brito 1 ; Magna Soelma Beserra de Moura 1. Abstract

MELO, Christiane de Oliveira 1 ; NAVES, Ronaldo Veloso 2. Palavras-chave: maracujá amarelo, irrigação.

Geografia. Climas Do Brasil. Professor Luciano Teixeira.

Transcrição:

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DA EDUCAÇÃO TÉCNICA E TECNOLÓGICA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM VITICULTURA E ENOLOGIA Tatiana Sellmer Nilson INFLUÊNCIA DO CLIMA SOBRE OS ESTÁDIOS FENOLÓGICOS DA VIDEIRA E SOBRE A QUALIDADE E QUANTIDADE DA PRODUÇÃO BENTO GONÇALVES 2010

Tatiana Sellmer Nilson INFLUÊNCIA DO CLIMA SOBRE OS ESTÁDIOS FENOLÓGICOS DA VIDEIRA E SOBRE A QUALIDADE E QUANTIDADE DA PRODUÇÃO Trabalho de conclusão de Curso Superior apresentado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul Campus Bento Gonçalves, como requisito para a obtenção do grau de Tecnólogo em Viticultura e Enologia. Orientador: Eduardo Giovannini BENTO GONÇALVES 2010

AGRADECIMENTOS A Deus, pela presença constante em minha vida. Obrigada pela graça de chegar até aqui. A todos os professores, principalmente Luciano Manfroi, Rodrigo Monteiro e Eduardo Giovaninni, meu orientador, que além de ensinar sempre com dedicação, paciência e carinho, sempre foi um amigão. "O Giova é um bom companheiro." Aos meus pais, Selma e Nilson, que sempre me ampararam, que me agüentaram nos momentos difíceis e de estresse, principalmente nesta última etapa, na elaboração deste trabalho. Muitas vezes pensei que não iria conseguir, mas seus desejos me impulsionaram e a confiança de vocês me sustentou. Agradeço a vocês que se doaram por inteiro e muitas vezes renunciaram seus sonhos em função dos meus. Obrigada por tudo. A minha maninha, Tamiris, que foi minha colega nestes anos de faculdade, minha dupla nos trabalhos, minha cúmplice, melhor colega e acima de tudo minha melhor amiga. Aos meus tios, tia Tila e tio Sérgio pelo apoio e torcida durante essa caminhada. Um abraço aos familiares. (risos) Ao K, meu grande companheiro, o maior responsável por eu ter conseguido chegar até o fim. A minha turma, mais que colegas, amigos, vocês nunca saberão o quanto foram importantes para mim. Ao Marcos Fiorin, funcionário de uma empresa vinícola da cidade, que me ajudou com algumas informações.

DEDICATÓRIA A Deus por tudo que me proporciona na vida. À mainha linda e painho lindo, que tanto amo, pelo exemplo de vida e família. À minha mana, pela parceria sempre. E ao K, que acreditou que eu era capaz.

EPÍGRAFE Se enxerguei longe, foi porque me apoiei em ombros de gigantes. Issac Newton

SUMÁRIO LISTA DE TABELAS...7 LISTA DE FIGURAS...8 RESUMO...10 ABSTRACT...11 INTRODUÇÃO...12 1. O CICLO DA VIDEIRA...13 2. PRINCIPAIS ESTÁDIOS FENOLÓGICOS DA VIDEIRA E A INFLÊNCIA DO CLIMA...14 2.1 Repouso vegetativo...14 2.1.1 Temperatura do ar...14 2.1.2 Precipitação...16 2.2 Brotação...16 2.2.1 Temperatura do ar...17 2.2.2 Precipitação...18 2.3 Floração - frutificação...18 2.3.1 Temperatura do ar...18 2.3.2 Insolação/Radiação solar...19 2.3.3 Precipitação...20 2.3.4 Velocidade do Vento...20 2.3.5 Umidade relativa do ar...20 2.4 Maturação e colheita...21 2.4.1 Temperatura do ar...21 2.4.2 Precipitação...21 2.4.3 Insolação/Radiação solar...22 3. ELEMENTOS METEOROLÓGICOS E A INFLUÊNCIA SOBRE A QUALIDADE E QUANTIDADE DE UVA PRODUZIDA...23 3.1 Temperatura do ar...23

3.1.1 Coloração das bagas...23 3.1.2 Relação açúcar / acidez...24 3.1.3 Aroma...24 3.1.4 Quantidade da produção...24 3.2 Insolação/Radiação solar...24 3.2.1 Relação açúcar / acidez...25 3.2.2 Coloração das bagas...25 3.2.3 Tamanho das bagas...26 3.2.4 Teor de ácidos e ph...26 3.2.5 Teor de minerais...26 3.2.6 Aroma...27 3.3 Precipitação...27 3.3.1 Aroma...28 3.3.2 Sanidade...28 3.3.3 Relação açúcar / acidez...29 3.3.4 Quantidade de produção...29 3.3.5 Coloração das bagas...30 3.4 Velocidade do Vento...30 3.4.1 Quantidade de produção...30 3.4.2 Sanidade...31 3.5 Umidade relativa do ar...31 3.5.1 Sanidade...31 4. MATERIAIS E MÉTODOS...32 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES...36 6.CONCLUSÃO...48 BIBLIOGRAFIA...49

LISTA DE TABELAS Tabela 1 Normal climatológica - Dados médios do período de 1961 a 1990...33 Tabela 2 Dados meteorológicos da Serra Gaúcha do período de 2009/2010...34 Tabela 3 Dados meteorológicos da Serra Gaúcha do período de 2004/2005...35 Tabela 4. Produção de uvas (kg) safra 2005 e 2010...46 Tabela 5. Média da graduação ( Babo) safra 2005 e 2010...47

LISTA DE FIGURAS Figura 1 Comportamento meteorológico (temperatura média) na safra de 2010 em relação à normal climatológica (1961/1990) Bento Gonçalves RS...37 Figura 2 Comportamento meteorológico (temperatura máxima) na safra de 2010 em relação à normal climatológica (1961/1990) Bento Gonçalves RS...38 Figura 3 Comportamento meteorológico (temperatura mínima) na safra de 2010 em relação à normal climatológica (1961/1990) Bento Gonçalves RS...38 Figura 4 Comportamento meteorológico (precipitação - mm) na safra de 2010 em relação à normal climatológica (1961/1990) Bento Gonçalves RS...39 Figura 5 Comportamento meteorológico (precipitação - dias) na safra de 2010 em relação à normal climatológica (1961/1990) Bento Gonçalves RS...39 Figura 6 Comportamento meteorológico (umidade - %) na safra de 2010 em relação à normal climatológica (1961/1990) Bento Gonçalves RS...40 Figura 7 Comportamento meteorológico (insolação - horas) na safra de 2010 em relação à normal climatológica (1961/1990) Bento Gonçalves RS...40 Figura 8 Comportamento meteorológico (velocidade média do vento) na safra de 2010 em relação à normal climatológica (1961/1990) Bento Gonçalves RS...41 Figura 9 Comportamento meteorológico (média/ total anual) na safra de 2010 em relação à normal climatológica (1961/1990) Bento Gonçalves RS...41 Figura 10 Comportamento meteorológico (temperatura média) das safras de 2004/2005 e 2009/2010. Bento Gonçalves,RS...42

Figura 11 Comportamento meteorológico (temperatura máxima) das safras de 2004/2005 e 2009/2010. Bento Gonçalves,RS...42 Figura 12 Comportamento meteorológico (temperatura mínima) das safras de 2004/2005 e 2009/2010. Bento Gonçalves,RS...43 Figura 13 Comportamento meteorológico (precipitação - mm) das safras de 2004/2005 e 2009/2010. Bento Gonçalves,RS...43 Figura 14 Comportamento meteorológico (precipitação dias) das safras de 2004/2005 e 2009/2010. Bento Gonçalves,RS...44 Figura 15 Comportamento meteorológico (umidade - %) das safras de 2004/2005 e 2009/2010. Bento Gonçalves,RS...44 Figura 16 Comportamento meteorológico (insolação - horas) das safras de 2004/2005 e 2009/2010. Bento Gonçalves,RS...45 Figura 17 Comportamento meteorológico (velocidade do vento m/s) das safras de 2004/2005 e 2009/2010. Bento Gonçalves,RS...45 Figura 18 Comportamento meteorológico (média/total anual) das safras de 2004/2005 e 2009/2010. Bento Gonçalves, RS...46

RESUMO A videira é influenciada por diversos elementos meteorológicos do clima, dentre eles temperatura, precipitação, insolação, velocidade do vento e umidade do ar, estes elementos apresentam diferentes efeitos sobre a videira, variáveis em função das fases do ciclo da planta. Estes fatores influenciam na produção da uva, sobre a quantidade e qualidade. Água, luz e calor, são, portanto, os três fatores climáticos que, dependendo da época e da quantidade, determinam as condições para o sucesso da viticultura, porém, os fatores de qualidade da uva não é função só do clima, mas do solo, da cultivar e das técnicas de cultivo empregadas, porém, o clima possui forte influência sobre a videira, sendo importante na definição das potencialidades das regiões para a cultura. A temperatura é o fator mais importante, limitando a qualidade e quantidade de produção da videira, a riqueza em açúcar da uva está relacionada diretamente com a insolação, quer dizer, a intensidade e a duração das radiações luminosas sobre o cacho, o excesso de umidade do ar cria condições favoráveis ao desenvolvimento de enfermidades, afetando a quantidade da produção dentre outras conseqüências, assim sendo, temos como objetivo conhecer os diferentes pontos de vista de alguns especialistas sobre a influência dos fatores climáticos sobre as fases da videira e consequente influência sobre a qualidade e quantidade de uva produzida, principalmente sobre a safra de 2010, através de uma pesquisa bibliográfica, coletando informações de livros, textos, materiais xerocopiados, elaborados por profissionais da área, para isso foram utilizados dados meteorológicos da safra de 2010 e comparados com os dados da normal climatológica de 1961/1990 da estação da Embrapa Uva e Vinho de Bento Gonçalves, RS. Além da comparação com a safra de 2005, destaque dos últimos anos, dos valores de quantidade de produção e graduação média para algumas variedades, de uma empresa da cidade. A safra de 2010 apresentou uma queda de 1,6% no volume da produção e na qualidade, com graduação glucométrica em torno de 14,16 Babo, devido principalmente ao excesso de chuva, a alta umidade e a baixa insolação no período de floração, frutificação e maturação. Palavras-chave: clima, videira, qualidade e quantidade.

ABSTRACT The grapevine is influenced by several meteorological elements of the climate, among them temperature, precipitation, sunshine, wind speed and humidity, these factors have different effects on the vine, which vary according to the phases of the plant. These factors influence the production of grapes, about the quantity and quality. Water, light and heat are therefore the three climatic factors, depending on the time and quantity, determine the conditions for successful viticulture, however, the quality factors of the grape is not a function only of the weather, but soil, cultivar and cultivation techniques employed, however, the climate has a strong influence on the vine, being important in defining the regions' potential for culture. Temperature is the most important factor limiting the quality and quantity of production Vine, the richness of the grape sugar is linked directly with solar radiation, ie, the intensity and duration of light radiation on the bunch, excess moisture air creates favorable conditions for the development of diseases affecting the production quantity among other consequences, therefore, we aim to know the different views of some experts on the influence of climatic factors on the stages of the vine and the consequent influence on the quality and quantity of grapes produced, mainly on the harvest of 2010 through a literature search, collecting information from books, texts, materials xerocopiados prepared by professionals, for it was used meteorological data from the crop of 2010 and compared with data the normal climatology for the 1961/1990 season Embrapa Uva e Vinho Bento Gonçalves, RS. Besides the comparison with the 2005 crop, especially in recent years, the values of production quantity and graduation average for some varieties, a company town. The harvest of 2010 was down 1.6% in production volume and quality, with graduation glucométrica around 14.16 Babo, mainly due to excessive rain, high humidity and low insolation during flowering, fruiting and ripening. Keywords: climate, vine, quality and quantity

INTRODUÇÃO A radiação solar, a temperatura do ar, a precipitação, seja ela pluviométrica, geada ou granizo e a umidade relativa do ar são os elementos meteorológicos de maior influência sobre o desenvolvimento, produção e qualidade da uva. Essa influência ocorre em todos os estádios fenológicos da videira, ou seja, desde o repouso vegetativo (inverno), brotação, floração, frutificação, crescimento das bagas (primavera), maturação (verão) até a queda das folhas (outono) (MANDELLI, 2009). Cada estádio fenológico necessita de uma quantidade adequada de luz, água e calor para que a videira possa se desenvolver e produzir uvas de qualidade, pois a uva é uma cultura que sofre muita influência dos fatores climáticos, porém pode se adaptar a diferentes tipos de clima. No Brasil, por exemplo, é cultivada desde o extremo sul até a região nordeste variando logicamente as técnicas produtivas aplicadas em cada localidade. O Brasil apresenta diversos tipos de clima, devido sua grande extensão. O clima do Brasil para a vitivinicultura é bastante particular, distinto daqueles encontrados na maioria dos países produtores de uva e interagindo com os demais componentes do meio natural, em particular com o solo, assim como com a cultivar e com as técnicas agronômicas utilizadas, confere aos produtos um conjunto de características e uma tipicidade própria, além do que, os fatores climáticos indicam que cada região encontrará melhores condições para a produção de certas variedades, pois uma uva de um mesmo vinhedo pode resultar em um fruto de diferentes qualidades. Da mesma forma, a mesma uva pode originar, ainda que cultivada em continentes diferentes, uvas de qualidades semelhantes. Para Constantinescu (1967), o conhecimento do ecossistema vitícola é indispensável na identificação do potencial vitícola e aperfeiçoamento do sistema de produção, visando a melhoria da qualidade e especialização da produção. Sabendo disso, neste trabalho será abordado a influência dos aspectos climáticos sobre as fases da videira e sobre a qualidade e quantidade de uva produzida.

1. O CICLO DA VIDEIRA Para Santos (2003), a videira passa por várias fases de crescimento, seu ciclo pode ser dividido pelas quatro estações do ano. Durante o inverno, se dá a fase de repouso vegetativo ou invernal; a planta já sem folhas, caídas durante o outono, repousa. Os nutrientes que seriam usados pelas folhas se acumulam e dessa reserva, assim estocada, dependem o equilíbrio fisiológico da planta e sua longevidade. Na primavera inicia-se a germinação, os brotos desenvolvem e surgem as folhas. As flores fecundadas se transformam em frutos que crescem e começam a mudar de cor, a amadurecer no verão e por fim, no outono as folhas mudam de cor, caem e dá-se início a um novo ciclo.

2. PRINCIPAIS ESTÁDIOS FENOLÓGICOS DA VIDEIRA E A INFLUÊNCIA DO CLIMA 2.1 Repouso vegetativo O repouso da videira ocorre no final do outono e início do inverno, geralmente se dá durante metade de junho, julho e início de agosto. 2.1.1 Temperatura do ar As baixas temperaturas que ocorrem nesse período são fundamentais para a videira, pois quanto mais frio melhor será o repouso. A videira permanece em repouso vegetativo até que a temperatura média atinja a sua temperatura de base. Para as condições médias esta temperatura é considerada os 10 C. Este valor, no entanto, é variável, sendo menor (próximo a 8 C) em regiões frias, e maior em regiões quentes. Em condições de pouco frio invernal, que podem ocorrer nos climas subtropicais, torna-se necessário a adoção de tratamentos e práticas culturais adequados visando garantir uma porcentagem satisfatória de brotação das videiras. Nos climas tropicais o período de dormência é alcançado através do manejo de água durante o período de repouso, sendo possível obter-se produções em qualquer período do ano. Observase, porém, uma queda de rendimento nas safras iniciadas nos meses mais frios (TEIXEIRA, 2004). Para que se obtenha produção com regularidade, longevidade da planta e frutos de composição equilibrada é necessário que a videira tenha esse período de dormência anual. As fases de dormência foram caracterizadas da seguinte forma: a dormência é antecipada por um estádio de pré-dormência, correspondendo a um período de inibição das

gemas. A instalação da dormência ocorre após a maturação dos sarmentos (POUGET, 1963; NIGOND, 1967). A videira é bastante resistente às baixas temperaturas na estação do inverno, quando se encontra em período de repouso vegetativo. As cultivares americanas e híbridas são mais resistentes ao frio, podendo resistir à temperatura entre -20 C e -30 C, conforme Tonietto e Mandelli (2003), já para Giovannini (1999), as espécies americanas suportam, quando estão em dormência, temperaturas mais baixas que as européias, respectivamente, -25 C e -15 C. O frio invernal é importante para a quebra de dormência das gemas, no sentido de assegurar uma brotação adequada para a videira. Segundo Zuluaga et. al., (1971), para instalação da dormência são necessárias temperaturas mínimas entre 12 C e 18 C e conforme o zoneamento climático para o estado do Rio Grande do Sul (1994), as cultivares americanas necessitam de mais de 100 horas de frio (abaixo de 7,2 C) para superação da dormência (Bento Gonçalves 358 horas). O frio no período de dormência mantém as gemas dormentes, evitando a antecipação da brotação, o que aumentaria o risco de dano por geada nesta fase (GOBBATO, 1922; POUGET, 1963; HUGLIN, 1958, 1986). É necessária a continuidade do período de frio durante a pós-dormência (prébrotação), pois evita a reversibilidade das gemas a dormência. Já a falta de frio constante e o calor antecipado durante o inverno fazem com que as parreiras precoces, que precisam em geral de menos horas de frio brotem antecipadamente, e esses brotos que já nasceram, são danificados pelo frio que pode voltar a fazer e possivelmente não irão produzir uvas. Gobbatto (1922, 1940), alertou para o perigo de invernos quentes que podem ocasionar a antecipação da brotação da parreira, expondo as plantas a um período de maior risco, caso ocorram posteriormente períodos com temperaturas baixas. Já nas variedades tardia, a pouca quantidade de frio poderá fazer com que elas não estejam preparadas para brotar. Entretanto, a ausência de frio poderá comprometer as brotações quando a primavera chegar. Calo & Costacurta (1974) e Bernstein (1984), demonstram o efeito favorável das temperaturas baixas durante o período de pós-dormência e pré-brotação sobre a fertilidade das gemas. Em contrapartida, Pouget (1981) encontrou um aumento no número de inflorescências quando a temperatura em pré e pós brotação era de 25 C, em relação a 12 C. No entanto, na temperatura mais alta havia uma redução no número de flores.

O efeito de temperaturas elevadas durante o período de pós-dormência e prébrotação atua desfavoravelmente por reverter a quebra de dormência e antecipar a brotação. No primeiro caso, pode determinar a inibição de gemas e o atraso na brotação. A antecipação da brotação para algumas cultivares pode acarretar grandes prejuízos se ocorrerem geadas fortes após a brotação (GOBBATO, 1922; BRANAS ET. AL., 1946; ZULUAGA et. al., 1971; HUGLIN, 1986). 2.1.2 Precipitação As chuvas de inverno são importantes para as reservas hídricas do solo, necessárias para o início do ciclo vegetativo da videira. E conforme Giovannini, as chuvas no inverno favorecem uma boa brotação e crescimento dos ramos. Para Pouget (1963), a quebra de dormência pode ocorrer em condições naturais, pela falta de chuva. Os excessos hídricos concentram-se nos subperíodos fenológicos da queda das folhas e repouso invernal. Em função do consumo mínimo de água da videira nesses estádios, a quase totalidade da água da chuva é computada como excesso. Esse excesso, apesar de favorecer a ocorrência de doenças, em solos bem drenados e em terrenos acidentados, não restringe o cultivo de viníferas. No entanto, preocupa pelos danos provocados pela erosão. Segundo Giovannini (1999), a ocorrência de um tipo de precipitação, a geada, durante o período de repouso da videira não causa dano. 2.2 Brotação As videiras começam a brotar no final do inverno e início da primavera, ou seja, final de agosto até outubro.

2.2.1 Temperatura do ar O Programa de Investimentos Integrados para o Setor Agropecuário (Rio Grande do Sul, 1975) considera adequada uma variação da temperatura no período ativo de crescimento entre 10 C e 23 C, e que acima de 39,5 C as temperaturas tornam-se limitantes. O início do crescimento da videira é marcado pelo estádio de brotação das gemas, que ocorre a partir de uma temperatura base de 10 C (BRANAS et. al., 1946; WINKER, 1962; CONSTANTINESCU, 1967; HIDALGO, 1980). De forma genérica considera-se a temperatura de 10 C como mínima para que possa haver desenvolvimento vegetativo; do final do inverno ao início da primavera, quando ocorre a brotação das videiras. Em regiões quentes ou em invernos quentes, podem ocorrer limitações na brotação das gemas, permanecendo algumas delas sem brotar (MIELE et al., 1982; BERNSTEIN, 1984). Segundo Bernstein (1984), a brotação é mais rápida á medida que a temperatura se eleva. Em geral, em climas mais amenos, a duração é de 21 a 26 dias, porém Pouget (1967) considera que a velocidade de brotação é função da temperatura e das características genéticas de cada cultivar. As videiras brotam no final do inverno início da primavera, à medida que ocorre aumento da temperatura. As precoces começam a brotar geralmente no final de agosto início de setembro, devido às temperaturas de inverno mais elevadas, enquanto que as tardias podem iniciar a brotação no final de setembro início de outubro. Gobbatto (1922, 1940), relata que quando a temperatura for menor que 0 C durante a brotação, ocorre a queima da brotação primária eliminando a possibilidade de produção, pois a brotação das gemas secundárias que ocorre após o dano é praticamente infrutífera ou nula. Butrose & Hale (1973), verificaram o encurtamento do subperíodo brotação floração com o aumento do termoperíodo diário (diferença de temperatura entre noite/dia).

2.2.2 Precipitação Do final do inverno ao início da primavera, quando ocorre a brotação das videiras, temperaturas baixas podem ocasionar geadas tardias que causam a destruição dos órgãos herbáceos da planta. É importante que os solos apresentem disponibilidade hídrica adequada no período de brotação das plantas. Chuvas bem distribuídas no período de brotação favorecem uma boa brotação e crescimento dos ramos (GIOVANNINI, 1999). 2.3 Floração frutificação com a frutificação. As videiras iniciam a floração em meados de novembro e seguem em dezembro 2.3.1 Temperatura do ar Gobbato (1922, 1940), observou limitações no processo de floração em temperaturas médias entre 10 C e 24 C, e considerou como ótima a temperatura de 15 C. Stoev et. al. (1971) também consideram 15 C uma temperatura ótima para floração, para eles, com esta temperatura, a floração ocorrerá de forma lenta, de forma regular à temperatura entre 18 C e 20 C e de forma rápida e menos regular com temperaturas entre 20 C e 25 C. Pouget (1981) encontrou um aumento no número de inflorescências quando a temperatura, em pré e pós-brotação, passa de 12 C para 25 C, porém, com temperaturas mais elevadas ocorre uma redução no número de flores nas cultivares Cabernet e Merlot. Butrose (1970) verificou um

efeito positivo de temperaturas entre 25 C e 35 C e de dias longos na fertilidade das gemas no ano seguinte. Temperaturas elevadas prejudiciais são observadas a partir de valores máximos acima de 32 C, podendo estas causar o desavinho (acidente fisiológico em que não ocorre a transformação das flores em fruto). A 45 C a temperatura é considerada crítica (ALEXANDER, 1965). Temperaturas baixas causam o lento desenvolvimento do tubo polínico, que em alguns casos poderá não atingir o óvulo, e conseqüentemente, não haver fecundação. 2.3.2 Insolação/Radiação solar A videira é uma planta exigente em luz, requerendo elevada insolação durante o período vegetativo, fator importante no processo da fotossíntese, bem como na definição da composição química da uva. O manejo do dossel vegetativo do vinhedo deve proporcionar uma boa exposição foliar à radiação solar. Para Nemeth (1972), normalmente as videiras necessitam de dias claros e ensolarados no período de crescimento (primavera e verão), segundo ele, são necessárias de 1200 a 1400 horas de sol no período ativo de crescimento, Giovannini (1999), concorda e salienta que essas horas de luminosidade são alcançadas em todo o país, sendo assim, a radiação solar não seria um fator que limitaria o cultivo da videira. Valores mais elevados de insolação durante o período de primavera-verão favorecem a formação de gemas e a maturação (HIDALGO, 1980).

2.3.3 Precipitação Durante a primavera, as chuvas são importantes para o desenvolvimento da planta, porém, quando em excesso, favorecem a ocorrência de algumas doenças fúngicas da parte aérea. A demanda máxima de água ocorre em novembro-dezembro no período fenológico de floração-frutificação (Mériaux et al., 1979; Becker & Zimmermann, 1984; Huglin, 1986), porém durante a primavera, as chuvas podem afetar a floração e a frutificação, causando baixo vingamento de frutos e desavinho, pois chuvas neste período causam diluição do fluído estigmático, bem como, prejudica a fecundação pela lavagem que causam nas flores carregando o pólen antes que atinjam o estigma, assim é conveniente que ocorram poucas precipitações para que o pólen possa exercer convenientemente sua função de polinizar. 2.3.4 Velocidade do vento O vento forte apresenta-se como um grande problema para o cultivo de uvas de mesa, pois provocam danos físicos em parreirais em formação, causando a quebra dos ramos novos (TEIXEIRA, 2004). Na floração uma brisa ligeira é favorável à disseminação do pólen. 2.3.5 Umidade relativa do ar Valores mais elevados proporcionam o desenvolvimento de ramos mais vigorosos, aceleram a emissão das folhas e favorecem uma maior longevidade (TEIXEIRA, 2004).

2.4 Maturação e colheita A maturação ocorre durante o verão e outono, ou seja, a partir de dezembro. 2.4.1 Temperatura do ar A maturação do fruto depende basicamente das condições climáticas. Nos verões secos e quentes, o ponto de maturação se antecipa. Nos verões úmidos, em conseqüência, bem mais frescos, a maturação é tardia e incompleta. Neste período final a videira exige temperaturas próximas aos 30 C para que a acidez dos frutos não seja muito elevada. A temperatura do ar interfere na atividade fotossintética das plantas. As reações da fotossíntese são menos intensas em temperaturas inferiores a 20ºC, crescem com aumento desse parâmetro climático, atingindo o máximo entre 25 e 30ºC, voltando a cair quando aproxima-se de 45ºC. Os limites de resistência situam-se entre 38 e 50º C. A faixa de temperatura média considerada ideal para a produção de uvas de mesa situa-se entre 20 e 30ºC (TEIXEIRA, 2004). Na estação de verão, a qual via-de-regra coincide com o período de maturação das uvas, temperaturas diurnas amenas - possibilitam um período de maturação mais lento, favoráveis à qualidade. 2.4.2 Precipitação (GOBBATO, 1922). No amadurecimento das bagas, o excesso de chuva prejudica a maturação

Em períodos chuvosos durante a fase de maturação das uvas, verifica-se com freqüência a colheita antecipada das uvas, em relação ao ponto ótimo de colheita. Para uma melhor e mais completa maturação, seria ideal que o verão fosse seco, sem chuvas, porém, as chuvas garantem um adequado suprimento hídrico e consequente absorção de nutrientes, não limitando a fotossíntese e proporcionando um adequado crescimento dos ramos, folhas e frutos, resultando em colheitas abundantes (GOBBATO, 1922, 1940; WESTPHALEN, 1977). O excesso de água no solo, devido muitas chuvas, durante a maturação da uva, além de desequilibrar o mosto por diluição, pode provocar ruptura da película. Os solos muito úmidos retardam a maturação e os solos suficientemente drenados a antecipam. A queda do granizo, na época do período final da maturação é muito grave. O grão se rompe facilmente, perdendo mosto e invadido por bactérias, mofos e leveduras que ocasionam a destruição parcial de seus constituintes, especialmente os açúcares, com formação de substâncias de sabor e odor desagradável (ácido acético, etc). Para Gobbato (1922, 1940) o granizo é mais prejudicial quando atinge as bagas próximas á maturação, favorecendo a proliferação de podridões e prejudicando a vinificação. 2.4.3 Insolação/Radiação solar Conforme Teixeira (2004), a radiação solar atua nos processos de fotoenergia (fotossíntese) e nos processos de fotoestímulos (processos de movimento e de formação), este fator interfere no ciclo vegetativo da videira e no período de desenvolvimento do fruto. Uma maior intensidade de radiação solar incidente promove maiores teores de açúcares nos frutos. A radiação solar é a maior fonte de energia para o processo de evapotranspiração. O potencial de radiação que incide no parreiral é determinado pela localização e época do ano.

3. ELEMENTOS METEOROLÓGICOS E A INFLUÊNCIA SOBRE A QUALIDADE E QUANTIDADE DE UVA PRODUZIDA Além da influência do clima na adaptabilidade da videira a diferentes regiões, também exerce influência no crescimento, desenvolvimento, fitossanidade, qualidade dos frutos e produtividade da videira. 3.1 Temperatura do ar O calor é um fator externo que exerce uma ação preponderante sobre o rendimento e a qualidade das uvas. 3.1.1 Coloração das bagas A temperatura afeta a completa maturação da uva e a variação de temperatura do dia para a noite afeta a deposição de pigmentos em uvas tintas. Quanto maior for a diferença de temperatura do dia para a noite, melhor a coloração da uva. Uma temperatura diurna de 35 C inibe a formação de antocianas. É importante ter em consideração as temperaturas noturnas: para uma temperatura constante durante o dia de 25 C, a uva adquire tanto mais cor quanto mais baixa é a temperatura noturna. A ocorrência de noites relativamente frias favorece o acumulo de polifenóis, especialmente as antocianas nas cultivares tintas

3.1.2 Relação açúcar / acidez Nos verões secos e quentes o ponto de maturação se antecipa, obtendo-se cachos ricos em açúcares e pobres em acidez, nos verões úmidos, em conseqüência, bem mais frescos, a maturação é tardia e incompleta, conseguindo-se frutos mais ricos em ácidos e pobres em açúcares. 3.1.3 Aroma Noites frias auxiliam na intensidade dos aromas nas cultivares brancas. 3.1.4 Quantidade de produção Em regiões onde a temperatura é mais baixa, o ciclo de produção, conseqüentemente, é menor, permitindo apenas uma safra por ano. Já em regiões com temperaturas mais elevadas, há possibilidade de se ter duas safras/ano, como é o caso do norte do estado de Minas Gerais e o nordeste do país. 3.2 Insolação/Radiação solar Para Giovannini (1999), quanto maior a luminosidade, melhor a qualidade da uva.

Quanto mais altos forem os valores de radiação solar, maior será a possibilidade de obterem-se altos rendimentos, melhor qualidade das uvas e sanidade do vinhedo (Caracterização da Serra do Nordeste e Planalto do Estado do Rio Grande do Sul, Sérgio L. Westphalen e Jaime R. T. Maluf Embrapa Uva e Vinho, 2000). 3.2.1 Relação açúcar / acidez A alta luminosidade favorece a formação de uva com elevado teor de açúcar. Em geral, quanto maior a luminosidade, melhor será a qualidade da uva. Os anos de maior insolação produzem uvas com bons teores de açúcares e com acidez adequada. De uma maneira geral, elevada insolação, quando aliada ao excesso de calor, é prejudicial à qualidade dos produtos para a agroindústria, resultando em mostos pouco equilibrados, com baixa acidez. Teores mais baixos de açúcar nos frutos sombreados ou em vinhedos com dosséis densos (pouca luz dentro dos mesmos) estão associados ao aumento no tamanho das bagas (e consequente diluição dos açúcares). A exposição ao sol apressa o processo de maturação como um todo, especialmente o acúmulo de açúcares (JACKSON, 2000). 3.2.2 Coloração das bagas Para as cultivares tinta de coloração fraca é extremamente importante a exposição do cacho à luz solar. As cultivares que normalmente têm teores altos de pigmentos têm menor ou nenhuma necessidade de exposição à radiação direta (JACKSON, 2000). Quanto mais elevada é a luminosidade, mais intensa é a cor da uva.

3.2.3 Tamanho das bagas Dosséis densos ou cachos sombreados tendem a produzir bagas de maior tamanho, diferenças que são atribuídas a modificações na atividade respiratória das mesmas em condições de sombra. 3.2.4 Teor de ácidos e ph Frutos expostos ao sol tendem a ter maior acidez titulável e maior concentração de ácido tartárico do que frutos à sombra (SMITH et al., 1988). Esse aumento pode ou não estar relacionado a uma diminuição de ph e acúmulo de K. Os menores teores de ácido málico nos frutos expostos ao sol se devem a um incremento na atividade da enzima málica. Com relação à composição química da uva, não havendo excesso de precipitação pluvial, quanto mais elevada for a temperatura da região de cultivo, dentro dos limites críticos menor a concentração de ácido málico nos frutos. 3.2.5 Teor de minerais Frutos à sombra tendem a acumular mais Ca e MG (SMART et al., 1988).

3.2.6 Aroma Frutos expostos ao sol têm menos aromas herbáceos, devido ao aumento na síntese de monoterpenos que mascaram os aromas herbáceos originados pelas metoxipirazinas. A concentração de metoxipirazinas em Cabernet Sauvignon pode chegar, nos cachos sombreados a 2,5 vezes o valor encontrado em cachos ao sol (ALLEN, 1993). Esses efeitos podem ser alterados por práticas de manejo do vinhedo como desfolhas ao redor dos cachos, desde que executadas antes do início da fase de viragem (início da maturação). 3.3 Precipitação A precipitação pluviométrica é um dos elementos mais importantes do clima em viticultura. A videira é uma cultura bastante resistente à seca graças a seu sistema radicular que é capaz de atingir grandes profundidades (TONIETTO, MANDELLI, 2003; TEIXEIRA, 2004). Para a videira interfere não somente a quantidade de chuvas, mas sua intensidade e o número de dias ou de horas em que ela ocorre. Ainda, deve-se ter em conta eventuais perdas por escorrimento superficial ou por percolação (passagem lenta de um líquido através de um meio filtrante). A avaliação dos recursos hídricos disponíveis em uma área vitícola repousa no conhecimento do volume e distribuição da chuva, sendo que essas indicações não permitem avaliar com precisão as exigências de água da videira (HUGLIN, 1986). É importante destacar que não somente a quantidade da precipitação, mas também a sua intensidade, distribuição e o número de dias de chuva devem ser considerados, uma vez que chuvas de maior intensidade, intercaladas pela sequência de dias ensolarados, são menos prejudiciais à qualidade das uvas do que a sequência de alguns dias nublados e/ou de menor volume de precipitação. Além dos elementos meteorológicos referidos é importante salientar a importância da reserva hídrica do solo. Ela é função da capacidade de retenção de água do solo, do aporte

de água pela chuva e irrigação, das perdas por escorrimento superficial e por percolação, e da evapotranspiração do vinhedo, que inclui a transpiração da planta e a evaporação do solo. As condições de disponibilidade hídrica do solo para a videira, nos diferentes estádios da planta afetam o desenvolvimento e o vigor dos ramos, influenciando a qualidade da uva destinada à agroindustrialização. O granizo é causador de grandes prejuízos á produção vitícola (ou chuva de pedra), pode causar danos variáveis conforme a densidade, área de precipitação, tamanho das pedras e tipo de granizo. Os danos por geadas dependem da intensidade do frio, da época de ocorrência e do estádio fenológico da planta. 3.3.1 Aroma Muita chuva dilui o aroma das uvas 3.3.2 Sanidade A precipitação pluviométrica é um dos elementos meteorológicos mais importantes na viticultura, sendo esta uma cultura bastante resistente à seca, graças a seu sistema radicular que é capaz de atingir grandes profundidades, porém, em excesso, pode favorecer o desenvolvimento de algumas doenças fúngicas da parte aérea, bem como afetar fases importantes da videira, como a floração e a frutificação (TONIETTO, MANDELLI, 2003). Após a colheita das uvas, a importância das chuvas diminui, podendo resultar em crescimento da planta. Nos locais onde o granizo bate, formam-se lesões onde se acumulam esporos de fungos, que rompem as bagas e aumentam a incidência de moléstias fúngicas nestes pontos.

3.3.3 Relação açúcar / acidez Com relação à composição química da uva, não havendo excesso de precipitação pluvial, quanto mais elevada for a temperatura da região de cultivo, dentro dos limites críticos, maior será a concentração de açúcar e conseqüente menor acidez. As flutuações dos teores de açúcares e ácidos na fase de sobrematuração se devem a fenômenos de diluição ou murcha das bagas, ocasionados por ocorrência de chuvas ou de períodos de seca, respectivamente. 3.3.4 Quantidade de produção Mériaux et al. (1979), em trabalhos de campo, verificaram que a deficiência de chuva após o início da maturação tem pouco efeito no peso das bagas e no rendimento final de Cabernet Sauvignon. Muita chuva prejudica a fecundação, pois o pólen não exercerá sua função que é de polinizar e provavelmente menor será a produção. Em períodos chuvosos durante a fase de maturação das uvas, verifica-se com freqüência a colheita antecipada das uvas, em relação ao ponto ótimo de colheita. A ocorrência de granizo é prejudicial à videira, pois causa quebra de ramos, rompimento de bagas e injúrias no lenho, reduzindo a produção. Winkler (1962) afirma que o granizo pode causar sérios danos, diretos e indiretos, desde a destruição quase total da planta até danos parciais, como a laceração e queda das folhas, quebra de ramos e de órgãos reprodutivos, laceração e rompimento de frutos, reduzindo o rendimento no ano e do ano seguinte e pela restrição imposta à formação de gemas, inclusive prejudicando a sua fertilidade. As videiras americanas, quando danificadas por geadas tardias no início da brotação, podem apresentar brotação das gemas dormentes da base dos ramos, que são gemas férteis, o que pode assegurar uma colheita, ainda rentável, mesmo que inferior à normal.

Os prejuízos por geadas outonais só ocorrem com temperaturas abaixo de -2,5 C, assim mesmo, sem comprometer a produção, a maior preocupação passa a ser as geadas tardias (final de inverno e primavera), quando a maioria das variedades viníferas iniciam a brotação (GOBBATO, 1922, 1940; MANDELLI, 1984). Geadas durante o período de crescimento herbáceo, comprometem a produção. 3.3.5 Coloração das bagas das bagas. Períodos excessivamente nublados e com chuva na maturação afetam a coloração 3.4 Velocidade do vento As correntes de ar que trazem massas de ar com diferentes características repercutem sobre as condições meteorológicas, com implicações sobre a temperatura e a umidade, bem como sobre a evapotranspiração do vinhedo (TONIETTO, MANDELLI, 2003). 3.4.1 Quantidade de produção Os ventos podem causar danos à vegetação, pois os ramos jovens rompem-se com relativa facilidade, resultando na diminuição da produção. Na floração uma brisa ligeira é favorável à disseminação do pólen.

3.4.2 Sanidade No sul do Brasil os ventos do Sul (Minuano) e do Sudeste (Pampeiro) causam grandes danos às videiras aumentando a intensidade dos ataques de antracnose. Por outro lado, ventos secos podem ser benéficos ao reduzirem a umidade atmosférica, e, por conseguinte, diminuírem a incidência de míldio e podridões. Ventos fortes e/ou excessivamente secos podem causar danos ou desidratarem as uvas e, eventualmente até as folhas. O vento forte apresenta-se como um grande problema para o cultivo de uvas de mesa, pois provocam danos físicos em parreirais em formação, causando a quebra dos ramos novos, e naqueles em produção, causando injúrias mecânicas nos frutos. 3.5 Umidade relativa do ar A umidade relativa do ar é importante para a viticultura. Climas mais áridos possuem menor umidade relativa do ar e, climas mais úmidos, como o encontrado nas condições sul-brasileiras, apresentam umidade mais elevada. É indispensável para a vida da videira e para a assimilação dos elementos minerais do solo, bem como a múltipla atividade enzimática e a elaboração dos glicídios nos órgãos da videira. 3.5.1 Sanidade O excesso de umidade cria condições favoráveis ao desenvolvimento de enfermidades, doenças fúngicas, em particular o míldio, além de que o excesso de água no solo pode provocar ruptura da película.

4. MATERIAIS E MÉTODOS Para o estudo do clima da safra de 2010, foram utilizados os dados meteorológicos e as normais climatológicas da estação da Embrapa Uva e Vinho, Bento Gonçalves, RS (latitude 29º 09 44 S; longitude: 51 31 50 W). Essa estação localiza-se na altitude de 640m e tem sido utilizada para caracterizar o comportamento da videira da Serra Gaúcha, embora a videira seja cultivada, nessa região, em distintos topoclimas e altitudes que variam de 200m a 900m. Essa Normal Climatológica é o valor padrão reconhecido de um elemento meteorológico, considerando a média de sua ocorrência em um determinado local, por um número determinado de anos, ou seja, é o valor médio de dados referentes a qualquer elemento meteorológico calculado para períodos padronizados de trinta anos, que serve como um padrão para que valores de um dado ano possam ser comparados, a fim ser conhecido o seu grau de afastamento da normal, e atualmente compreendem três momentos: 1901/1930-1ª normal climatológica, 1931/1960-2ª normal climatológica, 1961/1990-3ª normal climatológica e 1991/2020-4ª normal climatológica (ainda em avaliação e registro. Foram comparados os dados meteorológicos da safra 2010 com a normal climatológica 1961/1990, nos principais estádios fenológicos da videira, e comparados também valores de graduação e quantidade de uva da safra de 2005, destaque dos últimos anos, com a safra de 2010, informações estas obtidas em uma empresa vinícola da cidade, para melhor interpretação da influência do clima sobre a qualidade e quantidade de uva produzida.

Estação Agroclimática da Embrapa Uva e Vinho, Bento Gonçalves, RS Tabela 1 Normal climatológica - Dados médios do período de 1961 a 1990 MÊS TEMPERATURA DO AR (º C) PRECIPITAÇÃO (mm) DIAS COM PRECIPITAÇÃO UMIDADE (%) INSOLAÇÃO VELOCIDADE MÉDIA Média Máxima Mínima (nº) VENTO (m/s) JANEIRO 21,8 27,8 17,3 140 12 75 231 1,5 FEVEREIRO 21,7 27,5 17,3 139 11 77 199 1,5 MARÇO 20,3 26,0 16,1 128 10 78 208 1,5 ABRIL 17,5 22,9 13,3 114 9 78 173 1,5 MAIO 14,5 20,0 10,4 107 9 79 162 1,5 JUNHO 12,8 17,9 8,6 157 10 79 142 1,6 JULHO 12,9 18,2 9,1 161 11 78 154 1,8 AGOSTO 13,6 19,2 9,3 165 11 76 159 1,8 SETEMBRO 14,9 20,4 10,6 185 12 76 162 1,9 OUTUBRO 17,0 22,8 12,3 156 11 74 192 1,8 NOVEMBRO 18,9 24,8 14,2 140 10 73 219 1,7 DEZEMBRO 20,7 26,7 16,0 144 10 72 239 1,6 Média / Total Anual 17,2 22,9 12,9 145 11 76 187 1,6 Fonte: http://www.cnpuv.embrapa.br/servicos/meteorologia/bento-normais.html

Coordenadas Geográficas da Estação: Latitude: 29 09'44" S Longitude: 51 31'50" W Altitude: 640m Tabela 2 Dados meteorológicos da Serra Gaúcha do período de 2009/2010 MÊS TEMPERATURA DO AR (º C) 2009 Média Máxima Mínima PRECIPITAÇÃO (mm) DIAS COM PRECIPITAÇÃO (nº) UMIDADE (%) INSOLAÇÃO (horas) VELOCIDADE MÉDIA VENTO (m/s) MAIO 15,6 20,8 11,1 134,7 8 79 162,3 1,9 JUNHO 11,2 15,9 7,5 82,9 9 80 155,4 1,9 JULHO 10,2 15,1 6,3 97,8 11 78 144,9 1,9 AGOSTO 15,2 20,8 10,3 257,9 13 78 183,0 2,1 SETEMBRO 14,6 19,2 10,2 411,7 18 84 134,4 2,1 OUTUBRO 16,7 22,6 12,0 145,1 14 75 194,1 2,2 NOVEMBRO 21,6 26,7 17,6 359,5 16 83 141,1 1,9 DEZEMBRO 21,2 26,4 17,0 232,6 13 80 224,3 1,9 2010 JANEIRO 22,0 26,8 18,1 296,4 17 83 189,2 1,9 FEVEREIRO 23,0 28,4 19,1 167,1 14 79 205,3 2,0 MARÇO 20,7 25,6 16,8 57,2 15 81 192,5 1,9 ABRIL 17,5 22,4 13,4 142,1 12 79 180,1 1,9 Média / Total Anual 17,5 22,6 13,3 198,8 13 80 175,6 2,0 Fonte: http://www.cnpuv.embrapa.br/prodserv/meteorologia/bento-mensais.html - Aumentou comparado com a Normal Climatológica - Diminui comparado com a Normal Climatológica

Tabela 3 Dados meteorológicos da Serra Gaúcha do período de 2004/2005 TEMPERATURA MÊS DO AR (º C) 2004 Média Máxima Mínima PRECIPITAÇÃO (mm) DIAS COM PRECIPITAÇÃO (nº) UMIDADE (%) INSOLAÇÃO (horas) VELOCIDADE MÉDIA VENTO (m/s) MAIO 13,1 17,2 9,8 171,7 15 86 121,0 1,4 JUNHO 14,4 19,3 10,4 76 10 80 162,9 1,7 JULHO 11,8 16,8 7,7 189,9 11 76 170,8 2,0 AGOSTO 14,2 20,0 9,4 41,9 8 72 193,2 1,7 SETEMBRO 17,2 22,7 13,0 167,6 16 77 145,2 1,9 OUTUBRO 16,6 22,7 11,6 164,7 10 71 245,8 2,0 NOVEMBRO 18,4 23,8 13,8 144,4 11 75 207,6 2,0 DEZEMBRO 20,5 26,3 15,7 53,6 8 70 249,9 2,0 2005 JANEIRO 23,1 29,6 17,8 51,9 7 66 281,2 1,8 FEVEREIRO 22,1 28,8 17,4 54,5 7 69 221,7 2,1 MARÇO 21,5 27,4 17,0 125,3 7 71 235,6 1,8 ABRIL 17,6 22,3 13,9 181 15 84 127,1 1,7 Média / Total Anual 17,5 23,1 13,1 118,5 10 75 196,8 1,8 Fonte: http://www.cnpuv.embrapa.br/prodserv/meteorologia/bento-mensais.html - Aumentou comparado com a safra 2009/2010 - Diminuiu comparado com a safra 2009/2010

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES As análises apresentadas referem-se às condições climáticas, que podem apresentar grande influência em uma safra, mas quando se trata da qualidade das uvas e dos vinhos devem-se levar em consideração, também, as condições de solo, manejo e produção dos vinhedos e tecnologia de vinificação. Quanto ao repouso vegetativo as baixas temperaturas que ocorrem em junho, julho e agosto são fundamentais para a videira da Serra Gaúcha, o inverno de 2009, comparado com a normal, apresentou temperaturas mais baixas (Figuras 1, 2 e 3), nos meses de junho e julho ocorreram menos chuvas (Figura 4) apesar dos dias com precipitação permanecerem constantes, assim como a umidade, já as horas de sol (Figura 7) e os ventos aumentaram (Figura 8). As videiras brotam no final do inverno início da primavera, à medida que ocorre aumento da temperatura, em 2009 isso ocorreu em meados do início de outubro, sendo que em setembro, as temperaturas se apresentaram mais baixas em relação à normal e em novembro, tiveram significante aumento, com isso, à medida que ocorre o aumento da temperatura as videiras começam a brotar no caso, as precoces começaram a brotar no final de setembro início de outubro, enquanto as tardias iniciaram a brotação no final de outubro início de novembro (Figuras 1, 2 e 3). A precipitação pluviométrica (Figura 4) foi bem superior à normal em setembro e inferior em outubro, onde ambos os meses apresentaram maior número de dias com chuvas (Figura 5). A floração e frutificação é um dos períodos mais críticos para a videira, pois define em grande parte, a quantidade de uva a ser colhida na safra. Este período não apresentou muita diferença com relação à temperatura, porém os dias de precipitação e conseqüentemente as chuvas aumentaram (Figuras 4 e 5), assim como a umidade (Figura 6) e a velocidade média do vento (Figura 8). A maturação é o subperíodo que mais define a qualidade de uma safra. No subperíodo de maturação, dias ensolarados e com reduzida precipitação são fundamentais para a obtenção de uvas sadias e com equilibrada relação açúcar/acidez Em fevereiro, ocorreu aumento em todos os dados meteorológicos, sendo importante destacar que foi nesse mês que o vento apresentou o maior aumento comparado com a normal (Figura 8). E em março, a

quantidade de chuva (Figura 4) caiu menos da metade mesmo apresentando mais dias com precipitação (Figura 5). Já na safra de 2005, comparada com a safra de 2010, apresentou a precipitação pluviométrica menor e a insolação maior (Figura 13 e 16), além do que em 2005 estes fatores estiveram muito próximas da normal, tanto em setembro como em outubro, propiciando assim boas condições para a brotação da videira, floração e frutificação, o oposto se comparado com a safra de 2010, que apresentou maior precipitação pluviométrica e menor insolação. De um modo geral, as uvas da safra de 2005 foram colhidas não em função do estado sanitário, mas sim pelo grau de maturação das uvas. Assim, as condições climáticas, aliadas ao correto manejo das videiras, possibilitaram que as uvas permanecessem por mais tempo no vinhedo e atingissem a maturação desejada. Resumindo, as condições meteorológicas da vindima de 2005 foram excepcionais, comparada à normal e à 2010, com maior quantidade de horas de brilho solar (Figura 16), menor precipitação pluviométrica (Figura 13) e menor número de dias de chuva (Figura 14), tudo isso permitiu o prolongamento da maturação das uvas o que possibilitou às bagas sintetizar e acumular mais açúcares, pigmentos, taninos, substâncias aromáticas e seus precursores, assim, o clima, aliado as adequadas técnicas de cultivo e ao elevado grau de sanidade e de maturação obtidos destacam esta safra como uma das melhores safras da Serra Gaúcha.

25 20 15 10 5 0 mai/09 jun/09 jul/09 ago/09 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 Normal Ocorrida Figura 1 Comportamento meteorológico (temperatura média) na safra de 2010 em relação á normal climatológica (1961/1990) Bento Gonçalves,RS. Fonte: Embrapa Uva e Vinho 30 25 20 15 10 5 0 mai/09 jun/09 jul/09 ago/09 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 Normal Ocorrida Figura 2 Comportamento meteorológico (temperatura máxima) na safra de 2010 em relação á normal climatológica (1961/1990) Bento Gonçalves,RS. Fonte: Embrapa Uva e Vinho

20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 mai/09 jun/09 jul/09 ago/09 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 Normal Ocorrida Figura 3 Comportamento meteorológico (temperatura mínima) na safra de 2010 em relação á normal climatológica (1961/1990). Bento Gonçalves,RS. Fonte: Embrapa Uva e Vinho 450 400 350 300 250 200 150 100 50 mai/09 jun/09 jul/09 ago/09 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 Normal Ocorrida Figura 4 Comportamento meteorológico (Precipitação-mm) na safra de 2010 em relação á normal climatológica (1961/1990). Bento Gonçalves,RS. Fonte: Embrapa Uva e Vinho

20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 mai/09 jun/09 jul/09 ago/09 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 Normal Ocorrida Figura 5 Comportamento meteorológico (Precipitação-dias) na safra de 2010 em relação á normal climatológica (1961/1990). Bento Gonçalves,RS. Fonte: Embrapa Uva e Vinho. 85 80 75 70 65 60 mai/ jun/09 jul/09 ago/09 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 Normal Ocorrida Figura 6 Comportamento meteorológico (umidade -%) na safra de 2010 em relação á normal climatológica (1961/1990). Bento Gonçalves,RS. Fonte: Embrapa Uva e Vinho.

250 220 190 160 130 100 mai/09 jun/09 jul/09 ago/09 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 Normal Ocorrida Figura 7 Comportamento meteorológico (insolação - horas) na safra de 2010 em relação á normal climatológica (1961/1990). Bento Gonçalves,RS. Fonte: Embrapa Uva e Vinho. 2,2 2 1,8 1,6 1,4 1,2 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 mai/09 jun/09 jul/09 ago/09 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 Normal Ocorrida Figura 8 Comportamento meteorológico (velocidade média do vento m/s) na safra de 2010 em relação á normal climatológica (1961/1990). Bento Gonçalves, RS. Fonte: Embrapa Uva e Vinho.