PRÁTICAS E SABERES DISCIPLINARES EM CAMPINA GRANDE- PARAÍBA ( ) Orientador (a) Drª. Regina Coelli Gomes do Nascimento (tutora PET história)

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PRÁTICAS E SABERES DISCIPLINARES EM CAMPINA GRANDE- PARAÍBA (1900-1930) Leonora Cavalcante de Lima (bolsista do PIBIC/ CNPq/ UFCG) Orientador (a) Drª. Regina Coelli Gomes do Nascimento (tutora PET história) Este trabalho é resultante de pesquisas realizadas no projeto CARTOGRAFIA DAS PRÁTICAS E SABERES DISCIPLINARES EM CAMPINA GRANDE- PARAÍBA (1900-1930), cuja finalidade é investigar a construção do corpo educado e disciplinado de crianças e jovens na cidade de Campina Grande Paraíba, no período compreendido entre 1900 a 1930. Neste artigo, analisamos a emergência de novos lugares, relações e práticas cotidianas no Instituto Pedagógico, fundado pelo tenente Alfredo Dantas em 1919. Privilegiamos para análise as informações divulgadas na Revista Evolução do ano de 1931, uma publicação do Instituto Pedagógico sobre sua fundação em 1919. Na Revista Evolução localizamos artigos, imagens e depoimentos dos fundadores, professores (as), estudantes e intelectuais que moravam na cidade e que permitem refletir sobre práticas que passam a legitimar a necessidade de um corpo escolarizado, militarizado, obediente a códigos prescritos por autoridades políticas, jurídicas e educacionais; contribuindo para uma perspectiva da história da educação e a influência para a construção de um sujeito disciplinado, vendo aspectos na relação entre professor e aluno, do ambiente escolar e as formas de controle, tendo assim, a escolarização como representação da sociedade, geradora de condutas e práticas sociais. Para concretização da pesquisa nos aproximamos inicialmente dos pressupostos teórico-metodológicos propostos por Michael de Certeau acerca do cotidiano. Também foi fundamental o olhar de Antônio Vinão Frago (FRAGO, 2001), abordando a estrutura escolar como formadora de práticas e saberes disciplinares. Assim, buscamos lançar novos olhares sobre a História da educação em Campina Grande - Paraíba na Primeira Republica. Palavras chaves: corpo, educação, Campina Grande

A partir da pesquisa inicial, estabelecemos dois recortes temporais, ou seja dois marcos ou acontecimentos: o primeiro, no final do século XIX período em que vários espaços educacionais surgem instituindo novas formas para pensar a educação na cidade. Data deste período a criação da primeira escola de cadeira mista em 1894 e, posteriormente, a fundação de outros colégios, a exemplo do Colégio 15 de Novembro criado em 1905, Colégio Instituto Spencer, que funcionou entre os anos 1915 e 1917, do Instituto Pedagógico, fundado pelo tenente Alfredo Dantas e o Instituto São Sebastião, fundado em 1920, pelo professor e poeta Anézio Leão.(CÂMARA, 1947, p. 89-93). E o segundo marco temporal na década de 1930 quando o modelo de educação na cidade passa por mudanças a partir das inaugurações dos colégios particulares ligados a ordens religiosas no município. A primeira escola fundada foi o Colégio Imaculada Conceição (Colégio das Damas, com ensino exclusivamente para mulheres) no mês de março de 1931 e um mês depois é inaugurado, pelo vigário José Delgado o Colégio Diocesano Pio XI, na Igreja Matriz (hoje Catedral). Em 1932, o educandário foi transferido para um prédio na Rua João Pessoa. (CAMARA, 1947, p. 87-93). Com isso a analise da documentação aponta que a Historia da educação na cidade, entre 1900 a 1920, era realizado cadeiras isoladas que surgiram em 1783, consideradas aulas régias, sendo perduradas até a 1822 e passaram a ser chamadas de cadeiras Isoladas. Estas cadeiras eram usadas para designar as disciplinas ou matérias constantes do nível de ensino entre o primário e o superior ensino secundário. Havia assim, entre outras, por muitas décadas cadeiras de latim, retórica, gramática, francês, as quais ou era disciplinas preparatórias para o ensino secundário ou faziam parte de cursos voltados para o ensino de alguma arte. Porém estas cadeiras não trazia suporte para a educação, por não trazer uma estrutura escolar eficiente. (PINHEIRO, 2011) Portanto, as mudanças que estavam ocorrendo na cidade nas primeiras décadas do século XX, era a modernização. A ideia de modernidade estava crescendo no cenário urbano de todo o país, com um cotidiano agitado, e o município de Campina Grande também estava tentando acompanhar esse novo cotidiano das cidades do país, onde seu

ponto de destaque era por ser produtora e exportadora de algodão até os anos de 1930. A cidade trazia contatos com materiais estrangeiros - como um marco moderno, em questão do beneficiamento do algodão e o açúcar, pois era principal fonte de renda tanto da cidade, como da Paraíba. Dentre as submissões administrativas, políticas, também estava o ensino, submisso à essas oligarquias (PINHEIRO, 2002) - e por novas necessidades impostas pelas mudanças socioeconômicas e culturais que estavam sendo processadas nesta época. E foi justamente a elite campinense daqueles primeiros anos do século XX filhos da elite e da classe média local, profissionais liberais, funcionários públicos, comerciantes, além dos filhos de proprietários de médias e grandes propriedades, oriundos da zona rural. (PINHEIRO, 2002, P. 137) que se interessou por trazer para a cidade do discurso da modernidade e das transformações positivas que ela poderia trazer para a cidade. Segundo Sousa (2007), na década de 1920 um grupo de letrados, formados pelos filhos da elite campinense que estudavam na capital do estado ou em Recife, reivindicava para essa cidade um projeto de modernidade e urbanidade. Essa ideia de progresso seria construir a cidade com ares modernos trazidos da Europa, e com isso, beneficiaria primeiramente a parte dos grupos que comandavam a economia e a política local. Os demais cidadãos seriam influenciados pela modernização, mas não teria os benefícios, isto é, não iriam usufruir a priori das mudanças ocorridas, como na educação, pois as novas escolas, particulares seriam feitas especificamente para a parte da elite campinense. [...] Campina estava assumindo ares de cidade progressista, que necessitava crescer também em estética, com ruas calçadas e alinhadas, casas e edificações modernas, praças e logradouros agradáveis e o fim dos sinuosos e anti-higiênicos becos. (SOUSA, 2007, p.127. In: SILVA, 2009, p.54). Foi com a ascensão da economia algodoeira, que as funções de Campina Grande foram ampliadas e dinamizadas, transformando-a no maior centro de abastecimento das demais cidades do interior da Paraíba. Tais mudanças, paulatinamente foram rompendo

com os antigos valores e costumes, com o pressuposto de alcançar a ordem e a paz social. Esse discurso passa a interferir no cotidiano da população através de diversas praticas, dentre elas destacamos o investimento no corpo familiar, especialmente, na disciplinarização de crianças e jovens para adaptá-las aos discursos cívicos, patrióticos, militaristas e pedagógicos que vigoravam na época. No entanto, nessa época, a cidade demonstrava um atraso educacional, pois o estado da Paraíba e o município ainda estavam organizados nas cadeiras isoladas, submissas aos interesses particulares dos grupos dominantes, época da política conhecida como café com leite, onde o poder central brasileiro era controlado pelas oligarquias cafeeiras, e produtores mineiros de leite, aliados aos produtores de açúcar nordestinos, manifestando assim, o clientelismo na administração pública, tanto no Brasil como na Paraíba, em que a cidade de Campina Grande vivia no clientelismo. As escolas ofereciam disciplinas que atentavam para o desempenho de pequenas atividades voltadas para o trabalho, direcionadas para que o jovem desde cedo realizasse atividades que se destinassem ao treinamento físico e intelectual. Estas formas de convívio social que ao calor do momento passaram despercebidas só foram evidenciadas através de nosso contato com as diversas fontes que abarcamos, mas em especifico com as do Instituto Pedagógico (atual Colégio Alfredo Dantas) que foi o nosso direcionador para as pesquisas subsequentes, e é através dessa rica documentação que essas práticas e essas formas de disciplinarização do corpo através da educação nos chamam atenção. Deste modo o discurso cívico patriótico estava conectado a um momento histórico específico, a saber: a emergência de novas sociabilidades, o crescimento da população urbana, a industrialização incipiente em Campina Grande e na Paraíba. Contudo há uma nova percepção de urbanidade na cidade, e na educação que buscava disciplinar o corpo estudantil, formando os para a nova República. Assim, esta nova ideia de uma cidade moderna influenciara para a disciplinarização das relações pessoais, comerciais, sociais e educacionais a educação era uma aliada para moldar sujeitos aos valores que a urbanização estava impondo. O discurso Republicano de ordem e progresso, influenciou no comportamento do corpo, mente e emoções da

população campinense, com o intuito de adaptar à sociedade moderna aos novos padrões de comportamento impostos a população. Este novo parâmetro educacional, disciplinante, era o Instituto Pedagógico, fundado em 17 de fevereiro de 1919, na Rua Barão do Abiaí, Campina Grande - PB, primeiramente com ensino primário e secundário para ambos os sexos, composto de duas cadeiras regidas pelos fundadores do Instituto, a cadeira masculina pelo tenente Alfredo Dantas Correia de Góes e a cadeira feminina pela professora normalista Ester de Azevedo. Em 1924, o Instituto muda-se para um novo prédio, na mesma rua Barão do Abiaí, sendo adaptado para melhores condições higiênicas e pedagógicas, com mobiliário escolar e pedagógico. Ampliou-se os cursos, e funda cursos profissionais também, Normal e técnico-comercial, sendo apenas em 1929, pelo Decreto n.1615, de 09 de Dezembro de 1929, do Governo do Estado, integrou o Instituto pedagógico nas prerrogativas da Escola Normal Oficial do Estado. Assim, serão mantidas as seguintes escolas: - Grupo Modelo, com 3 cadeiras primarias para o ensino de didática às alunas do curso Normal ; a de Instrução militar, destinada ao preparo dos jovens na defesa da Pátria, aos quais, confere caderneta militar. 1 Era favorecido no Instituto Pedagógico, uma nova higienização e a prática de exercícios, conforme a disciplina dos militares-professores, disciplinando os corpos, rompendo com os antigos valores e costumes, com a ideia de alcançar a ordem. Essa nova forma de convívio interfere no cotidiano da população através de práticas, como o investimento no corpo familiar, principalmente, na disciplinarização de crianças e jovens, para adaptá-las aos discursos cívicos, patrióticos, militaristas e pedagógicos da época. O Instituto propagandeava seu ensino inovador, de acordo com a crescente modernização que a cidade estava passando, e com o intuito de preparar os alunos e alunas para o progresso e a ordem, com ensino militarizado do fundador do Instituto pedagógico, o tenente Alfredo Dantas e disciplinando os corpos para a nova nação republicana, além de oferecer novos cursos que atentavam para o desempenho de 1 Trecho retirado da Revista Evolução Numero 01, setembro de 1931, pág. 07 e 08.

atividades voltadas para o trabalho, como os cursos profissionalizantes: Normal e técnico-comercial. A imagem deste instituto era construída por influência de vários meios jornalísticos, principalmente pelo periódico que o fundador financiador à Revista Evolução. Deste modo, o cotidiano dos alunos (as) estava diretamente relacionado com seus comportamentos, posturas, atitudes em que estavam inseridos na instituição. Dessa forma, a análise do contexto histórico-político brasileiro nos permite entender melhor as relações estabelecidas entre o governo federal, estadual e municipal naquele momento histórico. Portanto, este projeto de pesquisa visa analisar a emergência de práticas e saberes disciplinares direcionadas para a construção de um corpo escolarizado, pedagogizado, militarizado, civilizado, higienizado, obediente a códigos prescritos por autoridades políticas, religiosas, jurídicas e educacionais, atendendo as ideais de disciplina e ordem que surgiam no Brasil. Em nossas pesquisas observamos que não há escritos sobre a recepção desses discursos em Campina Grande- Paraíba, merecendo uma pesquisa que visite esses lugares ainda obscuros para a historiografia que trata sobre a educação em nível estadual. Pretendendo assim problematizar como os sujeitos recepcionaram os discursos cívicos, patrióticos, militaristas e pedagógicos voltados para a disciplinarização do corpo e da mente das crianças e jovens, especialmente, no espaço escolar utilizado como uma geografia para divulgar os ideais cívicos e evitar comportamentos indesejáveis que poderiam transgredir os hábitos e costumes da nação brasileira. Contudo, este trabalho busca analisar a emergência de discursos que passam a legitimar a necessidade de um corpo escolarizado, militarizado, obediente a códigos prescritos por autoridades políticas, jurídicas e educacionais. Objetivamos, portanto, a partir do estudo dessas práticas perceber os significados que têm as imagens, os símbolos e as narrativas educativas para a construção da identidade do estudante como patriótico, cívico, exemplar e normatizado através do processo disciplinador instituído nas primeiras décadas do século XX, este estudo se faz necessário em virtude

das inúmeras marcas e imagens criadas naquele momento histórico instigando novas reflexões metodológicas. Fazendo desta forma uma ressalva, um ponto que temos que exaltar é a possibilidade de utilização de documentações tão pouco manuseada e com tantas informações ainda por analisar, como é o caso dos documentos existentes no Colégio Alfredo Dantas, estes nos dão possibilidades para investigar práticas e saberes disciplinares na cidade. A formação educacional referenciada a cerca deste período (1900-1930) nos é de suma importância para o entendimento dos fatos disciplinares passados que refletem na sociedade atual campinense. A partir da analise dos discursos contidos nessas documentações observa-se como ao longo do tempo a cidade de Campina Grande construiu sua dinâmica cotidiana baseada no adestramento disciplinar dos corpos estudantis. Referências Bibliográficas: ALMEIDA, Elpídio de. História de Campina Grande, Livraria Pedrosa, 1962. ANDRADE, Vivian Galdino de.a compreensão de uma modernidade pedagógica através do Instituto Pedagógico Campinense (1919 1950). In: IX SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO BRASIL. 2012, Universidade Federal da Paraíba João Pessoa Anais Eletrônicos ISBN 978-85-7745-551-5. CÂMARA, Epaminondas. Datas Campinenses. Departamento de Publicidade Academia Paraibana de Letras. João Pessoa PB, 1947. DE CERTEAU, M. A invenção do cotidiano. 1. Artes de fazer. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1999. PINHEIRO, Antonio Carlos Ferreira. Da era das cadeiras isoladas à era dos grupos escolaresna Paraíba. Campinas, SP: Autores Associados, São Paulo: Universidade. São Francisco, 2002.(Coleção educação contemporânea). SILVA, Vívia de Melo.Grupo escolar Sólon de Lucena: um novo modelo de escolarização primária para a cidade de Campina Grande-Pb(1924-1937.João Pessoa,

2009. 140f. :il. Orientador: Wojciech Andrzej Kulesza. Dissertação (Mestrado) UFPb - CE