MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO - MAPA EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA Embrapa Semi-Arido

Documentos relacionados
PREVALÊNCIA DE Bursaphelenchus cocophilus EM NÚCLEOS DE IRRIGAÇÃO DE PETROLINA-PE

Doenças da Pupunha no Estado do Paraná

Conceitos, Danos e Classificação Modesto Barreto

e ecofisiologia Edson Eduardo Melo Passos Bruno Trindade Cardoso Fernando Luis Dultra Cintra

04/03/2017. Introdução. Doenças do Coqueiro: etiologia, sintomatologia, epidemiologia e controle Patologia Florestal

DOENÇAS DE PLANTAS CULTIVADAS

Desenvolvimento do Coqueiro-Anão- Verde em Cultivo Consorciado com Laranjeira, Limoeiro e Mamoeiro

Capa (Foto: Ricardo B. Pereira).

6 Doenças. Dulce Regina Nunes Warwick Viviane Talamini

Estudo do Progresso da Resinose do Coqueiro em Sergipe

Controle químico de doenças fúngicas do milho

Fungo Phoma em Orquídeas

DOENÇAS DO QUIABEIRO

PRODUÇÃO DO COQUEIRO ANÃO-VERDE IRRIGADO NA REGIÃO LITORÂNEA DO CEARÁ: CARACTERÍSTICAS DOS FRUTOS

Padrão de Dispersão de Fungos em Mangueira Irrigada

Agiberela, conhecida também por fusariose, é uma

Viroses da bananeira

Cultivo do Milho. Sumário. Doenças. Rayado Fino Virus)

Comunicado 184 Técnico

Prevalência e Distribuição do Anel-vermelho-docoqueiro

(Foto: Ricardo Borges Pereira)

Disciplina: Fitopatologia Agrícola CONTROLE CULTURAL DE DOENÇAS DE PLANTAS

MANEJO DA MANCHA DE RAMULÁRIA E MOFO BRANCO

Epidemiologia Vegetal. Etiologia é o estudo da doença, que envolve a relação ciclo patógeno-hospedeiro-ambiente

04/03/2017. Princípios e métodos de controle de doenças de plantas Patologia Florestal. Medidas de controle. Controle:

Coqueiros no Estado do Amapá

ESTRATÉGIA DE CONTROLE DO ÁCARO DA NECROSE DO COQUEIRO, Aceria guerreronis, NO ESTADO DO CEARÁ.

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Clipping de notícias. Recife, 01 de agosto de 2017.

DIAGNÓSTICO E ORIENTAÇÃO NO MANEJO DE DOENÇAS AOS HORTICULTORES NO MUNICÍPIO DE CASSILÂNDIA MS

GRUPO DE DOENÇAS. Grupo de Doenças. Profª. Msc. Flávia Luciane Bidóia Roim. Universidade Norte do Paraná

A CULTURA DO COQUEIRO DAIANE MALASPINA; GABRIEL CATO; LAISY BERTANHA; PEDRO MUNTE

Cultivo do Milho

Conceitos MOLÉSTIA É uma sequência de eventos numa interação entre um organismo e um agente, em que, como resultado de uma ação contínua do agente, oc

Avaliação da Transmissão da Podridão Vermelha do Sisal Durante o Corte e Meios Químicos para

Nematóide é o nome utilizado para os helmintos parasitas de plantas. Nematóides são animais do Sub-Reino Metazoa e Filo Nemata

Cultivo do Sorgo

PRINCÍPIOS GERAIS DE CONTROLE

COMPLEXO DE DOENÇAS FOLIARES NA CULTURA DO AMENDOIM, NAS REGIÕES PRODUTORAS DO ESTADO DE SÃO PAULO, NA SAFRA 2015/2016

Nematoides Fitoparasitas da Cana-de-açúcar: Ocorrência, Danos e Manejo

Impacto potencial das mudanças climáticas sobre as doenças do sorgo no Brasil

6.4 CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS

Edital Nº 015/2016 PROJETO DE EXTENSÃO-GRADUAÇÃO (BEG)

PLANO DE AULA Nutrição das Plantas Autores: Ana Paula Farias Waltrick, Stephanie Caroline Schubert;

Doenças Fúngicas na Cultura da Soja:

Amaldo Ferreira da Silva Antônio Carlos Viana Luiz André Correa. r José Carlos Cruz 1. INTRODUÇÃO

Fitopatologia Geral. Princípios Gerais de Controle

Manejo da adubação nitrogenada na cultura do milho

~..u. """a. ., ISSN

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Tabuleiros Costeiros Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento A CULTURA DO COCO

Universidade Estadual de Maringá Conselho Interdepartamental - CCA

Principais Características do Anel-vermelho e Murcha-de-fitomonas

Como identificar o Cancro europeu das pomáceas

CLASSIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE PLANTAS: MCNEW GRUPO III ABSORÇÃO DE ÁGUA E SAIS MINEIRAIS. Grupo III PODRIDÕES DE RAÍZ E COLO

Doenças do Milho. Introdução. Introdução. Introdução. Enfezamentos. Enfezamentos 06/06/2017. Centro Universitário do Triângulo

I SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA EMBRAPA ACRE CLADOSPORIUM MUSAE EM BANANA COMPRIDA NO ACRE

VIOLETA DE VASO. Mín. de 08 flores abertas e demais botões

Dispêndios com Inseticidas, Fungicidas e Herbicidas na Cultura do Milho no Brasil,

Doenças do Maracujazeiro. Grupo: Carolina Colin Gabriela Venancio Luiza Soares

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

DOENÇAS ABIÓTICAS E INJÚRIAS

Nitrato de potássio pode ser utilizado por um ou mais dos seguintes motivos:

CLASSIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE MCNEW CLASSIFICAÇÃO DE DOENÇAS. temperatura luz. nutricionais umidade poluição. Abióticas. *Doenças

Critérios de Classificação Ixora.

MÉTODOS EM FITOPATOLOGIA

Gastos com Inseticidas, Fungicidas e Herbicidas na Cultura do Milho, Brasil,

Restos Vegetais da Mangueira e Sua Importância como Fonte de Inóculo em Diferentes Sistemas de Manejo

IXORA DE VASO. Altura da planta É determinado pelo tamanho da planta desde a borda do vaso até a média final das hastes florais ou folhas.

Critérios de Classificação Hortênsia Vaso.

Doenças da Raiz e do Caule da Cebola

Monitoramento e controle do bicudo da cana-de-açúcar, Sphenophorus levis Luiz Carlos de Almeida Erich Stingel Enrico De Beni Arrigoni

DOENÇAS DA PUPUNHEIRA (Bactris gasipaes Kunth)

DO GRUPO NACIONAL DE EMERGÊNCIA FITOSSANITÁRIA PARA AMARELECIMENTO LETAL DO COQUEIRO

PODRIDÃO FLORAL Medidas essenciais de controle

DOENÇAS FOLIARES DA PUPUNHEIRA (Bactris gasipaes) NO ESTADO DO PARANÁ

Pragas e Doenças. Vamos conhecer primeiro as principais pragas do jardim

CONTROLE INTEGRADO DA BROCA DA HASTE DA MANDIOCA Sternocoelus spp.

5.9 Controle de Pragas e Doenças

5 Pontos essenciais para entender e combater a podridão de colmo

Manejo dos ácaros do gênero Brevipalpus em citros e cafeeiro

Comunicado Técnico 72

GASTOS COM INSETICIDAS, FUNGICIDAS E HERBICIDAS NA CULTURA DO MILHO SAFRINHA, BRASIL,

Doenças ',' Aristóteles Pires de Matos Paulo Ernesto Meissner Filho

KALANCHOE E KALANCHOE DOBRADO DE VASO

CERCOSPORIOSE DO CAFEEIRO

PRODUÇÃO, QUALIDADE DOS FRUTOS E USO DO ARAÇAZEIRO COMO PORTA-ENXERTO DA GOIABEIRA EM ÁREAS INFESTADAS COM NEMATÓIDES

DOENÇA. Fenômeno de natureza complexa, que não tem definição precisa, mas que possui características básicas, essenciais

Comunicado Técnico 60

1 Medidas possíveis de serem utilizadas visando minimizar a incidência dos

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO TRIANGULO. Fitopatologia Básica. Professora : Fernanda G. Martins Maia

Manejo de doenças em sorgo sacarino. Dagma Dionísia da Silva Pesquisadora em fitopatologia - Embrapa Milho e Sorgo

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

~ ~ Ocorrência das principais doenças do coqueiro (Cocos nucifera. L.) em Rondônia e medidas de controle FOL-6099

HORTÊNSIA DE VASO. Formação da Planta Refere-se ao aspecto e constituição da planta.

ESALQ Helicotylenchus multicintus

Série tecnológica cafeicultura. Deficiências nutricionais Macronutrientes

MANEJO DE IRRIGAÇÃO REGINA CÉLIA DE MATOS PIRES FLÁVIO B. ARRUDA. Instituto Agronômico (IAC) Bebedouro 2003

TRATAMENTO DE SEMENTES DE SOJA COM FUNGICIDAS

OBJETIVOS DE ENSINO Geral. Específicos

Transcrição:

Semi-Árido MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO - MAPA EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA Embrapa Semi-Arido DOENÇAS DO COQUEIRO FENAGRI 2002 Petrolina - PE, 13 a 16 de novembro de 2002 Engo. Agr<>.D.Sc. Wellington Antonio Moreira Pesquisador Embrapa Semi-Árido

2 1. INTRODUÇÃO A cultura do coco (COCUS nucíferae, l.) representa importante fonte de renda e de emprego para a população do Submédio do Vale do São Francisco, cuja área cultivada é, atualmente, de cerca de 5.000 ha, da variedade anão, ecotipo verde, sob condição irrigada. O mercado de coco verde tem crescido nos últimos anos com o aumento do consumo da água de coco e o crescimento das indústrias de envasamento que vêm disponibilizando o produto, no varejo, principalmente nos supermercados, restaurantes e lanchonetes. Desse modo, a água do coco anão verde vem concorrendo no mercado de refrigerantes e bebidas isotônicas, representando, segundo o Sindicato do Coco, aproximadamente 1,4% desse mercado, que é estimado em 10 bilhões de litros por ano. A meta do Sindicato do coco é de atingir 5%, no prazo de 2 a 3 anos, ou seja, 500 milhões de litros por ano. Quanto ao aspecto fitopatológico, a cultura do coqueiro é susceptível ao ataque de inúmeros agentes fitopatológicos, o que ocasiona, além da queda de produção, a aplicação pelos cocoicultores, de defensivos agrícolas que certamente prejudicam em muito a qualidade do produto final, a água do coco. Esta implicação cria barreiras fitossanitárias principalmente pelos países desenvolvidos, que a cada ano criam leis proibindo a entrada de produtos que possam prejudicar a saúde humana. O coqueiro pode ser atacado, nas diferentes fases de seu desenvolvimento, por várias doenças. Nas condições brasileiras, as doenças variam de importância, dentro de cada região. O espectro de doenças do coqueiro, na região, é relativamente reduzido quando comparado com outras regiões do país. No entanto, a complexidade das enfermidades constatadas, nessa região, é bastante variada. Encontram-se na literatura, vários trabalhos relativos à ocorrência e severidade de doenças do coqueiro em várias regiões do Brasil (Ferreira et ai., 1994; Fontes, 1997), porém a questão fitossanitária do coqueiro ainda está carente de muitos estudos quanto à sua epidemiologia, etiologia e controle. 2. CONCEITOS Agrios (1988) define doença como o estado ou condição resultante dos processos fisiológicos anormais que se manifestam na planta do aparecimento dos sintomas. Num conceito mais amplo, Stakman & Harrar (1957) conceituam doença de planta como uma desordem fisiológica ou anormalidade estrutural que é deletéria para a planta ou para alguma de suas partes ou produtos, ou que reduz seu valor econômico. Quanto à natureza, entende-se como uma interferência em processos fisiológicos da planta levando-a a desempenho anormal em suas funções vitais, como: absorção e transporte de água e elementos minerais; síntese do seu alimento ou na sua utilização. Essa interferência pode ser entendida como um desequilíbrio no balanço energético da planta. Numa planta sadia ou normal, que se desenvolve na plenitude do seu potencial genético, existe um equilíbrio ente os processos geradores de energia e os processos consumidores de energia. Em uma planta doente, este balanço é quebrado, ou seja, a utilização da energia torna-se desordenada, com conseqüente prejuízo para a planta.

3 Doença de planta vista como um fenômeno biológico engloba não apenas as alterações fisiológicas acarretadas por agentes infecciosos, estudadas pelos fitopatologistas, como, também, por condições desfavoráveis do ambiente. Assim, as deficiências ou desequilíbrios nutricionais desencadeados por solos de baixa fertilidade, distúrbios fisiológicos causados por déficit hídrico ou excesso de umidade, altas ou baixas temperaturas, anomalias fisiológicas provocadas por insetos e ácaros toxicogênicos (toxinas: aminoácidos, enzimas, hormônios, etc.), podem também ser considerados como doença e essas substâncias tóxicas podem ser translocáveis ou não na planta, a curta ou a longa distância, (Iocalizada/sistêmica) e podem ser causadas por cochonilhas, pulgões, cigarrinhas, percevejos e ácaros. 3. CAUSA DA DOENÇA Desde os princípios da Fitopatologia como ciência, a doença tem sido vista como uma interação entre organismos: de um lado a planta, denominada hospedeiro, e de outro o agente causal, denominado de patógeno. Da interação entre esses dois organismos, resultam as doenças infecciosas ou doenças bióticas que contrapõem às doenças não infeciosas ou abióticas, cujo(s) agente(s) causal(is) é(são) fator(es) inanimado(s), geralmetne condições adversas do ambiente. As doenças infeciosas ou bióticas têm como agentes causais, os fungos, bactérias, riquetsias, fitoplasmas, protozoários, nematóides, vírus e viróides. Os organismos fitopatogênicos usualmente interagem com a planta, vivendo dentro dela, invadindo seus tecidos, gerando, então, o processo infeccioso. Deste tipo de interação advém o termo hospedeiro para designar a planta que recebe o patógeno no seu interior. O patógeno, por sua vez, ao colonizar a planta, retira desta os nutrientes para seu desenvolvimento, o que o caracteriza, nestas circunstâncias, como um parasito. Portanto, de modo geral, os patógenos são parasitos, beneficiando-se de seu hospedeiro. 4. PRINCIPAIS DOENÇAS DO COQUEIRO 4.1 - "Queima-das-folhas" É uma doença de grande importância nas reçroes de umidade relativa elevada como em São Paulo e em regiões litorâneas do Nordeste. No Submédio do São Francisco a doença foi constatada em 1998 (Moreira et ai., 2000); todavia, sua expansão não tem alcançado grande evolução. Sintomas - a doença ataca e enfraquece a folha de sustentação do cacho e se torna mais grave sob estresse hídrico (Warwick et ai., 1994; Souza Filho et ai., 1979; Warwick et ai., 1993). Inicia-se na extremidade das folhas inferiores, necrosando-se e provocando a morte dos folíolos causando o sintoma característico da lesão em "V". Agente causal - a doença é causada pelo fungo Lasiodiplodia theobromae (Pat.) Griffon e Manuel (= Botryosphaeria sp.). Medidas preventivas - tratos culturais adequados, coroamento, irrigação e adubação equilibrados; Medidas curativas - corte e queima de folhas doentes, controle químico (carbendazim 0,1% í.a.) em 6-8 aplicações com intervalo de 15-20 dias, ao constatar sintomas da doença na primeira planta.

4 4.2 - "Lixa pequena" A doença denominada "lixa pequena" encontra-se disseminada em várias regiões produtoras de coco do Brasil. Segundo Warwick (1997), nas regiões onde ocorre intensamente, cerca de 50% das folhas da planta apresentam-se infectadas. Consequentemente, as folhas mais baixas tornam-se necrosadas, secam e caem prematuramente. Em ataques severos, os cachos ficam sem sustentação, o que prejudica a maturação dos frutos. As condições favoráveis ao desenvolvimento da doença são precipitação pluviométrica elevada e temperaturas amenas. Agente causal - a doença é causada pelo fungo Phy/lachora forrendie/la (Batista) Subileu (Cafacauma torrendie/la Batista), - Práticas culturais: A adubação equilibrada é recomendada, visto que resultados experimentais evidenciaram que a adubação nitrogenada teve efeito sobre a incidência da doença, reduzindo o número médio de estromas do fungo (Leal et ai., 1994). - Controle biológico: Fungos hiperparasitas como Seplofusidium eleganlulum, Acremonium aiternafum, A. sfrictus e outros, são eficientes no manejo integrado, como agentes de controle biológico. 4.3 - "Lixa grande" Essa doença tem sido relatada ocorrendo desde o Estado do Rio de Janeiro até o litoral norte do Estado do Rio Grande do Norte. A presença do fungo é caracterizada por grossos peritécios superficiais de cor parda, podendo atingir até 2 mm de diâmetro. Estas frutificações estão geralmente dispostas em linha, na borda do toliolo, ou sobre a nervura principal. Segundo Warwick (1997), os peritécios podem aparecer na face superior e/ou inferior do folíolo, não necrosando o tecido. A severidade dessa doença depende, principalmente, das condições ambientais e do vigor das plantas (Leal et ai., 1994). Agente causal - a doença é causada pelo fungo Sphaerodofhis acromíae (Montagne) von Arx & Muller (Coccostroma palmícola (Speg.) von Arx & Muller). Leal et ai., 1994, estudando o efeito da adubação mineral, verificaram que apenas a adubação nitrogenada teve efeito sobre a incidência da doença, reduzindo o número médio de estromas. A presença do potássio aumentou a incidência das lixas, apenas no primeiro ano. Com relação à lixa grande, observou-se uma tendência geral de plantas nutridas com N e P apresentarem menor número de estromas. A exemplo da lixa pequena, os fungos hiperparasitas Septofusidium eleganfulum, Acremonium alfernafum, A. sfríctus e outros, são, também, eficientes no manejo integrado, como agentes de controle biológico dessa doença. 4.4 - "Murcha de Phyfomonas" É uma doença comum em países da América Central. No Brasil, os principais focos encontram-se na Bahia, Pará e Amazonas, portanto em regiões de umidade relativa elevada. A doença ocorre, também, em dendezeiro e outras palmáceas.

Sintomas - iniciam por provocar amarelecimento, que passa a um empardecimento dos folíolos terminais das folhas mais baixas, evoluindo da extremidade para a base da folha e das folhas inferiores para as superiores. Através de corte transversal, nota-se enegrecimento e apodrecimento interno das flores femininas. As raízes infestadas apresentam pontas azuis com rápido apodrecimento. Ocorre, também, queda anormal de frutos. Manchas necróticas aparecem nas pontas das espiguetas de inflorescências ainda fechadas. Agente causal - a doença é causada por protozoários denominados Phytomonas sp. Forma de transmissão - a doença é transmitida de planta a planta através de insetos vetores. Os mais conhecidos são: Lincus lobullíger, L croupíus, L apollo e L. dentiger, - Medidas preventivas - manejo cultural adequado e controle de insetos vetores (Lincus lobulliger, L croupius, L. apollo e L. dentiger); - Medidas curativas - erradicar e queimar plantas doentes. A queima das folhas (Lasíodiplodía theobromae), de ocorrência esporádica na região, as lixas grande (Sphaerodothís acrocomíae) e pequena (Phy/lachora torrendiella), a helmintosporiose (Dechslera incúrvetsi. a Murcha-de-Phytomonas (Phytomonas sp) e o anel vermelho (Bursaphelenchus cocophílus) ainda não foram constatadas na região do Submédio São Francisco, mas precisam ser monitoradas, a fim de evitar, com medidas preventivas, a disseminação da moléstia em larga escala. Segundo Warwick et ai. (1994), em locais onde essas doenças são mais severas, os prejuízos chegam a mais de 50% da produção de coco. 4.5 - "Mancha foliar ou helmintosporiose" É uma doença que se manifesta em condições de umidade relativa elevada, temperatura vaiando de 18 C a 27 C e pouco arejamento das plantas, condições estas, mais comuns em viveiro. Sintoma - lesões foliares, elípticas, com halo amarelo iniciando-se nas folhas inferiores, provocando necrose e morte de follolos, reduzindo a capacidade fotossintética da planta. Agente causal - essa doença é causada pelo fungo Drechs/era incurvete. - Medidas preventivas - adubação balanceada evitando excesso de nitrogênio (N); eliminar ervas daninhas para melhor aeração - Medidas curativas - controle químico (folicur, 75 a 100g/1 00 litros de água) ao constatar sintomas da doença. 4.6 - "Podridão seca" Dentre os aspectos fitossanitários do coqueiro, a podridão-seca é um dos principais problemas a ser resolvido de modo a viabilizar a exploração do coqueiro anão verde irrigado na região do Submédio São Francisco. O conhecimento científico sobre essa doença é bastante reduzido, porém, acredita-se que o agente causal parece ser fitoplasma ou vírus, embora não se tenha ainda comprovação científica. A doença tem sido relatada em todas as regiões do mundo onde o coqueiro é cultivado. 5

Forma de transmissão Trabalhos de Julia & Mariau (1982), realizados na Costa-do-Marfim, conseguiram provar relação positiva entre a doença e a presença das espécies Sogatella cubana e S. kotophon. Todavia, segundo o mesmo autor, em plantações de Sergipe, onde foram realizadas freqüentes observações, não foi detectada a presença de insetos vetores dessas espécies. Levantamentos realizados evidenciaram, em Livramento do Brumado-BA, perdas de cerca de 10% em plantio de coqueiro-anão-verde em início de produção. Em Jaíba- MG, as perdas chegaram a 98% em menos de 1 ano. Também, plantas apresentando quadro sintomatológico semelhante ao do Brasil foram encontradas na Costa-do-Marfim, ocorrendo perdas de 29% no coqueiro-anão-amarelo e 50-85% no coqueiro híbrido. Neste caso, não se conseguiu identificar o agente patogênico. Estudos de Julia & Mariau (1982), citados por Warwick (no prelo), realizados na Costa-do-Marfim, conseguiram provar relação positiva entre a doença e a presença das espécies Sogatella cubana e S. k%phon. Todavia, segundo a mesma autora, em plantações de Sergipe, onde foram realizadas freqüentes observações, não foi detectada a presença de insetos vetores dessas espécies. Conforme relatado no International Workshop on lethal yellowing like diseases of coconuts (1995), citado por Warwick (no prelo), o período de incubação da doença é bastante variável, podendo alcançar até 100 dias. Desta forma, uma das principais medidas de controle baseia-se na produção de mudas sadias. A falta de informações sobre o agente causal da doença é agravada por sua ocorrência ser mais comum em locais onde os agricultores, embora disponham de tecnologia avançada, não possuem experiência com a cultura do coqueiro. O primeiro passo importante é o de divulgar os sintomas da doença para que o agricultor ou o técnico responsável possa implementar as medidas de controle, como a eliminação de coqueiros contaminados. Medidas preventivas de controle baseiam-se em manejo cultural adequado e controle de insetos vetores (Lincus /obulliger, L. croupius, L apollo e L. dentíger). Como medidas curativas, recomenda-se erradicar e queimar plantas doentes. Recomendações gerais: Em função da incerteza quanto ao agente causador da doença, fica muito difícil prescrever medidas de controle. É sabido que toda planta agronomicamente bem manejada suporta melhor o ataque de pragas e doenças. Assim, são apresentadas recomendações de caráter preventivo de alerta aos produtores na condução do coqueiral: não introduzir, no Brasil, material oriundo de outros países sem passar pelo Serviço Quarentenário da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia; não instalar viveiros em terrenos muito úmidos e mantê-ios livres de ervas daninhas, principalmente gramíneas. Todas as mudas que apresentarem sintomas devem ser eliminadas de imediato. É recomendado, também, sombreamento com telas de proteção contra insetos e promover, periodicamente, a alternância do local do viveiro; o produtor deve adquirir mudas de viveiristas idôneos que tenham registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e forneçam laudo de sanidade das mudas; utilizar mudas vigorosas sem sintomas de anomalias; plantar a muda sem enterrar o coleto, deixando cerca de 1/3 da semente acima do nível do solo; 6

manter o equilíbrio entre os elementos nutricionais e a irrigação, evitando estresse à planta; fazer inspeções semanais e eliminar as plantas doentes. No campo, plantas doentes devem ser arrancadas e queimadas para evitar foco na área; polvilhar 2 kg de cal virgem no local, deixando pelo menos três meses sem vegetação antes do replantio; controlar as ervas daninhas, principalmente gramíneas que podem servir como hospedeiras de insetos vetares. Produtos químicos não são recomendados em função da incerteza quanto ao agente patogênico. Trabalhos de pesquisa estão sendo conduzidos pela Embrapa, em parceria com órgãos governamentais e iniciativa privada, buscando identificar produtos que incrementem a resistência da planta e, também, possam controlar patógenos e possíveis insetos vetores. 4.7 - "Anel vermelho" A doença tem sido relatada causando danos ao coqueiro, tamareira (Phoenix dacfy/ifera), dendê e várias outras espécies de palmeiras nativas no Brasil (Warwick et ai., 1995). Estudos indicam, também, que a doença é generalizada, com alta mortalidade de plantas. Agente causal - a doença é causada pelo nematóide Bursaphelenchus cocophilus (Cobb) Baujard (Rhadinaphelenchus cocophilus (Cobb) (Fig. 8). Formas de transmissão: O nematóide tem como principal vetor a broca-da-olho do coqueiro (Rhinchophorus palmarum) (Fig. 9), podendo ser transmitido, também, via contato direto, entre uma raiz de uma planta infestada e uma planta sadia, ou através de ferramentas de corte, como o facão no ato da colheita, ou pelo corte de raízes, quando da operação de gradagem, levando o nematóide de uma planta doente para outra sadia (Warwick & Bezerra, 1992). Essa doença é letal para o coqueiro e de ocorrência não levantada no Vale do Submédio São Francisco. - Medidas preventivas - Observação de plantas com sintoma da doença e confirmação em laboratório baseada na abertura do estipe para extração e identificação do patógeno; Monitoramento da possível ocorrência da broca-do-olho, inseto vetor da doença, por meio do uso de armadilhas com feromônios (Rincoforol) deste inseto e iscas atrativas (pedaços de cana + melaço); Manejo cultural adequado e controle do inseto vetor (Rhynchophorus pa/marum); - Medidas curativas - erradicar e queimar plantas doentes; controle do inseto vetor; arranquio da planta doente e aplicação de cal na cova. 5 - Doenças exóticas São as enfermidades que não ocorrem no Brasil. 5.1 - Amarelecimento letal: agente causal = Phyfoplasma palmae; 7

5.2 - Cadang-cadang: agente causal = viróide, letal para o coqueiro; ocorre nas Philipinas. 6. Referências bibliográficas FERREIRA, J.M.S.; WARWICK, D.R.N.; SIQUEIRA, L.A (eds.). Cultura do coco no Brasil. Aracaju : Embrapa - SPI, 1994. 309p. FONTES, H.R. O cultivo do coco. (Fortaleza): SINDIFRUTA, 1997. 28p. Frutal, 97. JULlA, J.F. & MARIAU, D. Deux espaces de Sogatella (Homoptera:Delphacidae) vectrices de Ia maladie de Ia pourriture séche du couer de jeunes en Cote d'lvoire. Oléagineux, v.37, n.11, p.517-520, 1982. LEAL, E.C.; SANTOS, Z.G. dos; RAM, C.; WARWICK, D.R.N.; LEAL, M.L.S. da. Efeito da adubação mineral sobre a incidência das lixas Sphaerodothis torrendiella e Sphaerodothis acrocomiae no coqueiro (Cocus nucifera L.). Oléagineux, v.49, n.5, p.214-220, 1994. MOREIRA, W.A; WARWICK, D.R.N.; LIMA, M.F.; BARBOSA, F.R Incidência da podridão-seca em coqueiro irrigado no Vale do Submédio São Francisco. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v. 25, Suplemento, p. 349-350, 2000. MOREIRA, W.A; WARWICK, D.R.N.; MENEZES, M.; LIMA, M.F.; BARBOSA, F.R.; PAULA, F.R Ocorrência da queima das folhas do coqueiro irrigado, causado por B. theobromae (=L. theobromae) no Vale do Submédio São Francisco. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v. 25, Suplemento, p. 3398, 2000. SOUZA FO,S.F.; SANTOS, H.P.; ROSSS, C.F. Etiologia da "queima" das folhas do coqueiro. Fitopatologia Brasileira, v.4, n.5, p.5-10, 1979. WARWICK, D.R.N. Ocorrência e medidas de combate da doença podridão seca do coqueiro no platô de Neópolis, Sergipe (no prelo). WARWICK, D.R.N. Fatores que Influencia a Ocorrência da Podridão Seca do Coqueiro. EMBRAPA - CPATC, jun/99, n069, p.1-3. WARWICK,D.R.N. Principais doenças do coqueiro (Cocos nucifera L.) no Brasil. 2 a ed ver. Ampl., Aracaju: Embrapa-CPATC,1997. 34p. WARWICK, D.R.N.; DALVA, L.Q.S.; DONALD, E.R.C. Anel vermelho do coqueiro - aspectos gerais e medidas de controle. Comunicado Técnico, CPATC, n.5, P.1-7, 1995. WARWICK, D.R.N.; RENARD, J.L.; BLAHA, G. La "queima das folhas" du cocotier. Phytopathologie, p.57-64, 1994. WARWICK, D.R.N.; PASSOS, E.E.M.; LEAL, M.L.S.; BEZERRA, AP.O. Influence of water stress on the severity of coconut leaf blight caused by Lasiodíplodía theobromae. Oléagineux, v. 48, n. 6, p.279-283. 1993. 8

WARWICK, D.R.N.; BEZERRA, P.T. Possible root transmission of the red ring nematode (Radinaphelenchus cocophy/us) to coconut palms. Plant Disease, v.76, n.8, p.809-811, 1992. 9

t Queima das folhas Mancha em "V" ou queima das folhas -. \. ~~ s.: \;, r Lixa pequena ~. \::)'<,) ( 1. "' ~~.!!rt.'* _ 6 Murcha de Phytomonas na panícula, -._ l"\. <\.1\\'.Ó.';.~. ',..: :a"-' 1.'1"".~.~.Ó.» \~ \'~" Murcha de Phytomonas _.~~.~ A'\,~I"'" I ~.~".' <:.. '.""'.~"~~. \ Lixa grande ~ -.'. ::-.'' '.---- ' '.ê~..~.. ~ ' ' <; ~ ~,.~ ' \.'0f'\,\:'~' '.~.:.\. 'r'.,:' Helmintosporiose ~>~~. t '~\. '.~\:~ ~ ~~~ ~~ ~~, '~ ~ 8: Podridão seca, sintomas inicias Podridão seca do olho i : ;'.1"1'<9'0 11~J'._ 10 Podridão seca do olho «-: ~f~-\." :r.t~ I,0. ~)wj i i -11'. I.' N"i: M \,/\\. \' n \,\I! \ ~)Il ~#' 14 Anel vermelho li' Anel vermelho no estipe Anel vermelho no estipe '~-~ --=:.:: Radinaphelenchus cocophilus, agente do anel vermelho 15 Rynchophorus palmarum, vetar do nematóide causador do anel vermelho,