AUXÍLIO NA DIAGNOSE DE DOENÇAS DE PLANTAS À COMUNIDADE ACADÊMICA DA UEMS - AQUIDAUANA

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Transcrição:

AUXÍLIO NA DIAGNOSE DE DOENÇAS DE PLANTAS À COMUNIDADE ACADÊMICA DA UEMS - AQUIDAUANA Rogério Romero da Silveira 1 ; Felipe André Sganzerla Graichen 2 1 Acadêmico do Curso de Agronomia da UEMS, Unidade Universitária de Aquidauana; E-mail rogerio_romero_silveira@hotmail.com. Bolsista PIBEx; 2 Professor dos cursos de Agronomia e Engenharia Florestal da UEMS, Unidade Universitária de Aquidauana; Email: felipeandre@uems.br. Orientador. Área temática da extensão: Tecnologia Resumo As plantas cultivadas muitas vezes têm a sua produção comprometida pela ocorrência de doenças, que podem ser de origem biótica ou abiótica. Portanto, a diagnose tem papel fundamental no manejo a ser empregado para o normal desenvolvimento da agricultura. Este trabalho teve por objetivo identificar a etiologia das doenças que ocorreram em plantas na Unidade Universitária de Aquidauana, de forma a auxiliar na tomada de decisão no manejo destas. Foram coletadas 14 espécies de plantas cultivadas na Unidade Universitária de Aquidauana, sendo diagnosticadas 30 doenças, de diferentes grupos de patógenos. Através da diagnose tomaram-se as devidas decisões no manejo. Palavras-chave: Manejo de doenças. Fitopatologia. Clínica Vegetal. Introdução As plantas são os produtores primários de alimento que sustêm a população humana assim como animais e outros seres heterotróficos. Dentre estes podem-se citar cerca de 10.000 espécies de fungos, 100 bactérias, 2.500 molicutes e mais de 500 nematoides patogênicos que competem com o homem extraindo alimento das plantas cultivadas. Esta gama de patógenos é responsável por perdas anuais de cerca de 30% da produção agrícola anual. Estes dados podem ainda ser mais drásticos quando as doenças causadas por estes agentes ocorrem em regiões mais pobres onde as plantas são cultivadas com baixo uso de tecnologia. Apesar do baixo uso de tecnologia estar envolvido com a maior incidência de doenças não se pode deixar de citar que algumas plantas estão mais predispostas à ocorrência de doenças, que seja por características genéticas intrínsecas das plantas ou devido ao manejo que lhes é dado durante o cultivo. A manutenção do potencial produtivo das plantas cultivadas deve ser garantida através do manejo das doenças. O sucesso de uma estratégia de manejo é dependente de fatores que envolvem o conhecimento da planta, dos patógenos em potenciais e das doenças que de fatos

incidem sobre estas. A escolha de uma estratégia de controle é dependente da etiologia das doenças. Esta dependência da etiologia também reflete quando se opta pelo controle químico das doenças sendo um fator determinante para o sucesso do manejo da doença. A diagnose de doenças de plantas depende do conceito que se tem de doença. Doença de planta é um processo, caracterizado por um desvio do funcionamento normal, irreversível e contínuo, independente dos fatores que o determinam (biótico ou abiótico) e que conduzem a uma redução da produtividade agrícola. Portando diagnose envolve o conhecimento de vários fatores envolvido durante o processo de patogênese: a planta (hospedeiro), o patógeno (fungos, bactérias, vírus e outros) e das condições de ambiente em que a cultura esta envolvida (predispondo ao ataque de agentes bióticos ou sendo causa das doenças abióticas). Além disso, realizar uma diagnose envolve aspectos inerentes ao indivíduo, segundo (Duarte & Boa, 2005), diagnose é uma arte, depende do conhecimento dos fatores citados acima associados com um perfil investigativo do profissional que a pratica. A realização de uma diagnose completa envolve a realização de três etapas: 1) entrevista; 2) identificação do fator de estresse; e 3) recomendação para uma estratégia de manejo para resolver o problema. A entrevista tem como objetivo conhecer quais são as condições das plantas antes da observação da ocorrência da doença, facilitando a identificação do agente patogênico. O segundo componente, identificação do agente de estresse, deve ser realizado de forma rápida durante a diagnose. A identificação rápida de uma doença, aliada à precisão na identificação do seu agente causal, têm sido apontada como fatores fundamentais para o sucesso e credibilidade de uma clínica vegetal (ZAMBOLIM, 2004). Após a identificação de uma doença deve ser indicada uma estratégia de manejo (terceira etapa). Apesar de ser um ponto polêmico entre fitopatologistas, a realização da diagnose somente faz sentido quando seu resultado visa o controle de uma doença. Contudo, a indicação do controle deve ser analisada pelo responsável técnico da lavoura, que avaliará o resultado e a indicação de controle servirá como base para sua decisão. Cabe ressaltar que a aplicação de produtos fitossanitários é regida por lei, e deve sempre ser acompanhada por um Receituário Agronômico, expedido por um profissional habilitado (MATO GROSSO DO SUL, 2004). Este trabalho teve como objetivo identificar a etiologia das doenças que ocorreram em plantas na Unidade Universitária de Aquidauana, de forma a auxiliar na tomada de decisão no manejo destas.

Material e Métodos Foi montada uma estrutura de Clínica Vegetal na Unidade Universitária de Aquidauana da UEMS, utilizando a infraestrutura do laboratório de Microbiologia e Microscopia. As amostras utilizadas para realização da diagnose foram registradas em formulário próprio contendo dados sobre o solicitante da diagnose, espécie cultivada, tratos culturais realizados, condições de ambiente e data do início da observação dos sintomas. As doenças foram identificadas inicialmente pela descrição de seus sintomas e comparação com as referências bibliográficas especializadas (BARNETT & HUNTER,1998; KIMATI et al., 2005; ALFENAS & MAFIA 2007; ZAMBOLIM et al., 2002). As amostras foram submetidas ao método de câmara úmida para favorecer o desenvolvimento dos sinais do patógeno. Sempre que a doença apresentou etiologia fúngicas foram montadas lâminas com os sinais do patógeno para confirmar sua etiologia. A recomendação de uma estratégia de manejo quando indicada foi baseada em literatura específica para o hospedeiro da doença. Resultados e Discussão Durantes estes quatro primeiros meses foram coletadas 14 espécies de plantas cultivadas na Unidade Universitária de Aquidauana com sintomas de doenças. Nestas plantas foram identificadas 30 doenças diferentes, sendo 23 de origem fúngica, três bacterianas, duas virais, um por estramenópilo e uma alga (Tabela 1). A maior parte das doenças identificadas foi observada sobre parcelas de experimentos desenvolvidos por alunos, ou sobre parcelas demonstrativas de espécies oleaginosas. Na cultura do feijoeiro foram encontradas seis doenças (Tabela 1), onde não foi recomendado nenhum controle devido a alta intensidade das doenças e porque a etiologia foi determinada por patógenos que apresentam estruturas de resistência para sobrevivência nos solos. Com base nestas informações recomendou-se a utilização de rotação de culturas para o controle de Murcha de esclerócio e Mofo branco. Na cultura da soja houve uma grande incidência de Mildio e ferrugem asiática (Tabela 1). Não foi indicado o controle destas doenças, pois sua incidência ocorreu no final do ciclo das culturas, quando o potencial produtivo desta cultura já havia sido determinado. Na cultura do Eucalipto houve grande intensidade de manchas foliares (Tabela 1) e em algumas amostras também foram encontrados esporos de ferrugem. Nesta cultura, em especial, optou-se por não realizar o controle das doenças, pois apesar do bosque ser ainda jovem, as plantas apresentavam altura superior a 5 m, o que dificultaria qualquer estratégia de

controle adequada. Neste caso todas as estratégias de manejo deveriam ser tomadas antes da implantação da cultura. Em bananeiras (Tabela 1) frequentemente foi diagnosticada sigatoka-amarela. Em algumas amostras foi observada a incidência de Mal-do-Panamá. Nos cultivos da Mucuna anã e do algodoeiro foram diagnosticados a presença de Mancha angular, mas devido às parcelas serem apenas demonstrativas, não foi recomendado o controle das doenças. No cultivo da abóbora foi diagnosticado a presença de Oídio, e apesar da presença de Ampelomyces sp., o oídio não foi controlado. Tabela 1. Doenças diagnosticadas na Unidade Universitária de Aquidauana da UEMS durante o período de Abril a Julho de 2012 Hospedeiro Doença Patógeno Grupo do Patógeno Feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris) Soja (Glycine max) Algodão (Gossypium sp.) Murcha de esclerócio Sclerotium rofsii Mofo Branco Sclerotinia sclerotiorum Ascomycota Mosaico comum BCMV Vírus Mosaico dourado BGMV Vírus Crestamento Xanthomonas campestris Bacteriano do pv. phaseoli feijoeiro Bactéria Antracnose Colletotrichum lindemulthianum Fungi Ascomycota Mildio da soja Peronospora manchurica Stramenopilo Oomycota Oídio da soja Microsphaera diffusa Ascomycota Ferrugem asiática da Phakopsora pachyrhizi soja Antracnose Colletotrichum dematium Ascomycota Mancha angular Xanthomonas campestris pv. malvacearum Bactéria Mancha de ramulária Ramularia areola Ascomycota

Hospedeiro Doença Patógeno Grupo do Patógeno Mucuna anã (Mucuna deeringiana) Mamoeiro (Carica papaya) Banana (Musa sp.) Goiaba (Psidium guajava) Eucaliptos (Eucalyptus spp.) Mancha angular Phaeoisariopsis sp. Ascomycota Varíola do mamoeiro Asperisporium caricae Ascomycota Sigatoka-amarela Pseudocercospora musae Ascomycota Mal-do-Panamá Fusarium oxysporium f.sp. cubensis Ascomycota Mancha de alga Cephaleurus virens Alga Ferrugem do eucalipto Puccinia psidi Mancha foliar Hainesia lithri Ascomycota Oídio Erysiphe sp. Ascomycota Phaeophleospora Mancha foliar epicoccoides Ascomycota Abóbora (Curcubita sp.) Figueira (Ficus carica) Mandioca (Manihot esculenta) Citros (Citrus spp.) Quebra-pedra (Phyllanthus niruri) Pestalotiose Pestalotiospis sp. Ascomycota Oídio* Podospora xanthii Ascomycota Ferrugem da figueira Cerotelium fici Cercosporiose Cercosporidium henningsii Ascomycota Cercosporiose Cercospora viçosae Ascomycota Mancha das folhas Periconia sp. Ascomycota Cancro cítrico Xanthomonas axonopodis pv. citri Bactéria Cercosporiose Cercospora phyllanthi Ascomycota

Hospedeiro Doença Patógeno Grupo do Patógeno Capim colchão (Digitaria sp.) Brusone Magnaporthe grisea Ascomycota * Sobre as folhas de abóbora foram encontrados picnídios de Ampelomyces sp. um hiperparasita dos fungos que causam oídio. Conclusão O auxílio prestado através da clínica vegetal é uma ferramenta importante para os experimentos realizados nesta Unidade, pois além de auxiliar na tomada de decisão no manejo das doenças também oferece um melhor suporte para a correta identificação dos patógenos e sua fácil correta citação em trabalhos científicos gerados por estes experimentos. Agradecimento À Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul pela concessão da bolsa. Referências ALFENAS, A. C. & MAFIA, R. G. Métodos em Fitopatologia. UFV: Viçosa. 2007, 382 p. BARNETT, H. L. & HUNTER, B. B. Illustrated genera of imperfect fungi. 4. ed. Saint Paul, Ed. APS Press. 1998. 241p. DUARTE, V. & BOA, E. Enfoques usados na diagnose de doenças de plantas. Revisão anual de patologia de plantas. 2005. v. 3, p. 31-46. MATO GROSSO DO SUL. Lei n 2.951, de 17 de dezembro de 2004. Dispõe sobre o uso, a produção, a comercialização e o armazenamento dos agrotóxicos seus componentes e afins no Estado de Mato Grosso do sul, e dá outras providências. ZAMBOLIM, L.; VALE, F. X. R.; MONTEIRO, A. & COSTA, H. Controle de doenças de plantas fruteiras. Viçosa. 2002. v. 2, 1313 p. ZAMBOLIM, L. Reflexão sobre diagnose de doenças de plantas no Brasil. In: XXXVII Congresso Brasileiro de Fitopatologia, Gramado. Fitopatologia Brasileira, 2004. v. 29 (Suplemento), p. 25-26.