PROJETO DE LEI Nº 6787/2016 MINI REFORMA TRABALHISTA
LEGISLAÇÃO TRABALHISTA CONSTITUIÇÃO FEDERAL CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO CLT (MAIS DE 900 ARTIGOS) LEI DO TRABALHO TEMPORÁRIO (Lei 6.019/1974) LEI ORGÂNICA DA SEGURIDADE SOCIAL (Lei 8.212/1991) FGTS (Lei 5.107/1966 Lei 8.036/1990) LEI DE GREVE (Lei 7.783/1989) FAT E SEGURO DESEMPREGO (Lei 7.998/1990) PLANO DE BENEFÍCIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL (Lei 8.213/1991) OUTRAS LEIS - NORMAS DO MINISTÉRIO DO TRABALHO E JURISPRUDÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO
A LEGISLAÇÃO TRABALHISTA PRECISA SER MODERNIZADA A CLT, como um verdadeiro Código Trabalhista, foi inspirada na legislação trabalhista italiana da época, quando a economia brasileira era baseada nas atividades agropastoris e extrativistas. Extremamente intervencionista considera o trabalhador como ser hipossuficiente, conceito que não tem mais qualquer sentido. Apesar de equiparar a relação do trabalho a um contrato, restringe as possibilidades de negociação entre as partes. As regras são de aplicação obrigatória por todos, não podendo ser adequadas, por exemplo, às condições regionais, às particularidades de cada atividade ou ao porte das empresas.
No contexto da legislação trabalhista, está incluído o poder normativo da Justiça do Trabalho e do Ministério do Trabalho normas que desconsideram o ato jurídico perfeito ou criam situações não previstas em Lei, gerando insegurança jurídica, um fator poderoso que inibe investimentos e geração de novos empregos. As obrigações principais e acessórias impõem custos incompatíveis com a racionalidade e eficiência exigidas pelas atividades produtivas numa economia baseada na livre concorrência. É também, uma das causas da informalidade que prejudica os trabalhadores em particular, e a sociedade como um todo.
MODERNIZAÇÃO É NECESSÁRIA NÃO PODEMOS CONVIVER: Com uma legislação tão complexa e inflexível. Com a insegurança jurídica gerada pela desconsideração do ato jurídico perfeito (inciso XXVI do art. 7º da CF) e pelo poder normativo da Justiça do Trabalho. Com a gratuidade da Justiça do Trabalho para o trabalhador, que desfigura o direito de litigar o trabalhador litigante não corre risco algum: mais de 4 milhões de reclamações novas em 2016, segundo MPT)
Com a restrição à terceirização de atividades (meio ou fim) que compromete a competitividade das empresas brasileiras; Com espaço cada vez menor para a negociação das condições do trabalho. Com a situação que desestimula investimentos, inibe o crescimento das empresas e impede a geração de empregos.
PROJETO DE LEI 6787/16 Mini Reforma Trabalhista - Não chega a ser um projeto de reforma da lei trabalhista, mas abre uma importante porta para que o processo seja iniciado. Art. 523-A. É assegurada a eleição de representante dos trabalhadores no local de trabalho, observados os seguintes critérios: I - um representante dos empregados poderá ser escolhido quando a empresa possuir mais de duzentos empregados, conforme disposto no art. 11 da Constituição;
II - a eleição deverá ser convocada por edital, com antecedência mínima de quinze dias, o qual deverá ser afixado na empresa, com ampla publicidade, para inscrição de candidatura, independentemente de filiação sindical, garantido o voto secreto, sendo eleito o empregado mais votado daquela empresa, cuja posse ocorrerá após a conclusão da apuração do escrutínio, que será lavrada em ata e arquivada na empresa e no sindicato representativo da categoria; e III - o mandato terá duração de dois anos, permitida uma reeleição, vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa, desde o registro de sua candidatura até seis meses após o final do mandato.
1º O representante dos trabalhadores no local de trabalho terá as seguintes prerrogativas e competências: I - a garantia de participação na mesa de negociação do acordo coletivo de trabalho; e II- o dever de atuar na conciliação de conflitos trabalhistas no âmbito da empresa, inclusive quanto ao pagamento de verbas trabalhistas, no curso do contrato de trabalho, ou de verbas rescisórias.
2º As convenções e os acordos coletivos de trabalho poderão conter cláusulas para ampliar o número de representantes de empregados previsto no caput até o limite de cinco representantes de empregados por estabelecimento. Criticas: Criação de mais um funcionário com estabilidade; Cria função para o representante não prevista no art. 11 da CF;
Risco para as empresas de pagar algo e continuar aumentando o seu passivo, pois não há segurança jurídica, como já ocorre hoje com as homologações; Embora não previsto na CF a lei transforma esse representante em mais um membro do sindicato; A possibilidade de aumentar o numero de representantes por Acordo e/ou Convenção Coletiva irá aumentar a pressão do sindicato
Art. 611-A. A convenção ou o acordo coletivo de trabalho tem força de lei quando dispuser sobre: I - parcelamento de período de férias anuais em até três vezes, com pagamento proporcional às parcelas, de maneira que uma das frações necessariamente corresponda a, no mínimo, duas semanas ininterruptas de trabalho; II - pacto quanto ao cumprimento da jornada de trabalho, limitada a duzentas e vinte horas mensais; III - participação nos lucros e resultados da empresa, de forma a incluir seu parcelamento no limite dos prazos do balanço patrimonial e/ou dos balancetes legalmente exigidos, não inferiores a duas parcelas;
IV horas in itinere; V Intervalo intrajornada, respeitando-se o limite mínimo de 30 minutos; VI Dispor sobre a ultratividade da norma ou instrumento coletivo de trabalho da categoria; VII Ingresso no Programa de Seguro Emprego (PSE); VIII Plano de cargos e salários;
IX Regulamento empresarial; X Banco de horas, garantida a conversão da hora que exceder a jornada normal de trabalho com acréscimo de no mínimo 50%; XI Trabalho Remoto; XII Remuneração por produtividade; XIII Registro da Jornada;
1º No exame da Convenção ou Acordo Coletivo, a Justiça do Trabalho analisará preferencialmente a conformidade dos elementos essenciais do negócio jurídico, respeitado o disposto no art. 104 da Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil., balizada sua atuação pelo princípio da intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva. 2º É vedada a alteração por meio de convenção ou acordo coletivo de norma de segurança e de medicina do trabalho, as quais são disciplinadas nas Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho ou em legislação que disponha sobre direito de terceiro.
3º Na hipótese de flexibilização de norma legal relativa a salário e jornada de trabalho, observado o disposto nos incisos VI, XIII e XIV do caput do art. 7º da Constituição, a convenção ou o acordo coletivo de trabalho firmado deverá explicitar a vantagem compensatória concedida em relação a cada cláusula redutora de direito legalmente assegurado. Ponto Positivo - Intervenção mínima da Justiça do Trabalho na autonomia das negociações. CRITICAS: Cria limites ao negociado, o que não existe no texto constitucional;
Parcelamento das férias em 3 vezes ajudou ou atrapalhou? Limite de 220 horas poderá ser ultrapassado a 8ª diária e 44ª semanais? Já incluiu nesse limite as 2 horas extras diárias? Intervalo de 30 min Ampliaram o intervalo para jornada de até 6 horas diárias (limite 15 min), e para jornada de 8 horas esse limite fere normas de segurança e saúde do Trabalho. Há Sumulas no TST contrárias a redução do intervalo por meio de negociação coletiva;
Ultratividade STF mandou suspender todos os processos que tratam da ultratividade de normas coletivas (ADPF 323). Risco da exigência da ultratividade em todas as negociações; Banco de horas hoje é livre a negociação com o Sindicato para compensação, proposta de 1,5 hora de descanso para cada hora adicional de trabalho (muito ruim, já que a maioria dos acordos atuais faz a conversão na base de uma para uma)
PLR receio que se torne obrigatório; Plano de cargos e salários receio que se torne obrigatório; Será equiparado a plano de carreira do art. 461 da CLT? Eliminará o risco de equiparação salarial? Vantagem compensatória - Disposição retrógrada e inconstitucional. Hoje a CF não exige qualquer forma de compensação para a redução de jornadas e de salários, por exemplo; pode abrir a possibilidade de se questionar a existência compensação para tudo o que for flexibilizado.
Trabalho Temporário PL 6787/16 Contratação diretamente pela tomadora Possibilidade do uso de temporários por necessidade sazonal Temporário que substituir empregado em afastamento previdenciário poderá ser contratado pelo prazo do afastamento (ou até a aposentadoria por invalidez) PL 4302/98 Aprovada pela Câmara dos Deputados em 22/3/17 Contratação por empresa interposta Proibida a contratação de temporário para substituir trabalhador em greve Possibilidade do uso de temporários por necessidade sazonal
Duração de até 120 dias com uma renovação Vira prazo indeterminado se ultrapassar o período legal Temporário tem os mesmos direitos que os empregados efetivos Contrato escrito entre as empresas de trabalho temporário e a tomadora Pode ser utilizado tanto para atividade meio quanto para atividade fim da tomadora Não forma vinculo com a tomadora Duração de 180 dias (prorrogável por mais 90 dias)
Após o término do contrato só poderá voltar a empresa tomadora depois de 90 dias Responsabilidade subsidiaria da tomadora
Trabalho em tempo parcial Jornada máxima de 30 horas semanais, sem horas extras, ou 26 horas semanais com até 6 horas extras; Permitida a compensação de horas na semana seguinte; Prevê 30 dias de férias e a possibilidade de vender 10 dias.
Atualização das Multas Regra atual Multas em UFIR, congeladas desde 2.000; Falta de registro (CLT, art. 41, caput) R$ 402,53 (378,2847 UFIRs) Falta de anotação ou informação obrigatória CLT, art. 41, único) R$ 201,26 PL 6787/2016 Atualização de multas pelo IPCA Estabelece que a falta de registro de empregados é exceção à dupla visita Estabelece multas por falta de registro e anotação da CTPS: - Falta de registro R$ 6.000,00 e para MPE R$ 1.000,00; - Falta de anotação ou informação obrigatória R$ 1.000,00
Alteração da contagem dos prazos Art.775 Os prazos estabelecidos neste Titulo, são contados em dias úteis, com exclusão do dia do começo e com inclusão do dia do vencimento. 1º - Os prazos que se vencerem em sábado, domingo ou dia de feriado terminarão no primeiro dia útil seguinte;
O PL também revogou o seguinte dispositivo da CLT: 2º do Art. 134 - proíbe a concessão de férias em 2 períodos aos menores de 18 e maiores de 50 anos
Levantamento realizado pela CNI Estamos em estado de alerta: Brasil cai 6 posições, para 81º, em ranking de competitividade global 81º em 138 países Resultado agravado pela queda de inovação das empresas Desde de 2012 Brasil acumulou perda de 33 posições Pior posição competitiva em 20 anos
Estudo Competitividade Brasil 2016: comparação com países selecionados Brasil penúltima posição em comparação a outros países com os quais competimos; País na média em relação ao nível de remuneração do trabalhador na indústria: 6º entre 18 países. 16ª posição entre 18 países no que importa à segurança, burocracia e facilidade nas regras de determinação de salários; Última colocação nas regras trabalhistas para contratação e demissão.
Dados IBGE levantados pela CNI: 50% força de trabalho ocupada em regimes fora da CLT (população economicamente ativa) Dificuldade de se enquadrar em relação de trabalho formal Reflexo da Legislação Trabalhista Tamanho Único
Embora, como já afirmamos, o PL 6787/2016, esteja muito longe da reforma de que o Brasil necessita, não deve ser desperdiçada a oportunidade que se abre para isso. A ABIMAQ já apresentou 2 propostas de Emenda Constitucional ao Projeto de Lei.
TERCEIRIZAÇÃO PL 4.302/98 Projeto aprovado dia 22/3/17 pela Câmara dos Deputados. O texto aprovado irá para análise e eventual sanção da Presidência da República. Não há distinção entre atividade fim e atividade meio Não há vinculo empregatício dos funcionários da empresa prestadora de serviços e a empresa contratante
Responsabilidade subsidiaria da empresa contratante pelas verbas trabalhistas Vedada a utilização dos trabalhadores em atividades distintas daquelas que foram objeto do contrato É responsabilidade da contratante garantir as condições de segurança, higiene e salubridade dos trabalhadores quando o trabalho for realizado nas suas dependências Permitida a quarteirização pela empresa prestadora de serviços
Essa lei não se aplica as empresas de vigilância e transporte A empresa que contrata a terceirizada recolhe 11% do salário dos funcionários. Depois, ela desconta do valor a pagar à empresa de terceirização contratada.
OBRIGADA. Camilla de Moura Machado Toledo - advogada camilla.toledo@abimaq.org.br