A FORMAÇÃO E PRÁTICA DO DESIGNER INSTRUCIONAL EGRESSO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ José Gilberto da Silva 1, Aureliano Pedro Assis Xavier 2, Carlos Eduardo Corrêa Molina 3 André Luiz Medeiros 4 1 Universidade Federal de Itajubá/ gilbertoead@unifei.edu.br, 2 Universidade Federal de Itajubá/ aureliano.ead@gmail.com 3 Universidade Federal de Itajubá/ molinaead@unifei.edu.br 4 Universidade Federal de Itajubá/ andremedeiros@unifei.edu.br Resumo - A Educação a Distância foi uma das principais inovações das últimas décadas na área da educação. Com a evolução da Educação a Distância surgiu a necessidade do especialista: Designer Instrucional. A Universidade Federal de Itajubá oferece o curso de especialização para a formação desse profissional. Nesse contexto, e considerando uma oferta do referido curso, este artigo apresenta uma avaliação dos efeitos do curso para os egressos e as contribuições proporcionadas à formação e à atuação deles no mercado de trabalho. A importância desta pesquisa está em apresentar um feedback dos egressos em relação ao curso e indicar seus efeitos em sua vida profissional. A metodologia caracterizou-se pela análise quali-quantitativa a partir de dados obtidos por um questionário aplicado via web. A amostra foi constituída de 220 sujeitos, egressos da oferta do curso em 2010/2011. Os resultados mostraram o perfil dos sujeitos, a avaliação do curso e sua adequação ao mercado de trabalho. Esta pesquisa indica aspectos qualitativos presentes na universidade, no corpo docente e no projeto pedagógico do curso. A análise desses dados, seguramente, irão gerar iniciativas que viabilizem melhorias em todo o processo de ensino-aprendizagem. Palavras-chave: Design. Designer Instrucional. Egressos. Avaliação de curso. Abstract - The distance education was one of the main innovations of the last few decades in the field of education. With the evolution of distance education arose the need of expert: Instructional Designer. The Federal University of Itajubá offers the specialization course for the formation of this professional. In this context and considering an offer of that course, this article presents an evaluation of the effects of course for graduates and contributions proportionate to the formation and performance of them in the job. The importance of this research is to present a feedback of graduates relative to the course and indicate their effects in your professional life. The methodology was characterized by quali-quantitative analysis from data collected by a questionnaire applied via the web. The sample was made up of 220 subjects, graduating from the course offer in 2010/2011. The results showed the profile of the subject, course evaluation and its suitability to the job market. This research indicates qualitative aspects present in the university, the faculty and the course's pedagogical project. The analysis of these data surely will generate initiatives and enable improvements in the process of teaching and learning. Keywords: Design. Instructional Designer. Graduates. Course assessment. 1
1. Introdução ESUD 2013 X Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância Uma das principais inovações das últimas décadas na área da educação foi a criação, a implantação e o aperfeiçoamento de uma nova geração de sistemas em Educação a Distância (EaD) que possibilitou inúmeras oportunidades educacionais para grandes contingentes populacionais, principalmente com bases de noções de qualidade, flexibilidade, liberdade e crítica. Nos primeiros modelos dessa geração pode-se perceber seu desenvolvimento em muitos lugares e de forma muito efetiva e na Inglaterra, na década de 1970. Por essa razão essa iniciativa passou a ser referência mundial (NUNES, 2009). Além da democratização, a EaD apresenta notáveis vantagens sob o ponto de vista da eficiência e da qualidade. O grande número de alunos e o crescimento vertiginoso da demanda por matrículas vêm tornando a modalidade à distância tão requisitada quanto o ensino na modalidade presencial (SANTOS, 2009). A Educação a Distância é voltada, principalmente, para um público que, em geral, pretende complementar sua formação básica, fazer um novo curso ou especializar-se. Esses possíveis aprendizes, tendo em mãos um material didático específico, pode estudá-lo à sua maneira, adaptando o seu tempo disponível para realizar as atividades do curso escolhido. Pode-se, ainda, ressaltar outras vantagens da EaD como o uso de um arsenal específico (meios de comunicação, técnicas de ensino, metodologias de aprendizagem, processos de tutoria, entre outros), obedecendo a certos princípios básicos de qualidade (ARAÚJO JR e MARQUESI, 2009). A clientela do modelo de educação a distância tende a ser não convencional, incluindo pessoas que, por várias razões, não podem deixar sua casa, pessoas com deficiências físicas e populações em áreas de povoamento disperso ou que se encontram distantes das instituições de ensino. Atualmente, mais de 80 países, nos cinco continentes, adotam a educação à distância em todos os níveis, em sistemas formais e não formais de ensino, atendendo a milhões de estudantes. A educação à distância tem sido largamente usada para treinamento e aperfeiçoamento de professores em serviço, como é o caso do México, Tanzânia, Nigéria, Angola e Moçambique (NUNES, 2009). Nota-se, também, que programas não formais de ensino têm sido utilizados em larga escala, para adultos, nas áreas de saúde, agricultura e previdência social, tanto pela iniciativa privada como pela governamental. Hoje, é crescente o número de instituições e empresas que desenvolvem programas de treinamento de recursos humanos pela modalidade da educação a distância (MARTINS, 2009). Com a evolução da EaD e o avanço de novas tecnologias inseridas nessa modalidade de ensino, surgiu a necessidade de um profissional especializado capaz de indicar e aplicar os recursos tecnológicos de forma eficiente e com qualidade nos cursos em EaD: O Designer Instrucional (DI). Conforme Filatro (2007), cabe ao DI desenvolver e utilizar métodos e outros recursos testados em situações didáticas para promover a aprendizagem em ambientes virtuais. Isto justifica a presença desse profissional para o desenvolvimento do design instrucional de cursos para EaD. Segundo Belloni (1999), saber midiatizar será uma das competências indispensáveis para qualquer ação em EaD. Nesse sentido, e considerando as perspectivas anunciadas, este artigo apresenta uma análise situacional do designer instrucional egresso do curso de 2
especialização em Design Instrucional para EaD virtual: Tecnologias, Técnicas e Metodologias, da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI). O objetivo desta pesquisa foi avaliar os efeitos do curso de especialização para o egresso, considerando as contribuições que o curso proporcionou à formação e à atuação desse profissional no mercado de trabalho, entre outros dados. A metodologia utilizada foi a análise quali-quantitativa. Primeiramente, foi feito um mapeamento de duas ofertas do curso e das respectivas turmas, através do Sistema Artemis (UNIFEI, 2012) de cadastro e registro de dados e, posteriormente, por meio de um questionário próprio foram avaliados o curso, a instituição e a inserção dos egressos no mercado de trabalho. A importância desta pesquisa está no sentido de apresentar um feedback dos egressos em relação ao curso e, ao mesmo tempo, indicar os efeitos do curso na vida profissional desses sujeitos. O egresso, em suas atividades profissionais, enfrenta inúmeras situações que o leva a cotejar as competências desenvolvidas durante o curso com as requeridas no exercício profissional e, dessa maneira, pode avaliar sua formação e, quando possível, apresentar sugestões intervenientes no processo de formação acadêmica. Alguns trabalhos analisados evidenciam a percepção de egressos como indicadores de avaliação de cursos e de instituições (BRAGA, 2011; MENDES, 2010; MODESTO, 2012; ORTIZOGA, 2012; PIRES, 2009). 2. O curso de Design Instrucional e a formação do Designer na UNIFEI O DI desempenha um papel fundamental nas etapas principais do processo de produção de cursos virtuais: planejamento, implementação, desenvolvimento e avaliação. Ele é o profissional responsável pela indicação da tecnologia, mídias, metodologias e abordagens teóricas mais apropriadas ao projeto em desenvolvimento, de modo a torná-lo o mais eficiente possível do ponto de vista educacional e operacional (FILATRO, 2008; TAROUCO, 2009; GAMEZ, 2009). O DI deve ter conhecimento das metodologias didático-pedagógicas e dos diferentes estilos de aprendizagem, de modo a ser capaz de indicar ou recomendar a melhor abordagem teórico-educacional para o curso ou projeto em desenvolvimento, já que os projetos de educação a distância não podem ser realizados como simples processo de ensino ou apenas como uso de tecnologias educacionais (FAGUNDES, 1996). Cabe, ainda, ao designer a responsabilidade pela intermediação dos diálogos entre os profissionais que poderão compor a equipe envolvida no desenvolvimento dos projetos de EAD. Ressalta-se que essa equipe não se compõe com elementos fixos, mas ela se organiza e se reorganiza conforme as especialidades necessárias para cada projeto. Desse modo, haverá uma flexibilização de papéis na/da equipe de modo a contextualizá-la com o público-alvo, o tempo e os saberes dos seus próprios membros. A UNIFEI, por meio do Núcleo de Educação a Distância (NEaD), desde 2007, quando a Instituição firmou o convênio com a Universidade Aberta do Brasil UAB, oferta o curso de especialização em Design Instrucional para EaD virtual: Tecnologias, Técnicas e 3
Metodologias (UNIFEI, 2012). No início, o curso foi ofertado nos Polos de apoio presencial dos municípios de Cambuí/MG, Boa Esperança/MG, Itamonte/MG, Resende/RJ e Itabira/MG. O público-alvo do curso é composto por profissionais graduados que atuam, ou que tenham interesse em atuar no planejamento e no desenvolvimento de conteúdos para disciplinas e/ou cursos e/ou treinamento instrucional (educação corporativa) para a educação virtual pela internet ou intranet (UNIFEI, 2009). No ano de 2010, foi realizado o quarto processo seletivo para ingressos de alunos no referido curso para os polos de Boa Esperança (MG), Bragança Paulista (SP), Foz do Iguaçu (PR), Itabira (MG), Itamonte (MG) e Serrana (SP). Foram disponibilizadas 50 vagas para cada polo. O curso tem como objetivo o desenvolvimento de habilidades para o uso eficiente dos recursos digitais visando a melhoria do ensino e da aprendizagem, com vistas à formação de profissionais capazes de elaborar e ministrar disciplinas e cursos com recursos virtuais, presenciais, semipresenciais ou à distância. Sua metas são, em curto prazo, capacitar profissionais nas novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC s) e metodologias de educação a distância e, em médio e longo prazo, interferir na realidade atual das instituições de ensino, empresas e indústrias, criando uma "massa crítica" de pessoal qualificado para o trabalho com a EaD, que possibilite a criação de cursos de graduação, especialização, treinamento, atualização etc. nesta modalidade. O Curso de Design Instrucional para EaD virtual é um curso ofertado inteiramente na modalidade virtual, utilizando o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) TelEduc (NIED/UNICAMP, 2012). As disciplinas são ofertadas sequencialmente, de acordo com calendário pré-determinado e suas atividades são disponibilizadas diariamente. A carga de trabalho prevista para a execução das atividades pelos alunos é de aproximadamente 2 horas por dia útil, perfazendo um total de 10 horas semanais. Durante o curso, são realizados 6 encontros presenciais avaliativos. O último deles corresponde à defesa do Trabalho de Conclusão do Curso. O Curso é composto por 10 disciplinas com carga horária total de 360 horas. Durante o curso os alunos desenvolvem um curso de treinamento, no próprio ambiente virtual, sobre um tema de sua escolha e, na medida em que o curso é desenvolvido, eles vão aprimorando o seu curso ao mesmo tempo em que aplicam os conceitos teóricos apresentados em cada disciplina. O atendimento aos alunos é realizado por tutores capacitados pelo NEaD que respondem às dúvidas e/ou solicitações, em até 24 horas úteis. Os conteúdos abrangem temas como Fundamentos de EaD, Ambientes Virtuais de Aprendizagem, Técnicas para produção em EaD via web, Planejamento, Gestão e Desenvolvimento de curso em EaD, Referenciais de Qualidade para EaD, Legislação e EaD, Metodologias para EaD, Multimídias, TICs, Inclusão digital, entre outros. Tratando-se de um curso de especialização à distância, observa-se que, no curso, o contato com os alunos ocorre, em sua maior parte, no próprio AVA, no qual são lançadas as aulas e atividades teóricas e/ou práticas. A comunicação entre os participantes do curso 4
ocorre, em sua maioria, através de ferramentas assíncronas como correio, fóruns de discussão e no feedback dado aos alunos na ferramenta avaliação. Porém, também são utilizadas ferramentas síncronas como chats ou bate-papos. No entanto, devido à incompatibilidade de horário entre professores e alunos, na maioria das vezes, este tipo de comunicação se torna inviável no curso e quase não é utilizada pelos formadores e alunos. Como já mencionado no texto, o Trabalho de Conclusão do Curso é iniciado na primeira disciplina, quando o aluno começa o seu curso de treinamento sobre um conteúdo didático, um curso ou um tema a sua escolha. Na medida em que o curso de especialização é ofertado, o curso de treinamento é desenvolvido, de modo que, ao final da última disciplina, o aluno, sob a orientação de um professor, vai finalizá-lo e formatá-lo de acordo com as determinações do regulamento do curso. 3. Materiais e Métodos Para o desenvolvimento desta pesquisa foi utilizada a abordagem qualitativa (MARCONI e LAKATOS, 1999; GIL, 2008). Essa abordagem se aplica ao estudo da história das relações, das representações, das percepções resultantes das interpretações que os humanos fazem a respeito do universo em vivem. Para a coleta de dados foram utilizados dois procedimentos complementares: o primeiro consistiu no mapeamento dos egressos da turma 2010/ 2011 e no levantamento das informações como avaliação do curso, avaliação da instituição e inserção no mercado de trabalho. Para a busca de informações, com a finalidade de fazer contato com os alunos que concluíram o curso foram utilizadas as informações cadastradas no Sistema Artemis, disponível na secretaria do NEaD/UNIFEI. Nessa oferta do curso foram matriculados 300 alunos e, desses, 220 concluíram o curso no período de 18 meses. A partir dessas informações, foi obtido um relatório de todos os concluintes pelo Artemis que, permitiu, ainda, o levantamento de dados pessoais dos alunos e, principalmente, o correio eletrônico - e- mail. O segundo procedimento consistiu na preparação de um questionário na ferramenta Google docs, abordando inúmeros aspectos do curso, da instituição e dos próprios alunos. Com uma carta de apresentação da pesquisa, o link com acesso ao questionário foi enviado para todos os alunos da lista de concluintes. Destes, 65% deram retorno. O item a seguir, analisa quali-quantativamente os dados (MOREIRA, 2011). 4. Resultados e Discussões O grupo de egressos do curso de Design Instrucional para EaD virtual... foi constituído por 71,7% de mulheres e 28,3% de homens, oriundos dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A referência geográfica é natural considerando a localização das cidades que possuem Polos de Apoio Presencial UAB/UNIFEI nos quais ocorreram ofertas para essa referida turma (2010/2011). Os dados revelaram ainda que 50% dos egressos já haviam cursado outra pós-graduação. Os respondentes reconhecem que o corpo docente tem bom nível (90,7%), que o conteúdo e os programas são adequados (85,2%) e consideram boa (79,65%) a formação teórica recebida. Com relação à formação prática, 48,1% a julgam boa. Uma formação adequada para um profissional completo tem que, necessariamente, abarcar diferentes aspectos da competência desse profissional: formação teórica - no domínio dos fundamentos 5
do Design - e formação prática - domínio das ferramentas e recursos que utilizará em seu trabalho (UNIFEI, 2012). Observa-se que o curso correspondeu à expectativa profissional, pois 85,2% dos egressos o recomendariam para outras pessoas. No entanto, apenas 22% estão trabalhando diretamente como especialistas em design instrucional. Depreende-se dessa informação que outros egressos podem trabalhar como designers indiretamente, na profissão que exercem atualmente. Um dos objetivos do curso, além de formar especialistas com habilidades para o uso eficiente dos recursos digitais para desenvolver novos projetos, é possibilitar ao profissional um conjunto de ferramentas que o ajudem a criar possibilidades de inovação no seu campo de atuação profissional (FILATRO, 2008). Considerando o tempo transcorrido entre o término do curso e o emprego ou atuação como Designer percebe-se que 50% conseguiram trabalho logo após o término do curso e 36,4%, após um ano ou mais. O perfil jurídico da instituição ou local de trabalho dos profissionais apresenta-se com grande variedade (Gráfico 1). Como não há exigência de um determinado perfil profissional para a entrada do aluno no curso, entende-se essa variedade de espaços para atuação como designers. Gráfico 1 Perfil jurídico da Instituição de trabalho dos egressos Completando a informação anterior, observa-se que, em relação ao porte das empresas onde é realizado o trabalho, predominam as grandes empresas com 50%, e, em seguida, as médias e as empresas individuais com 19,2% cada (Gráfico 2). 6
Gráfico 2 Portes das empresas local de trabalho dos Profissionais As organizações, espaços nos quais o avanço tecnológico dos meios de produção vem causando impactos na forma como as pessoas aprendem, têm reivindicado uma nova pedagogia para lidar com o adulto aprendiz por meio de Ambientes Virtuais de Aprendizagem. Nesse cenário, o designer, com metodologias e recursos tecnológicos diferenciados de aprendizagem em EaD, pode contribuir para mudar o quadro do desenvolvimento de pessoas e de empresas (MARTINS, 2009). Em relação à renda desses profissionais, verifica-se uma acentuação de 45,2% em torno de três a cinco salários mínimos e 23,8 % com mais de cinco salários mínimos (Gráfico 3). Atualmente, segundo um site da internet, o salário para o Designer Instrucional pode variar entre R$1.000,00 a 4.000,00 (CATHO, 2013). Gráfico 3 Valores de salário do Designer Instrucional Quanto à relação entre a formação e desempenho profissional, infere-se que houve satisfação com o curso, pois a formação estava adequada às atividades profissionais: 55,6% indicaram um nível bom de satisfação e 29,6 % indicaram nível regular. O conteúdo desenvolvido no curso foi considerado suficiente por cerca de 60% dos entrevistados. Os 7
egressos afirmam que mantém atualizadas suas informações sobre a área de Design Instrucional (73%). Essa atualização se faz necessária no sentido de equilibrar as inovações tecnológicas e as necessidades das pessoas e do mercado. Deriva-se daí a revisão constante das metodologias e práticas de modo que não haja descompasso entre as tecnologias e a realidade socioeducacional (ROMISZOVISKI, 2009). Como se pode obsevar no Gráfico 4, na visão dos egressos as competências mais importantes que um Designer deve possuir são domínio da metodologia da EaD (27,85), conhecimento de mídias e AVA (20,4%) e capacidade de trabalho em equipe (20,4%). Segundo Filatro (2008), as competências do Designer estão vinculadas aos fundamentos da profissão (comunicação, habilidade para pesquisa, resolução de problemas etc.), planejamento e análise (identificação de necessidades, projetos, conhecimento de metodologias e abordagens teóricas da aprendizagem etc.), Desing e desenvolvimento (adequação de design para projetos específicos, desenvolvimento de materiais instrucionais) e implementação e gestão (gerenciamento de projetos de design de gestão da instrução). Essas competências também são descritas em editais para a seleção de profissionais para as empresas (CATHO, 2013). Gráfico 4 Competências do Designer Instrucional Buscando avaliar a percepção dos egressos em relação à UNIFEI, 51% dos entrevistados indicaram que a Instituição influenciou positivamente a sua inserção no mercado, enquanto que para 49% não houve qualquer interferência. Quanto ao aspecto ensino, 85% afirmaram que é bom e apenas 4,2% que é fraco. Em relação ao reconhecimento público da UNIFEI, 89,3% afirmaram que é bom. Perguntados se acompanham as notícias, editais, informações sobre os eventos da instituição, constata-se que 26,1% acompanham frequentemente, 49,8% às vezes e 24,1% não o fazem. No entanto, quanto a um possível retorno para um novo curso observou-se que 85,4% dos egressos retornariam à universidade. Ao oferecer os cursos de educação a distância, a instituição entendeu que a EaD, com suas características próprias, demandava, naturalmente, um contingente de pessoas especificamente preparado para as fases de planejamento, desenvolvimento de material didático, acompanhamento dos discentes e do sistema de avaliação naquela modalidade. Essa 8
preocupação inicial teve como resultado a aceitação e os bons índices de avaliação obtidos pela Instituição mostrados neste trabalho. 5. Considerações Finais A análise dos resultados obtidos no estudo permitiram as seguintes considerações: Há predominância da população feminina entre os egressos do curso, proveniente de cidades da região Sul e Sudeste do país. Dentre os sujeitos, metade deles já havia feito um curso de pós-graduação, ou seja, não eram iniciantes nesse nível de ensino. Na avaliação do curso, os resultados mostraram a relevância do mesmo para a formação profissional dos alunos. Destacou-se a boa formação docente e a sobreposição da formação teórica sobre a formação prática. Embora a grande maioria tenha afirmado que recomendaria o curso para outras pessoas, por esta avaliação, abrem-se perspectivas para o aperfeiçoamento do processo didático-pedagógico. A maioria afirmou que os conhecimentos adquiridos tiveram aplicabilidade no cotidiano do trabalho em diferentes espaços profissionais. O que permite um gama de oportunidades para os egressos. Ressalta-se que, pelo menos, metade deles conseguiu emprego logo após o término do curso, com possibilidade de bons salários. A maioria dos egressos afirmou que os conhecimentos e práticas adquiridos com o curso tiveram aplicabilidades no exercício profissional. Ressalta-se, também, a necessidade de atualização de conhecimentos em face das constantes inovações tecnológicas e necessidades do mercado. A partir da prática, os especialistas relacionam características do designer instrucional que correspondem às competências do profissional estudadas no curso e correlatas ao aporte teórico. Essa perspectiva mostra-se importante, pois demonstra a atualização da proposta pedagógica do curso. Há o reconhecimento da representação e da importância que a UNIFEI tem no cenário nacional, quanto à qualidade do corpo docente e, consequentemente, do ensino. Isso pode ser demonstrado pelo fato de que 85,4% fariam outro curso na Instituição. Os dados apresentados por esta pesquisa são relevantes porque indicam aspectos qualitativos presentes na universidade, no corpo docente e no projeto pedagógico do curso. A análise desses dados, seguramente, irão gerar iniciativas que viabilizem melhorias em todo o processo de ensino-aprendizagem. Reitera-se o quanto é fundamental que haja investimentos em processos de ensino e aprendizagem para além das tecnologias inovadoras de modo que seus egressos encontrem seus próprios modos de construção e práticas diferenciadas. Outro aspecto relevante é o fato de que o NEaD/UNIFEI, não tem, ainda, um acompanhamento sistematizado em relação as egressos dos cursos. Com este trabalho, esperase iniciar uma prática de acompanhamento desses egressos, com vistas às informações que possam subsidiar novas pesquisas e estudos, viabilizar o preenchimento de lacunas eventualmente existentes na formação dos novos alunos, o aperfeiçoamento do curso e a visibilidade da Instituição. 9
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