Coleção Sino Azul: tratamento da informação e difusão da revista da Companhia Telefônica Brasileira

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Transcrição:

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org) Coleção Sino Azul: tratamento da informação e difusão da revista da Companhia Telefônica Brasileira Giseli Adornato de Aguiar (FEAUSP) - adornato@usp.br André de Araújo (UFRJ) - armarius.araujo@gmail.com Resumo: O trabalho discute o projeto de tratamento da informação e difusão da Coleção Sino Azul, periódico publicado pela Companhia Telefônica Brasileira entre os anos de 1928 e 1973. O projeto teve como objetivo final prover o acesso integral e remoto da referida coleção por meio de sua identificação, digitalização, indexação, catalogação e posterior disponibilização na Web. Para tanto, uma equipe multidisciplinar constituída por bibliotecários, historiadores e profissionais da área de TI definiram as políticas e as metodologias de trabalho, o que resultou na geração de conhecimento coletivo e de diversos produtos informacionais que subsidiaram o alcance dos objetivos inicialmente estabelecidos. Ao conjugar elementos da Biblioteconomia, História e Tecnologia da Informação e Comunicação, o projeto Coleção Sino Azul contribui à difusão, preservação, valorização e dinamização de um patrimônio bibliográfico voltado à compreensão das relações entre brasileiros e telefonia ao longo de 80 anos. Palavras-chave: Projeto Coleção Sino Azul. Revista Sino Azul Tratamento e Difusão. Tratamento da informação. Companhia Telefônica Brasileira. Telefonia História e Área temática: Temática I: Tecnologias de informação e comunicação um passo a frente

Coleção Sino Azul: tratamento da informação e difusão da revista da Companhia Telefônica Brasileira Resumo: O trabalho discute o projeto de tratamento da informação e difusão da Coleção Sino Azul, periódico publicado pela Companhia Telefônica Brasileira entre os anos de 1928 e 1973. O projeto teve como objetivo final prover o acesso integral e remoto da referida coleção por meio de sua identificação, digitalização, indexação, catalogação e posterior disponibilização na Web. Para tanto, uma equipe multidisciplinar constituída por bibliotecários, historiadores e profissionais da área de TI definiram as políticas e as metodologias de trabalho, o que resultou na geração de conhecimento coletivo e de diversos produtos informacionais que subsidiaram o alcance dos objetivos inicialmente estabelecidos. Ao conjugar elementos da Biblioteconomia, História e Tecnologia da Informação e Comunicação, o projeto Coleção Sino Azul contribui à difusão, preservação, valorização e dinamização de um patrimônio bibliográfico voltado à compreensão das relações entre brasileiros e telefonia ao longo de 80 anos. Palavras-chave: Projeto Coleção Sino Azul. Revista Sino Azul Tratamento e difusão. Tratamento da informação. Companhia Telefônica Brasileira. Telefonia História e memória. Área Temática: I. Tecnologias de informação e comunicação um passo a frente. Políticas, metodologias e aplicativos para gestão e curadoria de acervos bibliográficos, memoriais e institucionais. 1 INTRODUÇÃO Diversas empresas e instituições possuem um patrimônio documental que se constitue em fontes de conhecimento não apenas para os pesquisadores e historiadores, mas de forma mais democrática para os cidadãos comuns. Seus acervos guardam a história dos serviços e produtos, e das localidades onde estão inseridos que, muitas vezes, se confundem com a própria história dos cidadãos brasileiros. A Revista Sino Azul tem esse caráter e, além de relatar a história e a memória da Companhia Telefônica Brasileira (CTB) e de seus funcionários, apresenta os costumes, os hábitos sociais e culturais, os acontecimentos históricos do Brasil e do mundo etc. É um periódico que foi dirigido ao seu público interno e que circulou

entre 1928 e 1973, quando a CTB foi substituída pela Telecomunicações de São Paulo (Telesp), hoje empresa do Grupo Telefônica 1. Rico material histórico e informacional, a Sino Azul, [...] é documento importante, merecedor de análise e divulgação. Essa singular coleção faz parte do acervo histórico do Grupo Telefônica do Brasil, gerido pela Fundação Telefônica, que, através de seu núcleo Memória Telefônica, atua na preservação e divulgação desse acervo. (MARTINS; MENDES, 2009, p.10). Com a missão de tornar pública essa rara coleção pouco conhecida pela sociedade, a Fundação Telefônica e a empresa Audoc.con Assessoria e Consultoria Ltda foram responsáveis pelo projeto de tratamento da informação e difusão da Coleção Sino Azul, financiado com recursos da Lei Rouanet 2. Este projeto teve como objetivo final prover o acesso integral e remoto da coleção em questão por meio de sua identificação, digitalização, indexação, catalogação e posterior disponibilização na Web. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Para o trabalho de tratamento da informação e difusão da Coleção Sino Azul realizou-se um planejamento e uma política de indexação e catalogação com procedimentos e critérios que foram seguidos pela equipe. O planejamento é o processo que antecede a ação, exige reflexão e auxilia a tomada de decisão. (MACIEL; MENDONÇA, 2006, p. 44). A política de indexação é a norteadora de princípios e critérios que servirão de guia na tomada de decisões para otimização do serviço e racionalização dos processos. Pode-se dizer então que a política de indexação é uma decisão administrativa indispensável a um sistema de recuperação de informação, pois somente depois de seu estabelecimento é que o sistema em questão poderá definir suas características principais. (RUBI; FUJITA, 2003). É na política de indexação que se decide os índices (vocabulário controlado, tesauro, etc.) que serão adotados na indexação e os procedimentos a serem seguidos pelo indexador. 1 Endereço eletrônico: <http://www.telefonica.com.br/institucional>. 2 A Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei nº 8.313 de 23 de dezembro de 1991), [...] é a lei que institui políticas públicas para a cultura nacional [...] (LEI..., 2013). 2

No que tange aos procedimentos biblioteconômicos adotados, utilizou-se a representação descritiva (descrição das informações da estrutura física do documento por meio da catalogação) e a representação temática (descrição dos conteúdos de um documento que abrange a indexação e a classificação). (ARAÚJO; OLIVEIRA, 2008, p. 39). A indexação se baseou na linguagem coordenada (linguagem elaborada de acordo com regras previamente estabelecidas) e na linguagem livre (linguagem cuja estrutura reflete o uso convencional). Para o acesso online foi necessário a escolha de um software apropriado as necessidades do Projeto. Optou-se pelo Winisis 1.5, por ser gratuito e customizável. O Winisis é uma ferramenta utilizada para o tratamento de informações que permite o armazenamento, recuperação de informações e gerenciamento de bases de dados. A adoção de um planejamento e de procedimentos e políticas claras, bem como o domínio de conceitos e técnicas da área de Biblioteconomia foram essenciais para a realização dos passos apresentados a seguir e para o sucesso do Projeto Coleção Sino Azul. 3 METODOLOGIA Realizar o tratamento da informação com o objetivo de torná-la acessível requer a definição de metodologias precisas e que garantam a qualidade nos resultados finais. Tendo como objetivo permitir o acesso integral e remoto da Coleção Sino Azul, a metodologia empregada neste trabalho envolveu diversas etapas que se correlacionam diretamente. Para tanto, uma equipe multidisciplinar foi constituída por bibliotecários, historiadores e profissionais da área de TI. Esta equipe foi formada por membros da consultoria Audoc.con e por bibliotecários (consultores associados). As diferentes atividades desenvolvidas por estes profissionais resultaram na reflexão sobre o objeto de trabalho e na definição das políticas e das metodologias empregadas. Esta dinâmica gerou diversos produtos informacionais, que serão discutidos no item Resultados. As principais etapas para o desenvolvimento do projeto Sino Azul foram: 3

1) Planejamento das atividades bibliotecárias: reuniões com a equipe, leitura e debate de obras sobre telefonia/telecomunicações de modo a subsidiar o tratamento descritivo e temático da informação. 2) Identificação da Coleção Sino Azul: análise e discussão dos elementos informacionais, editoriais e históricos da publicação, caracterizada pela heterogeneidade de seus aspectos bibliográficos. 3) Tombamento: foi realizado o registro de cada exemplar em uma planilha previamente configurada em Excel. 4) Digitalização 3 : realizada por uma empresa terceirizada, esta etapa contou com a participação de alguns bibliotecários da equipe com objetivo de esclarecer as diferenças entre a indexação documental e a indexação eletrônica (OCR 4 ). Nesta fase foram discutidos o modo como os arquivos digitalizados seriam organizados já que deveriam corresponder aos princípios de agrupamento definidos pelos bibliotecários, ou seja, por fascículo. Tal questão tornou-se delicada justamente pela não uniformidade editorial e informacional da Revista Sino Azul. 5) Indexação: a partir das leituras sobre teoria e metodologia para indexação foram discutidas e definidas as políticas para o tratamento temático da informação. A equipe optou pela utilização do Vocabulário Controlado do Sistema Integrado de Bibliotecas 5 (SIBi) da Universidade de São Paulo (USP) para o controle terminológico. A partir de critérios previamente estabelecidos também foram criados termos livres, quando o uso do Vocabulário USP não foi suficiente. O desafio nessa etapa foi falta de um vocabulário controlado ou tesauro específico sobre a área de telefonia/telecomunicações. Portanto o processo de indexação ocorreu por meio de discussões continuas sobre a consistência e relevância dos termos adotados. 6) Catalogação: este processo teve como etapa inicial a avaliação de softwares e em função dos recursos existentes foi escolhido o Winisis 1.5 como ferramenta para registro e descrição dos fascículos da Revista. Paralelamente foi realizado o planejamento rigoroso da base de dados com o uso do formato Marc 21 e sua 3 A digitalização é o Processo de captação, armazenamento, manipulação, transmissão e recuperação de imagens em formato digital, por meio de escâner. Ai se incluem textos, fotografias, vídeos, mapas e outros tipos de documentos; escaneamento, numerização. (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 125). 4 O Reconhecimento Óptico de Caracteres (OCR) é uma tecnologia que permite converter tipos diferentes de documentos, como papéis digitalizados, arquivos em PDF e imagens capturadas com câmera digital em dados pesquisáveis e editáveis. (ABBYY, 2013). 5 Disponível em: <http://143.107.73.99/vocab/sibix652.dll>. 4

configuração que contou com as etapas de: 1) planejamento da estrutura de edição de dados (levando em consideração o uso do português da primeira metade do Séc. 20, singular, plural, maiúsculas e minúsculas) e 2) definição das estratégias de busca e recuperação da informação. Em seguida a equipe de bibliotecários procedeu à alimentação da base de dados visando sua implementação e constante melhoria. 7) Disponibilização da Coleção Sino Azul na Web: foi feito o planejamento das estratégias de pesquisa em relação à recuperação da informação na Web e foram estabelecidas as características de sua interface online. A integridade dos registros catalográficos gerados no Winisis também foi mantido na Web. Desse modo, a efetiva disponibilização online dos registros ocorreu com o esforço conjunto dos bibliotecários, profissionais da área de tecnologia da informação (TI) e webdesigners. 8) Controle de qualidade: o controle de qualidade foi feito por meio de reuniões constantes e testes tanto no catálogo local (em Winisis) quanto no catálogo na Web. A metodologia empregada levou em consideração a expertise da equipe bem como os recursos disponibilizados, já que não estava previsto no projeto a aquisição de um software para a catalogação da coleção que pudesse automaticamente estar disponível na Web, ai a necessidade de customizar este processo. 4 RESULTADOS A metodologia de trabalho empregada resultou tanto na geração de conhecimento coletivo entre a equipe quanto no desenvolvimento de diversos produtos informacionais, permitindo o alcance de múltiplos resultados. A etapa de Identificação da Coleção Sino Azul e Tombamento resultou na relação de exemplares organizados a partir da atribuição de números de tombos sequenciais. Portanto, o produto gerado foi o Livro de Tombo da Coleção Sino Azul. 5

Figura 1 Capa da Revista Sino Azul (1928) Fonte: Martins e Mendes (2009, p. 64) O processo de Digitalização resultou na geração de arquivos com extensão em Portable Document Format (PDF) 6. Estes arquivos, organizados por fascículos, estão disponíveis no catálogo online. O debate sobre a Indexação permitiu o amadurecimento dos procedimentos de análise da informação constituindo o Manual do indexador, que serviu como uma guia à equipe de bibliotecários. Nele se destaca a opção pelo tratamento exaustivo 7 dos termos representados nos campos 650 (assunto termo tópico) e 653 (assunto termo livre), com exceção dos campos 600 (assunto nome pessoal), 610 (assunto entidade coletiva), 651 (assunto - geográfico) e 656 (assunto profissões). O processo de indexação também resultou na elaboração de uma Lista de Termos Livres em que constam os termos não encontrados no Vocabulário SIBI- USP e na Lista de termos extraídos das obras São Paulo pelo Telephone e A Fundamentação da Telefonia através da História, organizados tanto em ordem 6 É um formato de arquivo de padrão aberto (qualquer pessoa pode escrever aplicativos que leiam ou escrevam neste padrão) para representar documentos de maneira independente do aplicativo, do hardware e do sistema operacional usados para criá-los. (PORTABLE..., 2013). 7 Corresponde ao número de termos atribuídos ao documento. Quanto mais exaustivamente um sistema indexa seus documentos, maior será a revocação (número de documentos recuperados). 6

alfabética quanto pelos campos Marc 21. As listas de termos produzidas poderão subsidiar a elaboração de um tesauro na área de telefonia e telecomunicações. A etapa de Catalogação permitiu o desenvolvimento dos seguintes documentos: Políticas para catalogação da Coleção Sino Azul e Planejamento da Base de Dados Sino Azul em Winisis. Neste último documento foram arrolados todos os campos que formam a base de dados na versão local (Winisis), considerando os campos e subcampos do formato Marc 21. A partir da catalogação foi desenvolvido o Catálogo em Winisis 1.5 (Figura 3), resultado da alimentação da base de dados pela equipe de bibliotecários. Figura 2 - Tela do registro catalográfico em Winisis 1.5 Fonte: Audoc.con Assessoria e Consultoria Ltda ([200-]) Na Figura 3 é possível visualizar o registro 001 em que estão elencados alguns dos campos definidos na base de dados. Já como resultado central do projeto foi criado o Catálogo online da Coleção Sino Azul 8. 8 Disponível em: http://www.colecaosinoazul.org.br. 7

Figura 3 - Primeira página do Catálogo online da Coleção Sino Azul Fonte: Fundação Telefônica (2009) Nesta interface para Web (Figura 4) o usuário pode recuperar os fascículos da Coleção Sino Azul utilizando as seguintes estratégias de pesquisa: simples (por palavra), avançada (pela prévia delimitação de campos) ou simplesmente correr com o mouse pela cronologia (ano da revista) e pelos números dos fascículos disponíveis. Figura 4 - Revista aberta do Catálogo online da Coleção Sino Azul Fonte: Fundação Telefônica (2009) Na interface para Web é possível folhear a revista e realizar sua leitura integral (Figura 5). Também o sistema possibilita que o usuário dê um zoom da 8

página lida, imprima as páginas de interesse e faça o download do arquivo na extensão PDF. Ao realizar a pesquisa, o usuário também pode visualizar o resultado/registro nos seguintes formatos: Ficha completa (Figura 6), Referência, Marc 21, PDF e page flip (formato para folhear as páginas). O projeto Sino Azul teve seus resultados alcançados com a consolidação do catálogo online que, de forma dinâmica, amigável e remota, hoje permite o acesso aos fascículos publicados entre os anos de 1928 e 1973 por parte de qualquer pesquisador, onde quer que esteja. 5 CONCLUSÕES O projeto de tratamento da informação e difusão da Coleção Sino Azul buscou suas bases teóricas e metodológicas nas áreas de representação descritiva e temática da informação, bem como nas tecnologias da informação e da comunicação (TICs). Esse referencial fundamentou a discussão contínua e necessária entre os profissionais que conceberam e executaram o projeto. Ao criarem um catálogo online, os profissionais envolvidos estiveram preocupados em alinhar as características físicas, editoriais e informacionais da Revista Sino Azul com o ambiente remoto, ágil e relacional da Web. O acesso à Coleção Sino Azul tem possibilitado o desenvolvimento de pesquisas ligadas a diversas temáticas e áreas do conhecimento, afinal se trata de uma fonte de informação indispensável para a história das telecomunicações em nosso país. Uma vez disponível na Web, a Sino Azul também se torna objeto de investigação para pesquisadores que desejam discutir não só as questões técnicas e históricas das telecomunicações, mas também as mudanças comportamentais a partir dos produtos culturais, como é o caso dos periódicos. Esse projeto criou um fórum de debate e de aplicação prática dos conceitos estudados e apreendidos. É justamente esta dinâmica que confirma o caráter de Ciência Social Aplicada que caracteriza a área de Biblioteconomia e que justifica a sua importância científica, técnica e social. 9

Ao conjugar elementos da Biblioteconomia, História e Tecnologia da Informação e Comunicação, o projeto Coleção Sino Azul contribui à difusão, preservação, valorização e dinamização de um patrimônio bibliográfico voltado à compreensão das relações entre brasileiros e Telefonia ao longo de 80 anos. REFERÊNCIAS ABBYY. O que é OCR. Disponível em: <http://www.abbyy.com.br/ocr/>. Milpitas, CA, 2013. Acesso em: 14 abr. 2013. ARAÚJO, E. A.; OLIVEIRA, M. A produção de conhecimentos e a origem das bibliotecas. In: OLIVEIRA, M. (Coord.). Ciência da Informação e Biblioteconomia: novos conteúdos e espaços de atuação. Belo Horizonte: UFMG, 2008. p. 29-43. AUDOC.CON ASSESSORIA E CONSULTORIA LTDA. São Paulo, [200-]. Disponível em:<http://www.audoc.com.br/>. Acesso em: 14 abr. 2013. CUNHA, M.B. da; CAVALCANTI, C. R. de O.. Dicionário de Biblioteconomia e Arquivologia. Brasília: Briquet de Lemos, 2008. 451 p. FUNDAÇÃO TELEFÔNICA. Coleção Sino Azul: acervo Fundação Telefônica. São Paulo: Fundação Telefônica, 2009. Disponível em: <http://www.colecaosinoazul.org.br/>. Acesso em: 13 abr. 2013. LEI Rouanet. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. [S.l.: s.n.], 2013. Disponível em:<http://pt.wikipedia.org/wiki/lei_rouanet>. Acesso em: 13 abr. 2013. MACIEL, A. C.; MENDONÇA, M. A. R. Bibliotecas como organizações. Rio de Janeiro: Interciência; Niterói: Intertexto, 2006. 94 p. MARTINS, A. L.; MENDES, D. Nas capas da Sino Azul: registros da história na revista Cia. Telephonica Brasileira. São Paulo: Fundação Telefônica: Audoc.con, 2009. PORTABLE Document Format. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. [S.l.: s.n.], 2013. Disponível em:<https://pt.wikipedia.org/wiki/portable_document_format>. Acesso em: 13 abr. 2013. RUBI, M. P., FUJITA, M. S. L. Elementos de política de indexação em manuais de indexação de sistemas de informações especializados. Perspect. Cienc. Inf., Belo Horizonte, v. 8, n. 1, p. 66-77, jan./jun. 2003. 10