SANED CUMPRINDO COM SUA RESPONSABILIDADE NA DESPOLUIÇÃO DA REPRESA BILLINGS EM DIADEMA



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Transcrição:

SANED CUMPRINDO COM SUA RESPONSABILIDADE NA DESPOLUIÇÃO DA REPRESA BILLINGS EM DIADEMA ENG JORGE KIYOSHI MASSUYAMA Cargo atual: Diretor de Operações da SANED, cargo atual Formação: Engenheiro Civil, formado em 1981, pela EPUSP Área de Atuação: Planejamento, operação e manutenção de sistemas de abastecimento de água e coleta de esgoto. Endereço: Rua Érico Veríssimo 85/105, Vila Conceição - Diadema CEP- 09990-220 E-mail: sanedope@terra.com.br ENG ADAMIR DE BORTOLI FRANCISCHINI Cargo atual: Gerente de Desenvolvimento, Projetos e Obras da SANED, cargo atual Formação: Engenheiro Civil, formado em 1982, pela Faculdade de Engenharia São Paulo Área de Atuação: Análise e desenvolvimento de projetos e acompanhamento técnico de obras. Endereço: Rua Estados Unidos 78, Vila Mulford - Diadema CEP- 09921-030 E-mail: sanedgdp@terra.com.br Declaração Nós, abaixo assinados, Jorge Kiyoshi Massuyama, portador da carteira e registro no CREA n 060097104 e Adamir de Bortoli Francischini, portador da carteira e registro no CREA n 0601177150, declaramos estar cientes e de acordo com as condições estabelecidas no Regulamento para apresentação de trabalhos técnicos da 34ª ASSEMBLÉIA NACIONAL DA ASSEMAE. JORGE KIYOSHI MASSUYAMA ADAMIR DE BORTOLI FRANCISCHINI Palavras-chave: Despoluição Afastamento de esgotos Coletor-tronco Linha de recalque Estação Elevatória

1. Introdução O presente trabalho tem por objetivo apresentar o estágio das intervenções de recuperação ambiental da Represa Billings que estão sendo implementadas pela SANED Companhia de Saneamento de Diadema junto à Área de Proteção aos Mananciais de Diadema, que corresponde a 22 % da área do município. A metodologia aplicada consiste na apresentação dos estudos e projetos desenvolvidos pela SANED e nas medidas e ações propostas pelo Plano de Recuperação Ambiental da Bacia Billings, em nível local quanto regional, cuja implementação têm envolvido diversos profissionais da Prefeitura do Município de Diadema e participação efetiva dos técnicos da SANED junto a estas entidades. Para a disponibilidade de água em quantidade e qualidade adequadas ao atendimento das necessidades da Região Metropolitana de São Paulo, faz-se necessária políticas de proteção e preservação dos mananciais. A SANED através das obras de afastamento dos esgotos da APM vem cumprindo com sua responsabilidade na despoluição da Represa Billings em Diadema. 2. Caracterização do Reservatório Billings O reservatório Billings pertence a um sistema de manejo das águas da Bacia do Alto Tietê, criado originalmente para gerar energia, através da sua reversão para outra bacia, a da vertente atlântica, na Baixada Santista. Porém, este reservatório durante aproximadamente 60 anos recebeu os efluentes domésticos e industriais de praticamente toda a Bacia do Alto Tietê, através do bombeamento das águas do rio Pinheiros. Um dos fatores que contribuíram no comprometimento deste reservatório foi a ocupação desordenada e irregular por falta de planejamento no uso e ocupação do solo na RMSP, que trouxe também outros problemas, como as enchentes. É imprescindível, portanto, o gerenciamento metropolitano para a questão da gestão territorial. 3. Histórico e Dinâmica Sócio Demográfica do Município Em 1959 foi criado o município de Diadema, a partir do desmembramento de São Bernardo do Campo, com uma população de aproximadamente 12.300 habitantes. O município de Diadema possui uma área de 32 km², dos quais 7km² (22% do total) se encontram na bacia da represa Billings, em área de proteção aos mananciais. O restante do território se encontra inserido na bacia do Alto Tamanduateí. A cidade apresenta numerosos cursos d'água que drenam para a represa (através do Córrego Araújo e do Ribeirão Grota Funda) e para os afluentes do Tamanduateí (pelo Córrego do Taboão e pelo Ribeirão dos Couros, ambos formando divisa com São Bernardo, e os Córregos do Floriano e Capela, entre outros ).

Devido à sua localização estratégica entre as áreas industriais de Santo Amaro, no município de São Paulo e de São Bernardo do Campo, Diadema sofreu um grande crescimento urbano a partir da década de 60, com a população atingindo valores da ordem de 78.900 habitantes, segundo o censo de 1970, resultando num crescimento demográfico de 540%, ou o equivalente a uma altíssima taxa de 20,4% ao ano no período 1960/70. Entretanto, o crescimento populacional do município decorrente de migrações desacelerou na década de 90, pois entre 1996 a 2000 a taxa de crescimento registrada foi de 2,48 % ao ano. De acordo com o Censo de efetuada pelo IBGE em 2000, a população do Município de Diadema atingiu 356.389 habitantes e apresenta elevada densidade demográfica, cerca de 111 habitantes/ha, a segunda maior do país. De modo que ao longo do período 1980/2000 teve uma ocupação de seus espaços ainda vazios, atingindo 55,8% de crescimento em sua densidade demográfica. A elevada densidade desse município se explica pela área reduzida que possui, a pouca disponibilidade de áreas livres e a pressão demográfica proveniente das camadas de baixa renda que acabam favorecendo a ocupação das áreas livres, públicas ou privadas. 4. Características da Área de Proteção aos Mananciais de Diadema De acordo com os cartogramas de volume de população por setor censitário nos anos de 1991 e 1996, nota-se que há um esvaziamento relativo das áreas centrais do município compensado por um crescimento da população, principalmente das áreas localizadas mais ao sul do município, justamente nas áreas próximas ao Reservatório Billings, delimitada como de Proteção aos Mananciais. As características dessa expansão periférica de assentamentos precários, que atinge todos os quadrantes metropolitanos e afeta de forma particular os mananciais, têm origem no processo de valorização imobiliária e na conjuntura sócio-econômica, que está afetando de forma particularmente grave a população da RMSP. As repercussões espaciais e ambientais desses processos podem ser vistas no crescimento das migrações intrametropolitanas de populações de menor renda, para locais cada vez mais distantes das oportunidades de acesso a serviços de infra-estruturas e de emprego e, portanto, cada vez mais precários e de risco para a vida dessas populações, entrando em conflito com os últimos recursos ambientais necessários à sustentação da vida na metrópole, como é o caso das porções remanescentes de vegetação e água. A Área de Proteção aos Mananciais - APM de Diadema está inserida na Bacia denominada Grota Funda, que corresponde a um dos Braços do reservatório. Esta área é atravessada pela Estrada do Alvarenga, importante via de acesso desta região e que vai até o município de São Bernardo do Campo. Na porção sul do município de Diadema, onde cerca de 6,5 Km 2 estão na Área de Proteção aos Mananciais da represa Billings já vinha ocorrendo um processo de ocupação, desde a emancipação da cidade, sob pressão do movimento migratório provocado pela industrialização do ABCD. A área de mananciais da cidade, que compreende à quase totalidade do bairro Eldorado e a parcelas significativas dos bairros Inamar e Serraria, encontra-se amplamente ocupada, abrigando uma população de aproximadamente 57 mil pessoas (conforme estimativa da prefeitura para o ano de 1998).

A maior parte desta região está totalmente urbanizada, com vias pavimentadas, infra-estrutura urbana quase completa (redes de água e esgotos, eletricidade, etc.), nem sempre oficial e equipamentos sociais como escolas públicas das redes municipal e estadual, unidades de saúde públicas. Alguns quarteirões são formados por antigas favelas urbanizadas ou loteamentos clandestinos posteriormente regularizados. A área urbana residencial é constituída pela ocupação de alta densidade, caracterizada por residências de baixo padrão, ou auto-construção, sendo os lotes em sua maioria de 125 m 2. O Condomínio Praia Vermelha localizado junto às margens do reservatório Billings, é uma exceção dentro deste contexto de ocupação, caracterizado por lotes de médio e alto padrão, com lotes mínimos de 500 m 2 de área. Existem também nesta área 14 bolsões de favelas, chamados de núcleos habitacionais, com qualidade de vida extremamente baixa e localizados na sua maioria em áreas de riscos geológicos e de inundação. No extremo sul do município há dois assentamentos, com cerca de 2.000 pessoas que não dispõem de rede de água, que são: o Sítio Joaninha, ocupado desde 1989 por aproximadamente 400 famílias de baixa renda, desprovidos de serviços de infra-estrutura, sendo abastecidos por caminhões-pipa e apresentando condições de qualidade de vida muito ruins, agravadas pela proximidade com o lixão do Alvarenga, que resultou na contaminação do lençol freático; e a Vila Santa Fé, formado por chácaras esparsamente distribuídas, que abrigam cerca de 100 famílias de classe média, abastecidas através de poços artesianos. Um dos maiores problemas ambientais do município de Diadema e compartilhado com São Bernardo do Campo, é o do Lixão Alvarenga, situado na divisa entre os dois municípios, na bacia do reservatório Billings. Esta área do Lixão do Alvarenga, inserida na Área de Proteção aos Mananciais, possui aproximadamente 40.000 m 2 e recebeu resíduos industriais e outros detritos clandestinos por muitos anos e ainda, está localizado em terreno vizinho ao cemitério Vale da Paz, que se constitui em outro foco importante de poluição das águas, devido ao lençol freático ser muito elevado, contribuindo para a poluição da represa. Segundo estimativa feita pela CETESB Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental, em quase 30 anos, de 1972, quando foi criado, até os dias de hoje, cerca de 2 milhões de toneladas de lixo foram depositados na área do Lixão do Alvarenga. Em 16 de julho de 2001 as prefeituras de S. B. do Campo e de Diadema fecharam definitivamente o acesso ao Lixão e estão implementando programas que visam resgatar as famílias que sobreviviam da atividade de catar lixo. Ao todo são 50 famílias de Diadema e 176 crianças de S. B. do Campo que poderão receber ajuda de custo e passarão a frequentar a escola.

Resta agora a recuperação ambiental do lixão, que fica a cerca de 200 m da represa Billings, cujo projeto encontra-se em estudos, bem como a assinatura do TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), elaborado pelo Ministério Público. 5. Saneamento Básico na APM de Diadema Os dados específicos das áreas protegidas no município são : Área da APM em Diadema 7,15 km² Área inundada da represa Billings 0,68 km² Área Urbanizada 3,87 km² Área de Preservação e Recuperação 2,60 km² Pop. Estimada 60.567 hab. Nº de ligações de água 10.171 Nº de ligações de esgoto 9.433 A captação, tratamento e adução da água distribuída em Diadema, assim como nos demais municípios da Região do ABCD, é de responsabilidade da SABESP, abastecidos pelo sistema produtor Rio Grande, que fornece 4,5 m 3 /s água para Diadema, parte de Santo André e São Bernardo do Campo, correspondendo ao abastecimento de 6,6% da RMSP ou 1,2 milhão de pessoas. A captação de água do sistema produtor Rio Grande é feito em um dos braços seccionado da represa Billings no Município de São Bernardo do Campo, através de uma barragem de terra, que vem sofrendo um crescente processo de eutrofização e contaminação por esgotos domésticos e industriais. As principais rodovias de acesso ao litoral sul do estado de São Paulo, que cortam este braço da represa, são também temas de preocupação quanto a acidentes com produtos tóxicos e cargas perigosas. Em 2000, foram disponibilizados na represa Guarapiranga mais 4,0 m 3 /s de água, captados e revertidos do braço Taquacetuba, da Billings. Cerca de 93,4% da população residente na Área de Proteção dos Mananciais de Diadema é atendida pelo Sistema Público de Abastecimento de Água. As regiões não servidas correspondem aos loteamentos Sítio Joaninha e a Vila Santa Fé, onde o abastecimento é feito através de caminhão pipa. Em alguns núcleos de favela não urbanizados, o abastecimento é realizado de forma precária através de ramais clandestinos ou ligações coletivas. O sistema de esgotamento sanitário existente na Área de Proteção dos Mananciais de Diadema consiste em cerca de 20 km de redes coletoras executadas pela SABESP, no período em que esta administrava os serviços de

saneamento do município. A SANED, atual concessionária dos serviços de saneamento no Município, instalou 12,8 Km de redes coletoras nos últimos 7 anos, porém devido às restrições da lei, que exige o tratamento no local ou a exportação destes esgotos para fora da bacia (artigo 23 da lei 1172/76). Nestas redes coletoras estão sendo executadas as ligações de esgoto, de modo que, atualmente o índice de atendimento em coleta de esgotos em Diadema subiu de 80,0% para 84,1%. As regiões ainda não contempladas com rede coletora lançam os esgotos diretamente na sarjeta, fundos de vale ou nos equipamentos de drenagem, que por sua vez alcançam a represa Billings. 6. Descrição do Sistema de Afastamento dos Esgotos da APM - Diadema 6.1 Saneamento Básico Para o atendimento pleno da APM de Diadema com o sistema de esgotamento sanitário, a SANED iniciou a implementação das obras de afastamento dos esgotos da APM de Diadema, a partir do ano de 2001. O sistema de afastamento dos esgotos compreende as seguintes unidades: 10 km de Rede Coletora e Coletores-tronco; 6 Estações Elevatórias, e; 2,7 km de Linhas de Recalque. Ressalta-se que estas obras fazem parte do Plano Diretor de Esgotos da Região Metropolitana de São Paulo, cujo EIA-RIMA (Processo SMA n o 394/89) foi aprovado pelo Consema, através da Deliberação 52/91. A área a ser atendida pelo projeto através de redes coletoras, coletores-troncos, estações elevatórias e emissários por recalque está compreendida nas sub-bacias 5 e 6. Propõe-se a reunião dos esgotos gerados na SB-6 na EEB-1, através de coletores-tronco, bombeados até o ponto alto e encaminhados por gravidade até a EEB-2 localizada na SB-5, através do Coletor-tronco de Interligação EEB-1/EEB-2. Os esgotos da SB-5 serão reunidos na EEB-2 através de coletores-troncos e bombeados, juntamente com os da SB-6, até o poço de visita do coletor-tronco existente no cruzamento das ruas lpitá e Antônio Silvio C. Bueno, localizado no divisor de águas da área de proteção aos mananciais, Bacia Billings e a Bacia do Ribeirão dos Meninos. Deste poço de visita, os esgotos das Sub-bacias 5 e 6 serão encaminhados por gravidade para a ETE - ABC,

através dos coletores-troncos: Existente, Couros TM, Curral Grande e Couros TJ e finalmente pelo Interceptor dos Meninos. O sistema de afastamento dos esgotos sanitários foi projetado para o horizonte de projeto de 2.020, com o início de operação no ano de 2.000. As obras lineares previstas serão implantadas em três etapas. Para as estações elevatórias foram consideradas as seguintes etapas de implantação e de ampliação: 1 a Etapa: 2.000 à 2.010 2 a Etapa: 2.010 à 2.020 Quando da elaboração do projeto técnico, foi realizado um estudo demográfico que, a partir da análise da evolução histórica apresentada pelo município e pela área de projeto, estimou em 84.158 habitantes a população residente na área no ano de 2.020. 6.2 Estágios da Implementação das Obras Já Executada Ligações de esgoto 9.433 Rede Coletora e Coletores-tronco Linha de Recalque Estação Elevatória População Beneficiada Investimento 4 km 1,7 km 1 um 42.450 (70% da população total) R$ 5 milhões A Executar Ligações de Esgoto 1.827 Rede Coletora e Coletores-tronco Linha de Recalque Estações Elevatórias População Beneficiada Investimento 6 km 1 km 5 um 18.117 (30% da população total) R$ 4 milhões 7. Conclusões A implantação do sistema de esgotamento sanitário é de fundamental importância, uma vez que representará a possibilidade de saneamento de um trecho significativo da Área de Proteção aos Mananciais. Entretanto, vale destacar, o afastamento dos esgotos é insuficiente se não for acompanhado da adoção de medidas visando o

controle da ocupação da área e a manutenção dos parâmetros ambientais estabelecidos em lei, através da preservação das áreas remanescentes. Neste sentido, a simples implantação do sistema de esgotamento sanitário, caso não sejam adotadas as medidas cabíveis, poderá representar a dinamização do processo de ocupação irregular na área de proteção dos mananciais e agravar, ainda mais, uma situação que compromete não somente a população local, mas toda a Região Metropolitana de São Paulo. Diante disso a SANED em 2002, assumiu a gestão ambiental do município encrementando a fiscalização ativa da APM. Acrescenta-se, ainda, o fato de que a exportação dos esgotos é premissa básica, prevista em lei, no processo de recuperação ambiental da Área de Proteção aos Mananciais. Desta forma, apesar do sistema de afastamento dos esgotos do Eldorado prever o lançamento dos esgotos in natura no Ribeirão dos Couros, este impacto deverá ser eliminado quando da implantação do coletor-tronco Couros, que realizará o encaminhamento destes, e dos demais efluentes de sua bacia de contribuição, para a ETE-ABC. Verifica-se, desta forma, a complementariedade entre o processo de recuperação ambiental da área de proteção dos mananciais e o Programa de Despoluição do Tietê, o que reforça ainda mais a necessidade de uma ação conjunta, entre os vários órgãos do poder público, no sentido da melhoria da qualidade ambiental em nosso Estado. No que se refere aos aspectos ambientais, sistema de esgotamento sanitário deverá promover uma significativa melhoria da qualidade ambiental de sua área de influência, com repercussões positivas na qualidade de vida da população, uma vez que a grande maioria dos impactos negativos são facilmente mitigáveis, cessando após a paralisação da ação geradora. Vale salientar que no balanço geral entre os impactos negativos e positivos, estes últimos apresentam maior significância principalmente no que se refere às condições de saúde pública no município e da região como um todo. Deve-se reconhecer, ainda, que o fornecimento adequado de serviços de tratamento de esgotos e um meio ambiente saudável e equilibrado são direitos inalienáveis do cidadão, cabendo ao poder público, através de suas entidades, zelar pela sua garantia, sem os quais este se vê incapacitado de exercer sua cidadania. A SANED, diante deste panorama, decidiu pela implantação deste empreendimento, objetivando contribuir para a elevação dos níveis da qualidade de vida da população envolvida, através do saneamento básico e adotando tecnologias apropriadas, considerando a variável ambiental da região. Bibliografia BOSSI, W. M. Represa Billings e Diadema: o que uma cidade pequena pode fazer por um lago poluído? Debates Sócio-Ambientais, São Paulo: CEDEC, v. 1, n. 3, p. 14, fevereiro/março/abril/maio de 1996. Cadernos de Habitação, Diadema: Prefeitura Municipal, n. 2, 1996. Número especial: Plano Diretor, Lei de Uso e Ocupação do Solo e Legislação Urbanística.

CETESB/SABESP. Programa de Recuperação Ambiental da Bacia da Billings. São Paulo, Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Maio, 1998. Termo de Referência: Relatório Técnico 02. GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Secretaria de Recursos Hídricos Saneamento e Obras. Projeto de Saneamento Ambiental dos Mananciais do Alto Tietê.