FEOCROMOCITOMA MALIGNO EM CÃO: RELATO DE CASO* MALIGNANT PHEOCHROMOCYTOMA IN A DOG: A CASE REPORT

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Transcrição:

FEOCROMOCITOMA MALIGNO EM CÃO: RELATO DE CASO* MALIGNANT PHEOCHROMOCYTOMA IN A DOG: A CASE REPORT Valter dos Anjos Almeida 1 e Fabiana Lessa Silva 2 ABSTRACT. Almeida, V. dos A. & Silva, F.L. [Malignant pheochromocytoma in a dog: a case report.] Feocromocitoma maligno em cão: relato de caso. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, 31(4):237-242, 2009. Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais, Universidade Estadual de Santa Cruz, Salobrinho, Ilhéus, BA 45662-000, Brasil. E.mail: fabiana.lessa@gmail.com This case reports a malignant pheochromocytoma with metastasis in peri-portal lymph node, liver and heart (right atrium) in a male Cocker dog. The diagnosis was made with help of ultrasonographic examination, exploratory laparotomy followed by histopathology. The animal died 20 months after diagnosis establishment. KEY WORDS. Dog, malignant neoplasia, metastasis. RESUMO. Este relato descreve o caso de um feocromocitoma maligno com metástases no linfonodo periportal, fígado e coração (átrio direito) num cão macho da raça Cocker. O diagnóstico foi feito com auxílio de exame ultrassonográfico e laparotomia exploratória seguida de histopatologia. O animal veio a óbito 20 meses após o estabelecimento do diagnóstico. PALAVRAS-CHAVE. Cão, neoplasia maligna, metástases. INTRODUÇÃO O feocromocitoma é um tumor de origem neuroectodérmica que surge a partir de células cromafins (feocromócitos) e é a neoplasia mais comum com origem na medula adrenal dos animais domésticos (Bouayad et al., 1987; Gilson et al., 1994b; Barthez et al., 1997; Maher & McNeil, 1997; Diana, 2000; Capen, 2002). Na espécie canina, este tumor apresenta uma freqüência de 0,01 a 0,1% em relação aos outros tumores diagnosticados (Gilson et al.,1994b; Bailey & Page, 2007). São geralmente unilaterais e acometem cães de meia-idade a idosos, sem predisposição por raça ou sexo (Barthez et al., 1997; Maher & McNeil, 1997). Macroscopicamente, os feocromocitomas possuem tamanho variável, são multilobulados com cor variando de marrom claro a amarelado, rosa ou vermelho, devido à presença de áreas hemorrágicas e necrose (Maher & McNeil, 1997; Capen, 2002). Podem ser firmes ou friáveis, encapsulados ou parcialmente encapsulados (Bouayad et al., 1987). Microscopicamente, as células do feocromocitoma variam de pequenas células poliédricas ou cúbicas a grandes células pleomórficas com núcleos hipercromáticos. Os citoplasmas são granulares e levemente eosinofílicos. As células são organizadas em pequenos lóbulos que são separados por um fino estroma fibrovascular (Bouayad et al., 1987; Maher & McNeil, 1997; Capen, 2002). Os tumores podem ser classificados como inativos ou ativos, não invasivos ou invasivos, benignos ou malignos (Bouayad et al., 1987; Gilson et al., 1994b; Platt et al., 1998). Quando ativos, possuem a capacidade de sintetizar e secretar hormônios polipeptídicos como epinefrina, norepinefrina e ocasionalmente dopamina (Maher & McNeil, 1997; Diana, 2000). Nesses casos, o paciente acometido geralmente apresenta taquicardia, fraqueza, edema, hipertrofia cardíaca, inquietação, hipertensão e outras manifestações clínicas associadas à grande liberação destas catecolaminas pela neoplasia (Howard * Aceito para publicação em 20 de maio de 2009. 1 Médico-veterinário. Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Ilhéus, BA 45662-000, Brasil. E-mail: valter_almeida@ymail.com 2 Médica-veterinária. D.Sc. Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais, UESC, Salobrinho, Ilhéus, BA 45662-000, Brasil. E.mail: fabiana.lessa@gmail.com Rev. Bras. Med. Vet., 31(4):237-242, out/dez 2009 237

Valter dos Anjos Almeida e Fabiana Lessa Silva & Nielsen, 1965 citado por Capen, 2002; Bouayad et al., 1987; Gilson et al., 1994b; Maher & McNeil, 1997). Os tumores inativos podem gerar sinais clínicos por compressão e invasão de estruturas adjacentes (Maher & McNeil, 1997; Capen, 2002). A invasão da veia cava caudal ocorre em aproximadamente 15 a 38% dos casos (Bouayad et al., 1987; Gilson et al., 1994b), podendo causar distensão venosa na porção posterior à obstrução, resultando em ascite, edema dos membros pélvicos e distensão das veias epigástricas localizadas ao longo da parede ventral do abdome (Maher, 1994; Maher & McNeil, 1997). Existem poucos relatos de feocromocitoma maligno com múltiplas metástases nos animais domésticos (Bouayad et al., 1987; Barthez et al., 1997), sendo infrequente a presença deste tipo de neoplasia com características funcionais nos animais (Bouayad et al., 1987; Capen, 2002). Em vista disso, o objetivo deste trabalho é relatar os achados clínicos e anatomopatológicos de um caso de feocromocitoma maligno metastático em cão adulto da raça Cocker Spaniel Inglês. MATERIAL E MÉTODOS Um cão da raça Cocker Spaniel Inglês, macho, de cor caramelo, com cinco anos e oito meses de idade, pesando 17 kg manifestou episódios de vômitos esporádicos e náuseas. O animal alimentava-se de comida caseira e ração comercial. Aproximadamente um ano depois, o animal apresentou disúria e polaciúria. Houve suspeita de infecção urinária e para confirmação do diagnóstico foi solicitado hemograma e sumário de urina. Após o diagnóstico, o animal foi tratado com antibiótico de amplo espectro via oral (amoxicilina - 15mg/kg de peso vivo a cada 12 horas), durante um período de 15 dias, após o qual houve completa remissão dos sintomas. Quinze dias após o fim do tratamento, houve recidiva do quadro clínico. Realizou-se então cistocentese e nova urinálise com urocultura e antibiograma para averiguação dos possíveis agentes envolvidos na gênese do processo e da sensibilidade destes aos agentes terapêuticos. O animal foi então novamente submetido à terapia com amoxicilina (20mg/kg de peso vivo a cada 12 horas) por período de tempo superior ao anteriormente utilizado (30 dias) após o qual houve completo desaparecimento dos sinais clínicos. Aproximadamente quatro meses depois, o cão voltou a manifestar disúria e polaciúria. Além da realização de nova urinálise, foi solicitado ultrassonografia 238 abdominal para verificação de anormalidades que pudessem justificar a sintomatologia clínica apresentada. Cinco meses após a realização do exame ultrassonográfico, o paciente foi submetido a uma laparotomia exploratória para verificação da extensão da lesão (massa abdominal) observada à ultrassonografia e avaliação da possibilidade de exérese cirúrgica. Durante o procedimento cirúrgico realizou-se biópsia incisional com obtenção de dois fragmentos da massa abdominal, um medindo 9 x 4 x 3 mm e outro 4 x 3 x 2 mm, ambos com consistência firme, aspecto sólido e coloração branco-amarelada à acastanhada. As amostras foram fixadas em solução de formol e encaminhadas para análise histopatológica. Após o estabelecimento do diagnóstico, foi prescrita mudança na dieta do animal que passou a se alimentar de arroz, frango e alguns legumes sem adição de sal e/ou temperos. Nas ocasiões em que o animal ingeria ração comercial, frequentemente ocorriam episódios de vômitos, aproximadamente uma hora após a ingestão dos alimentos. O animal foi devidamente acompanhado e tratado sintomaticamente; no entanto, não foi submetido a nenhum tratamento específico. Nos meses seguintes, o cão manifestou episódios esporádicos de infecção urinária, sendo, nessas ocasiões, tratado com amoxicilina (20mg/kg de peso vivo a cada 12 horas por no mínimo sete dias). Os vômitos tornaram-se cada vez mais frequentes, sendo controlados com administração de metoclopramida (0,5 mg/kg de peso vivo, via oral) e omeprazol (1,0 mg/kg de peso vivo a cada 24 horas, via oral). Em março de 2008, o cão foi submetido à nova avaliação clínica e exames complementares. Nos meses que antecederam a morte, o animal apresentou emagrecimento progressivo apesar da ingestão normal de alimentos, cansaço fácil, tosses improdutivas, edema nos membros posteriores, áreas de hemorragia na pele abdominal e diarréias. O animal veio a óbito no dia 12 de junho de 2008, um ano e oito meses após a realização da laparotomia exploratória. O cadáver foi submetido à necropsia no Setor de Anatomia Patológica do Hospital de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia (UFBa). Durante a necropsia, foram coletados fragmentos dos tecidos e órgãos com lesões aparentes para histopatologia. RESULTADOS A primeira urinálise revelou presença de quantidade discreta de proteínas, bactérias, leucócitos, cé- Rev. Bras. Med. Vet., 31(4):237-242, out/dez 2009

Feocromocitoma maligno em cão: relato de caso lulas epiteliais renais, cilindros hialinos e granulosos, cristais de estruvita e piócitos (10-12 células por campo). O hemograma realizado na mesma época não mostrou alterações significativas. A segunda urinálise realizada revelou quantidade discreta de bilirrubina, células epiteliais renais e da bexiga, cilindros hialinos e granulosos, moderada quantidade de proteínas, bactérias, leucócitos, piócitos e grande quantidade de hemácias. Na urocultura isolou-se Proteus mirabilis (acima de 1.000.000 UFC/ml), que se mostrou sensível ao agente terapêutico utilizado nos tratamentos. A terceira urinálise revelou alterações semelhantes às encontradas anteriormente. Ao exame ultrassonográfico, verificou-se que fígado, baço, pâncreas, próstata, rim direito e glândula adrenal direita se apresentavam normais. O rim esquerdo (Figura 1A) encontrava-se discretamente deslocado em relação à sua localização topográfica habitual, com formato alongado e medindo 6,45cm de comprimento, com arquitetura interna bem preservada e boa relação córtico-medular; no entanto, com contornos discretamente irregulares. A bexiga apresentou-se com forma, contornos e distensibilidade normais; porém, havia conteúdo anecogênico com presença de inúmeras imagens puntiformes ecogênicas em suspensão. A aorta abdominal foi bem visualizada em toda sua extensão com paredes regulares e normoecogênicas. Não houve nenhuma evidência de adenopatia para-aórtica. Medialmente ao rim esquerdo, na região correspondente à glândula adrenal, observou-se presença de uma formação sólida, ovalada, medindo cerca de 7,12 cm x 8,90 cm em seus eixos maiores, com contornos irregulares, hipoecogênica e com ecotextura discretamente heterogênea (Figura 1B). A imagem ultrassonográfica foi sugestiva de processo expansivo (neoplásico). Durante a realização do Doppler colorido constatou-se a vascularização interna da massa indicando processo de neoangiogênese tumoral (Figura 1D). À laparotomia verificou-se que a massa possuía aproximadamente 15 cm de diâmetro, com consistência firme e rica em vascularização. Adicionalmente, apresentava-se aderida ao rim esquerdo, epíplon, alças intestinais, pâncreas e parede abdominal dorsal, impossibilitando sua remoção cirúrgica. As características macroscópicas da massa levaram a suspeita clínica de adenocarcinoma. A histopatologia das amostras obtidas durante a laparotomia detectou a presença de neoplasia na qual as células organizavam-se em pequenos grupos delimitados por estroma conjuntivo delicado. Os citoplasmas das células neoplásicas apresentavam limites indefinidos e continham grânulos anfofílicos delicados ou vacúolos lipídicos. Os núcleos eram esféricos, continham apenas um nucléolo e exibiam fre- Figura 1. Imagens ultrassonográficas da massa abdominal. Notar forma alongada e irregular do rim esquerdo (1A), presença da grande massa abdominal (1B), relação da massa com o rim esquerdo (1C) e vascularização interna da massa indicando um processo de neoangiogênese tumoral (1D). Rev. Bras. Med. Vet., 31(4):237-242, out/dez 2009 239

Valter dos Anjos Almeida e Fabiana Lessa Silva quente gigantismo. O índice mitótico observado foi baixo. As características microscópicas observadas levaram ao diagnóstico de feocromocitoma. Apesar das características histológicas observadas, não foi possível classificar a neoplasia como benigna ou maligna. Durante a avaliação clínica realizada em março de 2008 constatou-se, à auscultação, arritmia cardíaca. Ao raio-x, foi verificado aumento da área cardíaca e no eletrocardiograma verificou-se ondas t irregulares, sugerindo hipertrofia ventricular esquerda. O hemograma revelou anemia normocítica. Ao exame necroscópico, verificou-se edema generalizado bastante pronunciado no tecido subcutâneo da região cervical ventral e nos membros e grande área hemorrágica (medindo aproximadamente 16,0 x 10,7 cm) com formação de hematoma, no subcutâneo da região abdominal. Na cavidade peritoneal foi encontrado aproximadamente 400 ml de conteúdo viscoso, coagulado, de coloração avermelhada associado a estrias fibrinosas (exsudato); o peritônio parietal apresentava áreas rugosas com focos hemorrágicos. Observou se a presença de uma grande massa que mantinha aderência parcial ao epíplon, lobos hepáticos, mesentério, baço, alças intestinais e rins. Essa massa apresentava aspecto ovalado, era encapsulada e bastante vascularizada, com superfície nodular e irregular, de coloração brancacenta intercalada por áreas de hemorragia, com consistência firme medindo 10,0 x 17,5 x 15,0 cm e pesando aproximadamente 900g. A massa localizava-se entre os rins, envolvendo-os, e encontrava-se aderida aos linfonodos mesentéricos e peri-portais. A superfície de corte mostrou aspecto granular, coloração brancoacinzentada, com áreas hemorrágicas, necróticas e mineralizadas. O rim direito mostrava-se envolto pela massa neoplásica, diminuído de tamanho em relação ao contralateral (8,5 x 5,0 cm), pálido com cápsula aderida e espessada além de área brancacenta que se aprofundava ao corte. O rim esquerdo também estava pálido e com cápsula espessada. No fígado foram encontradas múltiplas formações nodulares de coloração branco-amarelada, variando de 0,5 a 2,0 cm de diâmetro, sendo que algumas apresentavam aspecto umbilicado e se aprofundavam no parênquima, ao corte. Os linfonodos peri-portais encontravam-se aumentados de volume, consistentes e de coloração brancacenta. No interior do saco pericárdico observou-se grande quantidade de líquido seroso de tonalidade levemente avermelhada. O 240 coração apresentou-se dilatado e com coloração pálida. À secção do átrio direito constatou-se a presença de massa peduncular, de coloração brancacenta medindo 0,7 x 0,5 x 0,6 cm. Observou-se também espessamento nodular significativo das válvulas atrioventriculares. A avaliação microscópica da massa abdominal confirmou o diagnóstico de feocromocitoma (Figura 2). No linfonodo peri-portal, fígado e coração fo- Figura 2. Fotomicrografia de fragmento da massa abdominal. Observar grupos de células neoplásicas e estroma fibrovascular. H.E, 200X. ram observadas áreas com características histológicas semelhantes às encontradas na neoplasia, massa abdominal, indicando a ocorrência de metástases nesses órgãos. Nos rins observaram-se espessamento da parede de capilares glomerulares com deposição de material amorfo eosinofílico, além de infiltrado inflamatório linfo-plasmocitário intersticial multifocal. DISCUSSÃO Os feocromocitomas em cães são usualmente benignos, com potencial para invasão local. O presente relato descreve a ocorrência de feocromocitoma maligno associado a múltiplas metástases num cão de meia-idade. A maioria dos sinais clínicos observados em animais com feocromocitoma são inespecíficos e resultantes da secreção de catecolaminas. Outros, podem ser decorrentes da presença direta da massa tumoral e de sua compressão mecânica sobre estruturas adjacentes (Bouayad et al., 1987). No animal em questão, foram observados sinais, tais como depressão, letargia, fraqueza, perda de peso, anorexia, distensão abdominal, ascite, vômito, diarréia, tosse, polipnéia, arritmia e insuficiência cardíaca, que são consisten- Rev. Bras. Med. Vet., 31(4):237-242, out/dez 2009

Feocromocitoma maligno em cão: relato de caso tes com aqueles descritos na literatura (Bouayad et al., 1987, Gilson et al., 1994b; Maher & McNeil, 1997). A observação de sinais, tais como distensão abdominal com ascite e edema de membros posteriores, podem estar relacionadas à invasão da veia cava caudal, de acordo com Bouayad et al. (1987) e Gilson et al. (1994b). Entretanto, a localização da massa no cão deste relato impediu a visualização do percurso da veia cava caudal entre os rins. A ausência de manifestação de sinais como midríase e insônia, observados por Carvalho et al. (2004), pode indicar baixa atividade funcional do tumor, neste caso. O feocromocitoma tem participação em 0,1 a 0,5% de todos os casos de hipertensão diastólica canina (Berzon, 1981 citado por Platt et al., 1998). Proteinúria e hematúria têm sido encontradas em pacientes com feocromocitoma, provavelmente como resultado de glomerulopatia hipertensiva (Feldman & Nelson, 1987 citado por Maher 1994; Maher & McNeil, 1997; Platt et al., 1998). O espessamento dos capilares glomerulares associado à deposição de material hialino neste animal sugere glomerulopatia hipertensiva associada à secreção de catecolaminas pelo tumor. Adicionalmente, a proteinúria e hematúria observadas, também indicam presença de lesão glomerular. Estudos retrospectivos demonstraram a ocorrência de metástases em 14 a 23% dos casos de feocromocitomas em cães (Gilson et al., 1994b; Barthez et al., 1997). Quando presentes, as metástases geralmente acometem os pulmões, fígado, baço e linfonodos regionais (Howard & Nielsen, 1965 citado por Capen, 2002). Adicionalmente, são relatadas metástases no coração (Gilson et al., 1994b; Sako et al., 2001), no canal vertebral (Bouayad et al., 1987; Platt et al., 1998), diafragma e ovário de cadelas com feocromocitoma (Bouayad et al., 1987). No presente trabalho verificou-se e ocorrência de metástases nos linfonodos periportais, fígado e coração. A variedade de sinais clínicos e a ausência de achados específicos durante o exame físico dificultam o diagnóstico clínico do feocromocitoma. Na maioria das vezes, os tumores são diagnosticados pela realização de histopatologia de amostras obtidas durante exames post mortem (Maher & McNeil, 1997; Capen, 2002). Estudos realizados demonstraram que em 27 a 85% dos casos, os diagnósticos foram feitos após a morte (Bouayad et al., 1987; Gilson et al., 1994b; Maher & McNeil, 1997). O exame histopatológico realizado através da biópsia incisional realizada na laparotomia exploratória confirmou o diagnóstico ante mortem no cão do presente relato. O exame ultrassonográfico pode ser uma ferramenta útil no diagnóstico deste tipo de neoplasia (Locke-Bohannon & Mauldin, 2001). Segundo Carpenter et al. (1987) citado por Maher (1994), técnicas ultrassonográficas são capazes de detectar neoplasias adrenais com dois centímetros ou mais de diâmetro. Em estudo retrospectivo, o ultrassom foi fundamental para detectar 60% dos casos de invasão da veia cava caudal nos animais que as apresentavam (Maher, 1994). A ultrassonografia abdominal também pode ser útil na detecção de metástases distantes promovidas pelo feocromocitoma (Diana, 2000). O exame ultrassonográfico foi fundamental na detecção da massa abdominal neste cão. A mensuração dos níveis de catecolaminas e seus metabólitos no sangue e na urina podem fornecer dados importantes para o diagnóstico do feocromocitoma. Nesse sentido, vários métodos podem ser empregados, como a cromatografia gasosa ou líquida, a espectrometria de massa e a análise radioenzimática. Entretanto, a reduzida disponibilidade e o elevado custo associado a este tipo de análise impedem sua aplicação na rotina prática veterinária (Maher, 1994). No animal deste relato, não foi feita a mensuração de catecolaminas. A metoclopramida utilizada como forma de controlar os vômitos apresentados pelo animal pode ter contribuído para aumento na secreção de catecolaminas pelo feocromocitoma. A administração de metoclopramida pode induzir um aumento na secreção de catecolaminas pelo tumor resultando em crises hipertensivas nos pacientes com feocromocitoma (Maher & McNiel (1997), porém, não foi verificada nenhuma crise hipertensiva no caso relatado. A decisão de remoção cirúrgica em animais com feocromocitoma é influenciada pela presença de metástases, aderências e invasão em órgãos adjacentes (Bouayad et al., 1987). O procedimento cirúrgico é a única forma de tratamento definitivo do feocromocitoma (Gilson et al., 1994a; Gilson et al., 1994b; Maher, 1994; Barthez et al., 1997; Maher & McNeil, 1997; Locke-Bohannon & Mauldin, 2001; Bailey & Page, 2007). No animal deste relato não foi possível a remoção da massa devido ao extenso comprometimento das estruturas abdominais adjacentes. Apesar disso, o animal sobreviveu por 20 meses após o estabelecimento do diagnóstico. Gilson et al., (1994a) verificaram média de 18 meses de sobrevida em pacientes após a remoção cirúrgica dos tumores. Assim sendo, é necessário verificar se o procedimento cirúrgico realmente trará benefícios para o animal. Rev. Bras. Med. Vet., 31(4):237-242, out/dez 2009 241

Valter dos Anjos Almeida e Fabiana Lessa Silva Agradecimentos: Gostaríamos de agradecer aos Médicos-veterinários e Professores, Marcus Fróes e Adamas Bonfada da Universidade Metropolitana de Educação e Cultura e a Médica-veterinária Jamille Barros que acompanharam e auxiliaram no tratamento do cão deste relato. Agradecemos também a Professora Alessandra Estrela, do Departamento de Patologia e Clínicas da UFBa, pelo apoio durante a realização da necropsia e na preparação das lâminas para histopatologia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bailey, D.B. & Page, R.L. Tumors of the endocrine system. In: Withrow, A.J. & Vail, D.M. (Ed). Small Animal Clinical Oncology. 4ª ed. Elsevier Saunders, St. Louis, 2007. p.583-609. Barthez, P.Y.; Marks, S.L.; Woo, J.; Feldman, E.C. & Matteucci, M. Pheochromocytoma in dogs: 61 cases (1984-1995). J. Vet. Int. Med., 11: 272-278, 1997. Berzon J.L. A metastatic Pheochromocytoma causing progressive paraparesis in a dog. Vet. Med.: Small An. Clin., 76:675-680, 1981. Bouayad, H.; Feeney, D.A.; Caywood, D.D. & Hayden, D.W. Pheochromocytoma in dogs: 13 cases (1980-1985). J. Am. Vet. Med. Assoc., 191:1610-1615, 1987. Capen, C.C. Tumors of the endocrine glands, p.607-696. In: Meuten, D.J. (Ed.), Tumors in Domestic Animals. 4ª ed. Iowa State University, Ames, 2002. Carpenter, J.L.; Andrews, L.K. & Holzworth, J. Tumors and tumor-like lesions, p.541-544. In: Holzworth J (Ed.), Diseases of the Cat and Surgery, v. 1, Saunders, Philadelphia. 1987. Carvalho, C.F.; Vianna, R.S.; Cruz, J.B.; Maiorino, F.C.; Andrade Neto, J.P.; Mazzei, C.R.N.; Collepicolo, M.C.Z. & Mori, E. Feocromocitoma em cão Nota prévia. Brazilian J. Vet. Res. An. Sci., 41:113-117, 2004. Diana, S.R. Diagnostic Imaging in canine phechromocytoma. Vet. Radiol. Ultras., 41:499-506, 2000. Feldman, E.C. & Nelson, R.W. Pheochromocytoma and multiple endocrine neoplasia, p.387-398. In: Feldman, E.C. & Nelson, R.W. (Eds), Canine and Feline Endocrinology and Reproduction. Saunders, Philadelphia, 1987. Gilson, S.D.; Withrow, S.J. & Orton, E.C. Surgical treatment of pheochromocytoma: technique, complications, and results in six dogs. Vet. Surg., 23:195-200, 1994a. Gilson, S.D.; Withrow, S.J.; Wheeler, S.L. & Twedt, D.C. Pheochromocytoma in 50 dogs. J. Vet. Int. Med., 8(3):228-232, 1994b. Howard, E.B. & Nielsen, S.W. Pheochromocytomas associated with hypertensive lesions in dogs. J. Am. Vet. Med. Assoc., 147:245-252, 1965. Locke-Bohannon, L.G. & Mauldin, G.E. Canine Pheochromocytoma: diagnosis and management. Comp. Cont. Edu. Pract. Vet., 23:807-814, 2001. Maher, E.R. Jr. & McNiel, E.A. Pheochromocytoma in dogs and cats. Vet. Clin. North Am.: Small An. Pract., 27:359-380, 1997. Maher, E.R. Jr. Pheochromocytoma in the dog and cat: Diagnosis and management. Seminars Vet. Med. Surg.: Small Animal, 9:158-166, 1994. Platt, S.R.; Sheppard, B.J.; Graham, J.; Uhl, E.W; Meeks, J. & Clemmons, R.M. Pheochromocytoma in the vertebral canal of two dogs. J. Am. An. Hosp. Assoc., 34:365-371, 1998. Sako, T.; Kitamura, N.; Kagawa, Y.; Hirayama, K.; Morita, M.; Kurosawa, T.; Yoshino, T. & Taniyama, H. Immunohistochemical evaluation of a malignant pheochromocytoma in a wolfdog. Vet. Pathol., 38:447-450, 2001. 242 Rev. Bras. Med. Vet., 31(4):237-242, out/dez 2009