FUNDOS PREVIDENCIÁRIOS E GOVERNANÇA

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1 FUNDOS PREVIDENCIÁRIOS E GOVERNANÇA JAIR EDUARDO SANTANA Dirigente de EFPC certificado pelo ICSS com ênfase em Administração e Investimentos Diretor Executivo de Fundo Previdenciário Complementar (JUSPREV) AETQ da JUSPREV Mestre pela PUC de São Paulo em Direito do Estado Consultor de entidades públicas e privadas Pesquisador Professor Advogado Especialista em Governança Fundos previdenciários não importa a qual categoria pertençam deveriam ter sua existência fortemente atrelada a uma governança efetiva. E governança não é simples sinônimo de gestão ou tampouco de planejamento. Muito menos substitui a palavra administração e nada tem a ver com uma boa organização. Governança pública ou privada é algo que se assenta nos modos sistêmico e complexo de ser e, por isso mesmo, revela-se de difícil mas não de impossível apreensão (para aprofundamento o leitor pode consultar texto 1 de nossa autoria a propósito do tema). Mas, antes de tudo, pensar em fundo previdenciário é resgatar visão que considera um número expressivo de vetores de extrema importância, a exemplo da longevidade, do acúmulo de recursos financeiros e de sua gestão para suportar benefícios futuros e presentes, dentre outros temas igualmente complexos. Esses inúmeros temas e outros devem ser postos dentro de um cenário de elevada educação previdenciária e porque não dizer, de educação financeira pois, no final das contas, uma questão comportamental também está à baila. Recente reportagem colocada como matéria de capa da Revista National Geographic (maio.2013) estampa fotos de bebês instigando a pensar se eles viverão até os 120 anos e afirma que a ciência pode levar a uma vida bem longa (It's not just hype. New science could lead to very long lives). Num primeiro pensar, olhar para bebês nascidos há pouco e imaginar que viverão por 120 anos parece algo fictício considerada a época presente. 1 SANTANA, Jair Eduardo. -. XVII Congresso Internacional 2nov. 2012.

2 Mas a reportagem prossegue mostrando pessoas reais, saudáveis, ativas e muitas delas exercendo atividades laborais. Chama atenção Irving Kahn ( de 106 anos de idade) que trabalha 5 horas por dia, em Nova York, como consultor financeiro desde o ano de 1929. Ou seja, Kahn conta com 84 anos de trabalho. Irving Kahn (106) Trabalha 5 hs/dia Consultor financeiro desde 1929 Vive em NY Fonte: Na onal Geographic Sabe-se que há milhares de pessoas em todo o mundo que são centenárias.

3 Marina Tisako Kumon em trabalho 2 intitulado. O fenômeno cria maior interesse sobre essa popul, e, é óbvio, previdenciária. real com iniciativas nas Não é ficção que a expectativa de vida em países que lideram os rankings existentes já começa a beirar a centena, a exemplo do Japão (86 anos), Andorra (85), Países Baixos (82) e outros tantos (Fonte: OMS, 2012). Colocando olhos em dados presentes e para ficar apenas no Brasil verifica-se o quanto e em tão pouco tempo a longevidade aumentou e vem aumentando significativamente. De fato, de acordo com o IBGE, a expectativa de vida ao nascer atingiu 71,2 anos (homens) e 74,8 anos (mulheres) em 2013. A projeção para 2041 é que essa idade chegará aos 80 anos. Se é fato e é de fato q ê v raciocínio simplista leva a pensar que há um ciclo de vida natural um pouco mais longo que no passado e nessa trajetória há (em certo momento) uma provável diminuição do ritmo de trabalho e de produção. Isso conduz é intuitivo a uma redução da fonte de custeio daquele que depende do seu labor para a sua própria mantença e sobrevivência. É aqui exatamente neste ponto que a educação previdenciária reclama sua existência e exponencia os seus propósitos maiores. Durante o ciclo de vida (humana) econômica e produtiva deveriam ser tomadas as providências para o acúmulo de recursos financeiros suficientes para o custeio dos momentos futuros já que de regra serão improdutivos na dimensão antes alinhavada. Previdência é, no seu sentido ordinário, prudência, acautelamento e previsão do futuro. Pouco difere a orientação um pouco mais técnica onde previdência é o conjunto de providências destinadas a proteger e amparar o trabalhador suas famílias, na velhice e nas enfermidades, por meio da aposentação e assistência médica-hospitalar. 2 v -232.

4 Sem poder aqui ingressar em questões do modelo da previdência brasileira abarcar a assistência, é fato que a visão negativa generalizada que se tem a respeito do Setor é potencializada pelo descaso (histórico e persistente) com a governança que deveria estar presente em todas as entidades que estão a serviço de prevenir o futuro de pessoas possibilitando-lhes bem-viver em dado momento da vida. Ouso na eleição de tais premissas porque ao olhar para a constelação do Sistema Previdenciário Brasileiro noto que onde há governança efetivada e aplicada o cenário é altamente positivo. U x v : q (REGIME PRÓPRIO DOS SERVIDORES PÚBLICOS) acumulam expressivos déficits demonstrando fraca performance em todos os seus pilares, as entidades (REGIME DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR) são detentoras de ativos que $ 7 F ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR). Aqui é despropositado comentar o RGPS (REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL) mas são notórios os seus gravíssimos problemas especialmente no tocante à geração recorrente de déficits. Em análise bem curta e com foco especial nos q necessidade de intervenções plurais no Setor. q x B ual elevadíssimo desse universo vão se mostrando inviáveis. M G í 95% são altamente deficitários e apresentam problemas dos mais variados (Fonte: TCE, 2014). Se o cenário desenhado entremostra patologias várias, desde as congênitas até as q x ê v que a governança há de ser introjetada no Setor. A mensagem que fica, não obstante, é de otimismo porque sabemos que há corretivos disponíveis. Mas, antes de tudo, deve haver conhecimento da causa. Só para ficar num dos eixos da governança denominada comumente de, por exemplo, a implantação da aqui tão reclamada governança não pode desdenhar da profissionalização e da ótima qualificação dos atores envolvidos pelas atividades próprias do Setor.

5 Transparência, compliance, estabelecimento de postura de fundamentos, pactuação de objetivos, aderência a princípios legitimados pelos atores, etc. são alguns elementos e componentes da governança que devem ser colocados em discussão e em prática. Ou, ainda, há de se ter em mente que é - í ê É indispensável avaliar permanentemente as prio participantes (servidores beneficiários). í v q q í v maneira clara e precisa. ê q v s v incentivem a fiscalização e a cobrança d í todos os procedimentos. Enfim, temos a certeza absoluta da importância do tema, da necessidade de driblar a letargia que assombra o Setor e implantar a governança aqui mencionada porque é fato certo o Brasil já conta com mais de 200 milhões de habitantes e cada vez mais tais pessoas possuem uma longevidade maior não são poucas e necessitarão de recursos financeiros suficiente que lhes garanta o desejado bem-viver.