Cooperativas Sociais. Marcelo Mauad Assessor jurídico da UNISOL/Brasil Professor Universitário Autor do livro: Cooperativas de Trabalho Editora LTr

Documentos relacionados
DIREITO AO TRABALHO ASSOCIADO

Direitos da Pessoa com Deficiência

Cooperativismo Social no Brasil: Conceitos, Desafios e Propostas

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. Prof. Fernando Maciel

GUSTAVO FILIPE BARBOSA GARCIA TERCEIRIZAÇÃO

ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

A situação da Seguridade Social no Brasil

Da Ordem Social: da família, da criança, do adolescente e do idoso.

TEMA 3 TRABALHO DESIGUAL? NOVAS FORMAS DE DESIGUALDADE E A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

DIREITO CONSTITUCIONAL

PROJETO DE LEI N.º 7.082, DE 2014 (Do Sr. Rogério Carvalho)

III Conferência Municipal de Saúde Mental

Cuarta Conferencia Regional Intergubernamental sobre Envejecimiento y Derechos de las Personas Mayores en América Latina y el Caribe Asunción, junio

Nossa pauta de conversa hoje é

49º Tele.Síntese Brasília

NOTA DO CNAS EM DEFESA DO BPC

Direito Constitucional

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL QUESTÕES COMENTADAS

DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITO CONSTITUCIONAL

Direitos e Garantias Fundamentais

SUMÁRIO. Capítulo I Teoria da Constituição...1

CONVENÇÃO INTERNACIONAL DE DIREITOS DAS PESSOAS IDOSAS

SEGURIDADE SOCIAL NA CF/88. Professor Ivan Lucas

DIREITO CONSTITUCIONAL

Evolução da Disciplina. Direito Constitucional CONTEXTUALIZAÇÃO INSTRUMENTALIZAÇÃO

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

DIREITO TRIBUTÁRIO. Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar

COOPERATIVAS DE CRÉDITO NO ORDENAMENTO JURÍDICO VIGENTE 33º SEMINÁRIO NACIONAL DE ASSUNTOS JURÍDICOS - ABDE SALVADOR - BAHIA OUTUBRO 2013

RESOLUÇÕES DE QUESTÕES- TEMÁTICA DE GÊNERO, RAÇA E ETNIA, CONFORME DECRETO /2011

Escola de Formação Política Miguel Arraes

O idoso dependente: de quem é a responsabilidade do cuidado? Lívia A. Callegari 15/06/2018 1

CAPÍTULO II NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS. Maristela Rossato

I ENCONTRO ESTADUAL DE COORDENADORES REGIONAIS. Defesa de Direitos e Mobilização Social. Informática e Comunicação. Artes

Monster. Direito Constitucional 1º ENCONTRO. Concursos. Olá queridos amigos,

DIREITO CONSTITUCIONAL

ADVERTÊNCIA. Este texto não substitui o publicado no Diário Oficial da União. Ministério da Saúde Gabinete do Ministro

LEI COMPLEMENTAR Nº 465, DE 28 DE MAIO DE 2012.

ANEXO X Resolução nº 176/2013

SUMÁRIO CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

PROGRAMAS E TOTAIS POR EIXOS ESTRATÉGICOS

Da Ordem Social: bases e valores. Generalidades. Seguridade Social. Educação. Cultura. Desporto. Ciência e Tecnologia.

POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL BRASILEIRA. Rosa UFPI-DSS

PARECER DO CRP SP SOBRE O ENCARCERAMENTO DE PESSOAS EM MEDIDA DE SEGURANÇA

Projeto de Atenção ao Benefício de Prestação Continuada-BPC-LOAS

SUMÁRIO. Capítulo 1 INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

A visão da OIT sobre o Trabalho Decente

Encontro Nacional de Coordenadores de Educação Profissional, Trabalho, Emprego e Renda.

FISIOTERAPIA DO TRABALHO

QUAIS SÃO OS DIREITOS DAS PESSOAS COM EPIDERMÓLISE BOLHOSA? Inclusão escolar, social e no trabalho

ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

Direito à Saúde da Criança e do Adolescente

CLIQUE AQUI E ADQUIRA O MATERIAL COMPLETO

Ciência Política I. Soberania popular, legitimidade do poder, contratualização dos atos e validade dos atos em função da lei

Convenção nº. 159/83 Organização Internacional do Trabalho relativa a Reabilitação Profissional e Emprego de Pessoas Deficienrtes/Decreto nº 129/91.

Novas Regras da Certificação das Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS) e Reflexos na Imunidade Tributária

CURSO PREPARATÓRIO Concurso para JUIZ FEDERAL Prova escrita ALEXANDRE ROSSATO DA S. AVILA 2016

Plano Nacional de Trabalho Decente -

Adequação e Operacionalização dos Controles na Área Educacional e Assistencial. Vanda Monteiro Ribeiro

Direito Constitucional

TAÍS RODRIGUES DOS SANTOS Advogada, Especialista em Direito Previdenciário e Diretora do IAPE

DIREITOS SOCIAIS. PROF. ª Adeneele Garcia Carneiro

Direito Previdenciário

Câmara Municipal de São Paulo

MANIFESTO DA MAGISTRATURA E MINISTÉRIO PÚBLICO NEGROS PELA IGUALDADE RACIAL

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

* Data de publicação no Diário Oficial da União (D.O.U.).

APOSENTADORIA ESPECIAL, PENSÃO E REDUÇÃO DE DIREITOS DRA. THAIS RIEDEL

DIREITOS HUMANOS. Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos: Instrumentos Normativos. Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência

Sugestão de aperfeiçoamento na distribuição de recursos federais de CT&I para a redução de desigualdades regionais e intra-regionais

LEGISLAÇÃO SOBRE ACESSIBILIDADE

ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO LOCAL. GAL Eu Também Conto!

A Seguridade Social e a Previdência: Concepção e Atribuições

ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO LOCAL. GAL Capacitar o Montijo

DIREITO PREVIDENCIÁRIO

@profluisalberto.

SUMÁRIO ANÁLISE DE CONTEÚDO...

JUSTIÇA FISCAL Estado para todos

CARTA DE DIREITOS E DEVERES DO CLIENTE. O Direito à igualdade perante a lei e a proteção contra a discriminação constitui um Direito Universal

NOTA JURÍDICA Nº07/2014 COSEMS-GO

DECRETO Nº /2007 (Dispõe sobre o art. 3 o da Lei n o 8.742/1993)

Prof. Dr. Vander Ferreira de Andrade

natureza jurídica da DUDH:

Seminário Internacional Saúde, Adolescência e Juventude: promovendo a equidade e construindo habilidades para a vida

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Secretaria de Políticas para as Mulheres Presidência da República

TEMA: SISTEMA PENITENCIÁRIO ANGOLANO. Luanda, Fevereiro de 2016

Vulnerabilidade na. Saúde Pública

SUMÁRIO. Administração Pública

Técnica de Segurança do Trabalho. Curitiba, 26/01/2012

Os direitos das pessoas com deficiência. Atuação da Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais na desefa dos direitos das pessoas com deficiência.

Trabalho e (Im)Previdência. Mauro de Azevedo Menezes

13º SEMESTRE DE DEBATES GVSAÚDE SAÚDE: ACESSO E REGULAÇÃO NO SETOR PÚBLICO E NO SETOR PRIVADO. A visão do cidadão/consumidor

27 de junho de Domingos Lopes

Os dadso estatisticos relativos a 2012 são aqui apresentados em quatro elaborações:

Lista Mestra de Controle de Documentos de Origem Externa

LEI Nº 8.588, DE

Assembleia Nacional. Assembleia Nacional, 29 de Outubro de Senhora Primeira Dama de Cabo Verde e Madrinha da Associação Colmeia

Transcrição:

Cooperativas Sociais Marcelo Mauad Assessor jurídico da UNISOL/Brasil Professor Universitário Autor do livro: Cooperativas de Trabalho Editora LTr

Ressalva inicial Não se pretende substituir o imprescindível papel a ser desempenhado pelo Estado, através das políticas públicas, especialmente voltadas às pessoas em situação de desvantagem. Ao Estado cabe a promoção da seguridade social, com especial atenção para a assistência ampla à saúde.

Às cooperativas sociais, incumbe organizar as pessoas em condições de desvantagem para que possam prestar seus serviços, em condições dignas, mediante a geração de trabalho e renda.

Normas internacionais A existência de uma lei de estimulo às cooperativas sociais constitui-se em meio de promoção da dignidade humana, conforme a Declaração Universal de Direitos Humanos (de 10/dezembro/1948) e a Declaração sobre Direitos das Pessoas com Deficiências (de 6/dezembro/2006), ambas das Nações Unidas. Cumpre destacar também as normas editadas pela Organização Internacional do Trabalho, quais sejam, a Convenção nº 159 (ratificada pelo Brasil pelo Decreto nº 129, de 22/05/1991) que trata da reabilitação profissional e o emprego das pessoas deficientes e a Recomendação 193 sobre sociedades cooperativas.

Constituição brasileira Dignidade da pessoa humana: Art. 1º, Inciso III, da Constituição Federal brasileira; Valor social do trabalho e da livre iniciativa: Art. 1o, Inciso IV; Construir uma sociedade livre, justa e solidária (Art. 3o, I) ; Garantir o desenvolvimento nacional (Art. 3o, II); Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais (Art. 3o, III); Promover o bem de todos, sem preconceitos e discriminações (Art. 3o, IV); Princípio da Igualdade: Art. 5o, caput e Inciso I.

Art. 170 Ordem Econômica Valorização do trabalho humano; Livre iniciativa; Existência digna; Justiça Social; Função Social da Propriedade.

Art. 174, 2o: A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo.

Art. 193 Ordem Social A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais.

Pessoas em desvantagem São aquelas que se encontram em condições especialmente adversas e de grave risco, dos pontos de vistas social, econômico, educacional, cultural, além de outros, sem acesso adequado aos instrumentos de progresso e de promoção humana e profissional. A lei atual (9.867/99 - Art. 3º) prevê: os deficientes físicos e sensoriais; os deficientes psíquicos e mentais, as pessoas dependentes de acompanhamento psiquiátrico permanente, e os egressos de hospitais psiquiátricos; os dependentes químicos; os egressos de prisões; os condenados a penas alternativas à detenção; os adolescentes em idade adequada ao trabalho e situação familiar difícil do ponto de vista econômico, social ou afetivo; Acrescentar: idoso (com idade superior a 60 anos), aposentado ou não, sem condições adequadas para prover a si e sua família.

Eixos fundamentais para o PL 1o) Definições mais claras (conceitos, classificações, tipos de sócios etc): A exemplo do modelo italiano, avaliar a possibilidade de se criar dois tipos de cooperativas sociais: A- Cooperativas de prestação de serviços às pessoas (educativo, assistencial, reabilitativo, terapêutico, social) os usuários dos serviços são portadores de necessidades especiais. B- Cooperativas que produzem bens e serviços em geral (30%, no mínimo) limpeza etc. No mínimo 30% dos trabalhadores devem ser portadores de necessidades especiais. Se for inferior, existem duas saídas: ou admite novos trabalhadores (sócios ou não) ou perde a condição de cooperativa social.

2o) Princípios (dignidade humana, igualdade, acessibilidade, habilitação e reabilitação etc). 3o) Relações adequadas com o Estado (políticas públicas, fomento, simplificações tributárias e contábeis etc). Incentivos financeiros federais: diretos para a cooperativa. 4o) Isenção tributária integral. 5o) Integração e cooperação internacionais.

6o) Formas de participação (dos sócios, trabalhadores, pessoas em desvantagem, familiares etc). 7o) Travas contra abusos e precarização do trabalho. 8o) Contemplar a visão empreendedora, com mais profissionalismo e eficiência social, econômica etc. 9o) Adequação da lei de licitação.

Previdência Social Compatibilização entre o recebimento de benefícios e o exercício de atividade econômica em cooperativas sociais. PROPOSTA: QUE NÁO HAJA O CORTE ABRUPTO DO BENEFICIO, MAS QUE SE RESPEITE UMA REDUÇAO PAULATINA.

As pessoas em desvantagem podem ser contratadas como empregadas ou, dependendo de sua situação, ingressar no quadro de sócios.

Obrigado