Material Teórico. Programas e Legislação - PNRS. Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Enrico D Onofro. Revisão Textual: Prof. Ms.

Documentos relacionados
Quadro político, jurídico e técnico da gestão de resíduos no Brasil

PNRS e a Logística Reversa. Free Powerpoint Templates Page 1

SIMPÓSIO SOBRE O POLO GESSEIRO DO ARARIPE: POTENCIALIDADES, PROBLEMAS E SOLUÇÕES.

LEI MUNICIPAL Nº 687 DE 09 DE SETEMBRO DE 2013 LEI:

DEPARTAMENTO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL GESTÃO DE RESÍDUOS : INTERFACE DOS MUNICÍPIOS COM A LOGÍSTICA REVERSA

Responsabilidade do Produtor na Política Nacional de Resíduos Sólidos do Brasil

DIREITO AMBIENTAL. Sustentabilidade A sustentabilidade na Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº de 2010) Parte 2 Prof.

Recolhimento e Destinação de Embalagens de Sementes Tratadas Edivandro Seron

Influência dos Fertilizantes Organominerais sobre os organismos do solo. João Cezar M. Rando 05/04/2017

ESTADO DE RONDÔNIA MUNICÍPIO DE PRIMAVERA DE RONDÔNIA GABINETE DO PREFEITO GESTÃO 2013/2016

Logística Reversa no Brasil Cenário atual e futuro

PALESTRA DE SENSIBILIZAÇÃO E FORMAÇÃO DE MULTIPLICADORES

Prefeitura do Recife - EMLURB

RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA E LOGÍSTICA REVERSA: IMPLEMENTAÇÃO NO CONTEXTO BRASILEIRO

POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS Lei /2010. Flávia França Dinnebier

Painel IV: Os Acordos Setoriais e PMGIRS Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos

0 7 / F a b r i c i o D o r a d o S o l e r f a b r i c i o s o l e f e l s b e r g. c o m. b r

Gestão de Resíduos Sólidos

saneamento básico resíduos sólidos Algumas das políticas nacionais de meio ambiente

De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas

Política Nacional de Resíduos Sólidos. Contexto legal e ambiental. Luiz Carlos Rossini

A LO L GÍS Í T S I T C I A R EV E E V R E SA

EDITAL DE CHAMAMENTO Nº 01/2012 Convoca os setores empresariais a apresentar propostas de LOGÍSTICA REVERSA conforme Lei /10 e Decreto 7404/10

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Lei Nº / Decreto Nº 7.404/2010

Lei / PNRS. São Paulo, 30 de Agosto de 2010

As Políticas Públicas Ambientais de Pernambuco e Resíduos Sólidos

Política Nacional de Resíduos Sólidos. Sistema de Logística Reversa de Embalagens. Fabricio Soler

EDITAL DE CHAMAMENTO Nº 01/2012. Convoca os setores empresariais a apresentar propostas de LOGÍSTICA REVERSA conforme Lei /10 e Decreto 7404/10

PLATAFORMA ITUIUTABA LIXO ZERO

A Política Nacional de Resíduos Sólidos na visão do Governo Federal

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Zilda Maria Faria Veloso

Seminário A Evolução da Limpeza Pública

Política Nacional de Resíduos Sólidos e a Logística Reversa. 21 de Setembro de 2018

Política Nacional de Resíduos Sólidos Responsabilidades Fabricantes, Importadores e Comerciantes (Lei /2010 e Decreto 7.

Hsa GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS. Resíduos Sólidos. PROFa. WANDA R. GÜNTHER Departamento Saúde Ambiental FSP/USP

Universidade Federal de Ouro Preto Escola de Minas Departamento de Engenharia Civil. CIV 640 Saneamento Urbano

RESÍDUOS SÓLIDOS : as responsabilidades de cada Setor

AJUDE O PLANETA A PRESERVAR VOCÊ

BOLETIM DO LEGISLATIVO Nº 15, DE 2012

Política Nacional de Resíduos Sólidos Breves Considerações Núcleo de Meio Ambiente CIESP Regional Jaú/SP

POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS A VISÃO DO SETOR DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS

PRODUTOS INSERVÍVEIS DO PÓS CONSUMO Encaminhamento para os produtos que no final da vida útil tornam-se resíduos sólidos, devendo retornar a cadeia pr

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

PLATAFORMA ITUIUTABA LIXO ZERO

Sementes Tratadas não Comercializadas e suas Embalagens. Proposta de Destinação Ambientalmente Adequada

A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Resolução SMA 45/2015 Logística reversa estadual. Câmara Ambiental da Indústria Paulista (CAIP/Fiesp) Julho de 2015

Biol. Regina Maris R. Murillo

Lima, J. C. F a ; Avoleta, A. b ;Lima, O. F. c ; and Rutkowski, E. W. d

PLATAFORMA ITUIUTABA LIXO ZERO

POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS : PNRS - A Visão da Indústria no Estado de São Paulo

Belo Horizonte, novembro de 2010

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Política Nacional de Resíduos Sólidos

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

PLATAFORMA ITUIUTABA LIXO ZERO

Consumo sustentável e a implantação da logística reversa de embalagens em geral. XI SEMINÁRIO ABES Brasília, agosto de 2014 Patrícia Iglecias

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS LEI Nº /2010 DECRETO Nº 7.404/2010

DEPARTAMENTO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DEPARTAMENTO DO AGRONEGÓCIO SISTEMA DE LOGÍSTICA REVERSA DE EMBALAGENS

Prof. Me. Fábio Novaes

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

QUESTÕES CONTEMPORÂNEAS NA GESTÃO PÚBLICA DE RESÍDUOS SÓLIDOS: análise dos princípios da Política Nacional de Resíduos

DIREITO AMBIENTAL. Sustentabilidade A sustentabilidade na Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº de 2010) Parte 1 Prof.

PNRS /10. 8 Anos da Lei Federal que Define a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Logística Reversa, Dificuldades e Perspectivas

DIREITO AMBIENTAL. Proteção do Meio Ambiente em Normas Infraconstitucionais - Política Nacional de Resíduos Sólidos Lei nº de 2010 Parte 2

Instrumentos e Formas de Implantação da Logística Reversa - Estágio Atual

Logística Reversa de Embalagens. Gabriel Pedreira de Lima

Simulado de Noções de Sustentabilidade para o TJPE.

Aula nº. 36. Política nacional de resíduos sólidos.

Logística reversa de embalagens de lubrificantes

SÍNTESE DA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS (LEI , DE 02 DE AGOSTO DE 2010) NA PERSPECTIVA DAS CENTRAIS DE ABASTECIMENTO BRASILEIRAS

A Política Estadual de Resíduos Sólidos e os Termos de Compromisso da Logística Reversa

Logística Reversa para Óleos Lubrificantes Usados ou Contaminados

Política Estadual de Resíduos Sólidos: Ações do Governo do Estado em Logística Reversa

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE MMA

Aula 06 PRINCÍPIO DO CONSERVADOR-RECEBEDOR

Simulado FINAL de Noções de Sustentabilidade para o. TRF 5ª Região

OFICINA DE CAPACITAÇÃO Sorocaba / São Paulo Resolução Conama 362 / 2005

Carlos R V Silva Filho

Fórum Setorial Lâmpadas, Pilhas e Baterias

I Encontro Nacional de Gestores Municipais de Limpeza Urbana Interfaces da Coleta Seletiva com a Logística Reversa de Embalagens em Geral

P L O Í L TI T CA C A NA N C A I C ON O A N L A L D E D E R E R S E Í S DU D O U S O S SÓ S L Ó I L DO D S O S

INFORMATIVO AMBIENTAL

Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis FORUM

III SEMINÁRIO ESTADUAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL

RESUMO DE DIREITO AMBIENTAL

Política Nacional de Resíduos Sólidos. Responsabilidade Compartilhada. Seguro Ambiental. José Valverde Machado Filho

Simulado de Noções de Sustentabilidade para o TJPE.

Resíduos Sólidos Desafios da Logística Reversa. Zilda M. F. Veloso 08abril2014

Seminário Consórcios Públicos

REFLEXÕES SOBRE A GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOMÉSTICOS CONTAMINANTES NO CONTEXTO DA POLÍTICA AMBIENTAL URBANA

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

NOÇÕES DE SUSTENTABILIDADE

Política Nacional de Resíduos Sólidos. Guia Técnico de Conceitos para o Setor Produtivo

Descarte de Medicament os. Responsabilidade compartilhada

PLANOS DE GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS. Alceu Galvão Analista de Regulação da ARCE Fortaleza, 11 de maio de 2015

Logística Reversa. A Política Nacional de Resíduos Sólidos Lei nº /2010:

BREVES COMENTÁRIOS À POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS: LEI Nº , DE 2 DE AGOSTO DE 2010.

21/08/2018. A questão ecológica e a Logística Reversa: riscos e oportunidades ENTENDENDO OS CANAIS REVERSOS DE DISTRIBUIÇÃO

Colaboração em logística reversa e reciclagem na indústria elétrica e eletrônica Carlos Ohde Country Manager

Transcrição:

Logística Reversa

Material Teórico Programas e Legislação - PNRS Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Enrico D Onofro Revisão Textual: Prof. Ms. Claudio Brites

Programas e Legislação - PNRS Introdução PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos Sistemas de logística reversa obrigatório Programas de retorno e reciclagem de produtos Considerações Finais Nesta unidade, conheceremos os principais programas e legislações relacionadas ao PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos. Abordaremos programas relacionados às entidades representativas, que estão ligados à obrigatoriedade da realização de logística reversa. Para facilitar o processo de ensino aprendizagem, é importante a realização das atividades propostas bem como o acompanhamento e a leitura do material complementar e de apoio. A divisão do conteúdo proposto esta segmentada da seguinte forma: primeiramente, trataremos dos princípios e objetivos da PNRS, que devem ser lidos e entendidos para que avancemos para a segunda parte, que tratará dos segmentos empresariais obrigados a realizar a logística reversa. 5

Unidade: Programas e Legislação - PNRS Contextualização A partir da promulgação da Lei 12305/10, surge a obrigatoriedade da estruturação e da implementação de sistemas de logística reversa, que cuidam dos produtos e seus resíduos após o uso pelo consumidor. São chamados a cuidar dessa obrigatoriedade todos os agentes envolvidos, sendo eles: fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes dos resíduos sólidos relacionados a agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, lâmpadas fluorescentes, produtos eletroeletrônicos, bem como seus componentes e embalagens. A necessidade da implantação da logística reversa deu origem a um novo segmento de categorias representativas junto aos órgãos fiscalizadores. Nasce uma nova modalidade econômica que, em função dos resíduos gerados, torna-se um agente de desenvolvimento social e econômicos por meio da administração do retorno dos resíduos sólidos. 6

Introdução A partir da necessidade da regulamentação do descarte e destinação final dos resíduos sólidos estabelecidas pelo decreto n 7.404, de 23 de Dezembro de 2010 e com a regulamentação da lei 12.305/10, que institui a PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos, há o nascimento da Logística Reversa de pós-consumo, que ganha força após a regulamentação da lei. Os programas ambientais apoiados pelos estados e municípios também nascem como classe representativa de cada um dos setores envolvidos, a partir da implantação das legislações estaduais e municipais. Há a necessidade da criação e implantação da logística reversa em setores que possuem a obrigatoriedade, sendo eles: fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de resíduos sólidos relacionados a agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, lâmpadas fluorescentes, produtos eletroeletrônicos, bem como seus componentes e embalagens. As questões de legislações ambientais são fatores importantes para a viabilização da logística reversa, já discutidos como fatores propulsores dela. 1. PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos A Política Nacional de Resíduos Sólidos nasceu da necessidade de regulamentar de forma clara soluções para os graves problemas causados por esses resíduos, que comprometem a qualidade de vida do brasileiro. Para melhor entendimento dessa política, faremos uma divisão das informações determinando os responsáveis e as ações a serem tomadas. 1.1 Princípios da PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos Abaixo, apresentamos o art. 6 da PNRS, o que ele determina como princípios, e alguns comentários sobre esses princípios: I - a prevenção e a precaução Tendo neste item da lei 12305/10 a demonstração clara de que o objetivo é trabalhar com a prevenção ou a não geração de resíduos; II - o poluidor-pagador e o protetor-recebedor Ao poluidor cabe o pagamento como forma de manifestar de forma positiva os impactos gerados ao meio ambiente; III - a visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública Aqui temos a criação e implantação da gestão do resíduo sólido dentro de uma visão do macro ambiente; 7

Unidade: Programas e Legislação - PNRS IV - o desenvolvimento sustentável A lei promove e incentiva o desenvolvimento sustentável por meio do equilíbrio entre meio ambiente, sociedade e economia; V - a ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a preços competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do consumo de recursos naturais a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada do planeta; VI - a cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial e demais segmentos da sociedade Tendo nessa cooperação a participação dos governos municipais e estaduais, bem como a criação de uma classe representativa; VII - a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos Sendo essa responsabilidade compartilhada entre fabricantes, distribuidores, comerciantes e consumidores; VIII - o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania O resíduo sólido, a partir de seu aproveitamento, passa a ser um agente de mudança social, ambiental e econômico. Após o entendimento dos princípios da lei 12.305/10, abordaremos os seus principais objetivos. 1.2 Objetivos da PNRS No art. 7o da PNRS, fica determinado que seus objetivos são: I - proteção da saúde pública e da qualidade ambiental E essa proteção se dará através de monitoramento e sanções; II - não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos; III - estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços; IV - adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como forma de minimizar impactos ambientais; V - redução do volume e da periculosidade dos resíduos perigosos; VI - incentivo à indústria da reciclagem, tendo em vista fomentar o uso de matérias-primas e insumos derivados de materiais recicláveis e reciclados; VII - gestão integrada de resíduos sólidos; VIII - articulação entre as diferentes esferas do poder público, e destas com o setor empresarial, com vistas à cooperação técnica e financeira para a gestão integrada de resíduos sólidos; IX - capacitação técnica continuada na área de resíduos sólidos; 8 X - regularidade, continuidade, funcionalidade e universalização da prestação dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, com adoção de mecanismos gerenciais e econômicos que assegurem a recuperação dos custos dos serviços prestados, como forma de garantir sua sustentabilidade operacional e financeira, observada a lei nº 11.445, de 2007;

XI - prioridade, nas aquisições e contratações governamentais, para: a) produtos reciclados e recicláveis; b) bens, serviços e obras que considerem critérios compatíveis com padrões de consumo social e ambientalmente sustentáveis; XII - integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; XIII - estímulo à implementação da avaliação do ciclo de vida do produto; XIV - incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao reaproveitamento dos resíduos sólidos, incluídos a recuperação e o aproveitamento energético; XV - estímulo à rotulagem ambiental e ao consumo sustentável. Alguns desses objetivos serão discutidos posteriormente, juntamente com os programas de segmentos que possuem a obrigatoriedade em realizar a logística reversa. Os objetivos e os princípios da lei 12.305/10 abordam em cada um de seus diversos trechos o tripé da sustentabilidade, que está relacionado com o equilíbrio entre questões sociais, econômicas e ambientais. A Política Nacional de Resíduos é apoiada pelo Plano Nacional de Resíduos Sólidos, que está estruturado parcialmente para atender os itens relacionados na lei 12.305/10. 2. Sistemas de logística reversa obrigatório De acordo com a definição da lei 12.305/10, logística reversa é um instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada. Podemos perceber que a definição de logística reversa abordada na lei vai além de viabilizar o retorno à destinação adequada, também é instrumento de desenvolvimento social e econômico, já contribuindo com o meio ambiente por meio do descarte adequado. Como dito, devido ao impacto e ao risco ambiental gerado por alguns componentes tais como agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, lâmpadas fluorescentes, produtos eletroeletrônicos e embalagens, a logística reversa se tornou obrigatória para esses componentes. 9

Unidade: Programas e Legislação - PNRS De acordo com o art. 33 da lei 12.305/10, são obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de: I - agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso, observadas as regras de gerenciamento de resíduos perigosos previstas em lei ou regulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa, ou em normas técnicas; II - pilhas e baterias; III - pneus; IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes. 1o Na forma do disposto em regulamento ou em acordos setoriais e termos de compromisso firmados entre o poder público e o setor empresarial, os sistemas previstos no caput serão estendidos a produtos comercializados em embalagens plásticas, metálicas ou de vidro, e aos demais produtos e embalagens, considerando, prioritariamente, o grau e a extensão do impacto à saúde pública e ao meio ambiente dos resíduos gerados. Nasce, a partir da lei, a necessidade de criar e oficializar os procedimentos de logística reversa, estruturando pontos de coleta e metas de controle para um retorno efetivo. De acordo com a explanação da lei 12.305/10, podemos entender quais os setores possuem a obrigatoriedade da realização da logística de pós-consumo, e entender de forma introdutória os motivos da obrigatoriedade. Discutiremos, então, a importância de cada um desses setores, bem como a criação de programas para a viabilização da logística reversa neles e em outros. 2.1 Setores obrigados a realizar logística reversa e os principais programas Todos os setores abordados como obrigados a realizarem a logística reversa dos resíduos são representados por uma associação representativa, por orientação da lei e da política que autoriza esse tipo de organização. Existem diversos programas nacionais e estaduais das classes representativas, porém, apresentaremos alguns dos principais, como forma de classificar as ações e soluções tomadas mais importantes na busca da operacionalização da logística reversa e da disposição final. 10

3. Programas de retorno e reciclagem de produtos 3.1 Embalagens de defensivos agrícolas O InpEV Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias, é uma entidade sem fins lucrativos, voltada a promover, em todo o Brasil, a correta destinação das embalagens vazias de defensivos agrícolas. Com sede em São Paulo (SP), o instituto foi criado em dezembro de 2001 como resultado da união da indústria do setor para atender às determinações da lei 9.974/00, que disciplinou a logística reversa das embalagens desses produtos. A legislação definiu os princípios do recolhimento e manejo das embalagens vazias a partir de responsabilidades compartilhadas entre todos os agentes da produção agrícola agricultores, canais de distribuição, indústria e poder público. A lei 12.3015/10 também regulamenta o retorno de embalagens por meio da Política e do Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Fluxo do Sistema Fonte: inpev:2014 O sistema ilustra claramente a venda das embalagens das indústrias para distribuidores, revendas e cooperativas, possibilitando o retorno dessas embalagens após o uso pelos agricultores por meio de 421 pontos de coleta espalhados por todo o território nacional. As empresas que reciclam ou realizam a incineração fazem parte da última etapa do processo, dando o descarte adequado a embalagens oriundas de produtos defensivos agrícolas. Segundo o InpEV (2014), sempre em busca da sustentabilidade, há a adoção do conceito de aproveitamento do frete de retorno para o transporte das embalagens vazias até seu destino; ou seja, o mesmo caminhão que leva os defensivos agrícolas aproveita a viagem de volta para transportar as embalagens vazias (a granel ou compactadas) armazenadas nas unidades de recebimento. 11

Unidade: Programas e Legislação - PNRS Sabemos que um dos motivos para a viabilização da logística reversa é a questão financeira, sendo esse o objetivo da InpEV. Em 2008, segundo o instituto, porém, foi dado um passo importante para alcançar a auto suficiência econômica, fechando o ciclo de gestão das embalagens de defensivos agrícolas dentro da própria cadeia. Naquele ano, foi criada a Campo Limpo Reciclagem e Transformação de Plásticos S.A., empresa que produz resinas pós-consumo, já objetivando a fabricação de embalagens plásticas para a própria indústria do setor. 3.2 Filtros de óleo automotivo e industriais De acordo com a revista Meio Filtrante, a ABRAFILTROS Associação Brasileira das Empresas de Filtros e Automotivos e Industriais é formada por empresas que participam do programa de logística reversa de filtros automotivos, sendo elas: fabricantes, importadores e distribuidores integrantes da CSFA Câmara Setorial Filtros Automotivos. O filtro usado do óleo lubrificante é um produto considerado resíduo perigoso classe I, conforme a norma ABNT NBR 10.004. O Governo Federal, por meio das resoluções CONAMA 273/00 e 362/05, proíbe a destinação inadequada desses produtos pelos geradores e a comercialização para catadores e sucateiros, devido ao risco ao meio ambiente e a população. A logística reversa de filtros automotivos ocorre nos pontos de consumo, tais como postos de gasolina, distribuidores e oficinas de troca de óleo em parceria com a empresa terceirizada Supply Service, que faz o retorno dos filtros e o seu descarte adequado. O programa denominado Descarte Consciente foi criado em parceira com a Supply Service com o obejtivo de atender às solicitações da CETESB no Estado de São Paulo e, posteriormente, sendo implantado nos principais estados brasileiros. O fluxo de retorno se dá através dos pontos de troca de filtros de óleo que, após cadastrados, fazem parte da roteirização da Supply Service para a retirada dos filtros usados. 3.3 Pneus A ANIP Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos é uma classe que representa as indústrias de pneumáticos e, com a criação das leis de proteção ambientais, busca formas de reciclagem dos pneus. A Reciclanip foi criada em março de 2007 pelos fabricantes de pneus novos: Bridgestone, Goodyear, Michelin, Pirelli e, em 2010, a Continental juntou-se à entidade com o objetivo de realizar a reciclagem. A lei 12.305/10, como já visto anteriormente, regulamenta a obrigatoriedade da realização da logística reversa dos pneus após o uso, tendo também a sustentação do art. 70 do decreto nº 6.514, de 22 de julho 2008, que impõe pena de multa por unidade de pneu usado ou reformado importado. Os mais diversos setores que possuem a obrigatoriedade da realização da logística reversa no Estado de São Paulo se reportam ao órgão competente denominado CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, que fiscaliza e negocia as metas anuais de retorno e descarte adequados. 12

Ciclo de Pneus Fonte: Reciclanip:2014 O ciclo do retorno do pneu ocorre a partir das lojas que realizam as trocas e vendas de novos pneus, que são destinados para pontos de coleta ou para recondicionamento e, após esgotadas as possibilidades de uso, serão encaminhados para trituração e, posteriormente, para o coprocessamento e destinação final. Os pneus inservíveis podem ter como destinação final tornarem-se fonte de energia alternativa, laminação de artefatos de borracha, tais como tapetes para automóveis, pisos industriais, pisos para quadras poliesportivas e, até mesmo, asfalto de borracha. Cabe a logística reversa o papel de controlar esse processo de retorno dos pneus e seus componentes até o descarte adequado. 3.4 Indústria elétrica e eletrônica A Abinee Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica é uma sociedade civil sem fins lucrativos que representa os setores elétrico e eletrônico de todo o Brasil. O programa da Abinee é denominado de Recebe Pilhas, atendendo a lei 12.305/10 e a resolução CONAMA 401/2008. Hoje o processo de retorno de algumas das principais marcas é feito pela empresa terceirizada GM&C Logística. Para realizar a coleta dos produtos, é necessário que o consumidor entregue as pilhas usadas no estabelecimento em que adquiriu essas pilhas, pois ele é responsável em comunicar a empresa sobre o retorno e o destino adequado. 13

Unidade: Programas e Legislação - PNRS 4. Considerações Finais A partir da promulgação da lei 12.305/10, que institui a obrigatoriedade do retorno e do descarte adequado de alguns produtos que oferecem muitos riscos ao meio ambiente e a população, nasce com grande força a necessidade da realização da logística reversa que faz parte desse processo. A lei 12.305/10, em seus objetivos e conceitos, determina de forma clara em seus artigos a busca da sustentabilidade através do equilíbrio entre o meio ambiente, as pessoas e as questões econômicas. A criação de alguns programas de retorno e descarte adequados é fruto da lei e da parceria entre municípios, estados, a União e as empresas do setor, que buscam a adequação à política. Alguns desses setores possuem um canal reverso mais maduro e bem estruturado, enquanto outros segmentos, no entanto, ainda estão iniciando seus projetos. Porém, a nova realidade aponta que muitos outros setores também buscam realizar a logística reversa e o descarte adequado, apoiados pela legislação, motivados por aspectos econômicos ou de imagem. 14

Material Complementar INPEV. Campanhas inpev. Disponível em: http://www.inpev.org.br/saiba-mais/ campanhas-inpev INPEV. Volume de embalagens vazias de defensivos agrícolas destinado desde 2002. Disponível em: http://www.inpev.org.br/sistema-campo-limpo/estatisticas BALLAM, Mara. Políticas de Resíduos Sólidos no Brasil: Cenário para tratamento da REEE. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/processos/4e1b1104/ ResiduosEquipamentosEletroeletrnicos_GTREE.pdf. R. BARBOZA, Marinalva; D ONOFRIO, Enrico; GONÇALVES, Rodrigo Franco; ARAUJO BERNARDINO, Marcelo. Logística reversa de filtros de óleo automotivo: desafios globais na gestão dos resíduos sólidos. Disponível em: http://www.sodebras.com.br/edicoes/ N100.pdf. R. BARBOZA, Marinalva; D ONOFRIO, Enrico; GONÇALVES, Rodrigo Franco. Logística reversa de equipamentos de tecnologia da informação e comunicação: uma avaliação comparativa da legislação e programas. Disponível em: http://www.revistaespacios. com/a13v34n12/13341214.html. 15

Unidade: Programas e Legislação - PNRS Referências ABINEE. Recebe Pilhas. Disponível em: http://www.gmclog.com.br/ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS ABNT. Resíduos classificação. Rio de Janeiro. ABNT, 1987. (NBR 10004). Sólidos: BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Brasília, DF: [s.n], 2010. <www.planalto.gov. br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm> acesso em 20/05/2014. BRASIL. Decreto n 6.514, de 22 de julho de 2008. Brasília, DF: [s.n], 2010. <www.planalto. gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm> acesso em 20/05/2014. CONAMA. Resoluções n 273 de 29 de novembro de 2000: CONAMA, 2000. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res00/res27300.html. Acesso em 10/07/14 CONAMA. Resoluções n 362 de 27 de Junho de 2005: CONAMA, 2005. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res36205.xml. Acesso em 10/07/14. CONAMA. Resoluções n 401 de 4 de novembro de 2008: CONAMA, 2008. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=589. Acesso em 10/07/14. INPEV Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazia. Sobre Nós. Acesso em: 17/07/2014 http://www.inpev.org.br/inpev/index INPEV. Logística de Embalagens Vazias. Disponível em: http://www.inpev.org.br/downloads/ apresentacao-institucional/logistica-reversa-embalagens-vazias-agrotoxico.pdf. Acesso em: 10/07/2014 INPEV. Fluxo do Sistema. Disponível em: http://www.inpev.org.br/sistema-campo-limpo/ fluxo-do-sistema. Acesso em: 10/07/2014 INPEV. Auto suficiência econômica do Sistema. Disponível: http://www.inpev.org.br/ logistica-reversa/autossuficiencia-economica-sistema. Acesso em: 10/07/2014 Meio Filtrante. Disponível em: Empresas do setor de filtros automotivos assinam compromisso de logística reversa com o estado de São Paulo. http://www.meiofiltrante.com.br/materias_veri. asp?id=855&action=detalhe. Acesso em: 20/02/2014. RECICLANIP Ciclo de Pneus. Disponível em: http://www.reciclanip.org.br/v3/formas-dedestinacao-ciclo-do-pneu. Acesso em: 10/07/2014 16

Anotações 17

www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000