ANÁLISE DE RENTABILIDADE DE PRODUTOS ATRAVÉS DA MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO - ESTUDO DE CASO EM INDÚSTRIA QUÍMICA

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Transcrição:

ANÁLISE DE RENTABILIDADE DE PRODUTOS ATRAVÉS DA MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO - ESTUDO DE CASO EM INDÚSTRIA QUÍMICA Cleyton de Oliveira Ritta Contador, Especialista em Contabilidade Gerencial/UNISUL (E-mail: rodneyw@unisul.br) Rodney Wernke Contador, Msc. Engenharia de Produção/UFSC, Professor na UNISUL (E-mail: rodneyw@unisul.br) Antonio Cezar Bornia Doutor em Engenharia de Produção/UFSC, Professor no PPGEP/UFSC (E-mail: cezar@inf.ufsc.br). ABSTRACT: It introduces study of relative case to the products profitability analysis manufactured by chemical industry. Using itself the contribution margin concept are elaborated managerial reports that allow to the manager accompany the performance of the components of the commercialized products. KEY WORDS: Profitability, Contribution Margin. 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS A diversificada gama de fatores que interferem no cotidiano empresarial faz com que os gestores sintam necessidade constante de informações de cunho gerencial, como fonte de subsídios para fundamentar suas decisões de forma técnica. Uma das ferramentas que disponibilizam informações gerenciais importantes é a Margem de Contribuição. Atkinson et al (2000) mencionam que a Margem de Contribuição unitária (em $) é a diferença entre o preço unitário e o custo variável unitário. Em relação ao índice da margem de contribuição, aduzem que é a margem de contribuição expressa como porcentagem das vendas. Conforme o CRC-SP (2000) a Margem de Contribuição é o valor com que cada unidade de um produto fabricado e comercializado contribui para cobrir os custos de operação (fixos) da empresa. Obtém-se, portanto, a Margem de Contribuição pela dedução dos custos diretos (ou variáveis) do valor de venda. Kaplan & Atkinson (1989) salientam que a diferença entre o preço e o custo variável por unidade é conhecido como a Margem de Contribuição por unidade, e que o resultado da multiplicação da margem de contribuição unitária pelo número de unidades vendidas é geralmente denominado como Margem de Contribuição. Leone (2000) aduz que a Contribuição Marginal é calculada subtraindo-se do valor de vendas de cada unidade os seus custos variáveis, resultando num valor dedicado à cobertura dos custos fixos. ENEGEP 2002 ABEPRO 1

A Margem de Contribuição é, segundo Cogan (1999), a diferença entre o preço de venda e as despesas variáveis referentes às unidades vendidas. Para calcular a Margem de Contribuição Wernke (2001) propõe o formulário a seguir: MERCADORIA/PRODUTO: LINHA OU GRUPO: REFERÊNCIA/TIPO/TAMANHO: FORNECEDOR: (A) PREÇO DE VENDA UNITÁRIO (B) CUSTO UNITÁRIO DE COMPRA ( + ) Custo unitário na fatura ( - ) Descontos na fatura (incondicionais) ( + ) Fretes/seguros/outros ( - ) Impostos recuperáveis (ICMS-comércio e ICMS-IPI-indústria) ( + ) Impostos não recuperáveis (IPI-comércio) (+/-) Outros (C) DESPESAS VARIÁVEIS DE VENDA (Percentuais incidentes sobre o preço de venda) (-)ICMS (-)COFINS (-)IPI (-)CSL/IRPJ (-)PIS (-) SIMPLES (-)Comissões s/vendas (-)Outros percentuais sobre preço de venda (D) Mão-de-obra por unidade $ (E = A B C - D) MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO UNITÁRIA $ (F) MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO PERCENTUAL (A / E) Quadro 1 Formulário para cálculo da Margem de Contribuição Fonte: Adaptado de Wernke (2001) 1.1 BENEFÍCIOS DO USO DA MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO O estudo da Margem de Contribuição, na opinião de Padoveze (1994), é elemento fundamental para decisões de curto prazo. Além disso, o cálculo da Margem de Contribuição possibilita inúmeras análises objetivando a redução dos custos, bem como políticas de incremento de quantidade de vendas e redução dos preços unitários de venda dos produtos ou mercadorias. Santos (1990) aduz que dentre as vantagens do conhecimento da Margem de Contribuição (em $ e em percentual) das divisões (ou setores/departamentos comerciais), linhas de produção (ou linhas de comercialização) e de produtos (ou de mercadorias) podem ser elencadas as seguintes: a) ajudam a administração a decidir que produtos ou mercadorias devem merecer maior esforço de venda ou serem colocados em planos secundários ou simplesmente tolerados pelos benefícios de vendas que possam trazer a outros produtos; b) são essenciais para auxiliar os administradores a decidirem se um segmento produtivo (ou de comercialização) deve ser abandonado ou não; c) podem ser usadas para avaliar alternativas que se criam com respeito a reduções de preços, descontos especiais, campanhas publicitárias especiais e uso de prêmios para aumentar o volume de vendas. As decisões deste tipo são realmente determinadas por ENEGEP 2002 ABEPRO 2

uma comparação dos custos adicionais visando ao aumento na receita de venda. Normalmente, quanto maior for o índice de Margem de Contribuição, melhor é a oportunidade de promover vendas; quanto mais baixo o índice, maior será o aumento do volume de vendas necessário para recuperar os compromissos de promover vendas adicionais; d) a Margem de Contribuição auxilia os gerentes a entenderem a relação entre custos, volume, preços e lucros, levando a decisões mais sábias sobre preços. Em face das possibilidades informacionais mencionadas, utilizou-se a Margem de Contribuição para realizar um estudo acerca da rentabilidade dos produtos comercializados por uma empresa do setor químico. O tópico seguinte comenta a respeito do estudo de caso efetuado e respectivas conclusões. 2 ESTUDO DE CASO As seções seguintes evidenciam as peculiaridades do estudo de caso realizado, através da caracterização da empresa e da base de dados utilizada. Posteriormente são apresentados os relatórios gerenciais elaborados e as informações obtidas da respectiva análise. 2.1 A EMPRESA PESQUISADA O estudo foi efetuado na empresa Beta Química do Brasil Ltda. (nome fictício) que atua na área química, principalmente com produtos flexográficos para impressão em embalagens flexíveis de plásticos, papel e papelão. A empresa está situada em Criciúma (sul de S. Catarina), possui capacidade de produção de 500.000 kg/mês e comercializa cinco linhas de produtos: tintas, solventes, vernizes, pastas e soluções químicas. 2.2 COLETA DOS DADOS O relato a seguir refere-se somente à linha de Solventes. Entretanto, a mesma metodologia foi aplicada nas demais linhas da empresa, com resultados semelhantes em termos de tipos de informações gerenciais obtidas. Para facilitar a coleta de dados foram considerados individualmente os solventes que possuem vendas acima de 2.500 kg no período estudado (setembro de 2001). Adicionalmente, os demais produtos com vendas inferiores ao limite mencionado foram agrupados sob a denominação S-outros. Os dados coletados para cada produto foram: a) preço de venda unitário; b) custo com matérias-primas; c) custo com embalagens; d) tributação incidente sobre vendas (ICMS, PIS e COFINS); e) comissões sobre vendas; f) custos fixos do setor de solventes; e g) quantidade vendida no período. Após a obtenção dos dados necessários foram elaborados relatórios gerenciais para facilitar a análise e interpretação das informações oriundas, conforme enfocado na seqüência. ENEGEP 2002 ABEPRO 3

2.3 RELATÓRIOS ELABORADOS A coleta de dados possibilitou o cálculo para cada produto da margem de contribuição unitária em R$, da margem de contribuição unitária percentual (%) e da margem de contribuição total em R$. Tais itens foram dispostos em cinco relatórios gerenciais denominados: - Controle da Margem de Contribuição Unitária (anexo 1); - Controle da Margem de Contribuição por Quantidade Vendida (anexo 2); - Resumo Comparativo da Margem de Contribuição (anexo 3); - Controle da Margem de Contribuição da Família Solventes (anexo 4); e - Controle do Resultado Setor Solventes (anexo 5). A elaboração dos relatórios foi simples, bastando a ordenação dos dados anteriormente coletados. Quanto às informações obtidas dos mesmos, estas são evidenciados na próxima seção. 2.3.1 ANÁLISE DOS RELATÓRIOS CONFECCIONADOS A análise dos relatórios gerenciais confeccionados proporcionou diversas informações, conforme o tipo de demonstrativo elaborado. No relatório Controle da Margem de Contribuição Unitária (anexo 1) verifica-se a Margem de Contribuição em reais (R$) em percentual (%) por tipo de solvente. Esta tabela tem por finalidade indicar o desempenho dos solventes em termos de rentabilidade. Destacaram-se como mais rentáveis os solventes S-4283 (com uma MC de 9,78 %), S- 4280 (com uma MC de 9,75%) e S-4540 (com uma MC de 9,71 %). O solvente menos rentável encontrado na tabela é o S-2484, apresentando MC de apenas de 6,79 %. Na análise do demonstrativo Controle da Margem de Contribuição por Quantidade Vendida (anexo 2) demonstra-se o faturamento mensal de cada solvente e a sua contribuição marginal para o pagamento dos custos fixos e a geração do lucro. Tal relatório evidencia que os solventes que mais contribuem para o lucro da empresa são o S-4280 (com MC total de R$ 6.045,66 e com a quantidade vendida de 29.438 Kg) e o S-3450 (com MC total de R$ 5.681,76 e com a quantidade vendida de 26.228 Kg). O grupo de solvente S-Outros (produtos que possuem venda abaixo de 2.500 Kg) apresenta uma boa rentabilidade média, atingindo uma MC de 8,28 % e sua contribuição marginal total é de R$ 2.675,17. Como a empresa não tem fatores limitativos para a fabricação de solventes em pequenas quantidades, o resultado do grupo de solvente S-outros é altamente favorável à companhia. O relatório Resumo Comparativo da Margem de Contribuição (anexo 3) tem como objetivo confrontar as Margens de Contribuição encontradas (unitária em R$, percentual e contribuição total em R$), classificando os solventes de acordo com a maior rentabilidade unitária, permitindo assim, a análise global dos solventes e seus respectivos desempenhos. Os principais pontos a destacar deste relatório são: S-4280: é o solvente mais vendido mensalmente com a quantidade de 29.438 Kg e ocupa o 2º lugar de classificação em margem de contribuição unitária em percentual, com uma MC de 9,75 %; S-3450: é o segundo solvente mais vendido mensalmente com a quantidade de 26.228 Kg e ocupa o 7º lugar de classificação em margem de contribuição unitária em percentual, com uma MC de 9,29 %; e, S-2484: apesar de ser o solvente com a menor margem de contribuição unitária em percentual, com uma MC de 6,79 %, e ainda ocupar a penúltima posição em quantidade vendida com 3.060 Kg; consegue um bom desempenho na margem de ENEGEP 2002 ABEPRO 4

contribuição total em reais com o valor de R$ 1.160,48. Com esse valor, o S-2484 ocupa o 7º lugar em contribuição total em reais. No relatório Controle da Margem de Contribuição - Família Solventes (anexo 4) verifica-se qual o volume total de faturamento gerado e a rentabilidade da Família Solventes. O faturamento alcançado foi de R$ 280.794,58, com um custo variável (matérias-primas e embalagens) de R$ 188.442,87. O custo variável representa 67,11 % do faturamento. Deve-se ressaltar que esse percentual é considerável e os gestores devem estar atentos a esse custo pois os mesmos influenciam diretamente na rentabilidade do produto. Cabe, então, encetar medidas de redução dos custos variáveis, como a pesquisa de preços mais competitivos para os materiais diretos, o uso de materiais similares com o custo mais baixo e outras mudanças de caráter técnico-industrial de desenvolvimento de produtos. A rentabilidade marginal da Família é de 8,92 %, representando uma contribuição total de R$ 25.045,25 para pagamentos dos outros custos e para a formação do lucro da empresa. Na demonstração intitulada Controle do Resultado Setor Solventes (Anexo 5), destaca-se a participação dos custos fixos do setor e o resultado alcançado pela empresa. Com a produção de 110.000 kg/mês de solventes a empresa gastou com os custos fixos (salários, encargos, depreciação, manutenção etc.) do setor o valor de R$ 11.005,53, representando 3,92% do faturamento. De acordo com essa realidade o resultado líquido mensal do setor é de R$ 14.039,72, atingindo um percentual de lucratividade de 5%. Segundo os gestores da empresa, tal margem de lucro está de acordo com o planejamento da companhia. Além das conclusões mencionadas, os gestores podem com tais demonstrativos simular cenários através da manipulação dos dados pertinentes e avaliar as conseqüências das alterações propostas nos resultados do setor, auxiliando a tomada de decisão. Ainda, por intermédio dos relatórios elaborados, são obtidos subsídios informativos que podem ser empregados para: a) implementar uma política de vendas para motivar a venda dos produtos mais rentáveis; b) verificar o impacto na rentabilidade do produto com aumento ou redução de preços dos materiais diretos; c) analisar o comportamento da rentabilidade dos produtos com o aumento ou redução do preço de venda; d) incentivar o aumento da quantidade a vender dos produtos com boa rentabilidade e de fácil aceitação, para alavancar a lucratividade; e) avaliar as conseqüências provocadas pela eliminação de produtos com margens negativas; f) avaliar quais produtos terão descontos financeiros ou outras concessões comerciais para aumentar o volume de vendas; g) determinar quantidades mínimas para aceitar ou cancelar pedidos; e h) determinar preço mínimo de venda dos produtos para aceitar pedidos. A seguir são mencionadas as considerações finais relativas à pesquisa ora apresentada. 3 - CONCLUSÃO A grande concorrência de mercado exigiu das empresas que estas busquem ferramentas de gestão que assegurem a excelência empresarial. A contabilidade gerencial passou a ser fundamental para o sucesso dos negócios, pois sua função principal é apresentar informações que auxiliam os gestores a planejar e controlar as atividades organizacionais, contribuindo assim, para a tomada de decisão. ENEGEP 2002 ABEPRO 5

A análise e controle dos custos empresariais apontam os pontos fortes e fracos da gestão e proporcionam bases para ações corretivas quanto ao rumo empresarial. Umas das principais ferramentas de análise e controle gerencial é a margem de contribuição, que permite avaliar o desempenho dos produtos e serviços, dentre outras possibilidades. No estudo de caso realizado na empresa Beta Química do Brasil Ltda. através dos relatórios apresentados verificou-se toda a estrutura de custos da família de produtos solventes, os índices de rentabilidade dos produtos e o resultado financeiro do setor. A partir dessas informações os gestores examinam a performance do setor, o mix dos produtos vendidos e o impacto dos custos e despesas na rentabilidade dos produtos. Com essas informações os administradores podem tomar decisões mais eficientes e que venham contribuir para a maximização do lucro. Cabe ressaltar que os relatórios gerenciais apresentados podem ser utilizados em outros setores, segmentos e empresas com as devidas adaptações. Resta evidente, após a conclusão do estudo ora relatado, que a utilização do conceito de margem de contribuição merece maior atenção dos acadêmicos, gestores e contadores devido ao seu grande poder apoio informativo à tomada de decisões quanto ao mix de produtos ofertados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ATKINSON, A. A.; et al. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2000. COGAN, S. Custos e preços: formação e análise. São Paulo: Atlas, 1999. CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DE SÃO PAULO (CRC-SP). Custos: ferramentas de gestão. São Paulo: Atlas, 2000. KAPLAN, R. S.; ATKINSON, A. A. Advanced management accounting. New Jersey: Prentice-Hall, 1989. LEONE, G. S. G. Custos: planejamento, implementação e controle. São Paulo: Atlas 2000. PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 1994. SANTOS, J. J. Análise de custos. São Paulo: Atlas, 1990. WERNKE, R. Gestão de custos: uma abordagem prática. São Paulo: Atlas, 2001. ENEGEP 2002 ABEPRO 6

ANEXO 1 - CONTROLE DA MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO UNITÁRIA PRODUTOS S-4280 S-3450 S-1540 S-134 S-002 S-4540 S-015/6 S-100 S-157 S-4283 S-2484 S-1141 S- OUTROS* PREÇO DE VENDA** 2,1074 2,3327 3,0788 2,2200 2,8395 2,1215 2,3890 4,5571 2,1778 2,0933 5,5848 2,2482 3,0517 CUSTO VARIÁVEL 1,3969 1,5569 2,0869 1,4769 1,9169 1,4069 1,5969 3,1369 1,4469 1,3869 3,8669 1,4969 2,0676 CUSTO MAT.-PRIMA 1,3200 1,4800 2,0100 1,4000 1,8400 1,3300 1,5200 3,0600 1,3700 1,3100 3,7900 1,4200 1,9907 EMBALAGEM 0,0769 0,0769 0,0769 0,0769 0,0769 0,0769 0,0769 0,0769 0,0769 0,0769 0,0769 0,0769 0,0769 DESPESAS VARIÁVEIS 0,5051 0,5591 0,7380 0,5321 0,6806 0,5085 0,5726 1,0923 0,5220 0,5018 1,3387 0,5389 0,7315 ICMS 0,3583 0,3966 0,5234 0,3774 0,4827 0,3607 0,4061 0,7747 0,3702 0,3559 0,9494 0,3822 0,5188 PIS 0,0137 0,0152 0,0200 0,0144 0,0185 0,0138 0,0155 0,0296 0,0142 0,0136 0,0363 0,0146 0,0198 COFINS 0,0632 0,0700 0,0924 0,0666 0,0852 0,0636 0,0717 0,1367 0,0653 0,0628 0,1675 0,0674 0,0916 COMISSÕES 0,0700 0,0774 0,1022 0,0737 0,0943 0,0704 0,0793 0,1513 0,0723 0,0695 0,1854 0,0746 0,1013 MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO $ MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO % 0,2054 0,2166 0,2539 0,2110 0,2420 0,2061 0,2194 0,3279 0,2089 0,2047 0,3792 0,2124 0,2526 9,75 9,29 8,25 9,50 8,52 9,71 9,19 7,19 9,59 9,78 6,79 9,45 8,28 ANEXO 2 - CONTROLE DA MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO POR QUANTIDADE VENDIDA PRODUTOS S-4280 S-3450 S-1540 S-134 S-002 S-4540 S-015/6 S-100 S-157 S-4283 S-2484 S-1141 S-OUTROS* PREÇO DE VENDA** 62.037,69 61.180,27 20.501,23 13.053,88 15.106,16 11.031,79 11.371,60 17.316,94 7.491,67 6.447,49 17.089,56 5.845,33 32.320,98 CUSTO VARIÁVEL 41.121,59 40.833,59 13.896,15 8.684,17 10.197,91 7.315,88 7.601,24 11.920,22 4.977,34 4.271,65 11.832,71 3.891,94 21.898,47 CUSTO MATÉRIA-PRIMA 38.857,83 38.816,70 13.384,09 8.232,00 9.788,80 6.916,00 7.235,20 11.628,00 4.712,80 4.034,80 11.597,40 3.692,00 21.084,00 EMBALAGEM 2.263,76 2.016,89 512,06 452,17 409,11 399,88 366,04 292,22 264,54 236,85 235,31 199,94 814,47 DESPESAS VARIÁVEIS 14.870,43 14.664,91 4.914,14 3.129,02 3.620,95 2.644,32 2.725,77 4.150,87 1.795,75 1.545,46 4.096,37 1.401,13 7.747,34 ICMS 10.546,41 10.400,65 3.485,21 2.219,16 2.568,05 1.875,40 1.933,17 2.943,88 1.273,58 1.096,07 2.905,23 993,71 5.494,57 PIS 403,24 397,67 133,26 84,85 98,19 71,71 73,92 112,56 48,70 41,91 111,08 37,99 210,09 COFINS 1.861,13 1.835,41 615,04 391,62 453,18 330,95 341,15 519,51 224,75 193,42 512,69 175,36 969,63 COMISSÕES 2.059,65 2.031,18 680,64 433,39 501,52 366,26 377,54 574,92 248,72 214,06 567,37 194,07 1.073,06 MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO 6.045,66 5.681,76 1.690,94 1.240,69 1.287,31 1.071,59 1.044,58 1.245,85 718,58 630,37 1.160,48 552,27 2.675,17 QUANTIDADE VENDIDA (kg) 29.438 26.228 6.659 5.880 5.320 5.200 4.760 3.800 3.440 3.080 3.060 2.600 10.591 ENEGEP 2002 ABEPRO 7

ANEXO 3 - RESUMO COMPARATIVO DA MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO PRODUTOS QUANT MC - R$/u MC - % MC - R$/quant S-4283 3.080 0,2047 9,78 630,37 S-4280 29.438 0,2054 9,75 6.045,66 S-4540 5.200 0,2061 9,71 1.071,59 S-157 3.440 0,2089 9,59 718,58 S-134 5.880 0,2110 9,50 1.240,69 S-1141 2.600 0,2124 9,45 552,27 S-3450 26.228 0,2166 9,29 5.681,76 S-015/6 4.760 0,2194 9,19 1.044,58 S-002 5.320 0,2420 8,52 1.287,31 S-1540 6.659 0,2539 8,25 1.690,94 S-100 3.800 0,3279 7,19 1.245,85 S-2484 3.060 0,3792 6,79 1.160,48 S-OUTROS* 10.591 0,2526 8,28 2.675,17 ANEXO 4 - RELATÓRIO DE CONTROLE DA MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO - FAMÍLIA SOLVENTES PRODUTOS R$ % PREÇO DE VENDA* 280.794,58 100,00% CUSTO VARIÁVEL 188.442,87 67,11% CUSTO MATÉRIA-PRIMA 179.979,62 EMBALAGEM 8.463,25 DESPESAS VARIÁVEIS 67.306,46 23,97% ICMS 47.735,08 PIS 1.825,16 COFINS 8.423,84 COMISSÕES 9.322,38 MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO 25.045,25 8,92% ANEXO 5 - CONTROLE DO RESULTADO - SETOR SOLVENTES PRODUTOS FAMÍLIA SOLVENTES % PREÇO DE VENDA* 280.794,58 100,00% CUSTO VARIÁVEL 188.442,87 67,11% DESPESAS VARIÁVEIS 67.306,46 23,97% MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO 25.045,25 8,92% CUSTOS FIXOS SETOR 11.005,53 3,92% RESULTADO DO SETOR 14.039,72 5,00% QUANTIDADE VENDIDA (kg) 110.055,25 ENEGEP 2002 ABEPRO 8