TOMATE PARA INDÚSTRIA

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Transcrição:

FICHA DE INTERNACIONALIZAÇÃO TOMATE PARA INDÚSTRIA CENÁRIO DE ANTECIPAÇÃO BREVE CARATERIZAÇÃO DIAGNÓSTICO O ANÁLISE INTERNA - PONTOS FORTES O ANÁLISE INTERNA - PONTOS FRACOS O ANÁLISE EXTERNA - OPORTUNIDADES OU OPORTUNIDADES LATENTES FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO CENÁRIO DE ANTECIPAÇÃO Aumento das exportações, assente na qualidade excecional e consolidação das estratégias de Internacionalização do Tomate para Indústria A elevada qualidade deste produto, associada a um perfil empresarial muito dinâmico, que tem apostado, ao longo dos anos, na inovação e na especialização tecnológica da produção de tomate para transformação, constituem as principais vantagens competitivas deste produto. A concentração empresarial registada, na última década, deu também à indústria a escala necessária à competição no mercado global. Esta realidade explica a posição que Portugal ocupa no ranking mundial de exportação (ocupando o quarto lugar em 2012), ultrapassando a Espanha e deixando a grande distância o sexto classificado, a Turquia. Um conjunto de circunstâncias, entre as quais se destacam, o reforço do desenvolvimento das relações entre produção e indústria numa base contratual, o aumento de produtividade e, por último, os ganhos continuados de quota de mercado em segmentos muito exigentes no domínio da qualidade e da inovação (UE, Japão e Federação da Rússia), está na origem do reforço do posicionamento competitivo deste setor. Nota: Existem, em Portugal, 9 unidades industriais, das quais duas são detidas por capital inglês e japonês e outras duas são detidas por capital espanhol (Jan. 2013). BREVE CARACTERIZAÇÃO Tendo em conta os critérios 1.- Relevância em termos da contribuição para as exportações e/ou o valor acrescentado da economia e 2.- Relevância em termos de efeito multiplicador na criação de valor ao longo da cadeia de produção e transformação, analisámos o Tomate para Indústria, produto com longa tradição de produção em determinadas regiões do País e com uma forte presença nos mercados internacionais há mais de três décadas, sendo de destacar os seguintes aspetos:

Portugal produz 1.200.000 toneladas de tomate para a indústria, tendo ao longo das últimas décadas, registado progressos relevantes na produtividade, atingindo neste domínio médias superiores à média da UE; A evolução registada na área e na quantidade de tomate produzido para a indústria, entre 2001 e 2010, dá indicações de uma cultura sustentável, bem adaptada às condições edáfo-climáticas de determinadas zonas e portadora de um perfil tenológico evoluído nas diversas fases da cadeia de valor; A nível europeu, os maiores produtores de tomate são Itália, Espanha, Portugal, Grécia, França e Polónia; Portugal é o único país do mundo que exporta a quase totalidade da sua produção de tomate transformado (93%), com lugar de destaque para os mercados da UE e Japão; As exportações (saídas) de tomate preparado ou conservado, aumentaram cerca de 68% na última década, ultrapassando as 200.000 ton em 2011; Na última década, sobretudo a partir de 2005, registou-se um aumento constante na exportação deste produto, com maior relevância nas exportações para países terceiros, que aumentaram significativamente, passando de 20.000 ton em 2000, para 54.000 ton em 2011; O saldo da Balança Comercial é manifestamente positivo (83M e 142M, respetivamente, em 2000 e 2011), representando as quantidades importadas ao longo dos últimos dez anos, menos de 10% da quantidade exportada; O peso das exportações de tomate preparado ou conservado (em valor) no sector Agroalimentar e pescas é de 4,7% em 2009; É visível o desenvolvimento de estratégias de diferenciação pela qualidade e de diversificação do produto, que têm contribuído para o reforço da posição de Portugal no mercado global; O mercado do Reino Unido constitui o principal destino deste produto hortícola transformado, com 70.858 ton em 2010, representando cerca de 1/3 do total exportado;

Especial destaque para o mercado japonês que, em 2010, registou um aumento muito expressivo na compra deste produto, com um acréscimo aproximado de 63% em relação a 2009 (importando 13.000 ton e 20.500 ton, respectivamente em 2009 e 2010); Os termos de troca têm registado, sobretudo desde 2004, uma convergência acentuada.

DIAGNÓSTICO Análise Interna Pontos Fortes Cerca de 70% das exportações/saídas destinam-se a mercados da UE, como Reino Unido, Alemanha, Países Baixos e Espanha e fora da UE, ao Japão; Produto com longa tradição na produção nacional, impulsionado, numa primeira fase (há quatro décadas), por via de parcerias com empresas americanas, mantém atualmente uma posição consolidada no mercado externo; Sexto produtor mundial do setor, depois dos EUA, China, Itália, Espanha e Chile; Principal produção horto-industrial de Portugal, ocupando cerca de 16.500ha de regadio; Concentração da oferta por Organizações de Produtores com dimensão relevante que atuam em parcerias com a indústria, numa base contratual, com benefícios mútuos de garantia de escoamento e disponibilidade de produção e, simultaneamente, de estabilidade de preços; Excelentes condições para a produção e transformação do tomate tendo em conta as exigências edafo-climáticas e de aprovisionamento do produto; O Grau de Autoaprovisionamento é muito elevado, variando de 250 a 400%; As exportações (saídas) constituírem mais de 93% do volume da produção nacional; Áreas relativamente estáveis e produções crescentes (maiores produtividades), desde 2000.

Análise Interna Pontos Fracos Custos de produção mais elevados relativamente aos existentes nos países produtores de tomate para indústria, nomeadamente, dos produtos fitofarmacêuticos, o que retira capacidade de concorrência às nossas empresas; Limitada capacidade de negociação do preço pelo produtor e grande peso da grande distribuição na margem de comercialização deste tipo de produto; Apoios diretos terminam em 2012 pode levar a um abandono da atividade e à escassez de matériaprima, podendo contudo, a partir de 2012, candidatar-se aos pagamentos complementares (DN2/2010); Fraco consumo interno, dependência do mercado externo, exportamos 93% da produção. Análise Externa Oportunidades ou Oportunidades Latentes Apoio à produção concentrada no financiamento do fundo operacional (FO) dos Programas Operacionais das Organizações de Produtores reconhecidas (OP); Apoios ao investimento e às medidas agroambientais a níveis inferiores aos que ocorrem nos outros países da UE, nomeadamente, em Espanha, o principal concorrente para esta gama de produtos; Redução sustentada e muito significativa do número de produtores com tendência para um aumento de área e produções médias por produtor, e consequente acréscimo das produtividades (cerca de 40%); Elevado grau de conhecimento técnico e de especialização tecnológica na produção de tomate para transformação; As unidades de transformação existentes são na maioria dos casos, os únicos equipamentos industriais da região onde se inserem, sendo por isso fator de desenvolvimento regional que fomenta emprego e o equilíbrio social; Há uma procura crescente, embora com tendência a estabilizar, que também é estimulada pelo aumento do consumo em alguns países em desenvolvimento (China e Índia, acima de tudo). No entanto, embora as perspetivas permaneçam positivas (não existem verdadeiros substitutos para o tomate), o padrão de exigência deve ser continuamente monitorizado. FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO Deficiente organização de fileira, integração vertical e cooperação empresarial; Perspectivas de estabilidade da procura no mercado doméstico; Baixo grau de utilização dos instrumentos existentes, pela desadequação dos mesmos às reais necessidades;

Regimes de incentivos à agricultura, desenvolvimento rural e pescas (PRODER e PROMAR), apoiam apenas a promoção de produtos com menções especiais (ex.dop s), que na maior parte das vezes não têm dimensão crítica para a internacionalização; Falta de suporte institucional, nomeadamente, na disponibilização de informação inteligente e na Diplomacia Económica; Falta de estratégia conjunta entre o sistema financeiro e as empresas e/ou associações para partilha do risco nos processos de internacionalização.